18 A geração de Jesus Cristo foi deste
modo: Estando Maria, Sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem achou-se
ter concebido por obra do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo
justo, e não querendo expô-la a difamação, resolveu repudiá-la secretamente. 20
Pensando ele estas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e
lhe disse: «José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua
esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. 21
Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu
povo dos seus pecados». 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse
o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta que diz: 23 “Eis que
a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e Lhe porão o nome de Emanuel, que
significa: Deus connosco”. 24 Ao despertar José do sono, fez como
lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa Maria, sua esposa.
Comentários:
Sim, não subsiste nenhuma dúvida por
resolver, nenhuma pergunta sem resposta. Deus esclarece, sempre, os corações
puros dos que nele confiam.
O magnífico
mistério de uma maternidade que mudará para sempre a história da humanidade,
não é apregoada aos quatro ventos com o estentor e alarido como os homens
gostam de fazer nas suas pequenas coisas, mas na privacidade simples de um
sonho que é como Deus Todo Poderoso prefere manifestar-se.
(ama, comentário sobre Mt 1, 18-23,
2010.09.08)
Já publicados:
O Evangelho de
hoje é o próprio do dia: Natividade de Nossa Senhora. No entanto, julgo que no
texto sobressai a figura de São José.
Efectivamente a
revelação dos seus pensamentos íntimos quando se apercebe da gravidez da sua
Esposa, dá-nos uma claríssima imagem da delicadeza do seu coração em que, sem
dúvida, avulta o seu amor por Maria e a sua inteira confiança em Deus.
Não compreende o
que se passa, ou, como pode passar-se o que constata, já que tem por Maria um
amor profundo, fiel, sem condições que, sabe, é correspondido nos mesmos
moldes.
Confiança em
Deus porque não lhe resta nenhuma dúvida que algo extraordinário se passa e, se
assim é, só Deus terá a resposta, como, de facto, veio a comprovar.
Esta figura
extraordinária de homem simples, probo, correcto, delicado sem sombra de
preconceitos ou malícia é um exemplo para todos nós sempre tão apressados em
julgar os outros pelas aparências, por aquilo que julgamos saber, por aspectos
exteriores que julgamos reflectir a sua intimidade.
No fim, tudo se
resume a delicadeza de coração e confiança. A primeira que deve levar a não
querer ferir ou magoar ninguém por aquilo que julgamos ver; a segunda porque
sem confiança não se constrói uma relação sólida e duradoura.
(ama, comentário sobre Mt 1, 18-23,
2010.07.24)
Minha querida Mãe, neste dia de festa quero dar-te
os parabéns. É uma forma muito singela e muito humana de te dar a conhecer a
minha alegria. Singela como eu gostaria, quero, ser: simples, despido de
atavios e roupagens desnecessárias numa relação de um filho com a sua Mãe.
Humana porque é a mesma forma que usava com a
minha Mãe - também ela Maria de Nazaré - quando vivia nesta terra. Com o mesmo
amor, o mesmo carinho, a mesma alegria, que, agora, é a "dobrar"
porque tenho ambas no Céu.
Aqui, na presença do teu Divino Filho no Sacrário,
eu te repito: Bendita sejas, Senhora minha, pelas excelsas virtudes que possuis
em sumo grau, e pelas graças que constantemente derramas sobre todos os homens
teus filhos.
(ama,
comentário sobre Mt 1, 18-25, 2010.09.08)
Proponho que, nestes minutos de meditação
que estamos a fazer, tenhamos no espírito uma figura ímpar da nossa Santa
Religião: São José.
No
próximo dia 19, a Igreja, que o elegeu como patrono, comemora a sua festa e, a
sociedade civil, tomou também este dia como aquele em que, muito especialmente,
se comemora, nas famílias, a figura do Pai.
Se
atentarmos bem, o Evangelho faz apenas umas curtas referências ao Pai Adoptivo
de Jesus. Depois do episódio da fuga para o Egipto, faz-se silêncio sobre este
Homem.
