Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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45 Desde a
hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra. 46
Perto da hora nona, exclamou Jesus com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabachtani?»,
isto é: «Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?». 47 Ao ouvir
isto, alguns dos que ali estavam, diziam: «Ele chama por Elias».48
Imediatamente, um deles, a correr, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre,
pô-la sobre uma cana, e dava-Lhe de beber. 49 Porém, os outros
diziam: «Deixa; vejamos se Elias vem livrá-l'O». 50 Jesus, soltando
de novo um alto grito, expirou. 51 E eis que o véu do templo se
rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu, as rochas fenderam-se, 52
as sepulturas abriram-se, e muitos corpos de santos, que tinham adormecido,
ressuscitaram, 53 e saindo das sepulturas depois da ressurreição de
Jesus, foram à cidade santa e apareceram a muitos. 54 O centurião e
os que com ele estavam de guarda a Jesus, vendo o terramoto e as coisas que aconteciam,
tiveram grande medo, e diziam: «Na verdade Este era Filho de Deus!». 55
Estavam também ali, olhando de longe, muitas mulheres, que tinham seguido Jesus
servindo-O desde a Galileia. 56 Entre elas estava Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. 57 Ao
cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também
discípulo de Jesus. 58 Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de
Jesus. Pilatos mandou então que lhe fosse dado o corpo. 59 José,
tomando o corpo, envolveu-O num lençol limpo, 60 e depositou-O no
seu sepulcro novo, que tinha mandado abrir numa rocha. Depois rolou uma grande
pedra para diante da boca do sepulcro, e retirou-se. 61 Maria
Madalena e a outra Maria estavam lá, sentadas diante do sepulcro. 62
No outro dia, que é o seguinte à Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os
fariseus foram juntos ter com Pilatos, 63 e disseram-lhe: «Senhor,
lembramo-nos que aquele impostor, quando ainda vivia, disse: “Depois de três
dias ressuscitarei”. 64 Ordena, pois, que seja guardado o sepulcro
até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos, O roubem, e digam ao
povo: “Ressuscitou dos mortos”. E assim, o último embuste seria pior do que o
primeiro». 65 Pilatos respondeu-lhes: «Tendes guardas; ide, guardai-O
como entenderdes». 66 Foram, e tomaram bem conta do sepulcro,
selando a pedra e pondo lá guardas.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
DE MAGISTRO (DO MESTRE)
CAPÍTULO I
FINALIDADE DA
LINGUAGEM
AGOSTINHO
– Qual te parece
ser a nossa intenção quando falamos?
ADEODATO
– Pelo que me
acode ao espírito agora, eu diria ou ensinar ou aprender.
AGOSTINHO
– Com uma dessas
coisas eu concordo, de facto, é evidente que quando falamos queremos ensinar,
todavia, como aprender?
ADEODATO
– Mas diz-me,
pensas que se pode aprender sem perguntar?
AGOSTINHO
– Mesmo neste
caso, creio que só queremos ensinar. Diz-me pois, nossas perguntas terão outro
motivo que não ensinar o que queremos àquele a quem perguntamos?
ADEODATO
– Dizes a
verdade.
AGOSTINHO
– Vês, pois, que
onosso propósito ao falar é apenas ensinar.
ADEODATO
– Para mim ainda
não está claro, ora, se falar nada mais é que emitir palavras, também as emitidos
ao cantar, às vezes falamos sozinhos, sem um interlocutor que possa aprender,
em tais casos, não creio que pretendamos ensinar algo.
AGOSTINHO
– Creio,
contudo, que há uma certa maneira de ensinar pela recordação, processo
certamente valioso, como teremos ocasião de ver na nossa conversação. Ora, se
opinas que ao recordarmos não aprendemos, ou que nada ensina aquele que
recorda, eu não me oponho, e desde já afirmo que é dupla a finalidade da
palavra: para ensinar ou para despertar reminiscências nos outros ou em nós
mesmos, e isto ocorre também quando cantamos, concordas?
