05/08/2013

Leitura espiritual para 05 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 7, 1 -23

1 Reuniram-se à volta de Jesus os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém; 2 e notaram que alguns dos Seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar; 3 ora os fariseus e todos os judeus aferrados à tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; 4 e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de metal, e os leitos. 5 Os fariseus e os escribas interrogaram-n'O: «Porque não se conformam os Teus discípulos com a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?». 6 Ele respondeu-lhes: «Com razão profetizou Isaías de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. 7 É vão o culto que Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos”. 8 Pondo de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens». 9 Disse-lhes mais: «Vós bem fazeis por destruir o mandamento de Deus, para manter a vossa tradição. 10 Porque Moisés disse: “Honra teu pai e tua mãe. E todo o que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte”. 11 Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe, é “qorban”, oferta a Deus, qualquer coisa minha que te possa ser útil, 12 já não lhe deixais fazer nada a favor do pai ou da mãe, 13 anulando assim a palavra de Deus por uma tradição que tendes transmitido de uns aos outros. E fazeis muitas coisas semelhantes a estas». 14 Convocando novamente o povo, dizia-lhes: «Ouvi-Me todos e entendei: 15 não há coisas fora do homem que, entrando nele, o possam manchar; mas as que saem do homem, essas são as que tornam o homem impuro. 16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça». 17 Tendo entrado em casa, deixada a multidão, os Seus discípulos interrogaram-n'O sobre esta parábola. 18 Ele respondeu-lhes: «Também vós sois ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, 19 porque não entra no seu coração, mas vai ter ao ventre e lança-se num lugar escuso?». Com isto declarava puros todos os alimentos. 20 E acrescentava: «O que sai do homem, isso é que mancha o homem. 21 Porque do interior, do coração do homem, é que procedem os maus pensamentos, os furtos, as fornicações, os homicídios, 22 os adultérios, as avarezas, as perversidades, as fraudes, as libertinagens, a inveja, a maledicência, a soberba, a insensatez. 23 Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem».



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

PRIMEIRA PARTE

A PESSOA DE JESUS CRISTO

Capítulo II

5. Outras profecias acerca de Jesus

   Há muitas outras profecias que se referem à pessoa e à obra de Cristo. Tendo só em conta ao Antigo Testamento tornar-se-ia difícil interpretar só algumas delas como referidas claramente ao Messias, mas à luz do Novo Testamento è transparente o seu significado messiânico. Vejamos só algumas delas.

a) Profecias sobre o Messias rei e profeta

    Moisés sempre foi como que tipo e a figura de todos os profetas: ele falava com deus «face a face» (Ex 33,11) e transmitia ao seu povo as palavras e os mandamentos de Yahwé. Pois bem, já desde antigamente se anunciou que Deus enviaria «outro profeta» como Moisés que ensinará e guiará o seu povo com as palavras de Deus (cf. Dt 18,15-19).
    Assim em algumas ocasiões anuncia-se um Messias que será rei e profeta simultaneamente, à semelhança de David, que teve ambas prerrogativa: o Messias será rei descendente de David e será ungido por Deus com o espírito dos profetas para anunciar a salvação aos homens (cf. Is 61,1-2). Este é Jesus (cf. Lc 4,18-21)[i]

b) Profecias sobre o Messias rei e sacerdote

     Salmo 110/109,1-4). Neste salmo anuncia-se um Messias superior ao próprio David; o salvador será rei que dominará todos os inimigos e, ao mesmo tempo, será sacerdote do Altíssimo. Esta unidade de rei e sacerdote tem como que um protótipo em Melquisedec, rei de Salem, misterioso contemporâneo de Abraão (cf. Gen 14,18-19). O Messias será rei e sacerdote, mas o seu sacerdócio não é levítico, antes se trata de um diferente, misterioso e superior (cf. Heb 6,20-7,28).

c) Profecias sobre o sacrifício de Cristo

    Cantos sobre o Servo de Yahwé. No livro do profeta Isaías encontram-se quatro cantos sobre a missão redentora do Messias, que é chamado «Servo de Yahwé»[ii]
    O Servo é um eleito de Deus e objecto da sua complacência. Ele vai ser rei de justiça, e o seu reinado será universal. Será luz dos gentios e reconciliador dos povos. Deus elegeu-o desde o seio materno para fazer voltar os filhos de Israel e para levar a salvação até aos confins da terra. O Servo de Yahwé sofrerá a oposição e perseguição por parte do seu próprio povo, ainda que sendo inocente. Isaías narra o sofrimento e a morte do Servo, oferecido como sacrifício pela redenção de todos, de tal forma que reflecte de modo exacto e impressionante a Paixão e Morte de Jesus (cf. Act 8,32-33).

    Salmo 22/21. Começa com: «Deus meu, Deus meu, porque me abandonas-te?» que o Senhor recitou na cruz. E narra como o justo, perseguido por muitos inimigos e no meio de um grande sofrimento, recorre cheio de confiança a Deus. Não se trata do grito de angústia de um desesperado, mas da oração confiada do que se abandona nas mãos de Deus, e é escutado. Termina com a vinda do reino de Deus ao mundo, a salvação universal, como fruto dos sofrimentos do justo que pede que voltem a Yahwé todas as famílias das nações. Este salmo messiânico narra por antecipação muitos episódios concretos da Paixão de Cristo.

d) A figura do Filho do homem

    O título «Filho do homem» procede do Antigo Testamento, em concreto do livro do profeta Daniel. Designa uma pessoa misteriosa e gloriosa que supera a condição humana e restaura definitivamente o reino messiânico (cf. Dan 7,13-14).
    Todavia. Convém notar que a expressão «filho de homem» (ben-adam) na época de Jesus indicava simplesmente «homem». Por isso Jesus, ao referir-se a si mesmo como Filho do homem, tentava esconder por detrás do véu do significado comum a acepção messiânica que essa locução tinha na profecia de Daniel. E ao mesmo tempo, quis corrigir uma concepção exclusivamente gloriosa do Messias, muito arreigada no pensamento hebreu, ao uni-la à sua condição humana e passível, pois anunciava que esse «Filho do homem» tem de padecer e dar a sua vida como resgate por todos (cf. Mt 17,12;20,28).

