Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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31 «Quando,
pois, vier o Filho do Homem na Sua majestade, e todos os anjos com Ele, então
Se sentará sobre o trono de Sua majestade. 32 Todas as nações serão
congregadas diante d'Ele, e separará uns dos outros, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos, 33 e porá as ovelhas à sua direita, e os
cabritos à esquerda. 34 «Dirá então o Rei aos que estiverem à Sua
direita: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí o reino que vos está preparado
desde a criação do mundo,
35 porque
tive fome, e Me destes de comer; tive sede, e Me destes de beber; era
peregrino, e Me recolhestes; 36 nu, e Me vestistes; enfermo, e Me
visitastes; estava na prisão, e fostes ver-Me”. 37 Então, os justos
Lhe responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto, e Te demos de
comer; com sede, e Te demos de beber? 38 Quando Te vimos peregrino,
e Te recolhemos; nu, e Te vestimos? 39 Ou quando Te vimos enfermo,
ou na prisão, e fomos visitar-Te?”. 40 O Rei, respondendo, lhes
dirá: “Em verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes
Meus irmãos mais pequenos, a Mim o fizestes”. 41 Em seguida, dirá
aos que estiverem à esquerda: “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo
eterno, que foi preparado para o demónio e para os seus anjos; 42
porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de
beber; 43 era peregrino, e não Me recolhestes; estava nu, e não Me
vestistes; enfermo e na prisão, e não Me visitastes”. 44 Então, eles
também responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto ou com sede, ou
peregrino, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não Te assistimos?”.
45 E lhes
responderá: “Em verdade vos digo: Todas as vezes que o não fizestes a um destes
mais pequenos, foi a Mim que não o fizestes”.
46 E esses
irão para o suplício eterno; e os justos para a vida eterna».
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO
DÉCIMO-TERCEIRO
CAPÍTULO III
A luz
Sobre as
palavras que proferiste no começo da criação: “Faça-se a luz, e a luz foi
feita” – eu entendo que se adaptam com propriedade à criatura espiritual, que
já era uma espécie de via apta a receber a tua luz.
Mas assim como
ela não tinha merecido de ti ser essa espécie de vida apta a receber a luz, do
mesmo modo, uma vez criada, ela como as demais formas não mereceu de ti essa
iluminação. Porque a sua informidade não te agradaria se não tivesse tornado
luz, e isso não se contentando com existir, mas contemplando a luz que a
iluminava, unindo-se intimamente a ela. Assim, ela devia a existência e o viver
feliz apenas à tua graça, voltada, por uma escolha feliz, para o que não pode
mudar nem para melhor, nem para pior. Voltou-se para ti, que és o único que existes,
e só o teu ser é simples, pois o viver e a felicidade são para ti a mesma
coisa, porque és a tua própria felicidade.
CAPÍTULO IV
A bondade
criadora
Que faltaria,
pois, a esse bem, que és tu mesmo, se nenhuma dessas criaturas existisse, ou se
tivesse permanecido informes?
Tu as criaste,
não por ter necessidade delas, nem para aumentar a tua felicidade, mas levado
pela plenitude de tua bondade, comunicando-lhes uma forma.
Na tua
perfeição, desagrada-te a sua imperfeição, tu as aperfeiçoas para que elas te
agradem, e não, com isso, te aperfeiçoar a ti mesmo.
Com efeito, o teu
Espírito bom pairava sobre as águas, e não era por elas levado como se nelas
descansasse. Se diz que o teu Espírito nelas repousava, mas era ele que as
fazia em si.
Incorruptível,
imutável, bastando-se a si mesma, a tua vontade era suspensa acima da vida que tinhas
criado, para a qual viver não é o mesmo que viver feliz, porque ela vive, mesmo
quando flutua sobre as trevas. Esta vida carece ainda voltar-se para o seu
Criador, para viver cada vez mais próxima à fonte da vida, para ver a luz na
Luz divina, e nela haurir perfeição, brilho e felicidade.
CAPÍTULO V
A trindade
Mas eis que me
aparece o enigma da Trindade que és, meu Deus. Porque tu, Pai, criaste o céu e
a terra no princípio da nossa Sabedoria, que é a tua Sabedoria, nascida de ti,
igual e coeterna, a ti, isto é, em teu Filho.
Já falei
longamente do céu do céu, da terra invisível e informe e do abismo das trevas, onde
a natureza espiritual errante e fluida permaneceria tal se não se voltasse para
Aquele de quem toda vida procede, para que, por meio de sua luz, se tornasse
viva e bela, o céu do céu, criado mais tarde entre a água superior e a água
inferior.
Pelo vocábulo
“Deus” eu já entendia o Pai, que criou essas coisas, na palavra “princípio” eu
entendia o Filho, em quem ele as criou. E, como eu acreditava na Trindade de
meu Deus, eu a procurava em tuas santas palavras. E vi nas tuas Escrituras que
o teu Espírito pairava sobre as águas.
Eis tua
Trindade, meu Deus, Pai, Filho, Espírito Santo, Criador de toda criatura!
CAPÍTULO VI
O espírito sobre
as águas
Mas, ó luz da
verdade, aproximo de ti o meu coração para que ele não me ensine falsidades, dissipa-lhe
as trevas e diz-me, eu to suplico por nossa mãe, a caridade, diz-me, porque só depois
de ter nomeado o céu, a terra invisível e informe e as trevas sobre o abismo,
por que só então é que as Escrituras falam de teu Espírito?
