15/07/2013

Leitura espiritual para 15 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 25, 14-30

14 «Será também como um homem que, estando para empreender uma viagem, chamou os seus servos, e lhes entregou os seus bens. 15 Deu a um cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade, e partiu. 16 O que tinha recebido cinco talentos, logo em seguida, foi, negociou com eles, e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que tinha recebido dois, ganhou outros dois. 18 Mas o que tinha recebido um só, foi fazer uma cova na terra, e nela escondeu o dinheiro do seu senhor.1 9 «Muito tempo depois, voltou o senhor daqueles servos e chamou-os a contas. 20 Aproximando-se o que tinha recebido cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos, eis outros cinco que lucrei”. 21 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”. 22 Apresentou-se também o que tinha recebido dois talentos, e disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos, eis que lucrei outros dois”. 23 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”.24 «Apresentando-se também o que tinha recebido um só talento, disse: “Senhor, sei que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25 Tive receio e fui esconder o teu talento na terra; eis o que é teu”. 26 Então, o seu senhor disse-lhe: “Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei, e que recolho onde não espalhei. 27 Devias pois dar o meu dinheiro aos banqueiros e, à minha volta, eu teria recebido certamente com juro o que era meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos, 29 porque ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que tem. 30 E a esse servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO-SEGUNDO

CAPÍTULO XXIX

Dificuldades

Mas quem interpreta a palavra: “No princípio criou...” como se ela quisesse dizer:
“Primeiramente Deus criou...” – apenas pode entender, por céu e terra, se quiser se manter coerente à verdade, a matéria do céu e da terra, isto é, da criação universal, tanto espiritual como material.
Pois, se quiser referir-se com isso a um universo já inteiramente formado, seríamos levados a indagar-lhe: “Se Deus criou isso antes, o que criou depois?” – Depois de ter criado tudo, não encontrará mais nada para criar e, gostando ou não, ouvirá a pergunta: “Como é possível que Deus tenha criado isso primeiro, se nada criou depois?”
Se ele quer significar que Deus criou primeiro a matéria informe, e depois lhe deu forma, já não é uma tese absurda, desde que seja capaz de discernir a prioridade na eternidade, no tempo, na escolha, na origem.

Na eternidade: Deus antecede todas as coisas, no tempo: a flor precede o fruto, na escolha: o fruto vale mais do que a flor, na origem: o som precede o canto.
Dessas quatro prioridades, a primeira e a última dificilmente se compreendem, enquanto é bem fácil entender as outras duas. É de facto raro e dificultoso conceber a tua eternidade criando, mas conservando-se imutável, as coisas mutáveis e, por isso, antecedendo-as. E precisa ter uma inteligência penetrante para compreender, sem grande esforço, como o som antecede o canto, uma vez que o canto é o som organizado, e uma coisa pode muito bem existir sem forma, mas o que não existe não pode receber forma. Assim, a matéria é anterior ao que dela se forma. e não porque seja sua causa eficiente, pois também é objecto da criação, nem tampouco porque lhe seja anterior no tempo.
De facto, não emitimos em um primeiro instante, sons desarticulados e informes, para depois os ligarmos e formar uma melodia e um canto, como se faz com a madeira e a prata ao fabricarmos uma arca ou um vaso.
Com efeito, essas matérias precedem no tempo os objectos que delas são feitos.
Mas com o canto não é assim. Quando se canta ouve-se o som do canto: não há em primeiro lugar sons desorganizados, que depois assumem a forma de canto. Logo que ele soa, o som se desvanece, e não deixa de si nada que se possa coordenar com arte. Por conseguinte, o canto é formado de sons: o som é sua matéria e, para se transformar em canto, recebe uma forma.
A prioridade não se fundamenta num poder criador, porque o som não é o artífice do canto, mas é apenas posto pelo corpo à disposição da alma do cantor, para que dele faça um canto.
Nem se trata de prioridade temporal: o som é produzido ao mesmo tempo que o canto.
Tampouco se trata de prioridade de escolha: o som não é superior ao canto, pois o canto nada mais é que som, mas um som bonito.
Trata-se apenas de uma prioridade de origem, pois o canto não recebe forma para se tornar som, mas o som para se tornar canto.

