A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1 «Não se perturbe o vosso
coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim. 2 Na casa de Meu Pai há
muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar um lugar
para vós. 3 Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente
e tomar-vos-ei comigo, para que, onde estou, estejais vós também. 4 E vós
conheceis o caminho para ir onde Eu vou». 5 Tomé disse-Lhe: «Senhor, nós não
sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?». 6 Jesus disse-lhe: «Eu
sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim. 7 Se Me
conhecesseis, também certamente conheceríeis Meu Pai; mas desde agora O
conheceis e já O vistes». 8 Filipe disse-Lhe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso
nos basta». 9 Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não
Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu também o Pai. Como dizes, pois:
Mostra-nos o Pai? 10 Não acreditais que Eu estou no Pai e que o Pai está em
Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo. O Pai, que está em
Mim, Esse é que faz as obras.11 Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em
Mim. 12 Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. «Em verdade, em verdade
vos digo, que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço. Fará
outras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. 13 Tudo o que pedirdes em Meu
nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se Me pedirdes
alguma coisa em Meu nome, Eu a farei. 15 «Se Me amais, observareis os Meus mandamentos; 16 e Eu rogarei ao
Pai e Ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco, 17
o Espírito de verdade, a Quem o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O
conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós. 18 «Não
vos deixarei órfãos; voltarei a vós. 19 Ainda um pouco, e depois já o mundo não
Me verá. Mas ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia
conhecereis que estou em Meu Pai e vós em Mim e Eu em vós. 21 Aquele que aceita
os Meus mandamentos e os guarda, esse é que Me ama; e aquele que Me ama, será
amado por Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele». 22 Judas, não o
Iscariotes, disse-Lhe: «Senhor, qual é a causa por que Te hás-de manifestar a
nós e não ao mundo?». 23 Jesus respondeu-lhe: «Se alguém Me ama, guardará a
Minha palavra e Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele, e faremos nele a Nossa
morada. 24 Quem não Me ama não observa as Minhas palavras. E a palavra que
ouvistes não é Minha, mas do Pai que Me enviou. 25 «Disse-vos estas coisas,
estando convosco. 26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
Meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos disse. 27 «Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz; não
vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe o vosso coração, nem se assuste. 28
Ouvistes que Eu vos disse: Vou e voltarei a vós. Se vós Me amásseis, certamente
vos alegraríeis de Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. 29 Eu
vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis. 30
Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo. Ele não pode
nada contra Mim, 31 mas é preciso que o mundo conheça que amo o Pai e que faço
como Ele Me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.
VIDA
CAPÍTULO
36.
Prossegue no tema começado
e diz como se acabou de concluir e se fundou este mosteiro de S. José e as
grandes contradições e perseguições que houve, depois de tomarem hábito as
religiosas. Conta os grandes trabalhos e tentações que ela passou e como de
tudo a tirou o Senhor com vitória e em glória e louvor Seu.
1. Tendo já partido
daquela cidade, vinha eu muito contente pelo caminho, determinando-me a passar
tudo o que o Senhor fosse servido, com toda a minha boa vontade.
Na mesma noite em que
cheguei a esta terra, chega o nosso despacho para o mosteiro e Breve de Roma.
Eu me espantei e se espantaram todos os que sabiam a pressa que o Senhor me
tinha dado para a vinda, quando souberam a grande necessidade que havia disso e
em que conjuntura o Senhor me trazia. É que encontrei aqui o Bispo e o santo
frei Pedro de Alcântara e o outro cavaleiro muito servo de Deus, em cuja casa
este santo homem fazia pousada, pois era pessoa em quem os servos de Deus
achavam protecção e acolhimento.
2. Os dois levaram a cabo
o conseguir que o Bispo aceitasse o mosteiro, o que não foi pouco trabalho, por
ser pobre. Era, porém, tão amigo de pessoas que assim via determinadas a servir
ao Senhor, que logo se afeiçoou a favorecê-lo. O aprová-lo este santo velho e
empenhar-se muito com uns e com outros para que nos ajudassem, foi o que fez
tudo ao caso. Se eu não tivesse vindo nesta conjuntura - como já disse -, não
sei com se teria podido fazer. Pois este santo homem esteve aqui pouco, creio
que não foram oito dias, e muito enfermo e daí a pouco o levou o Senhor consigo.
