A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1 Estava doente um
homem, chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã. 2
Maria era aquela que ungiu o Senhor com perfume e Lhe enxugou os pés com os
seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava doente. 3 Mandaram, pois, suas irmãs
dizer a Jesus: «Senhor, aquele que amas está doente». 4 Ouvindo isto, Jesus
disse: «Esta doença não é de morte, mas é para glória de Deus, a fim de que o
Filho de Deus seja glorificado por ela». 5 Ora Jesus amava Marta, sua irmã
Maria e Lázaro. 6 Tendo, pois, ouvido que Lázaro estava doente, ficou ainda
dois dias no lugar onde Se encontrava. 7 Depois disto, disse aos Seus
discípulos: «Voltemos para a Judeia». 8 Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre,
ainda há pouco os judeus Te quiseram apedrejar, e Tu vais novamente para lá?». 9
Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Aquele que caminhar de dia, não
tropeça, porque vê a luz deste mundo; 10 porém, o que andar de noite tropeça,
porque lhe falta a luz». 11 Assim falou, e depois disse-lhes: «Nosso amigo
Lázaro dorme; mas vou despertá-lo». 12 Os Seus discípulos disseram-Lhe:
«Senhor, se ele dorme, também se há-de levantar». 13 Mas Jesus falava da sua
morte; e eles julgavam que falava do repouso do sono. 14 Jesus disse-lhes então
claramente: «Lázaro morreu, 15 e Eu, por vossa causa, estou contente por não
ter estado lá, para que acrediteis; mas vamos ter com ele». 16 Tomé, chamado
Dídimo, disse então aos outros discípulos: «Vamos nós também, para morrer com
Ele». 17 Chegou Jesus, e encontrou-o já há quatro dias no sepulcro. 18 Betânia
distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. 19 Muitos judeus tinham ido ter
com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. 20 Marta, pois,
logo que ouviu que vinha Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em
casa.
VIDA
CAPÍTULO
31.
14. Muito me tiravam a
liberdade de espírito estes temores; depois vim a entender que não era boa
humildade, pois tanto inquietava. E o Senhor ensinou-me esta verdade: se eu
estivesse bem persuadida e certa de que nenhuma coisa boa era minha, senão de
Deus, que assim como não me pesava de ouvir louvar outras pessoas, antes
gostava e me consolava muito de ver que ali se mostrava Deus, assim tão-pouco
me pesaria que Ele mostrasse em mim as Suas obras.
15. Também dei noutro
extremo: foi suplicar a Deus - e com oração particular - que, quando a alguma
pessoa lhe parecesse algo de bem em mim, Sua Majestade lhe declarasse os meus
pecados, para que visse, quão sem mérito meu, Ele me fazia mercês. Isto
desejei-o sempre muito. O meu confessor me disse que não o fizesse; mas até
ainda há pouco, se via que uma pessoa pensava muito bem de mim, com rodeios, ou
conforme podia, dava-lhe a entender meus pecados, e com isto parece que
descansava. Também me puseram muito escrúpulo nisto.
16. Procedia isto, a meu
parecer, não de humildade, mas duma tentação vinham muitas outras. Parecia-me
que a todos trazia enganados e, embora seja verdade que andam enganados em
pensar que há algum bem em mim, não é meu desejo engana-los, nem jamais tal
pretendi, senão que o Senhor por algum fim o permite. E assim, nem até com os
confessores, se não visse ser necessário, trataria nenhuma coisa destas, porque
me faria grande escrúpulo. Todos estes temorzitos e penas e sombras de
humildade, entendo eu agora que era grande imperfeição e de eu não estar
mortificada; porque a uma alma que se pôs nas mãos de Deus, tanto se lhe dá que
digam bem como mal. Isto, bem entendido, se ela compreendeu bem - tal como o
Senhor lhe quer fazer mercê que o compreenda - que de si nada tem. Fie-se de
Quem lho dá, pois sabe a razão porque as descobre e prepare-se para a
perseguição, que é certa nos tempos de agora, quando o Senhor quer que de
alguma pessoa sé entenda que Ele lhe faz semelhantes mercês. Há mil olhos para
uma alma destas, quando para mil almas doutra feitura não há nenhum.
17. Na verdade não há
pouca razão de temer, e este devia ser meu temor, não humildade, senão
pusilanimidade. Pois bem se pode dispor uma alma que Deus permite que assim
ande nos olhos do mundo, a ser mártir do mundo; porque, se ela não quiser
morrer para ele, o mesmo mundo a matará.
Não vejo nele, certo é,
outra coisa que bem me pareça, se não isto: não consentir faltas nos bons que,
a poder de murmurações, não as aperfeiçoe. Digo que é mister mais ânimo, se não
é perfeito, para levar caminho de perfeição, do que para ser logo mártir. A perfeição
não se alcança em breve tempo, a não ser aqueles a quem o Senhor quer, por
particular privilégio, fazer esta mercê. O mundo, em vendo-o começar, logo o
quer perfeito e a mil léguas lhe percebe alguma falta que, porventura, nele é
virtude e quem o condena julga aquilo mesmo um vício e assim o julga no outro.
