A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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41 Seus pais iam
todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa. 42 Quando chegou aos
doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, 43
acabados os dias que ela durava, quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém,
sem que os Seus pais o advertissem. 44 Julgando que Ele fosse na
comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-n'O entre os parentes e
conhecidos. 45 Não O encontrando, voltaram a Jerusalém à procura
d'Ele. 46 Aconteceu que, três dias depois, encontraram-n'O no templo
sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 E
todos os que O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas respostas.
48 Quando O viram, admiraram-se. E Sua mãe disse-Lhe: «Filho, porque
procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procuravámos cheios de
aflição». 49 Ele disse-lhes: «Porque Me procuraveis? Não sabíeis que
devo ocupar-Me nas coisas de Meu Pai?». 50 Eles, porém, não
entenderam o que lhes disse. 51 Depois desceu com eles e foi para
Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua mãe conservava todas estas coisas no seu
coração. 52 Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens.
CARTA ENCÍCLICA
AETERNA DEI SAPIENTIA
DO SUMO PONTÍFICE JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS,
BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR, EM PAZ E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE SÃO LEÃO I MAGNO
PONTÍFICE MÁXIMO E DOUTOR DA IGREJA, AO CUMPRIR-SE O XV
CENTENÁRIO DA SUA MORTE
Veneráveis
irmãos saudações e bênção apostólica
1.
A eterna sabedoria de Deus, que "alcança com vigor de um extremo ao outro
e governa o universo retamente" (Sb 8, 1), parece haver impresso com
singular esplendor a sua imagem no espírito de S. Leão I, Sumo Pontífice. Este,
com efeito, "grandíssimo entre os grandes", 1 como
justamente lhe chamou o nosso predecessor Pio XII, de venerável memória,
apareceu dotado, em medida extraordinária, de intrépida fortaleza e de paternal
bondade.
2.
Por este motivo, nós, chamados pela divina Providência a sentar-nos na cátedra
de Pedro, que S. Leão Magno tanto ilustrou com a sabedoria do governo, com a
riqueza de doutrina, com a sua magnanimidade e com a sua inexaurível caridade,
sentimos o dever, veneráveis irmãos, na circunstância do décimo quinto centenário
do seu bem-aventurado trânsito, de lhe evocar as virtudes e os méritos
imortais, certos como estamos de que isto contribuirá notavelmente para a
vantagem comum das almas e para a exaltação da religião católica. Com efeito, a
grandeza desse pontífice não está ligada principalmente ao gesto de intrépida
coragem com que, inerme, revestido somente da majestade de sumo-sacerdote, no
ano de 452 enfrentou o feroz Átila, rei dos Hunos, nas margens do Míncio, e
persuadiu-o a se retirar para além do Danúbio. Este foi, indubitavelmente, um
gesto nobilíssimo, digno, tanto quanto possível, da missão pacificadora do
pontificado romano, mas, na realidade, representa apenas um episódio e um
indício de uma vida toda inteira despendida em favor do bem religioso e social,
não só de Roma e da Itália, como também da Igreja universal.
SÃO
LEÃO MAGNO, PONTÍFICE, PASTOR E DOUTOR DA IGREJA UNIVERSAL
3.
À vida e à operosidade de S. Leão bem se podem aplicar as palavras da Sagrada
Escritura: "A senda dos justos brilha como a aurora, e vai alumiando até
que se faça o dia" (Pr 4, 18), bastando que se considerem os três aspectos
distintivos e característicos da sua personalidade: o fiel servo da Sé
Apostólica, o vigário de Cristo na terra, o doutor da Igreja universal.
Servo
fiel da Sé Apostólica
4.
"Leão, toscano de nascimento, filho de Quinciano", como nos informa o
Liber Pontificalis, 2 nasceu em fins do século IV. Tendo, porém,
vivido em Roma desde a primeira juventude, pode justamente chamar a Roma sua
pátria, 3 ali onde, ainda jovem, foi agregado ao clero romano,
chegando até ao grau de diácono. No período que vai de 430 a 439, exerceu
influência considerável nos negócios eclesiásticos, prestando seus serviços ao
pontífice Xisto III. Teve relações de amizade com S. Próspero da Aquitânia e
com Cassiano, fundador da célebre Abadia de S. Vitor, em Marselha, deste, que
ele exortara a escrever o De incarnatione Domini 4 contra os
Nestorianos, recebeu Leão este elogio verdadeiramente singular para um simples
diácono: "Honra da Igreja e do sacro ministério". 5
Enquanto se achava na Gália, ali enviado pelo Papa por sugestão da corte de
Ravena, para solucionar o conflito entre o patrício Écio e o prefeito Albino,
morreu Xisto III. Foi então que a Igreja de Roma pensou que não se podia confiar
o poder de vigário de Cristo a homem melhor do que o diácono Leão, que já se
revelara tanto um seguro teólogo como um fino diplomata. Recebeu, pois, ele a
sagração episcopal a 29 de Setembro de 440, e o seu pontificado foi um dos mais
longos da antiguidade cristã, e indubitavelmente um dos mais gloriosos. Morreu
em Novembro de 461, e foi sepultado no pórtico da basílica de S. Pedro. O Papa
S. Sérgio I, no ano 688, mandou transferir os despojos do santo pontífice
"para a rocha de Pedro", depois da construção da nova basílica, foram
colocados debaixo do altar que é a ele dedicado.
