Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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23 «Então, se alguém vos disser: “Eis, aqui está o
Cristo”, ou “ei-lo acolá”, não deis crédito, 24 porque se levantarão
falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal
modo que, se fosse possível, até os escolhidos seriam enganados. 25
Eis que Eu vos previno. 26 Se, pois, vos disserem: “Eis que ele está
no deserto”, não vades lá; “ei-lo no lugar mais retirado da casa”, não deis
crédito. 27 Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e brilha
até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. 28 Onde
estiver um cadáver aí se ajuntarão as águias. 29 «Logo depois da tribulação
daqueles dias, o sol escurecer-se-á, a lua não dará a sua luz, as estrelas
cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. 30 Então
aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu, e todos os povos da terra baterão
no peito, e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder
e majestade. 31 Mandará os Seus anjos com poderosas trombetas, e
juntarão os Seus escolhidos dos quatro ventos, de um extremo dos céus ao outro.
32 Compreendei isto por uma comparação tirada da figueira: Quando os
seus ramos estão tenros e as folhas brotam, sabeis que está próximo o Verão; 33
assim também quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está para
breve, está às portas. 34 Em verdade vos digo que não passará esta
geração, sem que se cumpram todas estas coisas. 35 O céu e a terra
passarão, mas as Minhas palavras não hão-de passar. 36 «Quanto
àquele dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só
o Pai. 37 Assim como aconteceu nos dias de Noé, assim será também a
segunda vinda do Filho do Homem. 38 Nos dias que precederam o
dilúvio os homens comiam e bebiam, casavam-se e casavam os seus filhos, até ao
dia em que Noé entrou na arca, 39 e não souberam nada até que veio o
dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem.
40 «Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e o outro
será deixado. 41 De duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma
será tomada e a outra deixada.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO
DÉCIMO-SEGUNDO
CAPÍTULO XVIII
Outras
interpretações
Ouço e considero
todas essas teorias, mas não quero discutir por questões de palavras, o que não
serve para nada, senão para a confusão dos ouvintes. Pelo contrário, a lei é
boa para a edificação se dela se faz uso legítimo, porque sua finalidade é a
caridade que nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé não
fingida. Nosso Mestre sabe quais dos dois preceitos em que resumiu toda a lei e
os profetas.
A mim, que
observo com zelo tais preceitos, ó meu Deus, luz de meus olhos na escuridão,
que me importa que possa que possa encontrar sentidos diferentes para essas
palavras, se todos são verdadeiros?
Que me
interessa, digo eu, que outros compreendam o texto de Moisés de modo diferente
do meu?
Nós todos que o
lemos procuramos indagar e compreender o pensamento do autor. E como o julgamos
verídico, não ousamos admitir que ele pusesse dizer o que sabemos ou o que
consideramos falso.
Assim, nos
esforços que fazemos para compreender, na Escritura Sagrada, a ideia que o escritor
quis transmitir, onde está o mal se o leitor interpreta o sentido que tu, Luz
de todas as inteligências sinceras, lhe fazes parecer verdadeiro, embora talvez
não tenha sido este o pensamento do autor?
E considerando
que ele, pensando de outra maneira, só pensou verdades?
CAPÍTULO XIX
A verdade
A verdade,
Senhor é que criaste o céu e a terra. A verdade é que o princípio é tua Sabedoria,
em que criaste todas as coisas. É também verdade que este mundo visível se
compõe de duas grandes partes, o céu e a terra, síntese de todas as realidades
criadas.
É ainda verdade que
tudo o que é mutável sugere a nosso pensamento a ideia de algo informe,
susceptível de tomar forma, de mudar e de se transformar.
A verdade é que
um ser tão intimamente unido a uma forma mutável que, embora sujeito em si a
mudanças, nunca se transforma, não está sujeito ao tempo.
A verdade é que
a massa sem forma, que é quase o nada, não pode conhecer as vicissitudes do
tempo.
