4. Condições e
características da oração
A
oração, como todo o acto plenamente pessoal, requer atenção e intenção,
consciência da presença de Deus e diálogo efectivo e sincero com Ele. Condição
para que tudo isso seja possível é o recolhimento. A palavra recolhimento
significa a acção pela qual a vontade, em virtude da capacidade de domínio
sobre o conjunto das forças que integram a natureza humana, procura moderar a
tendência para a dispersão, promovendo dessa forma o sossego e a serenidade
interiores.
Outra
das condições da oração é a confiança. Sem uma confiança plena em Deus e no seu
amor, não haverá oração, pelo menos oração sincera e capaz de superar as provas
e dificuldades. Não se trata, apenas, da confiança em que uma determinada
petição seja atendida, mas da segurança que se tem em quem sabemos que nos ama
e nos compreende, e diante de quem se pode, portanto, abrir sem reservas o
próprio coração (cf. Catecismo, 2734-2741).
Por
vezes, a oração é diálogo que brota facilmente, inclusive acompanhado de gozo e
consolo, do fundo da alma; mas noutros momentos – talvez com mais frequência –
pode reclamar decisão e empenho. Pode então insinuar-se o desalento que leva a
pensar que o tempo dedicado ao convívio com Deus carece de sentido (cf.
Catecismo, n. 2728). Nessas alturas, salienta-se a importância de outra das
qualidades da oração: a perseverança. A razão de ser da oração não é a obtenção
de benefícios, nem a busca de satisfações, complacências ou consolos, mas a
comunhão com Deus; daí a necessidade e o valor da perseverança na oração, que é
sempre, com alento e gozo ou sem eles, um encontro vivo com Deus (cf.
Catecismo, 2742-2745, 2746-2751).
Traço
específico e fundamental da oração cristã é o seu carácter trinitário. Fruto da
acção do Espírito Santo que, infundindo e estimulando a fé, a esperança e o
amor, leva a crescer na presença de Deus, até saber-se, simultaneamente, na
terra em que se vive e trabalha, e no céu presente pela graça no próprio
coração 9. O cristão que vive de fé sabe-se convidado a conviver com os anjos e
os santos, com Santa Maria e, de modo especial, com Cristo, Filho de Deus
encarnado, em cuja humanidade percebe a divindade da sua pessoa e, seguindo
esse caminho, a reconhecer a realidade de Deus Pai e do seu amor infinito e a
entrar, cada vez com mais profundidade, num convívio confiado com Ele.
A
oração cristã é, por isso e de modo eminente, uma oração filial. A oração de um
filho que, em todo o momento – nas alegrias e nas dores, no trabalho e no
descanso – se dirige com simplicidade e sinceridade ao seu Pai para colocar nas
suas mãos os afãs e sentimentos que experimenta no próprio coração, com a
segurança de encontrar n’Ele compreensão e acolhimento; mais ainda, um amor que
dá sentido a tudo.
josé luis illanes
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
Bibliografía
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 2558-2758.
Leituras
recomendadas:
São
Josemaria, Homilias «O triunfo de Cristo na humildade»; «A Eucaristia, mistério
de fé e de amor»; «A Ascensão do Senhor aos céus»; «O Grande Desconhecido» e
«Por Maria, a Jesus», em Cristo que passa, 12-21, 83-94, 117-126, 127-138 y
139-149. Homilias «A intimidade com Deus»; «Vida de oração» e «Rumo à
santidade», em Amigos de Deus, 142-153, 238-257, 294-316.
J.
Echevarría, Itinerários de vida cristã, Diel, Lisboa 2006, pp. 105-120.
J.L. Illanes,
Tratado de teología espiritual, Eunsa, Pamplona 2007, pp. 427-483.
M. Belda, Guiados
por el Espíritu de Dios. Curso de Teología Espiritual, Palabra, Madrid 2006,
pp. 301-338.
______________________
Notas:
9
Cf. São Josemaria, Temas Actuais do Cristianismo, 116.
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