A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mt 9, 18-38
18 Enquanto lhes dizia estas
coisas, eis que um chefe da sinagoga se aproxima e se prostra diante d'Ele,
dizendo: «Senhor, morreu agora minha filha; mas vem, põe a Tua mão sobre ela, e
viverá». 19 Jesus, levantando-Se, seguiu-o com os Seus discípulos. 20
E eis que uma mulher que padecia de um fluxo de sangue havia doze anos, se chegou
por detrás d'Ele, e tocou na orla do Seu vestido. 21 Dizia para si
mesma: «Ainda que eu toque somente o Seu vestido, serei curada». 22 Voltando-Se Jesus e,
olhando-a, disse: «Tem confiança, filha, a tua fé te salvou». E ficou sã a
mulher desde aquele momento. 23 Tendo Jesus chegado a casa do chefe
da sinagoga viu os tocadores de flauta e uma multidão de gente que fazia muito
barulho. 24 «Retirai-vos, disse, porque a menina não está morta, mas
dorme». Mas riam-se d'Ele. 25 Tendo-se feito sair a gente, Ele
entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26 E divulgou-se
a fama deste milagre por toda aquela terra. 27 Partindo dali Jesus,
seguiram-n'O dois cegos, gritando e dizendo: «Tem piedade de nós, Filho de
David!». 28 Tendo chegado a casa, aproximaram-se d'Ele os cegos. E
Jesus disse-lhes: «Credes que posso fazer isto?». Eles responderam: «Sim,
Senhor». 29 Então tocou-lhes os olhos, dizendo: «Seja-vos feito
segundo a vossa fé». 30 E abriram-se os seus olhos. Jesus deu-lhes
ordens terminantes, dizendo: «Cuidado, que ninguém o saiba». 31 Mas
eles, retirando-se, divulgaram por toda aquela terra a Sua fama. 32
Logo que estes se retiraram, apresentaram-Lhe um mudo possesso do demónio. 33
Expulso o demónio, falou o mudo, e admiraram-se as multidões, dizendo: «Nunca
se viu coisa assim em Israel». 34 Os fariseus, porém, diziam: «É
pelo príncipe dos demónios que Ele expulsa os demónios». 35 Jesus ia
percorrendo todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o
Evangelho do reino, e curando toda a doença e toda a enfermidade. 36
Vendo aquelas multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam fatigadas e abatidas,
como ovelhas sem pastor. 37 Então disse a Seus discípulos: «A messe
é verdadeiramente grande, mas os operários são poucos. 38 Rogai pois
ao Senhor da messe, que mande operários para a Sua messe»
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 31.
Prossegue na mesma
matéria. Declara o que é oração de quietude. Dá algum avisos para os que a têm.
É muito para notar.
1. Quero todavia,
filhas, declarar - tal como o tenho ouvido dizer, ou c Senhor tem querido
dar-mo a entender e porventura para que vo-lo diga esta oração de quietude,
onde, me parece a mim, o Senhor começa, como já disse, a dar a entender que
ouve a nossa petição, e começa, já aqui neste mundo, a dar-nos o Seu reino,
para que deveras O louvemos e santifiquemos o Seu Nome e procuremos que todos o
façam.
2. É já coisa
sobrenatural e que não podemos procurar por nós mesmos, por mais diligências
que façamos; porque é um pôr-se a alma em paz, ou pô-la o Senhor, para melhor
dizer, com a Sua presença, como fez ao justo Simeão, porque todas as potências
se sossegam. Entende a alma, de um modo muito diverso do entender com os sentidos
exteriores, que já está ali junto, mesmo ao pé de Deus, que, com mais um
poucochinho, chegará a estar feita uma mesma coisa com Ele por união. Isto, não
porque O vejo com os olhos do corpo, nem com os da alma. O justo Simeão também
não via do glorioso Menino pobrezinho, mais do que as faixas em que O levavam
envolto e a pouca gente que ia com Ele na procissão, que mais puder, julgá-lO
filho de gente pobre, que filho do Pai celestial; mas o mesmc Menino deu-se-lhe
a conhecer. E é assim que entende aqui a alma, embora, não com essa clareza;
porque até mesmo ela não entende como o entende senão que se vê no reino, ou ao
menos junto do Rei que lho há-de dar, e parece que a própria alma está com tal
respeito que nem mesmo ousa pedir É como um amortecimento interior e exterior,
pois não quereria o homem exterior (digo o corpo, para que melhor me
entendais), não quereria, digo, mexer-se, mas, como quem já chegou quase ao fim
do caminho, descansa para melhor poder voltar a caminhar; para isso ali se lhe
redobram as forças.
