20/11/2013

Leitura espiritual para 20 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 14, 1-31

1 «Não se perturbe o vosso coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim. 2 Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar um lugar para vós. 3 Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e tomar-vos-ei comigo, para que, onde estou, estejais vós também. 4 E vós conheceis o caminho para ir onde Eu vou». 5 Tomé disse-Lhe: «Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?». 6 Jesus disse-lhe: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim. 7 Se Me conhecesseis, também certamente conheceríeis Meu Pai; mas desde agora O conheceis e já O vistes». 8 Filipe disse-Lhe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta». 9 Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu também o Pai. Como dizes, pois: Mostra-nos o Pai? 10 Não acreditais que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo. O Pai, que está em Mim, Esse é que faz as obras.11 Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. 12 Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. «Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço. Fará outras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. 13 Tudo o que pedirdes em Meu nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu a farei. 15 «Se Me amais, observareis os Meus mandamentos; 16 e Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco, 17 o Espírito de verdade, a Quem o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós. 18 «Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós. 19 Ainda um pouco, e depois já o mundo não Me verá. Mas ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai e vós em Mim e Eu em vós. 21 Aquele que aceita os Meus mandamentos e os guarda, esse é que Me ama; e aquele que Me ama, será amado por Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele». 22 Judas, não o Iscariotes, disse-Lhe: «Senhor, qual é a causa por que Te hás-de manifestar a nós e não ao mundo?». 23 Jesus respondeu-lhe: «Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra e Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele, e faremos nele a Nossa morada. 24 Quem não Me ama não observa as Minhas palavras. E a palavra que ouvistes não é Minha, mas do Pai que Me enviou. 25 «Disse-vos estas coisas, estando convosco. 26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos disse.  27 «Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe o vosso coração, nem se assuste. 28 Ouvistes que Eu vos disse: Vou e voltarei a vós. Se vós Me amásseis, certamente vos alegraríeis de Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. 29 Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis. 30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo. Ele não pode nada contra Mim, 31 mas é preciso que o mundo conheça que amo o Pai e que faço como Ele Me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.



VIDA
CAPÍTULO 36.
Prossegue no tema começado e diz como se acabou de concluir e se fundou este mosteiro de S. José e as grandes contradições e perseguições que houve, depois de tomarem hábito as religiosas. Conta os grandes trabalhos e tentações que ela passou e como de tudo a tirou o Senhor com vitória e em glória e louvor Seu.

