Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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57 Os que tinham prendido Jesus levaram-n'O a casa de
Caifás, Sumo Sacerdote, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. 58
Pedro seguia-O de longe, até ao átrio do príncipe dos sacerdotes. E, tendo
entrado, sentou-se com os servos para ver o fim de tudo isto. 59
Entretanto os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso
testemunho contra Jesus, a fim de O entregarem à morte, 60 e não o
encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por
último, chegaram duas testemunhas, 61 que declararam: «Este homem
disse: “Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias”». 62
Levantando-se, o Sumo-sacerdote disse-Lhe: «Nada respondes ao que estes depõem
contra Ti?». 63 Jesus, porém, mantinha-Se calado. E o Sumo Sacerdote
disse-Lhe: «Eu Te conjuro, por Deus vivo, que nos digas se és o Cristo, o Filho
de Deus». 64 Jesus respondeu-lhes: «Tu o disseste. Digo-vos mais,
que haveis de ver o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir
sobre as nuvens do céu». 65 Então o Sumo Sacerdote rasgou as vestes,
dizendo: «Blasfemou; que necessidade temos de mais testemunhas? Vedes, acabais
de ouvir a blasfémia. 66 Que vos parece?». Eles responderam: «É réu
de morte!». 67 Então cuspiram-Lhe no rosto e feriram-n'O a punhadas.
Outros deram-Lhe bofetadas, 68 dizendo: «Adivinha, Cristo: Quem é
que Te bateu?». 69 Entretanto, Pedro estava sentado fora, no átrio.
Aproximou-se dele uma criada, dizendo: «Também tu estavas com Jesus, o
Galileu». 70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que
dizes». 71 Saindo ele à porta, viu-o outra criada e disse aos que
ali se encontravam: «Este também andava com Jesus Nazareno». 72
Novamente negou ele com juramento, dizendo: «Não conheço tal homem». 73
Pouco depois aproximaram-se de Pedro os que ali estavam, e disseram: «Certamente
também tu és deles, porque até a tua fala te dá a conhecer». 74
Então começou a dizer imprecações e a jurar que não conhecia tal homem.
Imediatamente cantou um galo. 75 Pedro lembrou-se da palavra que
Jesus lhe dissera: «Antes de cantar o galo, três vezes Me negarás». E, saindo
para fora, chorou amargamente.
Ao romper da manhã, todos os
príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo tiveram conselho contra Jesus, para
O entregarem à morte. 2 Em seguida, manietado, levaram-n'O e
entregaram-n'O ao governador Pôncio Pilatos.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO
DÉCIMO-TERCEIRO
CAPÍTULO XXI
A alma viva
E assim não foi
a profundeza do mar, mas a terra livre do amargor das águas que, impelida pelo
teu Verbo gerou não mais os répteis dotados de almas vivas e os pássaros, mas a
alma viva.
E esta não mais
tem necessidade de baptismo (necessário para os gentios), como tinha necessidade
enquanto as cobriam. Pois não se entra de outro modo no reino dos céus, desde
que assim o determinaste. Para ter fé, ela já não exige grandes maravilhas. Ela
crê sem ter visto sinais e prodígios, porque é terra fiel, já distinta das
águas do mar que a incredulidade torna amargas: e as línguas são um sinal, não
para os fiéis, mas para os infiéis.
A terra que
estendeste acima das águas não tem necessidade dessa espécie de aves que as
águas produziram por ordem de teu Verbo. Envia-lhe, pois, o teu Verbo, por meio
dos teus mensageiros. Nós falamos das suas obras, mas quem age por seu
intermédio, para que produzam uma alma viva, és tu. A terra a germina porque é
a causa dos fenómenos que ocorrem na superfície, assim como o mar foi causa da
produção dos répteis dotados de almas vivas, e das aves sob o firmamento do
céu. A terra já não necessita destas criaturas, embora ela se alimente de
peixes pescados nas profundezas do mar, nessa mesa que preparaste na presença
dos crentes, porque eles foram pescados nas profundezas do mar para alimentar a
terra árida.
Também as aves,
ainda que nascidas no mar, se multiplicam sobre a terra.
As primeiras gerações
evangélicas foram motivadas pela incredulidade dos homens, mas também os fiéis
nela encontram diariamente copiosas exortações e bênçãos. Todavia, a alma viva,
extrai da terra a sua origem, porque somente aos fiéis é meritório abster-se de
amar este mundo, para que a sua alma viva por ti, essa alma que estava morta
quando vivia em delícias mortíferas.