Não há de haver comer, nem dormir, nem, como dizem, respirar; e, em quanto mais
o têm, mais se devem olvidar que ainda estão no corpo. Por perfeita que tenham
a alma, vivem ainda na terra sujeitos às suas misérias, por mais que a tenham
debaixo dos pés. E assim, como digo, requer-se grande ânimo, porque a pobre
alma ainda não começou a andar e querem que voe; ainda não tem vencidas as
paixões e querem que, em grandes ocasiões, esteja tão inteira na virtude como
eles lêem que estavam os santos depois de confirmados em graça.
É para louvar o Senhor o
que nisto se padece e ainda para se doer muito o coração: porque muitas, muitas
almas tornam atrás, pois não sabem as pobrezitas defender-se. E assim, creio,
faria a minha, se o Senhor tão misericordiosamente não tivera feito tudo da sua
parte; e até que, por sua bondade, Ele não fez tudo, V Mercê verá que não tem
havido em mim senão cair e levantar.
18. Quereria sabê-lo
dizer, porque creio se enganam aqui muitas almas que querem voar antes que Deus
lhes dê asas. Creio já ter usado de outra vez esta comparação, mas vem bem
aqui. Tratarei disto, porque vejo algumas almas muito aflitas por esta causa.
Começam com grandes desejos e fervor e determinação de ir adiante na virtude e
algumas, quanto ao exterior, tudo deixam por Ele, pois vêem noutras pessoas,
que são mais crescidas, coisas muito grandes de virtudes que lhes dá o Senhor,
que, por nós mesmos, não podemos conseguir; e, como vêem em todos os livros que
estão escritos sobre a oração e contemplação, mencionar coisas que havemos de
fazer para subir a esta dignidade, elas desconsolam-se, porque não as podem
logo conseguir. É um não se nos dar nada de que digam mal de nós, antes ter
maior contento do que quando dizem bem; uma pouca estima de honra, um desapego
de parentes que, se não são pessoas de oração, quereria não tratar com eles,
pois que antes cansam; e outras muitas coisas deste género que, a meu parecer,
é Deus que lhas há-de dar, porque julgo que já são bens sobrenaturais ou contra
a nossa natural inclinação.
Não se aflijam; esperem no
Senhor, pois o que agora têm em desejo, Sua Majestade fará que cheguem a tê-lo
por obra, com oração e fazendo de sua parte o que está nas suas mãos, porque é
muito necessário, para este nosso fraco natural, ter grande confiança e não
desanimar, nem pensar que; se nos esforçamos, deixaremos de sair com vitória.
19. E, porque tenho muita
experiência disto, direi alguma coisa para aviso de V Mercê. Não pense, embora
lhe pareça que sim, que está ganha a virtude, se não a experimenta com o seu
contrário. E sempre havemos de andar suspeitosos e não nos descuidamos enquanto
vivermos; porque muito se nos apega logo o coração, se - como digo - não nos
foi já dada de todo a graça de conhecer o que tudo é, e que nesta vida nunca há
nada sem muitos perigos.
Parecia-me a mim, há uns
anos atrás, que não só não estava apegada a meus parentes, senão que me
cansavam, e era certo ser assim, pois não podia suportar a sua conversação. Ofereceu-se
certo negócio de não pouca importância, e tive de estar com uma irmã minha, a
quem eu antes queria muito. E, embora na conversação eu não me afizesse a ela
(porque, ainda que seja melhor do que eu -como tem diferente estado, pois é
casada -, não podíamos falar sempre naquilo que eu queria, e estava só o mais
possível) vi que me davam pena suas penas muito mais que as do próximo, e algum
cuidado. Enfim, entendi que não estava tão livre como eu pensava e que ainda
tinha necessidade de fugir da ocasião para que esta virtude, que o Senhor me
havia começado a dar, fosse em crescimento. E assim, com Seu favor, tenho
procurado fazer de então para cá.
20. Em muito se há-de ter
uma virtude quando o Senhor a começa a dar e de nenhuma maneira nos devemos pôr
em perigo de a perder. Assim é em coisas de honra e em outras muitas; pois
creia V. Mercê que nem todos os que julgam estar desapegados de todo, o estão,
e é preciso nunca descuidar nisto. Qualquer pessoa que sinta em si algum ponto
de honra, se quer progredir, creia-me e esforce-se contra este atilho. É uma
cadeia que não há lima que a quebre a não ser Deus com a nossa oração e
fazermos muito da nossa parte. Parece-me que é um liame para este caminho, que
eu me espanto com o dano que causa.
Vejo algumas pessoas
santas em suas obras, que as fazem tão grandes que espantam as gentes. Valha-me
Deus! Porque está ainda na terra esta alma? Como não chegou ao cume da
perfeição? Que é isto? Quem detém a quem tanto faz por Deus?3' Oh! é que tem um
ponto de honra! E o pior é que não quer entender que o tem, e é porque o
demónio lhe faz entender que é obrigada a tê-lo.