A verdade é que
a matéria que constitui uma coisa, se assim podemos falar, toma o nome dessa
coisa, e portanto, podemos chamar de céu e de terra a essa massa informe com a
qual foram feitos o céu e a terra.
A verdade é que,
de tudo o que recebeu forma, nada se aproxima mais do informe que a terra e o abismo.
A verdade é que
não apenas tudo o que foi criado e formado, mas ainda tudo o que possa ser
criado se origina de ti, tu que és o autor de tudo que existe.
A verdade é que
tudo o que é formado a partir do informe, primeiro é informe, e depois recebe
forma.
CAPÍTULO XX
O princípio e
suas interpretações
Todas essas
verdades, das quais não duvidam os que de ti receberam a graça de ver com os
olhos da alma, e que crêm firmemente que teu servo Moisés falou em espírito de
verdade, há quem dê esta interpretação: “No princípio Deus criou o céu e a
terra” – isto é, Deus criou, em seu Verbo, que lhe é coeterno, o mundo racional
e sensível, ou espiritual e corporal.
Outro diz: “No princípio
Deus criou o céu e a terra” – isto é, Deus criou em seu Verbo, que lhe é
coeterno, toda a massa do mundo corpóreo, com tudo o que contém de realidades,
manifestamente conhecidas.
Um terceiro diz:
“No princípio Deus criou o céu e a terra” – isto é, Deus criou em seu Verbo,
que lhe é coeterno, a matéria informe das criaturas espirituais e corporais.
Outro afirma:
“No princípio Deus criou o céu e a terra” – isto é, Deus criou a matéria
informe das criaturas corporais, onde estavam ainda confundidos o céu e a
terra, que agora distinguimos na massa do universo, com suas formas bem
distintas e determinadas.
Um último diz:
“No princípio Deus criou o céu e a terra” – isto é, desde que começou a agir, Deus
criou a matéria informe, onde estavam contidos confusamente em potencial o céu
e a terra, que depois receberam forma própria, e que agora nos aparecem com
tudo o que neles existe.
CAPÍTULO XXI
A terra
invisível
O mesmo ocorre
em relação à interpretação das palavras que se seguem. Entre essas, todas
verdadeiras, cada um escolhe uma.
Este diz: “A
terra era invisível e caótica, e as trevas se estendiam sobre o abismo” – isto
é, essa massa corpórea, que Deus fez, era a matéria ainda sem forma, sem ordem,
sem luz, das coisas corpóreas.
Outro diz: “A
terra era invisível e caótica, e as trevas se estendiam sobre o abismo” – isto é,
esse conjunto que chamamos de terra e céu era a matéria ainda informe e
tenebrosa, da qual seriam tirados o céu e a terra corpóreos, com tudo o que
nossos sentidos físicos neles percebem.
Outro diz: “A
terra era invisível e caótica, e as trevas se estendiam sobre o abismo” – isto e´,
esse conjunto que chamamos de céu e de terra era a matéria ainda informe e
tenebrosa, donde seriam feitos o céu inteligível, noutros termos, o céu do céu,
e a terra, isto é, toda natureza corpórea, nela incluindo o céu material, ou
seja, a matéria de toda criatura visível e invisível.
Outro diz: “A
terra era invisível e caótica, e as trevas se estendiam sobre o abismo” – isto é,
não quis a Escritura chamar à massa informe de céu e de terra, porque ela já
existia, é dessa massa que ela chamou de terra invisível, caótica, abismo de
trevas, é dela, que Deus criou o céu e a terra, isto é, a criatura espiritual e
a corporal.
E outro ainda:
“A terra era invisível e caótica, e as trevas se estendiam sobre o abismo” – isto
é, já existia uma matéria informe, da qual a Escritura diz que Deus criou o céu
e a terra, toda a massa corporal do mundo, dividido em duas grandes partes, uma
superior, outra inferior, com todas as criaturas nelas existentes e que nos são
familiares.