3. Sente-se
grandíssimo deleite no corpo e grande satisfação na alma. Está tão contente, só
de se ver junto á fonte que, ainda mesmo sem beber, já está satisfeita. Não lhe
parece que haja mais a desejar. As potências sossegadas, não se quereriam
bulir, tudo lhes parece as estorva de amar, ainda que não estejam tão perdidas
que não possam pensar ao pé de quem estão, porque as duas estão livres. Aqui só
a vontade é a cativa e, se alguma pena pode ter, estando assim, é por ver que
há-de voltar a ter liberdade. O entendimento não quereria entender mais de uma
coisa, nem a memória ocupar-se em mais. Aqui vêem que só esta é necessária,
todas as mais perturbam. Não quereriam que o corpo se movesse, porque lhes
parece que hão-de perder aquela paz e assim não ousam mexer-se; dá-lhes pena o
falar; em dizer «Pai Nosso» uma vez, vai-se-lhes uma hora. Estão tão perto que
vêm que se entendem por sinais. Estão no palácio, junto do seu Rei, e vêm que
Ele já lhes começa a dar aqui o Seu reino. Não lhes parece estar no inundo nem
o quereriam ver nem ouvir, senão a seu Deus. Nada lhes dá pena, nem parece que
possa dar. Enfim, enquanto isto dura, com a satisfação e deleite que em si têm,
estão tão embebidas e absortas, que não se lembram que haja mais a desejar, mas
de boa vontade diriam com São Pedro: «Senhor, façamos aqui três moradas».
4. Algumas vezes,
nesta oração de quietude, faz Deus outra mercê bem difícil de entender, se não
há grande experiência; mas, se houver alguma, logo o entenderá aquela que a
tiver e dar-vos-á grande consolação saber o que é, e creio que muitas vezes faz
Deus esta mercê juntamente com estoutra. Quando é grande, e por muito tempo,
esta quietude, parece-me a mim que, se a vontade não estivesse presa a alguma
coisa, não poderia permanecer tanto tempo naquela paz; porque acontece que nos
vemos andar um dia ou dois com esta satisfação e não nos entendemos - digo os
que a têm -, e vêem, na verdade, que não estão cônscios no que fazem falta-lhes
o melhor, que é a vontade, que, a meu parecer, está unida con Deus, e deixa as
outras potências livres para que atendam às coisas do Sei serviço. Para isto,
têm então muita maior habilidade; mas para tratar coisa do mundo estão entorpecidas
e, por vezes, como que aparvalhadas.
5. É grande mercê
esta a quem o Senhor a faz, porque estão juntas vide activa e contemplativa. De
todo em todo se serve então ao Senhor, porque a vontade se fica em seu ofício
sem saber como age e em sua contemplação e as outras duas potências servem no
que é ofício de Marta; assim ela e Maria andam juntas.
Eu sei de uma
pessoa a quem o Senhor punha assim muitas vezes e não sabia entender-se a si
mesma, e perguntou-o a um grande contemplativo, que lhe disse ser muito
possível, que lhe acontecia a ele o mesmo assim penso: pois a alma está tão
satisfeita nesta oração de quietude, que a potência da vontade deve estar quase
de contínuo unida Àquele que somente a pode satisfazer.
6. Parece-me que
será bom dar aqui alguns avisos para aquelas de entre vós, irmãs, que o Senhor
trouxe até aqui, só por Sua vontade; e sei que são algumas.
