07/11/2013

Leitura espiritual para 07 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 8, 42-59

42 Jesus disse-lhes: «Se Deus fosse vosso pai, certamente Me amaríeis porque Eu saí e vim de Deus. Não vim de Mim mesmo, mas foi Ele que Me enviou. 43 Porque não conheceis vós a Minha linguagem? Porque não podeis ouvir a Minha palavra. 44 Vós tendes por pai o demónio, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque vos digo a verdade, não acreditais em Mim. 46 Qual de vós Me arguirá de pecado? Se Eu vos digo a verdade, porque não Me acreditais? 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus». 48 Os judeus responderam-Lhe: «Não dizemos nós com razão que Tu és um samaritano e que estás possesso do demónio?». 49 Respondeu Jesus: «Eu não tenho demónio, mas honro o Meu Pai, e vós a Mim Me desonrais. 50 Eu não procuro a Minha glória; há Quem tome cuidado dela, e Quem fará justiça. 51 Em verdade, em verdade vos digo: Quem guardar a Minha palavra não verá a morte eternamente». 52 Os judeus disseram-Lhe: «Agora reconhecemos que estás possesso do demónio. Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: Quem guardar a Minha palavra não provará a morte eternamente. 53 Porventura és maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram: Quem pretendes Tu ser?». 54 Jesus respondeu: «Se Eu Me glorifico a Mim mesmo, a Minha glória não é nada; Meu Pai é que Me glorifica, Aquele que vós dizeis que é vosso Deus.55 Mas vós não O conhecestes; Eu sim, conheço-O; e, se disser que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-O e guardo a Sua palavra.56 Abraão, vosso pai, regozijou-se com a esperança de ver o Meu dia; viu-o e ficou cheio de gozo». 57 Os judeus, por isso, disseram-Lhe: «Tu ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?». 58 Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, “Eu sou”». 59 Então pegaram em pedras para Lhe atirarem; mas Jesus ocultou-Se e saiu do templo.


VIDA

CAPÍTULO 28.