5.
E agora, querendo simplesmente indicar o carácter saliente da sua vida, não
podemos deixar de proclamar que bem raramente o triunfo da Igreja de Cristo
sobre os seus inimigos espirituais foi tão glorioso como durante o pontificado
de S. Leão Magno. Este, na verdade, no correr do século V, brilha no céu da
cristandade como um astro resplendente. E nem pode tal afirmação ser, de modo
algum, desmentida, especialmente se se considera o campo doutrinário da fé
católica, nele, com efeito, o seu nome está ligado simplesmente aos de Santo
Agostinho de Hipona e de S. Cirilo de Alexandria. Efectivamente, se Santo
Agostinho, como todos sabem, reivindicou, contra a heresia pelagiana, a absoluta
necessidade da graça para viver honestamente e conseguir a salvação eterna, se S.
Cirilo de Alexandria, contra as erradas afirmações de Nestório, defendeu a
divindade de Jesus Cristo e a divina maternidade de Maria Virgem, de sua parte S.
Leão, herdeiro da doutrina dos dois insignes luzeiros da Igreja do Ocidente e
do Oriente, domina sobre todos os seus contemporâneos na clara afirmação dessas
fundamentais verdades da fé católica. E, assim como Santo Agostinho é aclamado
na Igreja como doutor da graça, e S. Cirilo como doutor da encarnação, assim
também S. Leão é celebrado, sobre todos, como o doutor da unidade da Igreja.
Pastor
da Igreja universal
6.
Com efeito, basta deitar um rápido olhar à prodigiosa atividade de pastor e de
escritor desenvolvida por S. Leão no longo período do seu pontificado, para daí
tirar a convicção de ter sido ele o asseverador e o defensor da unidade da
Igreja tanto no campo doutrinário como no campo disciplinar. Se, depois, se
passa ao campo litúrgico, fácil é notar que o piedosíssimo pontífice promoveu a
unidade de culto, compondo, ou ao menos inspirando, algumas das mais elevadas
orações, que se acham contidas no chamado Sacramentário Leoniano. 6
7.
Com presteza e autoridade interveio ainda na controvérsia sobre a unidade ou
duplicidade de natureza em Jesus Cristo, obtendo o triunfo da verdadeira
doutrina relativa à encarnação do Verbo de Deus: facto este que lhe imortalizou
o nome na lembrança dos pósteros. Seja lembrada, a tal respeito, a famosa Carta
a Flaviano, bispo de Constantinopla, na qual, com admirável clareza e
propriedade, S. Leão expõe a doutrina sobre o mistério da encarnação do Filho
de Deus, em conformidade com o ensino dos profetas, do evangelho, dos escritos
apostólicos e do "Símbolo da fé".' Carta essa da qual parece oportuno
salientarmos as seguintes expressões verdadeiramente escultóricas:
"Permanecendo, portanto, íntegras as propriedades de uma e de outra
natureza, confluentes na pessoa única, pela majestade divina foi assumida a
pouquidão humana, pelo poder a franqueza, pela eternidade a mortalidade, e, com
o fim de satisfazer a dívida da nossa condição, a natureza inviolável uniu-se a
uma natureza passível, de maneira tal que, como justamente convinha à nossa
salvação, o único e insubstituível mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo homem, pudesse, sim, morrer segundo uma natureza, mas não segundo a
outra. Portanto, o Verbo, mesmo assumindo a natureza íntegra e perfeita de
verdadeiro homem, nasceu verdadeiro Deus, completo nas suas divinas
propriedades, completo outrossim nas nossas". 8
8.
Nem a isso se limitou S. Leão. Com efeito, à carta a Flaviano, na qual mais
difusamente expusera "tudo o que a Igreja católica universalmente
acreditava e ensinava acerca do mistério da encarnação do Senhor", 9
S. Leão fez seguir a condenação do concílio de Éfeso de 449. Nele, recorrendo à
ilegalidade e à violência, procurara fazer-se triunfar a errada doutrina de
Eutiques, o qual, "muito inconsiderado e muito ignorante", 10
obstinava-se em querer reconhecer em Jesus Cristo só uma única natureza, a
divina. Com todo direito o papa denominou tal concílio um
"latrocínio", 11 visto que, contravindo às claras disposições
da sé apostólica, ousara por todos os meios "atacar a fé católica" 12
e "reforçar uma execrável heresia". 13
9.