6. O nome de «Cristo»

    O nome de «Messias» provem do hebreu mashia, que significa «ungido». Este título foi traduzido do grego por christós, e latinizado em Christus.
    Originalmente aplicava-se ao rei de Israel, em alusão à cerimónia de investidura em que era ungido com azeite[iii]. O título de «ungido» aplicou-se especialmente a David e à sua dinastia, e passou a converter-se no nome do Messias, do Cristo, que será o rei descendente de David, o ungido por excelência e instrumento de Deus para estender o seu reino a todas as nações.
    Depois este nome aplicou-se também a outros «ungidos» de Deus: aos sacerdotes, filhos de Aarão (cf. Ex 29,7; Lv 8,12), e mais raramente aos profetas (cf. 1 Re 19,16).
    O nome de Cristo, Messias, passa a ser nome próprio de Jesus porque Ele cumpre de modo eminente e perfeito a missão divina que essa palavra significa. Com efeito, o Messias que Deus enviaria para instaurar definitivamente o seu Reino «devia ser ungido pelo Espírito do Senhor (cf. Is 11,2) ao mesmo tempo como rei e sacerdote (cf. Za 4,14; 6,13) mas também como profeta (cf. Is 61,1). Jesus cumpriu a esperança messiânica de Israel na sua triple função de sacerdote, profeta, e rei»[iv] Jesus reúne em si os diferentes aspectos do Messias anunciado, que os judeus muitas vezes não sabiam compaginar; e n’Ele se mostra o sentido autêntico de todos eles.
    Jesus é o Messias anunciado, o ungido rei salvador, de uma ordem diferente e superior à que os judeus esperavam. Ungido não com unguento terreno mas com óleo espiritual (cf. Sal 45/44,8), com a plenitude da graça e dons do espírito divino: Ele é desde o início da sua existência humana o «Cristo», quer dizer, o ungido pelo Espírito Santo (cf. Lc 1,35).

7. Cristo é o centro da história humana

a) As genealogias de Cristo e a história humana

O Evangelho segundo São Mateus começa, conforme o costume hebreu, com a genealogia de José e faz uma lista partindo de Abraão (cf. Mt 1,2-17). A Mateus, interessa-lhe pôr em relevo, mediante a paternidade legal de José, que Jesus descende de Abraão e de David; mais em concreto, que era o Messias anunciado pelos profetas, a esperança de Israel e o que dá sentido a toda a história do povo de Deus.
    São Lucas, ao contrário, escreveu para os cristãos procedentes dos gentios, e quer destacar a universalidade da redenção de Cristo. Segundo o Evangelho de Lucas, a genealogia de Jesus è ascendente (cf. Lc 3,23-28): desde Jesus através dos seus antepassados, passando por Abraão, remonta até Adão, pai de todos os homens, tanto judeus como gentios. O Evangelho quis mostrar o vínculo de Jesus com todo o género humano: Cristo é o Novo Adão, o novo princípio da linhagem humana e o salvador de todos os homens.

b) A Encarnação dá sentido a toda a história

    «Quando chegou a plenitude dos tempos enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher» (Gal 4,4). A Encarnação teve lugar na plenitude dos tempos, isto é no tempo oportuno segundo os planos de Deus.
    O monge Dionísio o Exíguo (século VI) propôs-se colocar o nascimento de Cristo como centro da história d humanidade e, com os dados históricos de que dispunha, situou-o no ano 753 da fundação de Roma: esta data é o começo da era cristã. Hoje admite-se que se equivocou no seu cômputo, e pensa-se que Jesus deve ter nascido aproximadamente no ano 748 da fundação de Roma, equivalente ao 6 antes da era cristã. Este foi o momento mais importante da história: Deus e a eternidade entram na história humana para nos salvar.
        A postura de Dionísio o Exíguo, que de algum modo reflecte o que nos sugerem as genealogias de Cristo, tem um grande sentido teológico. Com efeito, Cristo é o fundamento de toda a história anterior, que tem valor salvífico só por meio d’Ele e a Ele se ordena. Assim como também Cristo é o fundamento de toda a história posterior, que vive da graça proveniente da sua obra redentora.
        «A Igreja crê que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre»[v] Cristo é certamente o centro da história humana, não no sentido cronológico, mas qualitativo: Ele é «o alfa e o ómega, o primeiro e o último, o princípio e o fim» (Ap 22,13). N’Ele os homens encontram a fonte da vida sobrenatural, e também o seu sentido e meta última, que é a salvação.

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





Notas:
[i] Todavia, muitos judeus não entenderam a união rei-profeta e esperavam esse «profeta» excepcional e o Messias, como duas pessoas diferentes (cf. Jo 1,20-21; 7,40-41).
[ii][ii] Son: Is 42,1-9; 49,1-7; 50,4-9; 52,13-53,12.
[iii] Cf. 1 Sam 9,16; 10,1; 16,1.12-13; 1 Re 1,39.
[iv] CCE, 436.
[v] GS, 10.

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