Parece que Sua Majestade o tinha guardado até acabar este negócio, pois já
havia muito - não sei se mais de dois anos - que andava muito doente.
3. Tudo se fez debaixo de
grande segredo, porque, a não ser assim, nada se poderia fazer, pois o povo estava
contrário, como depois se viu. Ordenou o Senhor que adoecesse um cunhado meu,
sem cá estar sua mulher e, em tanta necessidade, deram-me licença para o ir tratar.
Assim com este motivo, de nada se desconfiou, embora nalgumas pessoas não se
deixasse de suspeitar qualquer coisa. Contudo não o acreditavam. Foi coisa de
espantar, pois meu cunhado não esteve doente além do tempo necessário para
concluir o negócio; e quando foi preciso que tivesse saúde para eu me desocupar
e ele deixar desocupada a casa, logo o Senhor lha tornou a dar, do que ele
estava maravilhado.
4. Passei muito trabalho a
instar com uns e com outros que se admitisse a fundação; e com o enfermo, e com
os oficiais para que se acabasse a casa a toda a pressa, e tivesse ar de
convento, pois faltava muito para se acabar. E a minha companheira não estava
aqui, pois pareceu-nos que era melhor ausentar-se para mais dissimular. E eu
via que tudo dependia da brevidade, e isto por muitos motivos: um, era porque
temia que a toda a hora me mandassem voltar. Foram tantas as coisas a dar
trabalhos que pensei se seria esta a cruz, conquanto me parecesse que era pouco
para a grande cruz que eu tinha entendido do Senhor que havia de passar.
5. Pois, estando tudo
terminado, foi o Senhor servido que, no dia de S. Bartolomeu, tomassem hábito
algumas. Pôs-se o Santíssimo Sacramento, e com toda a autoridade e força ficou
fundado o nosso mosteiro do nosso gloriosíssimo Pai S. José, no ano de mil
quinhentos e sessenta e dois. Estive eu a dar-lhes o hábito e outras duas
freiras da nossa mesma casa que acertaram a estar fora do mosteiro da
Encarnação. Como nesta, em que se fez o convento, era onde estava meu cunhado,
que a tinha comprado, como tenho dito, para melhor dissimular o negócio, eu
estava ali com licença. Nem eu fazia coisa sem ser com o parecer de letrados,
para não fugir a um só ponto da obediência. Estes, como viam isto ser por
muitos motivos muito proveitoso para toda a Ordem, embora eu andasse com
segredo e acautelando-me para que não o soubessem meus prelados, diziam-me que
o podia fazer. Por muito pouca imperfeição que me dissessem que era, mil
mosteiros me parece que deixaria, quanto mais um. Isto é certo porque, embora
desejasse a fundação para mais me apartar de tudo e guardar minha profissão e
chamamento com mais perfeição e clausura, de tal maneira o desejava, no
entanto, que se entendesse que era mais serviço do Senhor deixá-lo de todo,
tê-lo-ia feito - como o fiz da outra vez - com todo o sossego e paz.
6. Foi pois para mim como
estar em glória, ver colocar o Santíssimo Sacramento e que se remediaram quatro
órfãs pobres (porque não se recebiam com dote), e grandes servas de Deus. Logo
de princípio foi isto que se pretendeu: que entrassem pessoas que, com seu exemplo,
fossem fundamento em que se pudesse efectuar o intento que levávamos de muita
perfeição e oração. Via, assim, realizada uma obra que eu tinha entendido que
era para serviço do Senhor e honra do hábito de Sua Gloriosa Mãe, que estas
eram as minhas ânsias.
