06/08/2013

Resumos da Fé cristã 65


TEMA 40. Pai Nosso, que estais nos céus

Com o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai. É a oração filial por excelência.

1. Jesus ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai

Com o Pai Nosso, Jesus Cristo ensina-nos a dirigirmo-nos a Deus como Pai: «Orar ao Pai é entrar no seu mistério, tal como Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou: «A expressão Deus Pai nunca tinha sido revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem era, ouviu um nome diferente. 
A nós este nome foi revelado no Filho, porque este nome (de Filho) implica o nome de Pai (Tertuliano, De oratione, 3)» (Catecismo, 2779).

Ao ensinar o Pai Nosso, Jesus descobre também aos seus discípulos que eles foram tornados participantes da sua condição de Filho: «Mediante a Revelação desta oração, os discípulos descobrem uma especial participação deles próprios na filiação divina, da qual São João dirá no Prólogo do seu Evangelho: “A quantos O receberam, àqueles que crêm no seu nome, deu poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12). Por isso, rezam, com razão, de acordo com o seu ensinamento: Pai Nosso» 1.

Jesus Cristo distingue sempre entre «meu Pai» e «vosso Pai» (cf. Jo 20, 17). De facto, quando Ele reza nunca diz «Pai Nosso». Isto mostra que a sua relação com Deus é totalmente singular, é uma relação sua e de mais ninguém. Com a oração do Pai-nosso, Jesus quer que os seus discípulos consciencializem a sua condição de filhos de Deus, indicando ao mesmo tempo a diferença que há entre a sua filiação natural e a nossa filiação divina adoptiva, recebida como dom gratuito de Deus.

A oração do cristão é a oração de um filho de Deus que se dirige ao seu Pai Deus com confiança filial, a qual se exprime nas «liturgias do Oriente e do Ocidente, pela bela expressão tipicamente cristã: “parrêsia”, simplicidade sem desvio, confiança filial, segurança alegre, ousadia humilde, certeza de ser amado (cf. Ef 3, 12; Heb 3, 6; 4, 16; 10, 19; 1 Jo 2, 28; 3, 21; 5, 14)» (Catecismo, 2778). O vocábulo “parrésia” indica originalmente o privilégio da liberdade da palavra do cidadão grego nas assembleias populares e foi adoptado pelos Padres da Igreja para expressar o comportamento filial do cristão diante do seu Pai Deus.

manuel belda

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 2759-2865.
Bento XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp. 173-219 (capítulo dedicado à oração do Senhor).

Leituras recomendadas:
São Josemaria, Homilias “A Intimidade com Deus” e “Rumo à santidade”, em Amigos de Deus, 142-153 e 294-316.
J. Burggraf, El sentido de la filiación divina, en A.A.V.V., Santidad y mundo, Pamplona 1996, pp. 109-127.
F. Fernández-Carvajal y P. Beteta, Hijos de Dios. La filiación divina que vivió y predicó el beato Josemaria Escrivá, Madrid 1995.
F. Ocáriz, A filiação divina na vida e nos ensinamentos do Beato Josemaria Escrivá, em Viver como filhos de Deus, Rei dos Livros, Lisboa 2000, pp. 17-105.
B. Perquin, Abba, Padre: para alabanza de tu gloria, Madrid 1999.
J. Sesé, La conciencia de la filiación divina, fuente de vida espiritual, en J.L. Illanes (dir.), El Dios y Padre de Nuestro Señor Jesucristo, XX Simpósio Internacional de Teologia da Universidade de Navarra, Pamplona 2000, pp. 495-517.
J. Stöhr, La vida del cristiano según el espíritu de filiación divina, em «Scripta Theologica» 24 (1992/3) 872-893.

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Notas:
1 João Paulo II, Alocução, 1-VII-1987, 3.


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