O primeiro é que,
como se vêm naquele contento e não sabem como lhes veio, vêm pelo menos, que
por si mesmas não o podem alcançar dá-lhes esta tentação de lhes parecer que
poderão retê-lo e assim até nen mesmo respirar quereriam. E é tolice, pois
assim como não podemos faze com que amanheça, tão-pouco podemos que deixe de
anoitecer. Já não é obra nossa, é sobrenatural e coisa muito sem nós a podermos
adquirir. Con o que mais poderemos deter esta mercê é entender claramente que
nela nada podemos tirar nem pôr, mas recebê-la, como indigníssimos de a
merecer, com acções de graças; e estas não com muitas palavras, mas com um
erguer de olhos, como o publicano.
7. É bom procurar
mais soledade para dar lugar ao Senhor e deixar a Sua Majestade agir como em
coisa sua; e, quando muito, dizer uma palavra de tempos a tempos, suave, como
quem dá um sopro na vela, quando vê que se vai a apagar, para a tornar a atear;
mas se está a arder, não serve senão para mais a apagar, a meu parecer. Digo
que seja suave o sopro, para que, em concertar muitas palavras com o
entendimento, não se ocupe a vontade.
8. E notai bem,
amigas, este aviso que agora vos quero dar, porque vos vereis muitas vezes às
voltas com estas duas potências sem vos poderdes valer. Pois acontece estar a
alma com grandíssima quietude, e andar com o entendimento ou pensamento tão no
ar, que nem parece ser em sua casa o que ali se passa; e assim o parece então:
não está senão como que hóspede em casa alheia e buscando outras pousadas onde
estar; aquela não o contenta, por mal saber que coisa é estarem um mesmo ser.
Porventura sou só eu, que não devem os outros ser assim; de mim falo, que algumas
vezes desejo morrer, porque não posso remediar esta diversidade do
entendimento. Outras vezes parece ter assento em sua casa e acompanha a
vontade; e quando todas as três potências se concertam entre si, é uma glória.
Como dois casados que, quando se amam, um quer o que o outro quer; mas, se são
mal casados, já se vê o desassossego que o marido dá à mulher. Nestas
condições, quando a vontade se vir nesta quietude, não faça mais caso do
entendimento que de um louco, porque se o quer trazer a si, forçosamente se
há-de ocupar e inquietar algum tanto. E neste ponto de oração tudo será
trabalhar e não ganhar mais, mas sim perder o que lhe dá o Senhor sem qualquer
trabalho seu.
9. E adverti muito
a esta comparação, que me parece quadra muito bem. Está a alma como uma criança
que ainda mama, quando está aos peitos de sua mãe, e esta, sem que a criança
mova os lábios, lhe deita o leite na boca para a regalar. Assim é nisto: sem
trabalho do entendimento está a vontade amando e quer o Senhor que, sem o
pensar, entenda que está com Ele, e que só engula o leite que Sua Majestade lhe
põe na boca e goze daquele suavidade; conheça que lhe está o Senhor fazendo
aquela mercê e goze de a gozar; mas não queira entender corno a goza, e o que é
que goza: descuide-se por então de si mesma, pois Aquele que está junto dela
não se descuidará de ver o que lhe convém. Porque, se vai pelejar com o entendimento
para que, trazendo-o consigo, ele tome parte no seu gozo, não O pode de forma
alguma. Forçosamente deixará cair o leite da boca, e perde aquele mantimento
divino.
10. Nisto difere
esta oração de quando toda a alma está unida com Deus; porque, então, nem mesmo
tem o trabalho de engolir o mantimento; dentro de si, sem entender como, lho
põe o Senhor. Aqui, parece querer que a alma trabalhe um poucochinho, ainda que
é com tanto descanso, que quase não se sente. Quem a atormenta é o
entendimento; o que este não faz quando é união de todas as três potências,
porque então as suspende Aquele que as criou, e com o gozo que lhes dá, ocupa todas
sem elas saberem como, nem o poderem entender.
