14/10/2013

Leitura espiritual para 14 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 22, 63; 23, 1-12

63 Entretanto os homens que guardavam Jesus, escarneciam d'Ele, batendo-Lhe. 64 Vendaram-Lhe os olhos e interrogavam-n'O: «Adivinha, quem é que Te bateu?». 65 E proferiam muitas outras injúrias contra Ele. 66 Quando foi dia, juntaram-se os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-n'O ao seu tribunal e disseram-Lhe: «Se Tu és o Cristo, declara-o». 67 Ele respondeu-lhes: «Se Eu vo-lo disser não Me acreditareis; 68 também se vos fizer qualquer pergunta, não Me respondereis. 69 Mas, doravante o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus». 70 Então disseram todos: «Logo Tu és o Filho de Deus?». Ele respondeu: «Vós o dizeis, Eu sou». 71 Então eles disseram: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da Sua boca!».
Lc 23 1 Levantando-se toda a multidão, levaram-n'O a Pilatos. 2 Começaram a acusá-l'O, dizendo: «Encontrámos este homem sublevando a nossa nação, proibindo dar tributo a César e dizendo que é o Messias». 3 Pilatos interrogou-O: «Tu és o rei dos judeus?». Ele, respondendo, disse: «Tu o dizes». 4 Então Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: «Não encontro neste homem crime algum». 5 Porém, eles insistiam cada vez mais, dizendo: «Ele subleva o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui!». 6 Pilatos, ouvindo falar da Galileia, perguntou se aquele homem era galileu. 7 Quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que, naqueles dias, se encontrava também em Jerusalém. 8 Herodes, ao ver Jesus, ficou muito contente porque havia muito tempo tinha desejo de O ver, por ter ouvido d'Ele muitas coisas, e esperava vê-l'O fazer algum milagre. 9 Fez-Lhe muitas perguntas. Mas Ele nada respondeu. 10 Estavam presentes os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-O com grande insistência. 11 Herodes com os seus guardas desprezou-O, fez escárnio d'Ele, mandando-O vestir com uma túnica branca, e remeteu-O a Pilatos. 12 Naquele dia ficaram amigos Herodes e Pilatos, porque antes eram inimigos um do outro.