1. Tendo já partido daquela cidade, vinha eu muito contente pelo caminho, determinando-me a passar tudo o que o Senhor fosse servido, com toda a minha boa vontade.
Na mesma noite em que cheguei a esta terra, chega o nosso despacho para o mosteiro e Breve de Roma. Eu me espantei e se espantaram todos os que sabiam a pressa que o Senhor me tinha dado para a vinda, quando souberam a grande necessidade que havia disso e em que conjuntura o Senhor me trazia. É que encontrei aqui o Bispo e o santo frei Pedro de Alcântara e o outro cavaleiro muito servo de Deus, em cuja casa este santo homem fazia pousada, pois era pessoa em quem os servos de Deus achavam protecção e acolhimento.
2. Os dois levaram a cabo o conseguir que o Bispo aceitasse o mosteiro, o que não foi pouco trabalho, por ser pobre. Era, porém, tão amigo de pessoas que assim via determinadas a servir ao Senhor, que logo se afeiçoou a favorecê-lo. O aprová-lo este santo velho e empenhar-se muito com uns e com outros para que nos ajudassem, foi o que fez tudo ao caso. Se eu não tivesse vindo nesta conjuntura - como já disse -, não sei com se teria podido fazer. Pois este santo homem esteve aqui pouco, creio que não foram oito dias, e muito enfermo e daí a pouco o levou o Senhor consigo. Parece que Sua Majestade o tinha guardado até acabar este negócio, pois já havia muito - não sei se mais de dois anos - que andava muito doente.
3. Tudo se fez debaixo de grande segredo, porque, a não ser assim, nada se poderia fazer, pois o povo estava contrário, como depois se viu. Ordenou o Senhor que adoecesse um cunhado meu, sem cá estar sua mulher e, em tanta necessidade, deram-me licença para o ir tratar. Assim com este motivo, de nada se desconfiou, embora nalgumas pessoas não se deixasse de suspeitar qualquer coisa. Contudo não o acreditavam. Foi coisa de espantar, pois meu cunhado não esteve doente além do tempo necessário para concluir o negócio; e quando foi preciso que tivesse saúde para eu me desocupar e ele deixar desocupada a casa, logo o Senhor lha tornou a dar, do que ele estava maravilhado.
4. Passei muito trabalho a instar com uns e com outros que se admitisse a fundação; e com o enfermo, e com os oficiais para que se acabasse a casa a toda a pressa, e tivesse ar de convento, pois faltava muito para se acabar. E a minha companheira não estava aqui, pois pareceu-nos que era melhor ausentar-se para mais dissimular. E eu via que tudo dependia da brevidade, e isto por muitos motivos: um, era porque temia que a toda a hora me mandassem voltar. Foram tantas as coisas a dar trabalhos que pensei se seria esta a cruz, conquanto me parecesse que era pouco para a grande cruz que eu tinha entendido do Senhor que havia de passar.
5. Pois, estando tudo terminado, foi o Senhor servido que, no dia de S. Bartolomeu, tomassem hábito algumas. Pôs-se o Santíssimo Sacramento, e com toda a autoridade e força ficou fundado o nosso mosteiro do nosso gloriosíssimo Pai S. José, no ano de mil quinhentos e sessenta e dois. Estive eu a dar-lhes o hábito e outras duas freiras da nossa mesma casa que acertaram a estar fora do mosteiro da Encarnação. Como nesta, em que se fez o convento, era onde estava meu cunhado, que a tinha comprado, como tenho dito, para melhor dissimular o negócio, eu estava ali com licença. Nem eu fazia coisa sem ser com o parecer de letrados, para não fugir a um só ponto da obediência. Estes, como viam isto ser por muitos motivos muito proveitoso para toda a Ordem, embora eu andasse com segredo e acautelando-me para que não o soubessem meus prelados, diziam-me que o podia fazer. Por muito pouca imperfeição que me dissessem que era, mil mosteiros me parece que deixaria, quanto mais um. Isto é certo porque, embora desejasse a fundação para mais me apartar de tudo e guardar minha profissão e chamamento com mais perfeição e clausura, de tal maneira o desejava, no entanto, que se entendesse que era mais serviço do Senhor deixá-lo de todo, tê-lo-ia feito - como o fiz da outra vez - com todo o sossego e paz.
6. Foi pois para mim como estar em glória, ver colocar o Santíssimo Sacramento e que se remediaram quatro órfãs pobres (porque não se recebiam com dote), e grandes servas de Deus. Logo de princípio foi isto que se pretendeu: que entrassem pessoas que, com seu exemplo, fossem fundamento em que se pudesse efectuar o intento que levávamos de muita perfeição e oração. Via, assim, realizada uma obra que eu tinha entendido que era para serviço do Senhor e honra do hábito de Sua Gloriosa Mãe, que estas eram as minhas ânsias.
E também me deu muito consolo o ter feito o que o Senhor tanto me mandara, e mais outra igreja neste lugar, dedicada a meu Pai, o glorioso S. José, pois que não havia outra. Não que a mim me parecesse que nisto tinha feito alguma coisa, que nunca tal me parecia, nem parece. Sempre entendo que tudo é obra do Senhor; e o que fazia da minha parte, ia com tantas imperfeições, que antes vejo haver de que me culpar e não de que me agradecer. Contudo, era-me grande gozo ver que Sua Majestade se servira de mim, como instrumento duma tão grande obra sendo eu tão ruim.
Estive assim com tão grande contentamento, que estava como fora de mim, em elevada oração.
7. Acabado tudo, seria depois de umas três ou quatro horas, suscitou em mim o demónio uma batalha espiritual, como agora direi. Pôs-se-me diante se teria sido mal feito o que fora feito; se ia contra a obediência em o ter procurado fazer sem que mo mandasse o Provincial, (que bem me parecia a mim que lhe havia de dar algum desgosto por causa de sujeitar a casa ao Ordinário sem lho dizer primeiro; ainda que, por outra parte, também me parecesse que a ele nada se lhe daria, visto não ter querido admitir a fundação e eu, quanto a mim, não mudava a obediência). E pensava ainda se ficariam contentes as que estavam aqui em tanta austeridade, se lhes viria a faltar de comer, se havia sido disparate, quem é que me metia nisto, pois eu tinha mosteiro.