Dá-nos
que pensar: então um personagem tão importante na vida de Cristo, na própria
história da salvação humana, não merece senão umas escassas linhas por parte
daqueles que, inspirados pelo Espírito Santo, nos deixaram o Livro da Salvação,
o Evangelho?
Os
desígnios de Deus são insondáveis e muitas vezes misteriosos.
Tentamos
compreender à luz da nossa inteligência e compreensão humanas e não encontramos
explicação.
Para
nós, homens, o Pai de Jesus, mesmo sendo Pai Adoptivo, o Esposo da Virgem
Maria, deveria ser uma das figuras mais importantes da nossa Religião, logo a
seguir ao Filho e à Mãe.
Quereríamos
saber, por exemplo, quanto tempo viveu, onde estava quando dos principais
acontecimentos que o Evangelho nos relata, como morreu e quando... enfim,
conhecermos a sua história completa.
Na
verdade, pensamos bem, José está na hierarquia do Céu, imediatamente a seguir à
Mãe de Deus. Jesus deverá ter muito junto de Si, com desvelado carinho, aquele
homem que permitiu que o Seu nascimento, e primeiros anos de vida, decorressem
no seio de uma família normal e corrente, como tantas outras na Palestina
daquele tempo.
Mas,
a missão terrena de José, foi exactamente essa: ser escudo e protecção da Mãe e
do Filho, ser o esteio seguro e firme que Deus necessitou para que a história
da salvação humana pudesse ser bem sucedida.
José
aceitou esta missão com espírito de serviço e submissão à Vontade Suprema de
Deus.
A
sua natural bondade e bom critério, levaram-no a aceitar, sem mais, a afirmação
do Anjo sobre a gravidez da Virgem que estava para ser ser sua esposa.
Não
duvidou da pureza da sua prometida.
Teria
compreendido exactamente o que o Anjo lhe dissera?
Talvez
não completamente, mas as suas disposições interiores levaram-no a acreditar.
«Deus
ilumina oportunamente o homem que actua com rectidão e confia no poder e
sabedoria divina, perante situações que superam a compreensão da razão humana». [1]
Notemos
a diferença de atitude entre José e Zacarias, quando, de modo similar, o Anjo
anuncia a este, que Isabel, sua esposa, iria ser mãe de João Baptista,
Zacarias, não obstante ser sacerdote do Templo, sendo portanto um homem das
coisas de Deus, não acredita, não aceita, quanto lhe diz o Anjo, pergunta,
duvida, parece-lhe impossível, põe entraves.
Num
caso e noutro, a Vontade de Deus fez-se, como sempre acontece, mas, as
disposições dos intervenientes é que diferem muito.
José
é simples, justo, como diz o Evangelho, naturalmente disposto à boa fé, ao bom
juízo sobre os outros.
Zacarias
tem preocupações de ordem natural - tanto ele como Isabel eram de avançada
idade - que talvez estivessem primeiro que as de ordem espiritual.
Tinha
o raciocínio centrado sobre a humanidade, deixando pouco ou nenhum espaço para
a Divindade.
Um
acredita a aceita sem reservas, outro duvida e põe argumentos.
Todos
nós, temos oportunidade de, ao longo da nossa vida, nos enfrentarmos com
situações que poderíamos, sem grande esforço, considerar semelhantes.
Não
me refiro, obviamente, a revelações angélicas, mas àquelas inspirações que o
Espírito Santo, ou o nosso Anjo da Guarda, nos fazem ao longo do dia e que,
nós, consoante a disposição do nosso espírito, aceitamos ou rejeitamos, ou,
até, talvez não poucas vezes, recusamos tomar conhecimento.
Penso
que a palavra-chave de toda esta lição, que nos dá São José, será:
Simplicidade!
A
nossa vida é complicada: tantas necessidades a que ocorrer, dificuldades a
ultrapassar, problemas que se arrastam sem que consigamos dar-lhes solução,
coisas inesperadas que acontecem e que temos de enfrentar.
Tudo
isto é verdade, faz parte da nossa vida.
Há
até quem diga:
-
Sim, é muito bonito, mas... eu, não dou de comer aos meus com o espírito mas,
sim, com o meu trabalho duro e esforçado e, bem ingrato, por vezes!