Ó Senhor, só tu
fazes as delicias de um coração puro.
Que os teus
ministros trabalhem na terra, não como nas águas da incredulidade, quando pregavam
e falavam utilizando-se de milagres, de sinais misteriosos, de termos místicos,
para capturar atenção da ignorância, mãe da admiração, pelo medo desses sinais
secretos. Por esta porta, de facto, os filhos de Adão têm acesso à fé,
esquecidos de ti enquanto se escondem da tua face e se tornam abismos.
Que os teus
ministros trabalhem como em terra seca, separada das fauces do abismo, e que
sejam modelo para os fiéis, vivendo sob os teus olhares e incitando-os à imitação.
E assim ouve não só para ouvir, mas também para praticar. “Procurai a Deus, e
vossa alma viverá, e a terra dará nascimento a uma alma viva.
Não vos
conformeis com este mundo em que vivemos, abstendo-vos dele. A alma vive
evitando as coisas cujo desejo lhe causa a morte.
Abstende-vos das
violências selvagens da soberba, das ociosas voluptuosidades da luxúria, da falsidade
que engana em nome da ciência, para que os animais ferozes sejam domesticados,
os brutos domados e para que as serpentes sejam inofensivas: todos representam
alegoricamente os movimentos da alma humana.
O fastio do
orgulho, as delícias da luxúria, o veneno da curiosidade, são movimentos da
alma morta, mas não morta a ponto de carecer de todo movimento, é afastando-se
da fonte da vida que ela morre, o mundo a arrebata ao passar, e a este se molda.
Mas a tua
palavra, meu Deus, é a fonte da vida eterna, e não passa. Ela mesma nos proíbe que
nos afastemos de ti por essas palavras: “Não vos conformeis com o mundo em que
vivemos, para que a terra, fertilizada pela fonte da vida, produza uma alma
viva, uma alma que busque na tua palavra, transmitida pelos teus evangelistas,
se fortificar, imitando os imitadores de teu Cristo”. –
Eis o sentido da
expressão “segundo a sua espécie”, porque o homem imita a quem ama.
“Sede como eu” –
diz o Apostolo, - porque sou como vós. – Assim haverá na alma viva apenas feras
sem maldade, agindo com doçura. Pois nos deste este mandamento: “Fazei vossas
obras com mansidão, e sereis amados por todos” – Também os animais domésticos
serão bons: se comerem, não sofrerão fastio e, se não comerem, não terão fome.
As serpentes, tornando-se boas, serão incapazes de causar danos, mas
continuarão astutas e cautelosas, não investigarão a natureza temporal, senão
na medida necessária para compreender e contemplar a eternidade através das
coisas criadas.
Esses animais,
as paixões, obedecem à razão, quando refreados nos seus caminhos mortais, vivem
e se tornam bons.
CAPÍTULO XXII
Sentido místico
da criação do homem
Assim, Senhor,
nosso Deus e nosso Criador, quando os nossos afectos mundanos, que nos causam a
morte porque nos faziam viver mal, se afastarem do amor do mundo, quando a nossa
alma, vivendo bem, se tornar alma viva, e quando se cumprir a palavra que
proferiste pela boca do teu Apostolo: “Não vos conformeis com o mundo em que
vivemos” – então seguir-se-á aquilo que acrescentaste imediatamente ao dizer:
“Mas reformai-vos na novidade de vossa mente”.
E já não será
“segundo a vossa espécie” – como se fosse imitar os nossos predecessores ou
viver seguindo os exemplos de alguém melhor que nós. Não disseste: “Que o homem
seja feito de acordo com sua espécie” – mas “façamos o homem à nossa imagem e
semelhança” – para que pudéssemos reconhecer a tua vontade.
Para tanto, o
divulgador do teu pensamento, que gerou filhos pelo Evangelho, não querendo que
continuassem como crianças os que alimentara com leite e agasalhara no teu seio
como uma ama, dizia: “Reformai-vos renovando vosso coração, para discernir a
vontade de Deus, que é bom, agradável e perfeito”.
Também não dizes:
“Faça-se o homem” – mas “à nossa imagem e semelhança”.