Compreende-se por esse exemplo, que a matéria das coisas foi criada antes, e chamada de céu e terra, porque dela foram formados o céu e a terá. Não foi criada antes em sentido cronológico, porque o tempo só tem início com a forma das coisas, ora, a matéria era informe, e se tornou perceptível juntamente com o tempo. Todavia, nada se pode mencionar dessa matéria a não ser alguma prioridade temporal, embora ocupe a última posição na escala de valores, pois o que tem forma é evidentemente superior ao que é informe. Ou que foi precedida pela eternidade do Criador, que a fez para que fossem feitas do nada todas as coisas.

CAPÍTULO XXX

Espírito de caridade

Nessa diversidade de opiniões verdadeiras, que da própria verdade brote a concórdia!
Que o nosso Deus tenha compaixão de nós, para que usemos legitimamente da lei segundo o preceito que tem por fim a caridade pura.
Por isso, se me perguntarem qual dessas opiniões foi a do teu servo Moisés, eu não seria coerente com minhas confissões se não te confessasse que o ignoro.
Sei, contudo, que essas opiniões são verdadeiras, a não meras interpretações materialistas, sobre as quais já disse tudo o que pensava. São como meninos esperançosos, aqueles que não temem as palavras do teu Livro, tão profundas na sua humildade, tão eloquentes na sua concisão. Mas nós todos que, eu o declaro, distinguimos e dizemos a verdade sobre tais palavras, amemo-nos uns aos outros, e amemos igualmente a ti, nosso Deus, fonte da Verdade, pois temos sede, não de fantasias, mas da própria Verdade. Honremos o teu servo, que nos legou a tua Escritura, cheio do teu espírito, e estejamos certos que, ao escrever as palavras que lhe revelaste, ele teve em mira as revelações mais salientes da verdade e seus frutos proveitosos.

CAPÍTULO XXXI

O Gênesis e seu autor

Assim, quando alguém me diz: “O pensamento de Moisés é o meu” – e outro diz: “Não, ele pensou como eu” – parece-me mais consoante ao espírito religioso dizer: “Por que não admitir ambos os pontos de vista, se ambos são verdadeiros?”
E se alguém descobrir um terceiro, um quarto sentido, e outros mais, desde que sejam verdadeiros, por que não acreditar que Moisés viu todos eles, ele por cujo intermédio o Deus único adaptou as Escrituras à inteligência da multidão, que deveria descobrir-lhe significados diversos e verdadeiros?
Por mim, digo-o sem hesitar e do fundo do coração: se, investido da mais alta autoridade, tivesse algo a escrever, preferiria fazê-lo de modo a que minhas palavras proclamassem tudo o que cada um pudesse conceber de verdadeiro sobre isso, em vez de propor um significado único e claro que excluísse todos os demais, cuja falsidade não me pudesse ofender. E também não quero, meu Deus, ser tão temerário ao ponto de acreditar que esse grande homem não mereceu de ti essa graça.
Moisés, redigindo esses textos, pensou, concebeu todas as verdades que já fomos capazes de encontrar, e também as que não o pudemos, mas que podem ser descobertas.

CAPÍTULO XXXII

Oração

Enfim, Senhor, tu que és Deus, e não carne e sangue, se um homem não pôde ver tudo por completo, poderia teu Espírito bom, que me deve conduzir à terra da retidão, desconhecer algo do que tencionavas revelar por essas palavras a seus leitores vindouros, apesar de teu mensageiro não entender senão um dos numerosos sentidos verdadeiros?
Se assim é, o sentido que ele pensou era o mais elevado de todos. Mas revela-nos a nós, Senhor, esse sentido ou algum outro que for do teu agrado e real, e quer nos mostres o mesmo sentido que ao homem de Deus, quer seja outro, inspirado pelas mesmas palavras, alimenta o nosso espírito, guarda-nos da ilusão do erro.
Eis, Senhor meu Deus!
Quantas páginas escrevi sobre tão poucas palavras!
Deste modo, minhas forças e o meu tempo serão suficientes para examinar todos os teus livros?
Permite-me, pois, abreviar as minhas confissões e adoptar uma única interpretação, que me farás escolher como verdadeira, certa e boa, entre as muitas outras que me poderão ocorrer.
Que a minha confissão seja fiel o bastante para que eu tenha exactidão ao exprimir o pensamento do teu servo, pois para tal me esforçarei, e, se não o conseguir, que eu pelo menos diga o que a tua Verdade me quis dizer por suas palavras, como ela disse a Moisés o que lhe aprouve.

