26/11/2013

Leitura espiritual para 26 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 19, 1-40

19 Entretanto, o pontífice interrogou Jesus sobre os Seus discípulos e sobre a Sua doutrina. 20 Jesus respondeu-lhe: «Eu falei publicamente ao mundo; ensinei sempre na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reunem; nada disse em segredo. 21 Porque Me interrogas? Interroga aqueles que ouviram o que Eu falei; eles sabem o que disse». 22 Tendo dito isto, um dos guardas que estavam presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «Assim respondes ao Sumo Sacerdote?». 23 Jesus respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra o que disse de mal; se falei bem, porque Me bates?». 24 Anás enviou-O manietado ao Sumo Sacerdote Caifás. 25 Estava lá Simão Pedro aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não és tu também dos Seus discípulos?». Ele negou e respondeu: «Não sou». 26 Disse-lhe um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: «Não te vi eu com Ele no horto?». 27 Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou. 28 Levaram então Jesus da casa de Caifás ao Pretório. Era de manhã. Não entraram no Pretório para não se contaminarem, e poderem comer a Páscoa. 29 Pilatos, pois, saiu fora para lhes falar, e disse: «Que acusação apresentais contra este homem?». 30 Responderam: «Se não fosse um malfeitor não O entregaríamos nas tuas mãos». 31 Pilatos disse-lhes então: «Tomai-O e julgai-O segundo a vossa Lei». Mas os judeus disseram-lhe: «Não nos é permitido matar ninguém». 32 Para se cumprir a palavra que Jesus dissera, significando de que morte havia de morrer. 33 Tornou, pois, Pilatos a entrar no Pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?». 34 Jesus respondeu: «Tu dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de Mim?». 35 Pilatos respondeu: «Porventura sou judeu? A Tua nação e os pontífices é que Te entregaram nas minhas mãos. Que fizeste Tu?». 36 Jesus respondeu: «O Meu reino não é deste mundo; se o Meu reino fosse deste mundo, certamente os Meus ministros se haviam de esforçar para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o Meu reino não é daqui». 37 Pilatos disse-Lhe então: «Portanto, Tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei. Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo aquele que está na verdade ouve a Minha voz». 38 Pilatos disse-Lhe: «O que é a verdade?». Dito isto, tornou a sair para ir ter com os judeus e disse-lhes: «Não encontro n'Ele motivo algum de condenação. 39 Ora é costume que eu, pela Páscoa, vos solte um prisioneiro; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?». 40 Então gritaram todos novamente: «Este não, mas Barrabás!». Ora Barrabás era um assassino.


VIDA
CAPÍTULO 39.