Aquele que é
renovado no espírito, que compreende e conhece a tua verdade, não mais carece
que um outro lhe ensine a imitar a sua espécie. Graças às tuas lições, ele
reconhece por si qual é a tua vontade, o que é bom, agradável e perfeito. Tu
lhe ensinas, pois agora é capaz deste ensinamento, a ver a Trindade da Unidade
e a Unidade da Trindade. Eis por que, depois de falar no plural: “Façamos o
homem” se diz no singular: “E Deus criou o homem”. Depois deste plural: “À nossa
imagem” – este singular: “À imagem de Deus”. Assim o homem “se renova pelo
conhecimento de Deus, à imagem de seu criador” – e “tornando-se espiritual,
julga todas as coisas”, que certamente hão de ser julgadas, “mas ele não é
julgado por ninguém”.
CAPÍTULO XXIII
O julgamento do
homem espiritual
Ele julga tudo,
significa que tem autoridade sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu,
sobre os animais domésticos e selvagens, sobre toda a terra e sobre todos os
répteis que nela se arrastam. Exerce esse poder pela inteligência, pela qual
percebe as coisas que são do Espírito de Deus. Mas, elevado a tão grande honra,
o homem não entendeu a sua dignidade, igualou-se aos jumentos insensatos,
tornando-se semelhante a eles.
Por isso, na tua
Igreja, Senhor, pela graça que lhe concedeste – pois somos obra tua, e criados
para obras boas, tanto os que governam como os que obedecem segundo o Espírito
tem o dom de julgar. Porque assim fizeste a criatura humana homem e mulher, na
tua graça espiritual, onde não há distinção conforme o sexo, nem judeu nem
grego, nem escravo nem homem livre.
Os espirituais,
portanto, tanto os que presidem como os que obedecem, julgam espiritualmente.
Eles não julgam conhecimentos espirituais que brilham no firmamento, pois não
lhes cabe fazer juízos sobre tão sublime autoridade. Nem julgam a tua
Escritura, mesmo em suas passagens obscuras: nós lhe submetemos a nossa
inteligência, e temos certeza de que até aquilo que está oculto à nossa compreensão
é justo e verdadeiro.
O homem, pois,
embora já espiritual e renovado pelo conhecimento, conforme a imagem do seu
criador, deve ser cumpridor da lei, e não seu juiz. Nem pode ajuizar sobre o
que distingue espirituais e carnais. Somente os teus olhos, meu Senhor, os distinguem,
mesmo que nenhuma obra sua os tenha revelado a nós, para que os reconheçamos pelos
seus frutos. Mas tu, Senhor, já os conheces e os classificaste, e os chamaste
no segredo do teu pensamento, antes de teres criado o firmamento.
Tampouco julga,
o homem espiritual, os povos inquietos deste mundo.
De facto, por
que julgaria ele os que estão fora, ignorando quem alcançará a doçura da tua
graça, e quem permanecerá na eterna amargura da impiedade?
Por isso, o
homem que criaste à tua imagem, não recebeu poder sobre os astros do céu, nem
sobre o mesmo céu misterioso, nem sobre o dia e a noite que chamaste á
existência antes da criação do céu, nem sobre a massa das águas, que é o mar.
Mas recebeu poder sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre todos os
animais, sobre toda a terra, e sobre tudo o que se arrasta pela superfície do
solo.
Ele julga e
aprova o que acha bom, e reprova o que acha mau, quer na celebração dos sacramentos,
com que são iniciados os que na tua misericórdia tira das águas profundas, quer
no banquete em que se serve o peixe tirado das profundezas para alimento da
terra fiel, quer nas palavras e expressões sujeitas à autoridade do teu Livro
que, semelhantes aos pássaros, voam sob o firmamento: interpretações,
exposições, discussões, bênçãos e invocações que brotam sonoras da boca, para
que o povo responda: Amém!
É necessário que
essas palavras sejam enunciadas fisicamente, por causa do abismo do mundo e da
cegueira da carne que, impossibilitada de ver o pensamento, tem necessidade de
sons que firam os ouvidos. Assim, sem dúvida, é sobre a terra que as aves se
multiplicam, embora tenham suas origens na água.
O homem
espiritual julga também aprovando o que acha correcto e reprovando o que é vicioso
nas obras e nos costumes dos fiéis. Julga das suas esmolas, comparáveis aos
frutos da terra, ele julga a alma viva pelas paixões domadas pela castidade, os
jejuns, e pelos pensamentos piedosos, na medida em que essas coisas se
manifestam aos sentidos do corpo.
Em resumo, é juiz
de tudo o que pode se corrigir.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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