ADEODATO
– Não,
absolutamente, pois é bem raro que eu cante para lembrar-me, mas é bem frequente
que o faça para deleitar-me.
AGOSTINHO
– Compreendo a
tua ideia, mas não percebes que o que te deleita no canto é apenas uma certa
modulação do som, que, pelo facto de se poder associar ou não às palavras, faz
com que uma coisa seja o falar e outra o cantar? Na verdade, também com a
flauta e a cítara se modulam os sons, cantam também os pássaros, e nós mesmos,
às vezes, entoamos um motivo musical sem palavras, o que se pode chamar canto,
mas não fala, tens alguma objeção a isto?
ADEODATO
– Nenhuma.
AGOSTINHO
– Aceitas, pois,
que a palavra só foi instituída para ensinar e recordar?
ADEODATO
– Poderia
concordar, se não me levasse a opinar diversamente o facto de que, ao orarmos, nós
sem dúvida falamos, e, certamente não é lícito crer que ensinamos ou recordamos
algo a Deus.
AGOSTINHO
– Suspeito que
não sabes que, se nos foi dito para orarmos em lugares fechados, significando
com isso o espaço secreto da alma, o foi porque Deus não quer ser lembrado de
algo ou ensinado por nossas palavras, para atender a nossos desejos. Quem fala,
pois, manifesta exteriormente sua vontade articulando o som: mas nós devemos procurar
Deus e suplicar-lhe no mais profundo recesso da alma racional, a que se chama o
homem interior, quis Ele que fosse este o seu templo. Não leste no Apóstolo:
“Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós”,
e que “Cristo habita no homem interior?” E não atentaste nas palavras do Profeta:
“Falai dentro dos vossos corações, e nos vossos leitos arrependei-vos, oferecei
os sacrifícios da justiça e confiai no Senhor”?
Onde crês que se
possam oferecer os sacrifícios da justiça, a não ser no templo da mente e no
íntimo do coração? Onde se fizer o sacrifício, aí também se há de orar. Por
isso, não são necessárias palavras quando oramos, isto é, palavras soantes,
exceto, talvez, no caso do sacerdote que exprime em palavras seu pensamento,
mas não para que Deus ouça, e sim os homens e, envolvidos na recordação, sejam
elevados até Deus. Ou não pensas assim?
ADEODATO
– Concordo
plenamente.
AGOSTINHO
– Não te
preocupas pois o facto de que o Mestre supremo, ensinando a orar aos seus discípulos,
ensinou certas e determinadas palavras, parecendo não ter feito outra coisa que
ensinar as palavras a serem empregadas quando rezamos?
ADEODATO
– Isso não me
preocupa absolutamente, pois não lhes ensinou palavras, e sim, pelas palavras,
aquilo que deveriam saber quanto a quem e o que haviam de pedir na oração, como
foi dito, no segredo do coração.
AGOSTINHO
– Entendeste
correctamente: creio que também notaste, apesar de nem todos concordarem que,
mesmo sem emitir som algum, nós falamos quando interiormente articulamos as
palavras em nossa mente, assim, com as palavras que emitimos, o que fazemos é
apenas chamar a atenção, entretanto, a memória das coisas, à qual as palavras
estão associadas, provoca-as e faz com que venham à mente as próprias coisas,
das quais as palavras são sinais.
ADEODATO
– Compreendo e concordo
contigo.
CAPÍTULO II
O HOMEM MOSTRA O
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS SÓ PELAS PALAVRAS
AGOSTINHO
– Nós
concordamos, portanto, em que as palavras são sinais.
ADEODATO
– Concordamos.
AGOSTINHO
– Então, podemos
chamar assim a um sinal que nada signifique?
ADEODATO
– Não.
AGOSTINHO
– Quantas
palavras há neste verso: “Si nihil ex tanta superis placet urbe relinqui”?
ADEODATO
– Oito.
AGOSTINHO
– Logo, oito são
os sinais.
ADEODATO
– É mesmo.
AGOSTINHO
– Creio que
compreendes este verso.
ADEODATO
– Parece-me que
sim.