VIDA

CAPÍTULO 6. Trata do muito que ficou a dever ao Senhor por lhe ter dado conformidade em tão grandes trabalhos e como tomou por medianeiro e advogado ao glorioso São José e o muito que lhe aproveitou.
1. Fiquei, destes quatro dias de paroxismo, num estado que só o Senhor pode saber os incomportáveis tormentos que sentia em mim: a língua feita em pedaços de mordida; a garganta, de não ter passado nada e da grande fraqueza, sufocava-me, pois nem a água podia engolir; toda eu parecia estar desconjuntada; com grandíssimo desatino na cabeça. Toda encolhida, feita um novelo - que nisto parou o tormento daqueles dias sem me poder mexer, nem braço, nem pé, nem mão, nem cabeça, mais do que se estivesse morta, se não me maneassem. Só um dedo me parece podia mexer da mão direita. Chegarem-se a mim não havia como, porque tudo estava em tal lástima, que não o podia suportar; num lençol, uma a uma ponta, e outra a outra, me meneavam.
Isto foi até à Páscoa florida. Só tinha que, se não se chegassem a mim, as dores cessavam muitas vezes e, a troco de descansar um pouco, já me tinha por boa, pois temia de me vir a faltar a paciência. Assim fiquei muito contente de me ver sem tão agudas e contínuas dores, embora, nos grandes frios de quartãs dobradas - fortíssimas - com que fiquei, as tivesse incomportáveis. O fastio era muito grande.
2. Dei-me logo tanta pressa em ir para o convento, que mesmo assim me fiz levar. A que esperavam morta, receberam com alma, mas o corpo pior que morto, a causar pena vê-lo. O extremo de fraqueza nem se pode dizer, que já só tinha ossos. Digo que o ficar assim durou-me mais de oito meses; o estar tolhida, ainda que fosse melhorando, quase três anos. Quando comecei a andar de gatas, louvava a Deus. Tudo sofri com grande conformidade e - a não ser nestes tempos - com grande alegria; porque tudo se me fazia nada, comparado com as dores e os tormentos do princípio. Estava muito conforme com a vontade de Deus, ainda mesmo que me deixasse sempre assim.
Parece-me que toda a minha ânsia de sarar era para estar a sós em oração - como me tinham ensinado - porque na enfermaria não havia disposição para isso. Confessava-me muito amiúde; tratava muito de Deus, de maneira que edificava a todas. Espantavam-se da paciência que o Senhor me dava; porque, a não vir da mão de Sua Majestade, parecia impossível poder-se sofrer tantos males com tanto contentamento.
3. Grande coisa foi Ele haver-me feito a mercê que me fizera na oração. Esta fazia-me entender que coisa era amá-Lo. Só desse pouco tempo vi em mim novas virtudes, embora não fortes, pois não bastaram para me sustentar no caminho da justiça. Não dizer mal de ninguém, por pouco que fosse, antes o ordinário era em mim o desculpar toda a murmuração, porque trazia muito diante dos olhos como não havia de dizer nem querer que dissessem de outra pessoa o que eu não quereria dissessem de mim. Praticava isto com grande extremo nas ocasiões que para isso havia, embora não tão perfeitamente que algumas vezes, quando mas davam grandes, não quebrantasse um pouco; mas de ordinário era isto. Assim - às que estavam comigo e me tratavam - persuadi tanto disto que lhes ficou de costume. E todas vieram a entender, que onde eu estivesse, seguras tinham as costas. E o mesmo pensavam daquelas com quem eu tinha amizade e parentesco e que ensinava, ainda que noutras coisas bem tenha que dar contas a Deus do mau exemplo que lhes dava.
Praza a Sua Majestade perdoar-me, que de muitos males fui causa, embora não com tão danosa intenção como depois saía a obra.
4. Ficou-me o desejo da solidão; amiga de tratar e falar de Deus que, se eu encontrava com quem, mais contento e recreação me dava que toda a delicadeza -ou grosseria, para melhor dizer - da conversação do mundo. Comungar e confessar-me muito mais amiúde e desejá-lo; amicíssima de ler bons livros; um grandíssimo arrependimento em ter ofendido a Deus que, muitas vezes me recordo não ousava ter oração porque temia - como a um grande castigo - a grandíssima pena que havia de sentir de O ter ofendido. Isto foi-me depois crescendo em tal extremo, que não sei a que compare este tormento. E jamais foi -nem pouco nem muito - por temor; mas, como me lembrava dos regalos que o Senhor me fazia na oração e o muito que Lhe devia e via quão mal Lho pagava, não o podia sofrer. Enojava-me em extremo das muitas lágrimas que pela culpa chorava, quando via a minha pouca emenda, pois nem bastavam determinações nem a mágoa em que me via, para não voltar a cair quando me punha na ocasião. Pareciam-me ser lágrimas enganosas e parecia-me ser depois maior a culpa, porque via a grande mercê que me fazia o Senhor em mas dar com tão grande arrependimento. Procurava confessar-me dentre em breve e, a meu parecer, fazia da minha parte o que podia para voltar a estar em graça.
Todo o mal vinha de eu não cortar pela raiz as ocasiões e nos confessores que pouco me ajudavam; dizendo-me o perigo em que andava e a obrigação que tinha em não ter aqueles tratos, creio, sem dúvida, que tudo se remediaria; porque de nenhum modo sofreria andar em pecado mortal um só dia, se eu o entendesse.
Todos estes sinais de temor de Deus me vieram com a oração e o maior era o ir envolvido em amor, porque não se me punha diante o castigo. Todo o tempo que estive tão mal me durou a muita guarda de consciência quanto a pecados mortais. Oh! valha-me Deus; desejava saúde para mais O servir e foi causa de todo o meu mal!
