22/07/2013

Leitura espiritual para 22 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 27, 45-66

45 Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra. 46 Perto da hora nona, exclamou Jesus com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabachtani?», isto é: «Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?». 47 Ao ouvir isto, alguns dos que ali estavam, diziam: «Ele chama por Elias».48 Imediatamente, um deles, a correr, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la sobre uma cana, e dava-Lhe de beber. 49 Porém, os outros diziam: «Deixa; vejamos se Elias vem livrá-l'O». 50 Jesus, soltando de novo um alto grito, expirou. 51 E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu, as rochas fenderam-se, 52 as sepulturas abriram-se, e muitos corpos de santos, que tinham adormecido, ressuscitaram, 53 e saindo das sepulturas depois da ressurreição de Jesus, foram à cidade santa e apareceram a muitos. 54 O centurião e os que com ele estavam de guarda a Jesus, vendo o terramoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande medo, e diziam: «Na verdade Este era Filho de Deus!». 55 Estavam também ali, olhando de longe, muitas mulheres, que tinham seguido Jesus servindo-O desde a Galileia. 56 Entre elas estava Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. 57 Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. 58 Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos mandou então que lhe fosse dado o corpo. 59 José, tomando o corpo, envolveu-O num lençol limpo, 60 e depositou-O no seu sepulcro novo, que tinha mandado abrir numa rocha. Depois rolou uma grande pedra para diante da boca do sepulcro, e retirou-se. 61 Maria Madalena e a outra Maria estavam lá, sentadas diante do sepulcro. 62 No outro dia, que é o seguinte à Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram juntos ter com Pilatos, 63 e disseram-lhe: «Senhor, lembramo-nos que aquele impostor, quando ainda vivia, disse: “Depois de três dias ressuscitarei”. 64 Ordena, pois, que seja guardado o sepulcro até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos, O roubem, e digam ao povo: “Ressuscitou dos mortos”. E assim, o último embuste seria pior do que o primeiro». 65 Pilatos respondeu-lhes: «Tendes guardas; ide, guardai-O como entenderdes». 66 Foram, e tomaram bem conta do sepulcro, selando a pedra e pondo lá guardas.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

DE MAGISTRO (DO MESTRE)

CAPÍTULO I

FINALIDADE DA LINGUAGEM

AGOSTINHO
– Qual te parece ser a nossa intenção quando falamos?
ADEODATO
– Pelo que me acode ao espírito agora, eu diria ou ensinar ou aprender.
AGOSTINHO
– Com uma dessas coisas eu concordo, de facto, é evidente que quando falamos queremos ensinar, todavia, como aprender?
ADEODATO
– Mas diz-me, pensas que se pode aprender sem perguntar?
AGOSTINHO
– Mesmo neste caso, creio que só queremos ensinar. Diz-me pois, nossas perguntas terão outro motivo que não ensinar o que queremos àquele a quem perguntamos?
ADEODATO
– Dizes a verdade.
AGOSTINHO
– Vês, pois, que onosso propósito ao falar é apenas ensinar.
ADEODATO
– Para mim ainda não está claro, ora, se falar nada mais é que emitir palavras, também as emitidos ao cantar, às vezes falamos sozinhos, sem um interlocutor que possa aprender, em tais casos, não creio que pretendamos ensinar algo.
AGOSTINHO
– Creio, contudo, que há uma certa maneira de ensinar pela recordação, processo certamente valioso, como teremos ocasião de ver na nossa conversação. Ora, se opinas que ao recordarmos não aprendemos, ou que nada ensina aquele que recorda, eu não me oponho, e desde já afirmo que é dupla a finalidade da palavra: para ensinar ou para despertar reminiscências nos outros ou em nós mesmos, e isto ocorre também quando cantamos, concordas?
ADEODATO
– Não, absolutamente, pois é bem raro que eu cante para lembrar-me, mas é bem frequente que o faça para deleitar-me.
AGOSTINHO
– Compreendo a tua ideia, mas não percebes que o que te deleita no canto é apenas uma certa modulação do som, que, pelo facto de se poder associar ou não às palavras, faz com que uma coisa seja o falar e outra o cantar? Na verdade, também com a flauta e a cítara se modulam os sons, cantam também os pássaros, e nós mesmos, às vezes, entoamos um motivo musical sem palavras, o que se pode chamar canto, mas não fala, tens alguma objeção a isto?
ADEODATO
– Nenhuma.
AGOSTINHO
– Aceitas, pois, que a palavra só foi instituída para ensinar e recordar?
ADEODATO
– Poderia concordar, se não me levasse a opinar diversamente o facto de que, ao orarmos, nós sem dúvida falamos, e, certamente não é lícito crer que ensinamos ou recordamos algo a Deus.
AGOSTINHO
– Suspeito que não sabes que, se nos foi dito para orarmos em lugares fechados, significando com isso o espaço secreto da alma, o foi porque Deus não quer ser lembrado de algo ou ensinado por nossas palavras, para atender a nossos desejos. Quem fala, pois, manifesta exteriormente sua vontade articulando o som: mas nós devemos procurar Deus e suplicar-lhe no mais profundo recesso da alma racional, a que se chama o homem interior, quis Ele que fosse este o seu templo. Não leste no Apóstolo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós”, e que “Cristo habita no homem interior?” E não atentaste nas palavras do Profeta: “Falai dentro dos vossos corações, e nos vossos leitos arrependei-vos, oferecei os sacrifícios da justiça e confiai no Senhor”?
Onde crês que se possam oferecer os sacrifícios da justiça, a não ser no templo da mente e no íntimo do coração? Onde se fizer o sacrifício, aí também se há de orar. Por isso, não são necessárias palavras quando oramos, isto é, palavras soantes, exceto, talvez, no caso do sacerdote que exprime em palavras seu pensamento, mas não para que Deus ouça, e sim os homens e, envolvidos na recordação, sejam elevados até Deus. Ou não pensas assim?
ADEODATO
– Concordo plenamente.
AGOSTINHO
– Não te preocupas pois o facto de que o Mestre supremo, ensinando a orar aos seus discípulos, ensinou certas e determinadas palavras, parecendo não ter feito outra coisa que ensinar as palavras a serem empregadas quando rezamos?
ADEODATO
– Isso não me preocupa absolutamente, pois não lhes ensinou palavras, e sim, pelas palavras, aquilo que deveriam saber quanto a quem e o que haviam de pedir na oração, como foi dito, no segredo do coração.
AGOSTINHO
– Entendeste correctamente: creio que também notaste, apesar de nem todos concordarem que, mesmo sem emitir som algum, nós falamos quando interiormente articulamos as palavras em nossa mente, assim, com as palavras que emitimos, o que fazemos é apenas chamar a atenção, entretanto, a memória das coisas, à qual as palavras estão associadas, provoca-as e faz com que venham à mente as próprias coisas, das quais as palavras são sinais.
ADEODATO
– Compreendo e concordo contigo.

