Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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23 Naquele mesmo dia foram ter com Ele os saduceus,
que negam a ressurreição, e interrogaram-n'O, 24 dizendo: «Mestre,
Moisés disse: “Se morrer algum homem sem ter filhos, case-se o seu irmão com a
mulher dele, e dê descendência a seu irmão”. 25 Ora havia entre nós
sete irmãos. O primeiro, depois de casado, morreu, e, não tendo descendência,
deixou a mulher ao irmão. 26 O mesmo sucedeu ao segundo e ao
terceiro, até ao sétimo. 27 Depois de todos, morreu também a mulher.
28 Na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, porque todos
foram casados com ela?». 29 Jesus, respondeu-lhes: «Errais, e não
compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus. 30 Porque na
ressurreição, nem os homens terão mulheres, nem as mulheres maridos, mas serão
como os anjos de Deus no céu. 31 Acerca da ressurreição dos mortos,
não lestes o que Deus vos disse: 32 “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus
de Isaac, e o Deus de Jacob”? Ora Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos». 33
As multidões, ouvindo isto, admiravam-se com a Sua doutrina. 34 Os
fariseus, tendo sabido que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se.
35 E um deles, doutor da Lei, querendo pô-l'O à prova,
perguntou-Lhe: 36 «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». 37
Jesus disse-lhe: «”Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a
tua alma, com todo o teu entendimento”. 38 Este é o maior e o
primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a este: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”. 40 Destes dois mandamentos depende toda a
Lei e os Profetas».
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
LIVRO DÉCIMO-
PRIMEIRO
CAPÍTULO XXVI
O tempo,
distensão da alma
Acaso minha alma
não foi sincera confessando-te que posso medir o tempo?
De facto, meu Deus,
eu meço-o, e não sei o que meço.
Meço o movimento
dos corpos com o auxílio do tempo, e não poderei medir o tempo do mesmo modo?
E poderia eu
medir o movimento de um corpo, a sua duração, o tempo que gasta para ir de um
lugar a outro, sem medir o tempo em que se move?
Mas o tempo em
si, com que o poderei medir?
É com um tempo
mais curto que medimos um mais longo, como medimos uma viga com o côvado?
Do mesmo modo
medimos a duração de uma sílaba longa com a duração de uma sílaba breve, dizendo
que uma é o dobro da outra. Do mesmo modo medimos a extensão de um poema pelo
número de versos, a extensão dos versos pelo número de pés, a extensão dos pés
pelo número de sílabas, a duração das sílabas longas pela duração das breves.
Não é pelas páginas dos livros que fazemos esse cálculo, o que seria medir o
espaço e não o tempo. Conforme as palavras passam e as pronunciamos, dizemos:
“Eis um poema longo, porque se compõe de tantos versos, esses versos são
longos, porque são formados por tantos pés, esses pés são longos, porque se
estendem por tantas sílabas, esta sílaba é longa, porque é o dobro de uma
breve”.
Todavia, não
conseguimos uma medida exacta do tempo, pode acontecer que um verso mais curto,
se pronunciado mais lentamente, se estenda por mais tempo que um verso mais longo,
recitado depressa. O mesmo acontece com um poema, um pé, uma sílaba.
Por esse motivo
é que o tempo me pareceu não ser nada mais que uma extensão.
Mas extensão de
quê?
Não saberia dizê-lo
ao certo, seria de admirar que não fosse extensão da própria alma. portanto, diz-me
, meu Deus, que é o que meço quando digo um tanto vagamente:
“Este tempo é
mais longo do que aquele” – ou mais exactamente: “Este tempo é o dobro daquele?
– Meço o tempo,
eu sei, mas não o futuro, que ainda não existe, nem o presente, porque não tem
duração, nem o passado, porque não existe mais.
Que meço eu
então?
Acaso o tempo
que passa, e não o tempo passado, como disse acima?
CAPÍTULO XXVII
A medida do
passado
Insiste, ó minha
alma, e presta grande atenção: Deus é nosso apoio. Ele é que nos criou, e não
nós. Olha para lá, par o lado onde desponta a aurora da verdade.
Eis, por
exemplo, que uma voz corpórea começa a ressoar, e soa, e continua vibrando e deixar
de soar, faz-se silencio, a voz calou-se, passou e deixa de existir.
Antes de soar,
era futura, e não podia ser medida, pois ainda não existia, e agora também não
o pode, porque já não existe mais. Só poderíamos medi-la quando ressoava,
porque então havia o que medir. Mas mesmo então não era estável, porque vinha e
passava.
E não seria isso
que a tornava mensurável?
Porque enquanto
passava, estendia-se por um espaço de tempo que a tornava capaz de ser medida,
porque o presente não tem duração alguma.
Admitamos que
foi possível medi-la, eis, suponhamos agora, uma outra voz que começa a fazer-se
ouvir, ela vibra de modo contínuo, sem nenhuma interrupção. Meçamo-la enquanto
vibra, porque no momento em que deixar de vibrar será passada, e já não poderá
ser medida. Meçamo-la, então, e avaliemos sua duração. Mas ela vibra ainda, e
só pode ser medida depois do início do fenómeno, quando começa a vibrar, até ao
seu fim, quando deixa de vibrar. Porque é precisamente o intervalo que separa
um começo de um fim que nós medimos. Por isso, uma voz, que ainda não terminou
de ressoar, escapa à medida: é impossível dizer se ela será longa ou breve, se
é igual a outra, simples ou dupla, ou qual a relação que tem com essa outra.