7. Direi, pois, o que tenho visto por experiência. Como o Senhor o faz, V Mercê, o dirá melhor e declarará tudo o que for obscuro e eu não souber dizer.
Bem me parecia nalgumas coisas que era imagem o que eu via, mas em outras muitas não, senão que era o próprio Cristo, conforme a claridade com que era servido mostrar-Se a mim. Umas vezes era tão confusamente, que me parecia imagem, mas não como os desenhos cá da terra, por muito perfeitos que sejam, e muitos tenho visto e bons; é disparate pensar que de algum modo tenha semelhança uma coisa com a outra; e, nem mais nem menos, a que tem uma pessoa viva com o seu retrato. Este, por bem tirado que esteja, não pode ser tão ao natural que, enfim, se vê que é coisa morta. Mas deixemos isto, que vem aqui muito bem e é muito ao pé da letra.
8. Não digo que seja comparação, que nunca são tão cabais, senão verdade: a diferença que há é, nem mais nem menos, a do vivo ao pintado. Se é imagem, é imagem viva: não homem morto, senão Cristo vivo. E dá a entender que é homem e Deus, não como estava no sepulcro, senão como saiu dele depois de ressuscitado. Vem, às vezes, com tão grande majestade, que não há quem possa duvidar: vê-se que é mesmo o Senhor, em especial em acabando de comungar, que bem sabemos que está ali, porque no-lo diz a fé. Representa-se tão Senhor daquela pousada que a alma toda se desfaz, vê-se consumir em Cristo. Ó Jesus meu, quem pudesse dar a entender a majestade com que Vos mostrais! E quão senhor de todo o mundo e dos céus e de outros mil mundos, e mundos e céus sem conta que Vós criásseis.
E a alma entende, segundo a majestade com que Vos representais, que isso não é nada para Vós serdes Senhor de tudo.
9. Aqui se vê claramente, Jesus meu, o pouco poder de todos os demónios em comparação do Vosso, e como, quem Vos tiver contente, pode calcar aos pés o inferno todo. Aqui se vê a razão que tiveram os demónios de temer quando baixastes ao Limbo e como desejariam outros mil infernos mais baixos para fugir de tão grande majestade. Vejo que quereis dar a entender à alma quão grande é o poder que tem esta sacratíssima Humanidade junta com a Divindade. Aqui se representa bem o que será ver, no dia do juízo, a majestade deste Rei e vê-Lo com rigor para os maus. Aqui é a verdadeira humildade que deixa esta visão na alma ao ver sua miséria, pois não a pode ignorar. Aqui a confusão e verdadeiro arrependimento dos pecados, pois, ainda que veja que lhe mostra amor, não sabe aonde se meter, e assim se desfaz toda.
Digo que tem tão grandíssima força esta visão, quando o Senhor quer mostrar à alma grande parte da Sua grandeza e majestade, que tenho por impossível podê-la sofrer qualquer pessoa, se o Senhor, de modo muito sobrenatural, não a quisesse ajudar, pondo-a em arroubamento e êxtase, onde perde de vista, com o gozo, a visão daquela divina presença.
Será verdade que se esquece depois? Fica porém tão impressa aquela majestade e formosura, que não há maneira de se poder esquecer, a não ser quando o Senhor quer que a alma padeça uma grande aridez e soledade, que direi adiante, que então até de Deus parece que se esquece. A alma fica outra, sempre embebida; parece-lhe que começa de novo um amor vivo de Deus em muito alto grau, a meu ver; porque, embora a visão passada, em que disse que Deus se representa sem imagem, seja mais perfeita, contudo, para durar na memória, conforme a nossa fraqueza, e para trazer bem ocupado o pensamento, é grande coisa o ficar representada e posta na imaginação tão Divina presença. E quase sempre vêm juntas estas duas maneiras de visão. E até mesmo é assim que vêm. Porque, com os olhos da alma, vê-se a excelência e formosura e glória da santíssima Humanidade e, por esta outra maneira que fica dita, se nos dá a entender como é Deus époderoso e que tudo pode e tudo manda e tudo governa e a tudo enche o Seu amor.
10. É muito para estimar esta visão, e sem perigo, a meu parecer, porque, pelos efeitos, se conhece que não tem força aqui o demónio. Parece-me, que três ou quatro vezes, me quis este dar a ver, desta maneira, ao mesmo Senhor em representação falsa. Toma a forma humana, mas não pode contrafazê-la com a glória que tem quando é de Deus. Faz representações para desfazer a verdadeira visão que a alma teve; mas esta resiste por si e se alvorota e fica desabrida e inquieta, porque perde a devoção e o gosto que antes tinha e fica sem oração alguma.
Nos princípios foi isto, como tenho dito, três ou quatro vezes. É coisa tão imensamente diferente que, ainda quem só tivesse tido oração de quietude, creio o entenderá pelos efeitos que ficam ditos nas falas. É coisa muito conhecida é, se uma alma não se quiser deixar enganar, não me parece que o demónio a enganará, se ela anda com humildade e simpli- cidade. Quem tiver tido verdadeira visão de Deus, desde quase logo o sente; porque, embora comece com regalo e gosto, a alma o lança de si. E, a meu parecer, até deve ser diferente o gosto, e não tem aparência de amor puro e casto; muito em breve dá a entender quem é. Assim, segundo me parece, onde há experiência, não poderá o demónio fazer dano.
11. Pois, ser imaginação isto, é impossível de toda a impossibilidade. Nenhum caminho leva, porque só a formosura e brancura de uma mão está acima de toda a nossa imaginação; pois, sem nos lembrarmos disso nem havê-lo jamais pensado, ver presentes, num instante, coisas que em muito tempo não se poderiam conceber com a imaginação, porque são muito mais sublimes, como tenho dito, do que podemos aqui compreender... isto é impossível. E mesmo que pudéssemos algo nisto, ainda se vê mais claro, por estoutra razão, que agora direi. Porque, se fosse representado pelo entendimento, não faria as grandes operações que isto faz, nem mesmo nenhuma (porque seria como alguém que quisesse dormir e ficasse desperta por não lhe ter vindo o sono; como tem necessidade de dormir ou fraqueza na cabeça, deseja-o e faz diligência para adormecer e, às vezes, parece que alguma coisa consegue; mas, se não é sono de verdade, não o sustentará nem lhe dará força à cabeça, antes às vezes fica com ela mais esvaída), assim seria em parte aqui: ficar a alma esvaída, mas não sustentada e forte, antes cansada e desgostada. Quando é verdadeira, não se pode encarecer a riqueza que deixa; até ao corpo dá saúde e este fica confortado.