6. É grande a diferença entre estas duas maneiras de pedir. Não sei como o declarar; porque umas coisas, embora peça (pois não deixo de esforçar-me no suplicá-las ao Senhor, ainda que não sinta em mim aquele fervor como em outras, e por muito que me digam respeito), é como quem tem travada a língua que, embora queira falar, não pode e, mesmo que fale, é de modo que vê que não o entendem; ou como quem fala claro e desembaraçadamente a quem vê que de boa vontade o está ouvindo O primeiro, digamos agora, pede-se como em oração vocal; e o outro em contemplação tão subida, que o Senhor se representa de maneira que se entende que Ele nos entende, e que Sua Majestade Se alegra de que Lho peçamos e de nos fazer mercê.
Seja bendito para sempre, que tanto dá e tão pouco Lhe dou eu. Porque, que faz, Senhor meu, quem de todo se não desfaz por Vós? E quanto, quanto, quanto - e outras mil vezes o posso dizer -, me falta para isto! Por isso não havia de querer viver, ainda que haja outras causas, porque não vivo conforme ao que Vos devo. Com quantas imperfeições me vejo! Com que frouxidão em servir-Vos! É certo que, algumas vezes, me parece quereria estar sem sentir, para não entender tanto mal de mim. Ele, que pode, que o remedeie!
7. Estando eu em casa daquela Senhora que já disse, tinha necessidade de andar com cuidado a considerar sempre a vaidade que trazem consigo todas as coisas da vida, porque era muito estimada e muito louvada e ofereciam-se-me assim muitas coisas a que bem me poderia apegar, se olhasse a mim mesma; mas olhava Aquele que possui a verdadeira visão de tudo, a fim de não me deixar de Sua mão...
8. Agora que falo de "verdadeira visão", lembro-me dos grandes trabalhos que passam (as pessoas a quem Deus tem dado a conhecer o que é a verdade), em tratar nestas coisas da terra, onde ela tanto se encobre, como o Senhor me disse uma vez. Que muitas coisas das que escrevo aqui não são de minha cabeça, senão que mas dizia este meu Mestre celestial. E assim, nas coisas em que digo assinaladamente: «isto entendi», ou «isto me disse o Senhor», faz-me grande escrúpulo pôr ou tirar uma só sílaba que seja. Quando de tudo não me recordo bem exactamente, vai como coisa dita por mim, ou porque também algumas o serão. Não chamo meu ao que é bom, pois já sei não há coisa em mim que o seja, senão o que, tão sem eu o merecer, metem dado o Senhor; assim chamo «dito por mim», o que não me foi dado a entender em revelação.
9. Mas, ai, Deus meu! e como até nas coisas espirituais queremos muitas vezes julgar as coisas pelo nosso parecer e muito torcidas da verdade, tal como nas do mundo! E julgamos que havemos de medir o nosso aproveitamento pelos anos que temos de algum exercício de oração e até parece que queremos pôr limite Aquele que, sem medida alguma, dá os Seus dons quando quer, e pode dar em meio ano mais a uma alma do que a outra em muitos! E isto é coisa tão vista por mim em muitas pessoas, que eu me espanto como nos podemos deter nisto.
10. Creio bem que não cairá neste engano quem tiver talento de conhecer espíritos e lhe tenha dado o Senhor humildade verdadeira. Este julga pelos efeitos e determinação e amor, e dá-lhe o Senhor luz para que isto conheça. E nisto olha ao adiantamento e aproveitamento das almas, e não aos anos, pois, em meio ano, pode: um ter alcançado mais de que outro em vinte; porque, como digo, dá o Senhor a quem quer e ainda a quem melhor se dispõe. Porque vejo agora vir para esta casa umas donzelas que são de pouca idade e, em tocando-as Deus e dando-lhes um pouco de luz e amor - digo naquele pouco de tempo em que lhes fez algum regalo - não O fizeram esperar, nada se lhes pôs diante, pois, sem se lembrarem do comer, se encerram para sempre em casa sem renda, como quem não estima a vida senão por Aquele que sabem que lhes tem amor. Deixando tudo, não querem ter vontade, nem se lembram do que se podem desgostar em tanto encerramento e austeridade. Todas juntas se oferecem a Deus em sacrifício.
11. Quão de boa vontade lhes dou eu aqui a vantagem e devia andar envergonhada diante de Deus! Porque o que Sua Majestade não acabou de conseguir de mim em tanta multidão de anos como os que há desde que comecei a ter oração e Ele a fazer-me mercês, consegue delas em três meses - e até com alguma em três dias -, com fazer-lhes muitas: menos de que a mim, embora bem lhes pague Sua Majestade. Bem certo é, porém, que não estão descontentes pelo que têm feito por Ele.
12. Para isto quereria eu que nos recordássemos dos muitos anos, os que os temos de profissão e as pessoas que os têm de oração, e não para afligir aos que, em pouco tempo, vão mais adiante, fazendo-os voltar atrás, para que andem a nosso passo; e, aos que voam como águias, com as mercês que Deus lhes faz, queremo-los fazer andar como frango, travado, mas ponhamos os olhos em Sua Majestade, e se os virmos com humildade, é largar-lhes as rédeas, que o Senhor, que lhes faz tantas mercês, não deixará que se despenhem. Eles entregam-se confiadamente a Deus, pois para isto lhes aproveitam as verdades que conhecem da fé; e não os havemos nós de fiar a Ele, senão que os queremos medir pela nossa medida, conforme aos nossos baixos ânimos? Não assim; mas, se não alcançamos seus grandes efeitos e determinações, que sem experiência mal se podem entender, humilhemo-nos e não os condenemos; porque, parecendo que olhamos ao seu proveito, o tiramos a nós mesmos e perdemos esta ocasião que o Senhor nos proporciona para nos humilharmos e vermos o que nos falta. Quanto mais desapegadas e unidas a Deus devem estar essas almas do que as nossas, pois Sua Majestade tanto se chega a elas!
13. Não entendo outra coisa nem quereria entender, senão que oração de pouco tempo que produz efeitos muito grandes que logo se percebem (pois é impossível deixar tudo só para contentar a Deus, sem grande força de amor), mais a quisera eu do que a de muitos anos, em que a alma nunca acabou por se determinar mais no último dia do que no primeiro, a fazer por Deus coisa que não seja nada, a menos que umas coisitas miúdas como sal, que não têm peso nem tomo - que parece um pássaro as levará no bico - as tenhamos por grande efeito e mortificação; é que fazemos caso de certas coisas que fazemos pelo Senhor, que é lástima nos apercebamos delas, ainda que se fizessem muitas.