CAPÍTULO XXII
Objeções
Mas a essas
últimas opiniões alguém poderia opor a seguinte objeção: “Se não quereis dar o
nome de céu e terra à matéria informe, havia então alguma coisa não criada por
Deus, e de que ele se serviria para criar o céu e a terra.
De facto, a
Escritura, não diz que Deus criou essa matéria, a menos que consideremos que
seja ela o que chama céu e terra quando diz: “No princípio Deus criou o céu e a
terra” – No que se segue: “A terra era invisível e informe” – ainda que a
Escritura quisesse designar assim a matéria informe, nós apenas poderíamos
entender com isso a matéria criada por Deus, conforme está escrito: “Criou o
céu e a terra” – Aos que sustentam as duas últimas opiniões que acabamos de
expor, ou de uma das duas, respondem assim:
“Não negamos que
esta matéria informe seja obra de Deus, de quem procede tudo o que é bom.
De facto afirmamos
ser um bem superior o que é criado e plenamente formado, mas também dizemos que
aquilo que é passível de ser criado e receber forma, embora seja um bem
inferior, é ainda um bem.
A Escritura não
menciona a criação por Deus dessa matéria informe, mas deixa também de falar de
muitas outras coisas, como, por exemplo, da criação dos querubins, dos
serafins, dos tronos, das dominações, dos principados, das potestades, todas
criaturas que o Apóstolo menciona claramente, e que Deus evidentemente criou.
Se as palavras:
“Deus criou o céu e a terra” – compreendem todas as coisas, que diremos das
águas sobre as quais pairava o Espírito de Deus?
Se pretendemos
que sejam parte do que designa a palavra terra, como conceber por isso uma
matéria informe, quando vemos as águas tão belas?
E, por outro
lado, por quê está escrito que dessa matéria informe foi criado o firmamento,
chamado de céu, quando não se faz menção da criação das águas?
Pois as águas
que vemos correr com harmoniosa beleza e não são nem informes, nem invisíveis!
E se elas receberam a sua beleza quando Deus disse: “Que se reúnam as águas que
estão sob o firmamento! – e se nessa reunião receberam sua formação, que dizer
das águas que estão acima do firmamento?
Informes, elas
não teriam merecido lugar tão honroso, nem é referido com que palavras foram
formadas.
Assim, se o Génesis
é omisso quanto à criação de certas coisas, criação essa que está acima de
dúvidas para uma fé sadia e uma inteligência segura, e se nenhuma doutrina
racional ousa sustentar que essas águas são coeternas a Deus, pelo facto de as
vermos mencionadas no Gênesis sem a menção do momento de sua criação, por que
haveríamos de aceitar, à luz da verdade, que essa matéria informe, que a
Escritura chama de terra invisível e desordenada e de abismo tenebroso, foi
feita por Deus do nada e por isso não é coeterna a Deus, embora a narração da
Escritura tenha deixado de referir o momento em que foi criada?
CAPÍTULO XXIII
A opinião de
Agostinho
Ouço e medito
essas opiniões na medida do meu fraco entendimento, que confesso a Deus, embora
ele bem o conheça. Vejo que se podem originar duas espécies de opiniões sobre um
testemunho de interprete fidedigno.
Uma é relativa à
veracidade das coisas, e outra à intenção daquele que as enuncia.
Procurar
conhecer a verdade sobre a criação é uma coisa, procurar saber o que Moisés,
grande servo da tua lei, quis o que o leitor ou ouvinte entendessem das suas palavras,
é outra.
Quanto à
primeira opinião, longe de mim todos os que têm como verdades os seus erros!
Quanto à
segunda, longe de mim todos os que julgam falsidade o que Moisés disse.
Possa eu unir-me
em ti, alegrar-me em ti, Senhor, com aqueles que se alimentam de tua verdade na
imensidão da caridade.
Aproximemo-nos
juntos das palavras de teu Livro, procurando tua vontade nas intenções de teu
servo, a cuja pena as revelaste.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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