Tudo o que o Senhor me tinha mandado e os muitos pareceres e orações, que havia mais de dois anos que quase não cessavam, tudo estava tão apagado da minha memória como se nada disto tivesse havido. Só me recordava do meu parecer e todas as virtudes e a fé estavam então em mim suspensas, sem ter eu força para que nenhuma operasse nem me defendesse de tantos golpes.
8. Também me sugeria o demónio como é que eu me queria encerrarem casa tão acanhada e com tantas enfermidades; como é que eu poderia sofrer tanta penitência; que deixava uma casa tão grande e deleitosa e onde tão contente tinha sempre estado e tinha tantas amigas; que talvez as de cá não fossem a meu gosto; que me tinha obrigado a muito; que talvez ficasse desesperada e, porventura, era isto que tinha pretendido o demónio: tirar-me a paz e quietude e assim não poderia ter oração estando desassossegada, e perderia a alma.
Coisas desta feitura ele punha todas juntas diante de mim, que não estava na minha mão pensarem outra coisa; e com isto uma aflição e escuridão e trevas na alma, que eu não o sei encarecer. Logo que assim me vi, fui-me para diante do Santíssimo Sacramento, mas nem podia encomendar-me a Ele. Parece-me que estava com uma angústia como quem está em agonia de morte. Tratar disto com alguém, não havia como, porque nem ainda confessor havia designado.
9. Oh! valha-me Deus, que vida esta tão miserável! Não há prazer seguro nem coisa sem mudança. Havia tão pouquito que não trocara, me parece, meu contentamento com nenhum da terra e a mesma causa dele me atormentava agora de, tal sorte, que não sabia que fazer de mim. Oh! se olhássemos com advertência as coisas da nossa vida! cada qual veria, por experiência, no pouco em que se hão-de ter os gostos ou desgostos dela.
Certo é que me parece ter sido um dos bocados difíceis que passei na minha vida. Parecia adivinhar o espírito o muito que tinha ainda para passar, embora nada chegasse a ser tanto como este, sé isto durara. Mas o Senhor não deixou padecer muito a sua pobre serva; porque nunca nas tribulações deixou de me socorrer e assim foi nesta. Deu-me um pouco de luz para ver que era demónio e para que eu pudesse entender a verdade e que tudo era querer-me espantar com suas mentiras. Comecei a recordar-me das minhas grandes determinações de servir o Senhor e desejos de padecer por Ele; e pensei que, se os havia de cumprir, não havia de andar a procurar descanso. Se tivesse trabalhos, este era o merecer; e se descontento, como o tomasse para servir a Deus, me serviria de purgatório. Porque temia, pois? se desejava trabalhos, bons eram estes. Na maior contradição estava o ganho; por que razão me havia de faltar o ânimo para servir a Quem tanto devia?
Com estas e outras considerações, fazendo-me grande força a mim mesma, prometi, diante do Santíssimo Sacramento, fazer tudo o que pudesse para alcançar licença para vir para esta casa e prometer clausura podendo-o fazer em boa consciência.
10. Em fazendo isto, num instante fugiu o demónio e deixou-me sossegada e contente e fiquei-o e o tenho estado sempre. Tudo quanto se guarda nesta casa de clausura e penitência e o demais, torna-se para mim em extremo suave e pouco. O gozo é tão extremamente grande, que eu penso algumas vezes o que poderia escolher na terra que fosse mais saboroso. Não sei se isto concorre para eu ter muita mais saúde do que nunca, ou querer o Senhor - por ser necessário e de razão que faça como todas - dar-me este consolo de que o possa fazer, embora com trabalho. Mas, de eu o poder, se espantam todas as pessoas que conhecem minhas enfermidades. Bendito seja Ele que tudo dá e, por cujo poder, tudo se pode.
11. Fiquei bem cansada de tal contenda e rindo-me do demónio, pois bem via ser ele. Creio que o Senhor o permitiu, porque eu nunca soubera antes que coisa era descontentamento de ser freira, nem sequer por um momento, em vinte e oito anos e mais que o sou, para que entendesse a grande mercê que nisto me fizera e do grande tormento de que me tinha livrado, e também para que, se eu visse que alguma o estava, não me espantasse, mas sim me apiedasse dela e a soubesse consolar.
Pois, passado isto, queria depois de comer descansar um pouco (porque em toda a noite não tinha quase sossegado nem deixado em algumas outras de ter trabalho e cuidado e, todos os dias, bem cansada); mas, ao saber-se no meu mosteiro e na cidade o que estava feito, levantou-se um grande alvoroço pelas razões que já disse e nas quais parecia haver alguma cor de verdade.
Logo a prelada me enviou ordem a mandar que, à hora, eu me fósse para lá. Eu, em vendo seu mandato, deixo minhas freiras muito penalizadas e logo me vou.
Bem via que se me iam oferecer grandes trabalhos; mas como já ficava feita a fundação, muito pouco se me dava. Fiz oração, suplicando ao Senhor que me favorecesse, e a meu Pai S. José que me trouxesse à sua casa. Ofereci-lhe o que ia passar e, muito contente de que se me oferecesse algo em que eu padecesse por Ele e O pudesse servir, fui-me, tendo por certo que logo me haviam de meter no cárcere. Mas isto, a meu parecer, dar-me-ia muito prazer por não falar com ninguém e descansar um pouco em solidão, do que estava bem necessitada, porque andava moída de tanto tratar com gente.
12. Como cheguei e dei minhas razões à Prelada, aplacou-se um tanto. Tudo quanto expus enviaram ao Provincial e ficou a causa para ser julgada diante dele. E vindo ele, fui chamada a juízo com bem grande contentamento por ver que padecia alguma coisa pelo Senhor, pois nem contra Sua Majestade nem contra a Ordem achava eu ter desobedecido em nada neste caso. Antes procurava engrandecê-la com todas as minhas forças e morreria de boa vontade para isso, pois todo o meu desejo era que se cumprisse a Regra com toda a perfeição. Lembrei-me do julgamento de Cristo e vi como era nada aquele meu. Disse minha culpa, como se fora muito culpada e assim o parecia a quem não sabia todas as causas. Depois de me ter dado uma forte repreensão, embora não fosse com tanto rigor, como merecia o delito e o que muitos diziam ao Provincial, eu não me. quis desculpar, pois ia determinada a isso, mas antes pedi me perdoasse e castigasse e não ficasse zangado comigo.

santa teresa de jesus


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