6. Justiça e caridade
A
justiça deve ser envolvida pela caridade. Não se podem resolver os problemas da
convivência humana apenas com um sistema de justiça anónimo a gerir
adequadamente as estruturas sociais. «Ao resolver os assuntos, procura nunca
exagerar a justiça até ao ponto de te esqueceres da caridade» (S. Josemaria,
Sulco, 973).
A
justiça e a caridade deverão estar sempre presentes na atenção às pessoas
necessitadas (pobres, doentes, etc.). Nunca será possível alcançar uma situação
social em que seja supérflua a atenção pessoal ante as necessidades materiais e
espirituais do próximo. Sempre será necessário o exercício das obras de
misericórdia corporais e espirituais (cf. Catecismo, 2447).
«O
amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há
qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do
amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem
enquanto homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda.
Haverá sempre solidão. Existirão sempre também situações de necessidade
material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto
ao próximo. Um Estado, que queira prover a tudo e tudo açambarque, torna-se no
fim de contas uma instância burocrática, que não pode assegurar o essencial de
que o homem sofredor – todo o homem – tem necessidade: a amorosa dedicação
pessoal» 17.
A
miséria humana atrai a compaixão de Cristo salvador, que a quis carregar sobre
Si e identificar-se com os «meus irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40). Por isso
mesmo, os que sofrem a miséria são objecto de amor de preferência por parte da
Igreja. Que, desde sempre nunca cessou de trabalhar para os aliviar e defender
(cf. Catecismo, 2448).
pau agulles
Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica,
2401-2463.
Leituras recomendadas:
S. Josemaria, homilia «Viver face a
Deus e face aos homens», em Amigos de Deus, 154-174.
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
__________________
Notas:
16 «Para se passar da estrita justiça
à abundância da caridade há todo um trajecto a percorrer e não são muitos os
que perseveram até ao fim: alguns conformam-se com chegar apenas aos umbrais:
prescindem da justiça e limitam-se a um pouco de beneficência, a que chamam
caridade, sem cuidarem de que o que fazem representa uma pequena parte do que
estão obrigados a fazer. E mostram-se tão satisfeitos consigo mesmos como o
fariseu que julgava ter enchido a medida da lei só por jejuar dois dias por
semana e pagar o dízimo de tudo o que possuía» (cf. Lc 18, 12)» (S. Josemaria,
Amigos de Deus, 172). Cf. Ibidem, 83; S. Josemaria, Forja, 502.
17 Bento XVI, Enc. Deus Caritas Est,
25-XII-2005, 28.
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