CAPÍTULO II

O HOMEM MOSTRA O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS SÓ PELAS PALAVRAS

AGOSTINHO
– Nós concordamos, portanto, em que as palavras são sinais.
ADEODATO
– Concordamos.
AGOSTINHO
– Então, podemos chamar assim a um sinal que nada signifique?
ADEODATO
– Não.
AGOSTINHO
– Quantas palavras há neste verso: “Si nihil ex tanta superis placet urbe relinqui”?
ADEODATO
– Oito.
AGOSTINHO
– Logo, oito são os sinais.
ADEODATO
– É mesmo.
AGOSTINHO
– Creio que compreendes este verso.
ADEODATO
– Parece-me que sim.
AGOSTINHO
– Diz-me o sentido de cada palavra.
ADEODATO
– Sei o que significa o “si”, mas não encontro um sinónimo para expressar-lhe o significado.
AGOSTINHO
– Sabes indicar, ao menos, em que campo está seu significado?
ADEODATO
– Parece-me que o “si” expressa dúvida: mas onde está a dúvida, senão no espírito?
AGOSTINHO
– Por enquanto, aceito, continua.
ADEODATO
– “Nihil” que outra coisa significa senão o que não existe?
AGOSTINHO
– Talvez fales com acerto, porém a afirmação anterior me impede de concordar contigo: que não existe sinal sem que signifique algo, ora, o nada de modo algum pode ser alguma coisa.
Por isso, a segunda palavra deste verso não seria, pois, um sinal, uma vez que nada significa, e então, teríamos errado ao concordar que todas as palavras são sinais, ou que todo sinal signifique algo.
ADEODATO
– Estás-me apertando demais, observa todavia que, se não tivermos nada para expressar, seria sem dúvida tolice proferimos alguma palavra, creio que tu, ao falar agora comigo, nada do que disseste foi inútil, mas que, com os demais sons que saem da tua boca, ofereces-me sinais para que eu entenda algo, não precisarias ter pronunciado essas duas sílabas (ni-hil) se elas não significassem algo. No entanto, se entendes que com elas necessariamente se gera um enunciado e que elas, ao atingir nossos ouvidos, nos ensinam ou lembram algo, logo entenderás o que eu queria dizer, mas não posso explicar.
AGOSTINHO
– Que faremos então? Poderemos afirmar que esta palavra (nihil), mais do que a própria coisa, que não tem existência em si, significa aquele estado da alma que se gera quando não se vê a coisa e, no entanto, percebe-se ou se pensa ter percebido que a coisa não existe?
ADEODATO
– É bem isso que eu procurava explicar.
AGOSTINHO
– Seja lá como for, vamos em frente, para não cairmos no maior absurdo de todos.
ADEODATO
– Qual?
AGOSTINHO
– Que “nada” nos detenha e que, no entanto, a nossa conversa fique parada.
ADEODATO
– De facto é ridículo e, mesmo não atinando como isso pode acontecer, vejo claramente que já ocorreu.
AGOSTINHO
– Se Deus quiser, no momento oportuno compreenderemos melhor este género de absurdo, agora volta àquele verso e procura mostrar, conforme teu entendimento, o que significam as demais palavras.
ADEODATO
– A terceira, “ex”, é uma preposição, que poderíamos substituir por “de”.
AGOSTINHO
– Veja, não te estou pedindo que troques uma palavra conhecidíssima por outra igualmente conhecida, de mesmo significado, suposto que signifique o mesmo, contudo, por enquanto, admitamos que seja assim. Certamente, se o poeta, no lugar de dizer “ex tanta urbe”, e eu indagasse o que significa “de”, responderias “ex”, sendo que estas duas palavras, isto é, sinais, têm – como tu crês – o mesmo significado, eu, porém, busco esta mesma coisa, não sei se una e idêntica, que tais sinais significam.
ADEODATO
– Parece-me que signifique a separação de algo do lugar em que estava contido e ao qual pensa se pertencer, quer porque essa coisa já não exista, como acontece neste verso, onde sem existir mais a cidade (de Troia) subsistiram dela alguns troianos, quer porque permaneça, como ocorre ao afirmarmos haver na África uns comerciantes vindos da cidade de Roma.
AGOSTINHO
– Para admitir que é assim que se passa, não irei enumerar todas as objeções que se poderiam apresentar a essa tua regra, mas facilmente podes perceber que explicaste palavras com outras palavras, isto é, sinais com outros sinais, coisas conhecidíssimas com outras também conhecidas, porém gostaria que, se te for possível, me mostrasses as coisas em si, de que tais palavras são os sinais.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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