Lembra-me
uma imagem que evocava S. Josemaria e que era mais ou menos assim:
“Um
passarinho andava todo contente, esvoaçando pelos telhados das casas, saltando
de ramo em ramo das árvores mais altas, maravilhando-se com os horizontes que
os seus voos lhe proporcionavam. Não há dúvida, conseguia ver o que a maioria
dos seres vivos não conseguia, ali em baixo, pegados à terra.
Entretanto
uma águia desce rápido sobre ele e estendendo as garras leva-o pelos ares fora,
alto... cada vez mais alto.
O
passarinho, a princípio assustado, debatendo-se convulsivamente nas garras do
seu captor, começou a olhar o espaço e então verificou, com espanto, que o
horizonte que agora se estendia a perder de vista, era incomensuravelmente mais
vasto que o que até então descortinara. E, cessando de se debater, deixou-se
ir, maravilhado pela vastidão do infinito”.
Não
tenho a certeza de que esta história fosse contada a propósito das
considerações que estamos a comentar, mas, de qualquer modo, penso que nos dá
igualmente uma imagem do que podemos aplicar a nós próprios.
Tomar
a atitude mais simples, isto é, deixar-mos de nos debater com essas
preocupações, esses obstáculos, essas dificuldades que insistem em ocupar todo
o tempo e todo o pensamento.
Tomarmos
a atitude mais simples poderá ser, também, encarar de frente as dificuldades,
aceitá-las como aparecem, sabendo que as conseguiremos ultrapassar, umas com
maior dificuldade que outras, mas que sempre serão há medida da nossa
capacidade de luta.
Porque
Deus, que nos ama com loucura de Pai, nunca, nunca, repito, permitirá que aos
Seus filhos se apresentem obstáculos superiores ás suas forças.
Muitas
vezes, a nossa ânsia de notoriedade, aquele secreto desejo de ser o primeiro,
aquele de quem se fala como insubstituível, o mais importante, esbarra com a
dificuldade de não sermos notados, de não termos nenhuma importância especial,
de fazermos um trabalho que pode igualmente ser feito por milhares de outros
homens.
E,
então, sentimo-nos, como se costuma dizer, um pouco frustrados, desiludidos,
contrafeitos.
Olhemos
para essa figura de homem que foi São José.
Tudo
nele impressiona: desde ser o Protector de Jesus, o ter tido o próprio Deus nos
seus braços robustos, ganho o sustento da Sagrada Família de Nazaré, tudo lhe
daria o direito, por assim dizer, a longas páginas na história da Salvação
Humana.
No
entanto, esta mesma História, não refere uma única palavra que tenha dito, mas
apenas as atitudes que tomou e que, se podem resumir: Simplesmente... obedeceu!
Pensemos
por exemplo, que a algum de nós era dado o encargo de cuidar, durante algum
tempo, do filho de um rei.
Tê-lo
na nossa casa, protegê-lo dos inimigos do Pai, alimentá-lo, dar-lhe uma
educação, ensinar-lhe um ofício.
Ficaríamos
esmagados com a responsabilidade: o que poderíamos nós ensinar a essa criança?
Com
que meios iríamos sustentar um filho de rei?
Com
que armas poderíamos rechaçar os inimigos de seu pai que procurariam, talvez,
dar-lhe a morte?
Seria
muito difícil aceitar-mos tal missão, mesmo que fosse o próprio rei a
pedir-nos.
José,
simplesmente, aceita tudo isto, e muito mais, a uma escala infinitamente
superior, quando o Supremo Rei lho pede para o Seu Filho, que também é Rei.
Aceita,
porque sabe que, Aquele que pede não pediria nunca um impossível.
Acredita
que o Rei, que tudo sabe e tudo conhece, se o encarrega de tamanha missão, a
ele, pobre ser humano sem qualidades divinas, é porque estará disposto a
dar-lhe tudo quanto necessite para a levar a cabo.
E,
assim, confiadamente, entrega-se nas mãos do Senhor e, no seu coração, diz como
Maria, sua esposa, muito simplesmente:
«Eis a escrava do Senhor.»[2]
Por
isso não tem mais nada a dizer, nem espera que dele se fale ou escreva, a sua
missão é cumprir, nada mais.