AGOSTINHO
– Diz-me o
sentido de cada palavra.
ADEODATO
– Sei o que
significa o “si”, mas não encontro um sinónimo para expressar-lhe o significado.
AGOSTINHO
– Sabes indicar,
ao menos, em que campo está seu significado?
ADEODATO
– Parece-me que
o “si” expressa dúvida: mas onde está a dúvida, senão no espírito?
AGOSTINHO
– Por enquanto,
aceito, continua.
ADEODATO
– “Nihil”
que outra coisa significa senão o que não existe?
AGOSTINHO
– Talvez fales
com acerto, porém a afirmação anterior me impede de concordar contigo: que não
existe sinal sem que signifique algo, ora, o nada de modo algum pode ser alguma
coisa.
Por isso, a
segunda palavra deste verso não seria, pois, um sinal, uma vez que nada
significa, e então, teríamos errado ao concordar que todas as palavras são
sinais, ou que todo sinal signifique algo.
ADEODATO
– Estás-me
apertando demais, observa todavia que, se não tivermos nada para expressar, seria
sem dúvida tolice proferimos alguma palavra, creio que tu, ao falar agora comigo,
nada do que disseste foi inútil, mas que, com os demais sons que saem da tua
boca, ofereces-me sinais para que eu entenda algo, não precisarias ter
pronunciado essas duas sílabas (ni-hil) se elas não significassem algo.
No entanto, se entendes que com elas necessariamente se gera um enunciado e que
elas, ao atingir nossos ouvidos, nos ensinam ou lembram algo, logo entenderás o
que eu queria dizer, mas não posso explicar.
AGOSTINHO
– Que faremos
então? Poderemos afirmar que esta palavra (nihil), mais do que a própria
coisa, que não tem existência em si, significa aquele estado da alma que se
gera quando não se vê a coisa e, no entanto, percebe-se ou se pensa ter
percebido que a coisa não existe?
ADEODATO
– É bem isso que
eu procurava explicar.
AGOSTINHO
– Seja lá como
for, vamos em frente, para não cairmos no maior absurdo de todos.
ADEODATO
– Qual?
AGOSTINHO
– Que “nada” nos
detenha e que, no entanto, a nossa conversa fique parada.
ADEODATO
– De facto é
ridículo e, mesmo não atinando como isso pode acontecer, vejo claramente que já
ocorreu.
AGOSTINHO
– Se Deus
quiser, no momento oportuno compreenderemos melhor este género de absurdo,
agora volta àquele verso e procura mostrar, conforme teu entendimento, o que
significam as demais palavras.
ADEODATO
– A terceira, “ex”,
é uma preposição, que poderíamos substituir por “de”.
AGOSTINHO
– Veja, não te
estou pedindo que troques uma palavra conhecidíssima por outra igualmente
conhecida, de mesmo significado, suposto que signifique o mesmo, contudo, por enquanto,
admitamos que seja assim. Certamente, se o poeta, no lugar de dizer “ex
tanta urbe”, e eu indagasse o que significa “de”, responderias “ex”,
sendo que estas duas palavras, isto é, sinais, têm – como tu crês – o mesmo
significado, eu, porém, busco esta mesma coisa, não sei se una e idêntica, que
tais sinais significam.
ADEODATO
– Parece-me que
signifique a separação de algo do lugar em que estava contido e ao qual pensa
se pertencer, quer porque essa coisa já não exista, como acontece neste verso,
onde sem existir mais a cidade (de Troia) subsistiram dela alguns troianos,
quer porque permaneça, como ocorre ao afirmarmos haver na África uns comerciantes
vindos da cidade de Roma.
AGOSTINHO
– Para admitir
que é assim que se passa, não irei enumerar todas as objeções que se poderiam
apresentar a essa tua regra, mas facilmente podes perceber que explicaste
palavras com outras palavras, isto é, sinais com outros sinais, coisas
conhecidíssimas com outras também conhecidas, porém gostaria que, se te for
possível, me mostrasses as coisas em si, de que tais palavras são os sinais.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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