E também me deu muito
consolo o ter feito o que o Senhor tanto me mandara, e mais outra igreja neste
lugar, dedicada a meu Pai, o glorioso S. José, pois que não havia outra. Não
que a mim me parecesse que nisto tinha feito alguma coisa, que nunca tal me
parecia, nem parece. Sempre entendo que tudo é obra do Senhor; e o que fazia da
minha parte, ia com tantas imperfeições, que antes vejo haver de que me culpar
e não de que me agradecer. Contudo, era-me grande gozo ver que Sua Majestade se
servira de mim, como instrumento duma tão grande obra sendo eu tão ruim.
Estive assim com tão
grande contentamento, que estava como fora de mim, em elevada oração.
7. Acabado tudo, seria
depois de umas três ou quatro horas, suscitou em mim o demónio uma batalha
espiritual, como agora direi. Pôs-se-me diante se teria sido mal feito o que
fora feito; se ia contra a obediência em o ter procurado fazer sem que mo
mandasse o Provincial, (que bem me parecia a mim que lhe havia de dar algum
desgosto por causa de sujeitar a casa ao Ordinário sem lho dizer primeiro;
ainda que, por outra parte, também me parecesse que a ele nada se lhe daria,
visto não ter querido admitir a fundação e eu, quanto a mim, não mudava a
obediência). E pensava ainda se ficariam contentes as que estavam aqui em tanta
austeridade, se lhes viria a faltar de comer, se havia sido disparate, quem é
que me metia nisto, pois eu tinha mosteiro.
Tudo o que o Senhor me
tinha mandado e os muitos pareceres e orações, que havia mais de dois anos que
quase não cessavam, tudo estava tão apagado da minha memória como se nada disto
tivesse havido. Só me recordava do meu parecer e todas as virtudes e a fé
estavam então em mim suspensas, sem ter eu força para que nenhuma operasse nem
me defendesse de tantos golpes.
8. Também me sugeria o
demónio como é que eu me queria encerrarem casa tão acanhada e com tantas
enfermidades; como é que eu poderia sofrer tanta penitência; que deixava uma
casa tão grande e deleitosa e onde tão contente tinha sempre estado e tinha
tantas amigas; que talvez as de cá não fossem a meu gosto; que me tinha
obrigado a muito; que talvez ficasse desesperada e, porventura, era isto que
tinha pretendido o demónio: tirar-me a paz e quietude e assim não poderia ter
oração estando desassossegada, e perderia a alma.
Coisas desta feitura ele
punha todas juntas diante de mim, que não estava na minha mão pensarem outra
coisa; e com isto uma aflição e escuridão e trevas na alma, que eu não o sei
encarecer. Logo que assim me vi, fui-me para diante do Santíssimo Sacramento,
mas nem podia encomendar-me a Ele. Parece-me que estava com uma angústia como
quem está em agonia de morte. Tratar disto com alguém, não havia como, porque
nem ainda confessor havia designado.
9. Oh! valha-me Deus, que
vida esta tão miserável! Não há prazer seguro nem coisa sem mudança. Havia tão
pouquito que não trocara, me parece, meu contentamento com nenhum da terra e a
mesma causa dele me atormentava agora de, tal sorte, que não sabia que fazer de
mim. Oh! se olhássemos com advertência as coisas da nossa vida! cada qual
veria, por experiência, no pouco em que se hão-de ter os gostos ou desgostos
dela.
Certo é que me parece ter
sido um dos bocados difíceis que passei na minha vida. Parecia adivinhar o
espírito o muito que tinha ainda para passar, embora nada chegasse a ser tanto
como este, sé isto durara. Mas o Senhor não deixou padecer muito a sua pobre
serva; porque nunca nas tribulações deixou de me socorrer e assim foi nesta.
Deu-me um pouco de luz para ver que era demónio e para que eu pudesse entender
a verdade e que tudo era querer-me espantar com suas mentiras. Comecei a
recordar-me das minhas grandes determinações de servir o Senhor e desejos de
padecer por Ele; e pensei que, se os havia de cumprir, não havia de andar a
procurar descanso. Se tivesse trabalhos, este era o merecer; e se descontento,
como o tomasse para servir a Deus, me serviria de purgatório. Porque temia,
pois? se desejava trabalhos, bons eram estes. Na maior contradição estava o
ganho; por que razão me havia de faltar o ânimo para servir a Quem tanto devia?
