22/07/2013

Resumos da Fé cristã 51

TEMA 37. O oitavo mandamento do Decálogo


4. As ofensas à verdade 
«”A mentira consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar” (Santo Agostinho, De Mendacio, 4, 5).O Senhor denuncia na mentira uma obra diabólica: “Vós tendes por pai o diabo, ...  nele não há verdade; quando fala mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44)» (Catecismo, 2482).

«A gravidade da mentira mede-se pela natureza da verdade que ela deforma, atendendo às circunstâncias, às intenções de quem a comete e aos danos causados àqueles que são suas vítimas» (Catecismo, 2484). Pode ser matéria de pecado mortal: «torna-se mortal quando lesa gravemente as virtudes da justiça e da caridade» (Ibidem). Falar com ligeireza ou loquacidade (cf. Mt 12,36), pode conduzir facilmente à mentira (apreciações inexactas ou injustas, exageros, às vezes calúnias).

«Falso testemunho e perjúrio. Uma afirmação contrária à verdade feita publicamente reveste-se de gravidade particular: perante um tribunal, é um falso testemunho; quando mantida sob juramento, é um perjúrio» (Catecismo, 2476). Há obrigação de reparar o dano.

«O respeito pela reputação das pessoas proíbe toda e qualquer atitude ou palavra susceptíveis de lhes causar um dano injusto» (Catecismo, 2477). O direito à honra e à boa fama – tanto próprio como alheio – é um bem mais precioso do que as riquezas e de grande importância para a vida pessoal, familiar e social.

Pecados contra a boa fama do próximo são os seguintes:

- O juízo temerário: acontece quando se admite como verdadeiro, sem prova suficiente, um defeito moral do próximo (por exemplo, julgar que alguém tenha actuado com má intenção, sem que assim tenha sido). «Não julgueis e não sereis julgados, não condeneis e não sereis condenados» (Lc 6,37) (cf. Catecismo, 2477).

- A difamação: é qualquer atentado injusto contra a fama do próximo. Pode ser de dois tipos: a detracção ou maledicência (“dizer mal”), que consiste em revelar pecados ou defeitos realmente existentes do próximo, sem uma razão proporcionalmente grave (chama-se murmuração quando se realiza nas costas do acusado); e a calúnia, que consiste em atribuir ao próximo pecados ou defeitos falsos. A calúnia encerra uma dupla malícia: contra a veracidade e contra a justiça (tanto mais grave, quanto maior seja a calúnia e quanto mais se difunda).

Actualmente, estas ofensas à verdade ou à boa fama são muito frequentes nos meios de comunicação social. Por este motivo, é necessário exercitar um são espírito crítico ao receber as notícias e comentários dos jornais, revistas, televisão, etc. Uma atitude ingénua ou crédula leva à formação de juízos falsos 8.

Sempre que se difame alguém (quer seja com a detracção ou com a calunia), existe a obrigação de utilizar todos os meios possíveis para devolver ao próximo a boa fama que injustamente o lesou.

É preciso evitar a cooperação nestes pecados. Coopera na difamação, embora em grau diferente, aquele que ouve com gosto o difamador e se delicia com o que ele diz; o superior que não impede a murmuração sobre o súbdito; e qualquer um que – embora desagradando-lhe o pecado de detracção –, por temor, negligência ou vergonha, não corrige ou rejeita o difamador ou caluniador, e o que propaga com ligeireza insinuações de outras pessoas contra a fama de um terceiro 9.

Atenta também contra a verdade «toda a palavra ou atitude que, por lisonja, adulação ou complacência, estimula e confirma outrem na malícia dos seus actos e na perversidade da sua conduta. A adulação é uma falta grave, se se tornar cúmplice de vícios ou de pecados graves. Nem o desejo de prestar um serviço nem a amizade justificam a duplicidade de linguagem. A adulação é um pecado venial quando apenas se deseja ser agradável, evitar um mal, valer a uma necessidade ou obter vantagens legítimas» (Catecismo, 2480).

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

juan ramón areitio

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 2464-2499.

Leituras recomendadas:
S. Josemaria, Homilia «O Respeito Cristão pela pessoa e pela sua liberdade», em Cristo que Passa, 67-72.
T. Trigo, «El bien de la verdad», em A. Sarmiento, T. Trigo, E. Molina, Moral de la persona, Eunsa, Pamplona 2006, Quinta Parte, pp. 302-391.
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Notas:
8 «Os meios de comunicação social (em particular os mass-media) podem gerar uma certa passividade nos utentes, fazendo deles consumidores pouco cautelosos de mensagens e espectáculos. Os utentes devem impor a si próprios moderação e disciplina em relação aos mass-media. Hão-de formar-se uma consciência esclarecida e recta, para resistir mais facilmente às influências menos honestas» (Catecismo, 2496).
9 Cf. S. Josemaria, Caminho, 49. A murmuração é particularmente um inimigo nefasto da unidade no apostolado: «é crosta que suja e entorpece o apostolado. - Vai contra a caridade, tira forças, rouba a paz, e faz perder a união com Deus» Ibidem, 445. Cf. ibidem, 453).


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