5. Pois, como me vi tão tolhida em tão pouca idade e no que haviam dado comigo os médicos da terra, determinei-me a recorrer aos do Céu para que me sarassem, pois desejava a saúde, embora sofresse com muita alegria a sua falta. Pensava algumas vezes que, se estando boa me havia de condenar, melhor seria estar assim. Pensava, no entanto, que serviria muito mais a Deus com saúde. Este é o nosso engano: não nos entregamos de todo ao que faz o Senhor, que melhor sabe o que nos convém.
6. Comecei a fazer devoções de Missas e coisas muito aprovadas de orações, pois nunca fui amiga doutras devoções que fazem algumas pessoas - em especial mulheres - com cerimónias que eu não podia suportar e a elas lhes fazia devoção. Depois tem-se dado a entender não convirem; eram superstições. Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi claramente que, tanto desta necessidade como de outras maiores de honra e perda de alma, este Pai e Senhor meu me tirou com maior bem do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo até agora de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer. É coisa de espantar as grandes mercês que Deus me tem feito por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos de que me tem livrado, tanto no corpo como na alma. A outros santos parece ter dado o Senhor graça para socorrerem numa necessidade; deste glorioso Santo tenho experiência que socorre em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe foi sujeito na terra - pois como tinha nome de pai, embora sendo aio, O podia mandar -, assim no Céu faz quanto Lhe pede.
Isto têm visto, por experiência, algumas outras pessoas, a quem eu dizia para se encomendarem a ele. E assim há muitas que lhe são devotas, experimentando de novo esta verdade.
7. Procurava eu fazer a sua festa com toda a solenidade que podia, mais cheia de vaidade que de espírito, querendo que se fizesse mui curiosamente e bem, embora com boa intenção. Mas isto tinha de mal - se algum bem o Senhor me dava a graça de fazer-: era cheio de imperfeições e com muitas faltas. Para o mal e curiosidade e vaidade tinha eu grande manha e diligência. Que o Senhor me perdoe.
Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste glorioso Santo, pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a ele se encomendam. Parece-me que há alguns anos que, cada ano no seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo realizada; se a petição vai algo torcida ele a endireita para maior bem meu.
8. Se eu fora pessoa que tivesse autoridade para escrever, de boa vontade me alongaria a dizer muito por miúdo as mercês que este glorioso Santo metem feito a mim e a outras pessoas. Mas, para não fazer mais do que me mandaram, em muitas coisas serei mais breve do que quisera. Em outras, mais extensa do que era mister; enfim, como quem em todo o bem tem pouca discrição. Só peço, por amor de Deus, que faça a prova quem não me acreditar e verá, por experiência, o grande bem que é o encomendar-se a este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção. Em especial, as pessoas de oração sempre lhe haviam de ser afeiçoadas. É que não sei como se pode pensar na Rainha dos Anjos - no tempo em que tanto passou com o Menino Jesus - sem que se dê graças a São José pelo muito que então Os ajudou. Quem não encontrar mestre que lhe ensine oração, tome a este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho. Praza ao Senhor não haja eu errado em atrever-me a falar dele; porque embora publique ser-lhe devota, no seu serviço e imitação sempre tenho falhado. Ele procedeu como quem é, fazendo com que eu me pudesse levantar e andar e não ficasse tolhida, e eu, como quem sou, usando mal desta mercê.
9. Quem diria que eu havia de cair tão depressa, depois de tantas mercês de Deus, depois de ter Sua Divina Majestade começado a dar-me virtudes - que as mesmas me despertavam a servi-Lo - depois de eu meter visto quase morta e em tão grande perigo de ser condenada, depois de me ter ressuscitado alma e corpo, que todos os que me viam se espantavam de me ver viva! Que é isto, Senhor meu? Em tão perigosa vida havemos de viver? Ao escrever isto parece-me que, com o Vosso favor e por misericórdia Vossa, poderia dizer como São Paulo - embora não com essa perfeição - já não vivo eu, senão que Vós, Criador meu, viveis em mim. Há alguns anos que, segundo posso entender, me tendes da Vossa mão e me vejo com desejos e determinações, e de algum modo tinha provado por experiência em muitas coisas de não fazer coisa contra a Vossa vontade, por pequena que seja, ainda que deva fazer bastas ofensas a Vossa Divina Majestade, sem o entender. Também me parece que não se me oferecerá coisa por Vosso amor que, com grande determinação eu deixe de acometer; em algumas me tendes ajudado para as levar a cabo. Não quero mundo nem coisa dele, nem me parece algo me contente afora de Vós; tudo o mais é para mim pesada cruz.
Bem me posso enganar e nada ter disto que digo, mas bem vedes, meu Senhor, que, segundo posso entender, não minto. E estou tremendo - e com muita razão -que me torneis a deixar. Já sei até que ponto chega a minha fortaleza e pouca virtude quando não ma estais sempre a dar e a ajudar para que Vos não deixe. Praza à Vossa Divina Majestade que mesmo agora não esteja apartada de Vós, parecendo-me, no entanto, tudo isto de mim.
Não sei como queremos viver, pois é tudo tão incerto! Parecia-me, Senhor meu, já impossível deixar-Vos tão de todo; mas, como tantas vezes Vos deixei, não posso deixar de temer, porque, em apartando-Vos um pouco de mim, dava com tudo em terra.
Bendito sejais para sempre, pois, embora eu Vos deixasse, Vós não me deixastes a mim tão de todo que não me tornasse a levantar com o dares-me sempre a mão. E muitas vezes, Senhor, eu não a queria, nem queria entender como tantas vezes me chamáveis de novo, como agora direi.

santa teresa de jesus


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