O nome de S. Leão está ligado sobretudo ao célebre concílio de Calcedónia de
451, cuja convocação, conquanto solicitada pelo imperador Marciano, só foi
aceite pelo pontífice com a condição de ser o concílio presidido pelos seus
enviados. 14 Esse concílio, veneráveis irmãos, constitui uma das
páginas mais gloriosas na história da Igreja católica. Mas não julgamos
necessário fazer dele aqui evocação particularizada, de vez que, a essa
grandiosa assembleia, no correr da qual triunfaram com igual esplendor a
verdadeira fé nas duas naturezas do Verbo encarnado e no primado do magistério
do pontífice romano, o nosso predecessor Pio XII dedicou uma das suas mais
celebradas encíclicas, no décimo quinto centenário do memorável acontecimento. 15
10.
Não menos evidente apareceu a solicitude de S. Leão pela unidade e pela paz da
Igreja quando ele demorou a dar sua aprovação aos actos do concílio. Essa demora,
na realidade, não deve ser atribuída nem a negligência nem a qualquer razão de
carácter doutrinário, senão que, - como ele próprio depois declarou - com isso
pretendeu ele opor-se ao cânone 28, no qual, não obstante o protesto dos legados
pontifícios, e no evidente desejo de granjearem a benevolência do imperador de
Bizâncio, os padres conciliares haviam reconhecido à Sé de Constantinopla o
primado sobre todas as Igrejas do oriente. Esta disposição aparecia a S. Leão
como uma aberta afronta aos privilégios de outras Igrejas mais antigas e mais
ilustres, reconhecidas mesmo pelos padres do concílio de Nicéia, e, além disto,
constituía um prejuízo para o prestígio da própria Sé Apostólica. Este perigo,
mais do que nas palavras do cânone 28, fora agudamente entrevisto por S. Leão
no espírito que o ditara, como claramente resulta de duas cartas, uma das quais
foi a ele dirigida pelos bispos do concílio, 16 e a outra por ele
dirigida ao imperador. Nesta última, repelindo as argumentações dos padres conciliares,
assim adverte: "Uma coisa é a ordenação das coisas do mundo, outra é a
ordenação das coisas de Deus, não se terá nenhuma estrutura estável fora dessa
pedra que o Senhor colocou como fundamento (Mt 16,18). Prejudica os seus próprios
direitos aquele que deseja o que lhe não é devido". 17 A dolorosa
história do cisma que em seguida separou da Sé Apostólica tantas ilustres
Igrejas do oriente cristão está a mostrar claramente, como se deduz da passagem
citada, o fundamento dos temores de S. Leão a respeito de futuras divisões no
seio da cristandade.
11.
Incompleta seria a nossa exposição acerca do zelo pastoral de S. Leão pela
unidade da Igreja católica, se não recordássemos também, mesmo rapidamente, a
sua intervenção na questão relativa à data da festa de Páscoa como também a
sua vigilante solicitude a fim de que as relações entre a Sé Apostólica e os
príncipes cristãos fossem marcadas de recíproca estima, confiança e
cordialidade. Sempre visando à paz da Igreja, ele exortou frequentemente os
próprios príncipes a cooperarem com o episcopado "para a plena unidade
católica", 18 de modo a merecerem de Deus, "além da coroa
real, também a palma do sacerdócio". 19
joão pp. xxiii
(revisão da tradução portuguesa por ama)
____________________
Notas:
1
Cf. Sermão, do dia 12 de Outubro de 1952: AAS 44 (1952), p. 831.
2 Cf. Ed. Duchesne, I, 238.
3 Cf. Ep. 31, 4, PL 54, 794.
4 PL 59, 9-272.
5
De Incarn. Domini, contra Nestorium libr. VII, PL 50, 9.
6 PL 55, 21-156.
7 Cf. PL 54, 757.
8 PL 54, 759.
9 Cf. Ep. 29, ad Theodosium
august.: PL 54, 783.
10 Cf. Ep. 28: PL 54, 756.
11 Cf. Ep. 95, ad Pulcheriam
august., 2: PL 54, 943.
12 Cf. Ibid.
13 Cf. Ibid.
14 Cf. Ep. 89, ad Marcianum
imper. 2:
PL 54, 931, Ep. 103, ad Episcopos Galliarum: PL 54, 988-991.
15
Carta Encicl. Sempiternus Rex, de 8 Setembro de 1951: AAS 43(1951), pp.
625-644.
16 Cf. C. Kirch. Enchir.
Fontium hist. eccl. antiquae, Friburgi in Br., 4° ed. 1923, n. 943.
17 Ep.104, ad Marcianum imper.
3, PL 54, 995, cf. Ep.106, ad Anatolium, episc. Constant.: PL 54, 995.
18 Ep.114, ad Marcianum imper.
3, PL 54,1022.
19 Ibid.
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