21. Pois creiam-me, creiam
por amor do Senhor a esta formigazita. que o Senhor quer que fale. Se não tiram
esta lagarta, se bem que não dane a toda a árvore, porque algumas outras
virtudes ficarão, serão todas carcomidas. Não é árvore frondosa, não medra, nem
mesmo deixa medrar as que estão ao pé dela; porque a fruta que dá de bom
exemplo, não é nada sã; pouco durará.
Muitas vezes digo, que,
por pouco que seja o ponto de honra, é como o canto do órgão que, por um ponto
ou compasso que se erre, destoa toda a música. É coisa que em todas as partes
faz muito dano à alma, mas neste caminho de oração é pestilência.
22. Andamos procurando
juntar-nos com Deus por união, e queremos seguir os conselhos de Cristo
carregado de injúrias e de falsos testemunhos, e queremos muito inteira a nossa
honra e crédito? Não é possível lá chegar, não vão pelo mesmo caminho.
Achega-se o Senhor à alma, quando nos esforçamos e procuramos perder de nosso
direito em muitas coisas.
Dirão alguns: "não
tenho em quê, nem se me oferecem ocasiões". Creio que, a quem tiver esta
determinação, não permitirá o Senhor. que perca tão grande bem. Sua Majestade
proporcionará tantas coisas em que ganhe esta virtude, que não quererá tantas.
Mãos à obra!
23. Quero dizer as
ninharias e pouquidades que eu fazia quando comecei, ou algumas delas; as
palhazitas que disse que ponho no fogo, pois não sou para mais. Tudo recebe o
Senhor; seja bendito para sempre.
Entre as minhas faltas
tinha esta: que sabia pouco da salmodia e do que havia de fazer no coro e como
o dirigir, por puro descuido e estar metida em outras vaidades. Via outras,
ainda noviças, que me podiam ensinar. Acontecia não lhes perguntar, para que não
entendessem que sabia pouco. Logo se põe diante o bom exemplo; isto é muito
habitual. Mas logo que Deus me abriu um pouco os olhos, até mesmo sabendo, por
um nadinha que estivesse em dúvida, perguntava às pequenas como era. Nem perdi
honra nem crédito, antes quis o Senhor, a meu parecer, dai-me depois mais
memória.
Sabia cantar mal. Sentia-o
tanto, se não tinha estudado o que me encomendavam (e não por cometer faltas
diante do Senhor, que isto fora virtude, mas pelas muitas freiras que me
ouviam) que, de puro amor próprio, me perturbava tanto, que dizia muito menos
do que sabia. Tomei depois para mim, quando não o sabia muito bem, dizer que
não sabia. Sentia-o muito aos princípios e depois gostava disso. E é assim que,
como comecei a não se me dar nada de que se entendesse que não sabia, dizia
muito melhor. É que a negra honra impedia que soubesse fazer isto que eu tinha
por honra, pois cada um a põe nó que quer.
24. Com estas ninharias,
que são nada - e bem nada sou eu, pois isto me dava pena -, pouco a pouco se
vão fazendo actos; e com outras coisas pouquinhas como estas, que, por serem
feitas por Deus, lhes dá Sua Majestade tomo, ajuda Sua Majestade a coisas
maiores. E assim, em coisas de humildade, acontecia-me que, por ver que todas
aproveitavam na virtude menos eu, porque nunca fui para nada, das que saíam do
coro ia eu recolher e dobrar todas as capas. Parecia-me servir aqueles anjos
que ali louvavam a Deus, até que, não sei como, o vieram a saber e não me
envergonhei pouco, porque não chegava a minha virtude a querer que entendessem
estas coisas, e não devia ser por humildade, mas para que se não rissem de mim,
como eram tão nada.
25. Ó Senhor meu! que
vergonha é ver tantas maldades e contar umas areiazitas, que nem ainda as
levantava da terra para Vosso serviço, senão que tudo ia envolto em mil
misérias! Não manava ainda a água da Vossa graça debaixo destas areias para que
as fizesse levantar.
Oh! Criador meu, quem
pudera ter alguma coisa de monta a mencionar, entre tantos males, pois conto as
grandes mercês que hei recebido de Vós! É assim, Senhor meu, que não sei como o
pode sofrer meu coração nem como poderá quem isto ler, deixar de me aborrecer,
vendo tão mal correspondidas tão grandíssimas mercês e que não tenho vergonha
de contar estes serviços, como meus que são. Sim, tenho vergonha, Senhor meu;
mas o não ter outra coisa a contar da minha parte, me faz dizer tão baixos
princípios para que tenha esperança, quem os fizer grandes, pois que a estes
parece que tomou o Senhor em conta, melhor tomará a esses outros. Praza a Sua
Majestade dar-me graça para que não fique sempre nos princípios. Ámen.
santa
teresa de jesus
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