Será porque
convinha apresentá-lo assim pairando sobre alguma coisa?
E seria isso
possível se não mencionasse primeiro sobre o que pairava?
De facto, não
era sobre o Pai nem sobre o Filho que ele pairava, e seria impróprio falar assim
se não pairasse sobre alguma coisa.
Era pois,
necessário, mencionar primeiro o elemento sobre o qual ele pairava, já que convinha
falar dele apenas dizendo que pairava.
Mas por que não
convinha apresentá-lo senão dizendo que pairava?
CAPÍTULO VII
As águas sem
substância
Agora, quem o
puder com a inteligência, siga o teu Apóstolo, quando ele diz que a tua caridade
se difundiu nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, quando
nos instrui sobre as coisas espirituais e nos indica o caminho excelso da
caridade, e dobra o joelho diante de ti por nossa causa, para que conheçamos a
ciência altíssima da caridade de Cristo.
E é porque era
supereminente desde o princípio que pairava sobre as águas.
A quem e como
falarei do peso da concupiscência, que nos arrasta para um abismo profundo, e
da caridade que nos eleva, com a ajuda de teu Espírito, que pairava sobre as
águas?
A quem falar,
como falar?
Nós submergimos
e emergimos, mas não em abismos materiais. A metáfora é a um tempo correcta e
muito inexacta. São as nossas paixões, nossos amores, a impureza do nosso
espírito que nos arrasta para baixo sob o peso das preocupações. E é tua
santidade que nos eleva pelo amor da tua paz, para que levantemos os nossos
corações para junto de ti, onde o teu Espírito paira sobre as águas, e alcancemos
o sublime repouso, quando a nossa alma tiver atravessado essas águas que são
sem substância.
CAPÍTULO VIII
À luz que
ilumina as trevas
O anjo caiu, a
alma do homem caiu, revelando assim as profundas trevas em que teria caído o
abismo que continha todas as criaturas espirituais, se não tivesses dito desde
o começo:
“Faça-se a luz!”
– se a luz não se tivesse feito, se todas as inteligências de tua cidade
celeste não se tivessem unido na obediência a ti, se não tivessem repousado em
teu Espírito que paira, imutável, sobre os seres transitórios.
De outro modo,
até o céu do céu não seria mais que abismo de trevas, enquanto que agora é luz
no Senhor.
Nesta lamentável
inquietação dos espíritos decaídos, que, despidos da veste da tua luz, manifestam
as próprias trevas, mostras claramente a grandeza de tua criatura racional, na
busca da felicidade, ela só se sacia com a tua grandeza, onde encontra repouso
– pois que ela não pode bastar-se a si própria.
Porque tu,
Senhor, iluminarás as nossas trevas.
De ti vêm nossas
vestes de luz, e nossas trevas serão como o sol do meio-dia.
Dá-te a mim, meu
Deus, entrega-te a mim. Eu te amo. Se o meu amor é pouco, faz que eu te ame com
mais força.
Não posso medir,
não posso saber o que falta a meu amor para que seja suficiente para que a minha
vida corra para os teus braços, e dali não saia antes de se esconder no segredo
do teu rosto.
Se isto
reconheço: tudo me corre mal onde tu não estás, não somente à minha volta, mas até
em mim mesmo, e toda a abundância que não é meu Deus, para não passa de
indigência.
CAPÍTULO IX
O amor de Deus
Mas o Pai e o
Filho, não pairavam também sobre as águas?
Se os imaginamos
como um corpo pairando no espaço, isso não se pode aplicar nem mesmo ao
Espírito Santo.
Se porém entendermos
por isso a excelência imutável da divindade acima de tudo o que é transitório,
então o Pai, o Filho e o Espírito Santo pairavam igualmente sobre as águas.
E porque só se
menciona o Espírito Santo?
Porque se
menciona apenas a seu respeito um lugar onde estava, ele que, no entanto, não
ocupa espaço? Também apenas dele se disse que era um dom de Deus, e é em teu dom
que repousamos, é nele que gozamos de ti. O nosso repouso é o nosso lugar. É
para lá que o amor nos arrebata, e o teu Espírito levanta a nossa humildade para
longe das portas da morte.
A paz, para nós,
reside na tua boa vontade.
Os corpos
tendem, pelo seu peso, para o lugar que lhes é próprio, mas um peso não tende
só para baixo, tende para o lugar que lhe é próprio.
O fogo sobe, a
pedra cai. Cada um é movido pelo seu peso, e tende para o seu justo lugar.
O óleo, lançado
à água, flutua, a água, lançada ao óleo, afunda. Ambos são impelidos por seu
peso a procurarem o lugar que lhes é próprio.
As coisas que
não estão no seu lugar agitam-se, mas quando o encontram, repousam.
O meu peso é o
meu amor, para onde quer que eu vá, é ele quem me leva.
O teu dom inflama-nos
e eleva-nos, ardemos e partimos.
Subimos os
degraus do coração e cantamos o cântico gradual.
É o teu fogo, o
teu fogo benfazejo que nos consome e nos eleva, enquanto subimos para a paz de
Jerusalém celeste.
Regozijei-me ao
ouvir essas palavras: “Vamos para a casa do Senhor!” – Ali nos há de instalar
tua boa vontade, e não desejaremos nada mais do que permanecer ali eternamente.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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