Com estas e outras
considerações, fazendo-me grande força a mim mesma, prometi, diante do
Santíssimo Sacramento, fazer tudo o que pudesse para alcançar licença para vir
para esta casa e prometer clausura podendo-o fazer em boa consciência.
10. Em fazendo isto, num
instante fugiu o demónio e deixou-me sossegada e contente e fiquei-o e o tenho
estado sempre. Tudo quanto se guarda nesta casa de clausura e penitência e o
demais, torna-se para mim em extremo suave e pouco. O gozo é tão extremamente
grande, que eu penso algumas vezes o que poderia escolher na terra que fosse
mais saboroso. Não sei se isto concorre para eu ter muita mais saúde do que
nunca, ou querer o Senhor - por ser necessário e de razão que faça como todas -
dar-me este consolo de que o possa fazer, embora com trabalho. Mas, de eu o
poder, se espantam todas as pessoas que conhecem minhas enfermidades. Bendito
seja Ele que tudo dá e, por cujo poder, tudo se pode.
11. Fiquei bem cansada de
tal contenda e rindo-me do demónio, pois bem via ser ele. Creio que o Senhor o
permitiu, porque eu nunca soubera antes que coisa era descontentamento de ser
freira, nem sequer por um momento, em vinte e oito anos e mais que o sou, para
que entendesse a grande mercê que nisto me fizera e do grande tormento de que me
tinha livrado, e também para que, se eu visse que alguma o estava, não me
espantasse, mas sim me apiedasse dela e a soubesse consolar.
Pois, passado isto, queria
depois de comer descansar um pouco (porque em toda a noite não tinha quase
sossegado nem deixado em algumas outras de ter trabalho e cuidado e, todos os
dias, bem cansada); mas, ao saber-se no meu mosteiro e na cidade o que estava
feito, levantou-se um grande alvoroço pelas razões que já disse e nas quais
parecia haver alguma cor de verdade.
Logo a prelada me enviou
ordem a mandar que, à hora, eu me fósse para lá. Eu, em vendo seu mandato,
deixo minhas freiras muito penalizadas e logo me vou.
Bem via que se me iam
oferecer grandes trabalhos; mas como já ficava feita a fundação, muito pouco se
me dava. Fiz oração, suplicando ao Senhor que me favorecesse, e a meu Pai S.
José que me trouxesse à sua casa. Ofereci-lhe o que ia passar e, muito contente
de que se me oferecesse algo em que eu padecesse por Ele e O pudesse servir,
fui-me, tendo por certo que logo me haviam de meter no cárcere. Mas isto, a meu
parecer, dar-me-ia muito prazer por não falar com ninguém e descansar um pouco
em solidão, do que estava bem necessitada, porque andava moída de tanto tratar
com gente.
12. Como cheguei e dei
minhas razões à Prelada, aplacou-se um tanto. Tudo quanto expus enviaram ao
Provincial e ficou a causa para ser julgada diante dele. E vindo ele, fui
chamada a juízo com bem grande contentamento por ver que padecia alguma coisa
pelo Senhor, pois nem contra Sua Majestade nem contra a Ordem achava eu ter
desobedecido em nada neste caso. Antes procurava engrandecê-la com todas as
minhas forças e morreria de boa vontade para isso, pois todo o meu desejo era
que se cumprisse a Regra com toda a perfeição. Lembrei-me do julgamento de
Cristo e vi como era nada aquele meu. Disse minha culpa, como se fora muito
culpada e assim o parecia a quem não sabia todas as causas. Depois de me ter
dado uma forte repreensão, embora não fosse com tanto rigor, como merecia o
delito e o que muitos diziam ao Provincial, eu não me. quis desculpar, pois ia
determinada a isso, mas antes pedi me perdoasse e castigasse e não ficasse
zangado comigo.
santa
teresa de jesus
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