Eu sou assim e a cada passo esquecerei as mercês. Não digo eu que Sua Majestade não as terá em muito, porque é bom; mas quisera eu não fazer caso delas, nem ver que as faço, porquanto não são nada. Mas perdoai-me, Senhor meu, e não me culpeis, pois com alguma coisa me hei-de consolar, visto que em nada Vos sirvo. Se em coisas grandes Vos servira, não faria caso das ninharias. Bem-aventuradas as pessoas que Vos servem com obras grandes! Se, o ter-lhes eu inveja e desejar imitá-las se me leva em conta, não ficarei muito atrás em contentar-Vos; mas não valho nada, Senhor meu. Ponde Vós em mim o valor, pois tanto me amais.
14. Tendo chegado um destes dias um Breve de Roma, a fim de que este mosteiro não possa possuir renda, acabou-se de todo a fundação que, me parece, custou algum trabalho. E aconteceu-me que, estando eu consolada de o ver assim concluído e pensando nos trabalhos que tinha tido e louvando o Senhor, que de algum modo se havia querido servir de mim, comecei a pensar em tudo quanto tinha passado. Assim, em cada uma das coisas em que parecia eu ter feito algo, achava muitas faltas e imperfeições e, às vezes, pouco ânimo e muito pouca fé. É que até agora, eu nunca acabava de crer determinadamente que se havia de cumprir tudo quanto o Senhor me disse que se faria desta casa; mas tão pouco o podia duvidar. Não sei como era isto. Por um lado, me parecia muitas vezes impossível e, por outro, não podia duvidar, digo, crer que não se havia de fazer. Enfim, achei que era o Senhor que, de Sua parte, tinha feito o bem, e o mal que era da minha. E assim deixei de pensar nisso, e quisera não se me recordasse, para não tropeçar com tantas faltas minhas. Bendito seja Ele que de todas tira o bem quando é servido. Amen.
15. Digo pois que é perigoso ir contando os anos que se têm tido de oração, porque, embora haja humildade, penso que pode ficar um não sei quê de parecer que se merece alguma coisa pelos serviços feitos. Eu não digo que não o merecem, e ser-lhes-á bem pago; mas qualquer pessoa espiritual a quem parecer que, pelos muitos anos de oração, merece estes regalos de espírito, eu tenho por certo que não subirá ao cume dele. Não é já muito que haja merecido que a tenha Deus de Sua mão para não O ofender como fazia antes de ter oração, senão que Lhe ponha pleito pelos seus dinheiros, como dizem? Não me parece isto profunda humildade. Bem pode ser que seja; mas eu tenho-o por atrevimento, pois, apesar de ter pouca humildade, não me parece ter-me jamais atrevido a isto. Bem pode ser que, como nunca O servi, nunca o tenha pedido; que porventura, se O tivesse servido, quisera mais de que todos que o Senhor mo pagasse.
16. Não digo que a alma não vá crescendo e que Deus não lhe dará a paga se a sua oração tem sido humilde; mas que se olvidem estes anos, pois tudo quanto podemos fazer é asco, em comparação de uma gota de sangue que o Senhor por nós derramou. E se servindo-O mais, ficamos mais devedores, que é isto que pedimos, pois se pagamos um maravedi da dívida, nos tornam a dar mil ducados? Por amor de Deus, deixemos estes juízos  que são Seus. Estas comparações sempre são más, ainda mesmo em coisas de cá de baixo. Que será pois no que só Deus sabe, e isto mostrou-o bem Sua Majestade quando pagou tanto aos últimos como aos primeiros?
17. Escrevi estas três folhas por tantas vezes e em tantos dias - porque tive e tenho, como disse, pouco vagar - que me ia esquecendo do que comecei a dizer. Era esta visão.
Vi-me, estando em oração, sozinha num grande campo, e em redor de mim muita gente de modos diversos que me cercava. Todos, me parece, tinham armas nas mãos para me agredir: uns, lanças; outros, espadas; outros, adagas e outros, estoques muito compridos; enfim, eu não podia sair por nenhum lado sem me pôr em perigo de morte, e só, sem ninguém que se achasse do meu lado. Estando meu espírito nesta aflição, que não sabia que fazer de mim, levantei os olhos ao Céu e vi Cristo, não no Céu, mas bem por cima de mim, no ar, e me estendia a mão e de ali mesmo me favorecia, de maneira que eu não temia toda aquela outra gente; nem eles, embora quisessem, me podiam fazer dano.
18. Parece sem fruto esta visão, e tem-me feito grandíssimo proveito, porque deu-se-me a entender o que significava. Pouco depois, vi-me quase metida naquela bateria e conheci ser aquela visão uma imagem do mundo, onde, tudo quanto nele há, parece que tem armas para ofender a triste alma. Deixemos os que não servem muito ao Senhor, e as honras e fazendas e deleites e outras coisas semelhantes, que, claro está, enredam ou, pelo menos, procuram enredar a alma quando ela se não precata; mas falo de amigos, parentes e, o que mais me espanta, de pessoas muito boas. De todos estes me vi depois tão atormentada, pensando eles que faziam bem, que eu nem sabia como defender-me, nem que fazer.
19. Oh! Valha-me Deus! Se dissesse as maneiras e diferenças de trabalhos que neste tempo tive, ainda depois do que atrás fica dito, como seria bom aviso para de todo a tudo aborrecer!
Foi, julgo eu, a maior perseguição de quantas tenho passado! Digo que me vi por vezes tão perseguida de todas ás partes, que só encontrava remédio em erguer os olhos ao Céu e chamar por Deus. Recordava-me bem do que tinha visto nesta visão. Serviu-me isto grandemente para não confiar muito em ninguém, porque não há quem seja estável senão Deus. Sempre, nestes grandes trabalhos, tal como se me mostrara nesta visão, me enviava o Senhor uma pessoa da Sua parte, que me desse a mão, sem outro intento senão o de agradar ao Senhor. E assim tem sido para me ajudar a sustentar este pouquito de virtude que eu tinha em desejar servir-Vos. Sede bendito para sempre!

santa teresa de jesus


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