Falei
há pouco em inspirações do Espírito Santo e do Anjo da Guarda.
Todos
as conhecemos, todos as sentimos. Essas inspirações não são diferentes das
mensagens do Anjo a José, são emanação da Vontade de Deus em cada momento sobre
nós, sobre a nossa conduta e a atitude que devemos tomar perante os factos da
vida.
Não
levantemos obstáculos, não perguntemos demasiado, não queiramos saber tudo
claramente e sem reservas... deixemos de nos debater nas garras da ave de
rapina que é o nosso orgulho e, simplesmente, olhemos à nossa volta para o
horizonte que se estende à nossa frente.
Há
tanto que fazer!
Tanta
gente a quem falar sobre as coisas de Deus!
Tantos
amigos que temos de levar à confissão Quaresmal!
Tantos
jovens sem rumo, perdidos num turbilhão de movimento e ruído que não os deixa
ver o caminho certo !
Há
tanto a fazer!
«Ninguém acende uma candeia para a pôr debaixo do
alqueire» [3],
disse Jesus.
Nós
temos uma candeia que é a luz da nossa fé.
Não
podemos andar com ela tapada, só pelos cantos da casa onde poucos a vêm.
Temos
de a levantar, para que alumie um vasto horizonte à sua volta.
Tal
como o passarinho, quanto mais alto a levantarmos, mais longe alumiará.
Fazer
isto é agir com simplicidade, o contrário... bem... o contrário... é proceder
com calculismo, respeito humano, inibição, falta de amor.
Sim,
falta de amor!
Porque
o amor é simples.
Quem
ama não faz perguntas, não se detém a avaliar a pessoa amada, tomando nota dos
seus defeitos, das suas virtudes, perscrutando os obstáculos que é preciso
ultrapassar para conquistar o seu amor, para retribuir o seu amor.
São
José, porque muito amou, a Vontade de Deus, muito amou a Virgem Maria, muito
amou Jesus Cristo, foi um homem simples.
Neste
próximo dia 19, acorramos de um modo muito especial a São José, pedindo-lhe com
veemência que nos ajude a compreender o verdadeiro amor, a vivermos e
comportar-mo-nos como homens simples.
(ama, Palestras no Minho 1992)
O povo judeu mantinha um
registo rigoroso dos seus varões. Compreende-se porquê: quando o Messias
esperado surgisse seria possível traçar todo o seu tronco genealógico honrando,
desta forma toda uma linhagem
Mas para os planos de Deus
também foi conveniente que o Seu Filho Unigénito uma vez encarnado, tivesse uma
genealogia que afastasse qualquer dúvida.
Portanto, Jesus Cristo é
realmente, uma pessoa concreta, real, verdadeira.
(ama, comentário sobre Mt 1, 18-23,
2012.09.80)
Jesus vem ao mundo como «sinal de
contradição», como Ele próprio afirmará mais tarde. De facto, desde o primeiro
momento, à Sua volta se gera como que num conflito permanente entre as pessoas
que com Ele convivem ou estão perto.
Neste caso, aquele que seria o Seu Pai
Adoptivo, sofre com a gravidez de Sua Mãe até que o Anjo lhe revela os planos
divinos da Redenção que já constavam nas revelações que, ao longo dos tempos,
os Profetas tinham dado a conhecer.
(ama,
comentário sobre Mt 1, 18-25, 2009.11.28)
Parece tão simples a maior história que já
alguma vez se escreveu: a História da Redenção da Humanidade!
Ao ler este
trecho do Evangelho de S. Mateus a gente sente-se pequenina perante a
simplicidade destas figuras extraordinárias: Maria e José.
Da sua simplicidade, da sua obediência, da
sua disponibilidade para dizer sim aos desígnios de Deus dependeu toda a nossa felicidade
que é consequência é de virmos a ser
redimidos do pecado e definitivamente salvos para a vida eterna.
(ama,
comentário sobre Mt 1, 18-25, 2010.12.18)
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