Com
o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai. É a
oração filial por excelência.
1. Jesus ensina-nos a
dirigirmo-nos a Deus como Pai
Com
o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai: «Orar ao
Pai é entrar no seu mistério, tal como Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou:
«A expressão Deus Pai nunca tinha sido revelada a ninguém. Quando o próprio
Moisés perguntou a Deus quem era, ouviu um nome diferente.
Ao
ensinar o Pai Nosso, Jesus descobre também aos seus discípulos que eles foram
tornados participantes da sua condição de Filho: «Mediante a Revelação desta
oração, os discípulos descobrem uma especial participação deles próprios na
filiação divina, da qual São João dirá no Prólogo do seu Evangelho: “A quantos
O receberam, àqueles que crêm no seu nome, deu poder de se tornarem filhos de
Deus” (Jo 1, 12). Por isso, rezam, com razão, de acordo com o seu ensinamento:
Pai Nosso» 1.
Jesus
Cristo distingue sempre entre «meu Pai» e «vosso Pai» (cf. Jo 20, 17). De
facto, quando Ele reza nunca diz «Pai Nosso». Isto mostra que a sua relação com
Deus é totalmente singular, é uma relação sua e de mais ninguém. Com a oração
do Pai-nosso, Jesus quer que os seus discípulos consciencializem a sua condição
de filhos de Deus, indicando ao mesmo tempo a diferença que há entre a sua
filiação natural e a nossa filiação divina adoptiva, recebida como dom gratuito
de Deus.
A
oração do cristão é a oração de um filho de Deus que se dirige ao seu Pai Deus
com confiança filial, a qual se exprime nas «liturgias do Oriente e do
Ocidente, pela bela expressão tipicamente cristã: “parrêsia”, simplicidade sem
desvio, confiança filial, segurança alegre, ousadia humilde, certeza de ser
amado (cf. Ef 3, 12; Heb 3, 6; 4, 16; 10, 19; 1 Jo 2, 28; 3, 21; 5, 14)»
(Catecismo, 2778). O vocábulo “parrésia” indica originalmente o privilégio da
liberdade da palavra do cidadão grego nas assembleias populares e foi adoptado
pelos Padres da Igreja para expressar o comportamento filial do cristão diante
do seu Pai Deus.
manuel belda
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 2759-2865.
Bento
XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp.
173-219 (capítulo dedicado à oração do Senhor).
Leituras
recomendadas:
São
Josemaria, Homilias “A Intimidade com Deus” e “Rumo à santidade”, em Amigos de
Deus, 142-153 e 294-316.
J. Burggraf, El
sentido de la filiación divina, en A.A.V.V., Santidad y mundo, Pamplona 1996,
pp. 109-127.
F.
Fernández-Carvajal y P. Beteta, Hijos de Dios. La filiación divina que vivió y
predicó el beato Josemaria Escrivá, Madrid 1995.
F.
Ocáriz, A filiação divina na vida e nos ensinamentos do Beato Josemaria
Escrivá, em Viver como filhos de Deus, Rei dos Livros, Lisboa 2000, pp. 17-105.
B. Perquin, Abba,
Padre: para alabanza de tu gloria, Madrid 1999.
J. Sesé, La
conciencia de la filiación divina, fuente de vida espiritual, en J.L. Illanes
(dir.), El Dios y Padre de Nuestro Señor Jesucristo, XX Simpósio Internacional
de Teologia da Universidade de Navarra, Pamplona 2000, pp. 495-517.
J. Stöhr, La vida
del cristiano según el espíritu de filiación divina, em «Scripta Theologica» 24
(1992/3) 872-893.
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Notas:
1
João Paulo II, Alocução, 1-VII-1987, 3.
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