Assim, como digo,
em sentindo em si esta oração, que é um contentamento grande e quieto da
vontade, ainda que sem poder determinar designadamente de quê, a alma bem
distingue que é muito diferente dos contentamentos cá da terra, e não bastaria
assenhorear o mundo com todos os seus contentos para sentir dentro de si aquela
satisfação, que é no interior da vontade, - que os outros contentos da vida
parece-me a mim que os goza o exterior da vontade, como que a sua casca,
digamos assim -. Quando, pois, a alma se vir neste tão subido grau de oração
(que é, como já disse, muito conhecidamente sobrenatural), se o entendimento -
ou pensamento, para melhor me explicar - chegar aos maiores desatinos do mundo,
ria-se dele e deixe-o como a néscio, e fique-se na sua quietude, que ele vai e
vem; aqui é senhora e poderosa a vontade; ela o trará a si, sem que vos ocupeis
disso. E se quiser trazê-lo à força de braços, perde a fortaleza que tem para o
combater, que lhe vem de comer e receber aquele divino sustento, e nem um nem
outro ganharão nada, antes perderão ambos. Dizem que quem muito quer abarcar,
tudo perde, e assim me parece será também aqui.
A experiência dará
isto a entender, pois, a quem não a tem, não me espanto que isto lhe pareça
muito obscuro e coisa não necessária; mas já disse que, por pouca experiência
que tenha, o entenderá e poderá aproveitar-se disto, e louvará ao Senhor,
porque foi servido em que eu acertasse em dizê-lo aqui.
11. Concluamos,
pois, agora: posta a alma nesta oração, já parece ter-lhe concedido o Pai
Eterno a Sua petição de lhe dar aqui o Seu reino. Oh! Ditosa petição, em que
tanto bem pedimos sem o entendermos! Ditosa maneira de pedir! Por isso quero
eu, irmãs, que olhemos como rezamos esta oração do Pai Nosso e todas as outras
orações vocais. Porque, feita por Deus esta mercê, descuidar-nos-emos das
coisas do mundo que, em chegando o Senhor dele, tudo lança fora. Não digo que
todos os que a tiverem estejam forçosamente neste desapego total do mundo; mas
quereria, ao menos, que entendessem quanto lhes falta, se humilhem e procurem
ir-se desapegando de tudo, porque, se não o fazem, ficar-se-ão por aqui. E alma
a quem Deus dá tais prendas, é sinal que a quer para muito: se não for por sua
culpa, irá muito adiante. Mas se Ele vê que, metendo-lhe como em casa o reino
do Céu, ela se torna para a terra, não só não lhe mostrará os segredos que há
no Seu reino, mas serão poucas as vezes em que lhe fará este favor e por breve
tempo.
12. Bem pode ser que
eu me engane nisto, mas vejo-o e sei que é assim, e tenho para mim que é por
isso que não há muitos mais espirituais. Porque, como não correspondem nos
serviços, conforme a tão grande mercê, pois não tornam a preparar-se para
recebê-la, mas tiram das mãos do Senhor a vontade que já Lhe tinham dado por
Sua e a põem em coisas baixas, vai-se Ele a buscar aonde O queiram para dar
mais, ainda que não tire de todo o que deu, quando vivem com a consciência
limpa.
Mas há pessoas, e
eu fui uma delas, que as está o Senhor enternecendo e dando-lhes inspirações
santas, e luz do que tudo é, e enfim, dando-lhes este reino e pondo-as nesta
oração de quietude, e elas fazendo-se surdas. Porque são tão amigas de falar e
de dizer muitas orações vocais muito depressa, como quem quer acabar uma
tarefa, pois já tomaram à sua conta o dizê-las todos os dias, que embora, -
como digo -, o Senhor lhes ponha o Seu reino nas mãos, não o recebem; pensam
que, com o seu rezar, fazem melhor, e distraem-se.
13. Isto, não o
façais, irmãs, mas ficai de sobreaviso, para quando o Senhor vos fizer esta
mercê. Olhai que perdeis um grande tesouro, e que fazeis muito mais com uma
palavra do Pai Nosso, dita de quando em quando, do que em dizê-lo muitas vezes
à pressa. Aquele a quem pedis, está muito perto de vós, não deixará de vos
ouvir. Crede que este é o verdadeiro louvar e santificar o Seu nome, porque já,
como de Sua casa, glorificais ao Senhor e O louvais com mais afecto e desejo, e
parece que não podeis deixar de O servir.
santa teresa de jesus
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