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Um dia destes, reflectindo em tantas coisas da minha vivência diária da fé, veio ao meu pensamento uma frase que ouvi repetidamente nas aulas de Escatologia e me ficou gravada na memória, ou melhor, no coração: «já e ainda não».
Um dia destes, reflectindo em tantas coisas da minha vivência diária da fé, veio ao meu pensamento uma frase que ouvi repetidamente nas aulas de Escatologia e me ficou gravada na memória, ou melhor, no coração: «já e ainda não».
Tentei
então, mais uma vez, apreender todo o sentido desta frase, que reflecte em
palavras muito simples o gozo de Deus, «já», mas «ainda não» na plenitude.
Ocorreu-me
então a seguinte comparação.
Quando
se é criança, por vezes deseja-se muito algo que sabemos poder esperar que os
nossos pais nos dêem. Por exemplo, uma bicicleta!
Um
dia então, perto do nosso aniversário ou do Natal, os nossos pais podem
dizer-nos que, se nos portarmos bem, teremos a tão desejada bicicleta.
O
incentivo leva-nos a tentar ter um comportamento irrepreensível, para podermos
alcançar aquilo que tanto desejamos.
Mas
mesmo antes do dia aprazado para a entrega do presente, já “vivemos” a
bicicleta, já dela usufruimos em pensamento, já com ela damos longos passeios,
já mesmo sem a ter vivemos momentos intensos de alegria e gozo, como se a pudéssemos
montar e pedalarmos por montes e vales em liberdade.
Ou
seja, de algum modo «já» vivemos a alegria, o gozo de ir ter algo que ainda não
temos, mas que «já» nos faz perceber que, se «ainda não» a tendo já é tão bom,
como será quando a tivermos!
Obviamente
que a comparação com o «já e ainda não» cristão é pobre, pois comparam-se
coisas mundanas com coisas de Deus.
Mas
a verdade é que este «já» cristão é vivido verdadeiramente por quem está em comunhão
com Deus e se faz, por Ele, comunhão com os outros.
Quantas
vezes não somos “atingidos” por momentos de intensa alegria e paz, quando
vivemos com Deus e para Deus?
Mas
mais ainda, porque se no caso da comparação da bicicleta o «já» é apenas imaginação,
na vivência cristã o «já» faz-se realmente presente em Igreja, nos Sacramentos,
muito especialmente na Eucaristia em que podemos viver realmente a presença do
Deus vivo, que se faz alimento para nós.
E
podemos também vivê-Lo no abraço sentido do irmão a quem ajudámos, no beijo
amoroso daquela ou daquele que amamos, dos filhos, graças de Deus, e em tantas,
tantas ocasiões em que Deus se faz presente, porque Ele está realmente no meio
de nós e em nós.
É
então, um «já» muito real, mas «ainda não» em plenitude, para sempre.
Mas
voltando à comparação da bicicleta, lembremo-nos que há uma condição para obter
o presente, e que é o nosso bom comportamento.
Para
alcançarmos a promessa contida no «ainda não» cristão, também há, se assim
quisermos dizer, uma condição, que é fazer a vontade de Deus.
Só
que o julgamento de Deus é repleto de um amor que nós não compreendemos, não
abarcamos, porque é misericordioso, e mesmo que tenhamos falhado algumas ou
muitas vezes em fazer a vontade d’Ele, basta o nosso arrependimento para que
tudo se concretize.
E
de tal maneira Ele nos ama que, alcançar a promessa contida no «ainda não»
cristão não depende só de nós, mas sim da sua imensa misericórdia, pois é graça
sua conceder-nos essa promessa, porque Ele nos conhece como nós não nos
conhecemos, e lê nos nossos corações aquilo que nós não sabemos ler.
Realmente,
se o gozo de Deus «já» é tão intenso, “produz” tanta alegria e tanta paz, o que
será então na concretização da promessa contida no «ainda não»?
Em
Ti, Senhor, creio, confio e espero.
Monte
Real, 18 de Julho de 2013
Joaquim
Mexia Alves
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