12. Esta razão, com outras, dava eu quando me diziam que era demónio o que se me afigurava, e era muitas vezes. Fazia comparações conforme podia e o Senhor me dava a entender. Mas tudo aproveitava pouco, porque, como havia pessoas muito santas neste lugar (e eu, em sua comparação, uma perdição) e não as levava Deus por este caminho, logo as enchia o temor. Meus pecados parece, eram disto a causa. Passavam dum para outro as minhas coisas, de maneira que se vinham a saber sem dizê-las eu, senão ao meu confessor ou a quem ele me mandava.
13. Eu lhes disse uma vez que, se os que me diziam isto, me dissessem que uma pessoa a quem eu tivesse acabado de falar e conhecesse muito bem, não era de facto ela, mas que eu me enganava e que eles o sabiam, sem dúvida eu lhes daria mais crédito do que àquilo que tinha visto. Mas, se essa pessoa me.deixasse nas mãos algumas jóias que me ficassem por penhor de muito amor, e eu antes não tivesse nenhuma e me visse então rica sendo pobre, eu não poderia crer no que eles me diziam, embora o quisesse. Estas jóias eu lhas poderia mostrar, porque todos os que me conheciam, viam claramente estar outra a minha alma e assim o dizia o meu confessor. É que era muito grande a diferença em todas as coisas, e não dissimulada, senão que, com muita claridade, todos o podiam ver: Porque - dizia eu -, sendo antes tão ruim como era, não podia crer que, se o demónio fazia isto para me enganar e levar ao inferno, usasse de meio tão contrário como era tirar-me os vícios e pôr em mim virtudes e fortaleza; porque via claramente com estas coisas ficar, numa só vez, outra?
14. Meu confessor, como digo, que era um Padre bem santo da Companhia de Jesus, respondia isto mesmo, segundo eu soube. Era muito discreto e de grande humildade, e esta humildade tão grande acarretou-me bastos trabalhos; porque, conquanto fosse de muita oração e letrado, como o Senhor não o levava por este caminho, não se fiava de si. Passou-os muito grandes comigo e de muitas maneiras. Soube que lhe diziam que se acautelasse de mim, não o enganasse o demónio em acreditar alguma coisa do que eu lhe dizia. Traziam-lhe exemplos de outras pessoas. Tudo isto me afligia. Temia que viesse a não haver quem me quisesse confessar, pois todos haviam de fugir de mim. Não fazia senão chorar.
15. Foi providência de Deus querer ele continuar a ouvir-me; mas era tão grande servo de Deus, que a tudo se exporia por Ele. Dizia-me que não ofendesse eu a Deus, nem me apartasse do que ele me dizia e não tivesse medo de que me faltasse. Sempre me animava e sossegava. Mandava-me sempre que não lhe ocultasse coisa nenhuma; eu assim fazia. Dizia-me ele que, fazendo eu isto, ainda que fosse demónio, não me faria dano, antes o Senhor tiraria bem do mal que ele queria fazer à minha alma. Procurava aperfeiçoá-la em tudo que ele podia. Eu, como trazia tanto medo, obedecia-lhe em tudo, embora imperfeitamente. E muito passou por minha causa nos três anos e mais que me confessou, com estes trabalhos; porque nas grandes perseguições que tive e em muitas coisas que o Senhor permitia que me julgassem mal, e muitas estando sem culpa, iam a ele e o culpavam de tudo, estando ele sem culpa alguma.
16. Fora impossível, se não tivesse tanta santidade - e o Senhor o não animasse - poder sofrer tanto porque tinha de responder aos que lhes parecia que eu ia perdida e não o acreditavam; e, por outra parte, tinha de me sossegar e curar o medo que eu trazia, mas eu ficava com ele ainda maior. Por outra parte, tinha de me tranquilizar a cada visão, porque, sendo coisa nova, permitia Deus que me ficassem depois grandes temores. Tudo procedia de eu ser tão pecadora e de o ter sido. Ele me consolava com muita piedade e, se ele acreditasse em si mesmo, não padecera eu tanto, pois Deus lhe dava a entender a verdade em tudo, porque o mesmo Sacramento o iluminava,3z segundo creio.
17. Os servos de Deus que não se asseguravam, tratavam muito comigo. Eu, como falava descuidadamente, dizia algumas coisas que eles tomavam em diferente sentido. Queria eu muito a um deles, porque lhe devia muito a minha alma e era muito santo e desejava de grande modo o meu aproveitamento e que o Senhor me iluminasse. Eu sentia sumamente por ver que não me entendia. Assim, o que eu dizia, como digo, sem olhar a isso, parecia-lhes pouca humildade. Em vendo-me alguma falta - e veriam muitas - logo era tudo condenado. Perguntavam-me algumas coisas; eu respondia com lhaneza e descuido. Logo lhes parecia que os queria ensinar e me tinha a mim mesma por sábia. Tudo ia ter ao meu confessor, porque certamente desejavam meu proveito; e ele a ralhar-me.
18. Durou isto bastante tempo; afligida por muitas partes, mas com as mercês que o Senhor me fazia, tudo suportava.
Digo isto para que se entenda o grande trabalho que é não achar quem tenha experiência neste caminho espiritual. Pois, se não me favorecera tanto o Senhor, não sei que fora de mim. Bastantes coisas havia para me tirar o juízo, e algumas vezes via-me em termos que não sabia que fazer de mim, senão levantar os olhos ao Senhor; porque, contradições de bons a uma mulherzita ruim e fraca e temerosa como eu, dito assim não parece nadada e não obstante eu ter passado na vida grandíssimos trabalhos, este é dos maiores.
Praza ao Senhor que eu tenha servido a Sua Majestade algum tanto nisto. Pois, de que O serviam os que me condenavam e arguiam, bem certa estou e que era tudo para grande bem meu.

santa teresa de jesus


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