LIVRO DÉCIMO-TERCEIRO

CAPÍTULO I

Invocação

Eu te invoco, ó meu Deus, minha misericórdia, que me criaste, e que não olvidaste aquele que te esqueceu. Chamo-te à minha alma, que preparas para te receber fazendo-te desejar por ela.
Não abandones ao que te invoca. Antes mesmo que eu te invocasse, já o tinhas prevenido.
Muitas vezes me instaste, falando de mil modos diversos para que te ouvisse de longe, para que me convertesse e invocasse por ti que me chamavas.
Senhor, apagaste todos os meus delitos para não ter de punir o que fizeram as minhas iníquas mãos, e te antecipaste a meus actos meritórios para me recompensar do que fizeram as tuas mãos, que me criaram, de facto, existias antes de mim, e eu não era digno de receber de ti o ser.
Contudo, eis que existo, graças à tua bondade que precedeu tudo o que sou e do que me fizeste. Não tinhas necessidade de mim, eu não sou um bem que te possa ser útil, meu Senhor e meu Deus. Se estou a teu serviço, não é porque a acção te cansa ou porque teu poder, privado de meus serviços, diminua, nem porque o meu culto seja para ti o que é a cultura para a terra, que sem ela ficaria estéril. Eu devo honrar-te para ser feliz em ti, a quem devo o meu ser, capaz de felicidade.

CAPÍTULO II

A criação e a bondade de Deus

É pela plenitude da tua bondade que as criaturas subsistem, para que um bem, para ti de todo inútil, ou de nenhum modo igualável a ti, embora saído de ti, continuasse a existir, pois tu o criaste.
Com efeito, que poderiam merecer de ti o céu e a terra, que criaste no princípio?
E digam, as naturezas espirituais e corpóreas, que méritos tinham a teus olhos, que as criaste em tua Sabedoria?
Que méritos, para receber de ti o ser, que mostram inacabado e informe, quando tendem à desordem e se afastam de tua semelhança?
O que é de natureza espiritual, mesmo informe, é ainda superior a um corpo que recebeu forma, um corpo sem forma é superior ao puro nada, ora, todas essas coisas continuariam informes em teu Verbo, se essa mesma palavra não as recolhesse à tua Unidade, comunicando-lhes a forma e a excelência graças apenas a ti, soberano Bem. Mas que merecimentos antecipados apresentaram a teus olhos, para existir mesmo informes essas criaturas que, sem que as criasses nem teriam existido?
E o que a matéria corporal merecera de ti para existir, mesmo invisível e caótica?
Nem mesmo essa existência teria, se não as tivesses criado. Não existindo ainda, não podia ter merecimento algum para existir. E a criatura espiritual, ainda no estado embrionário, que títulos teria, mesmo para ser essa coisa vagante e tenebrosa, semelhante ao abismo, diferente de ti, se pelo teu Verbo não fosse conduzida ao mesmo Verbo que a criou e se, iluminada por ele, também não se transformasse em luz, não igual, mas análoga à tua imagem?
Para um corpo, não é a mesma coisa existir e ser belo, pois de outro modo não poderia viver e viver sabiamente não são a mesma coisa, porque, se fosse, todo espírito seria imutável em sua sabedoria.
Mas o seu bem reside em se manter unido a ti, para não perder, afastando-se, a luz que adquiriu com a tua proximidade, tornando a cair em uma vida semelhante a um abismo de trevas.
E também nós, que pela nossa alma somos criaturas espirituais, nós nos afastamos de ti, nossa luz, nós fomos outrora trevas nesta vida e ainda padecemos por entre os restos de nossas trevas, até que nos tornamos a tua justiça em teu Filho único, como as montanhas de Deus. Pois fomos objectos dos teus juízos, que são profundos como abismos.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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