Mas quando terminar de soar, deixará de existir.
Como, então,
poderemos medi-la?
De facto,
medimos o tempo, mas não o tempo que ainda não existe, nem o que já não existe,
nem o que não tem duração alguma, nem o que está passando. Não é, portanto, nem
o futuro, nem o passado, nem o presente, nem o que não tem limites que medimos:
e, contudo, medimos o tempo.
Deus creator
omnium (Deus, criador de tudo
quanto existe): este verso é formado de oito sílabas, alternativamente breves e
longas.
As quatro
breves, a primeira, a terceira, a quinta e a sétima – são simples em relação às
quatro longas: a segunda, a quarta, a sexta e a oitava.
Cada sílaba longa
tem uma duração duas vezes maior que a breve. Eu pronuncio e percebo que é assim
pelo testemunho claro dos meus sentidos. E por esta, testemunho que é
fidedigno, meço uma longa por uma breve, e noto que ela a contém duas vezes.
Mas como uma
sílaba só se faz ouvir depois da outra, se a breve vem primeiro, e a longa a seguir,
como poderei reter a breve, como aplicá-la à longa, para compará-las e ver que
esta contém aquela duas vezes, uma vez que a longa só começa a soar quando a
breve deixou de se ouvir?
E a própria
sílaba longa, não me é possível medi-la enquanto está soando, porque eu só poderia
medi-la quando se calasse. Mas ela, ao terminar, passou.
Que é pois o que
eu meço?
Onde está a
breve, que seria minha medida?
Onde está a
longa, que meço?
Apenas vibraram,
foram-se, passaram, e não existem mais. Não obstante, eu meço-as e respondo com
a segurança que me pode dar um sentido bem educado, que evidentemente uma é de
duração simples e a outra dupla. Mas só poderei fazê-lo depois que ambas passaram
e terminaram.
Logo, eu não
meço as sílabas, que não existem mais, mas algo que permanece gravado na minha
memória.
É em ti, meu
espírito, que meço o tempo. Não me objectes nada, pois é assim. Não te perturbes
com as ondas desordenadas de tuas emoções. É em ti, digo, que meço o tempo. A impressão
que em ti gravam as coisas em sua passagem, perduram ainda depois que os factos
passam.
O que eu meço é
esta impressão presente, e não as vibrações que a produziram e se foram. É ela
que meço quando meço o tempo. Portanto, ou essa impressão é o tempo, ou eu não meço
o tempo.
Mas quando
medimos silêncios, e dizemos que o silêncio teve a mesma duração que certa palavra,
não estamos dirigindo nossa a atenção para a medida dessa palavra, como se
ainda pudéssemos ouvi-la, para podermos avaliar no espaço de tempo, o intervalo
do silêncio?
Com efeito, por
vezes, sem abrir a boca ou dizer palavra, fazemos mentalmente poemas, versos, discursos,
avaliamos a extensão do seu movimento, a sua duração, uns em relação aos
outros, exatamente como se usássemos a voz.
Se alguém
quisesse pronunciar um som prolongado, e regular antecipadamente, em pensamento,
a sua duração, estima em silêncio a medida dessa duração e, confiando à
memória, começa a emitir o som, que vibra até atingir o limite fixado. Ou
melhor: esse som vibrou e vibrará, porque a parte que passou soou, a que ainda
resta, soará e chegará a seu fim. A atenção presente vai lançando o futuro para
o passado, e o passado cresce com a diminuição do futuro, até que, esgotado o
futuro, não haja mais que passado.
CAPÍTULO XXVIII
A medida do
futuro
Mas o futuro,
que ainda não existe, como pode diminuir ou consumir-se?
E o passado, que
já não existe, como pode aumentar, a não ser por existirem no espírito, autor
dessas três transformações: a espera, a atenção e a lembrança?
O objecto da sua
espera passa pela atenção e se transforma em lembrança.
De facto, quem
ousará negar que o futuro ainda não existe?
Todavia, a
espera do futuro já está no espírito.
E quem poderá
negar que o passado não mais existe?
Contudo, a
lembrança do passado ainda está no espírito.
Enfim, haverá
alguém que negue que o presente carece de duração, porque é um instante que
passa?
No entanto,
perdura a atenção, diante da qual o seu objecto presente continuamente se
retira. O futuro, portanto, não é longo, porque não existe.
Um futuro longo
seria apenas uma longa espera do futuro. Nem pode ser longo o passado, que também
não existe. Um passado longo é uma longa lembrança do passado.
Digamos que eu
queira cantar uma canção que conheço: antes de iniciar, a minha expectativa estende-se
pela melodia como um todo. Quando começo, tudo o que vira passado é armazenada
na memória. A actividade do meu espírito divide-se em memória, onde guardo o
que já disse, e em expectativa em relação ao que vou dizer. Contudo, a atenção
está presente, e por seu intermédio o futuro torna-se passado. Quanto mais se
aproxima o fim da canção, tanto menos se torna a expectativa e tanto maior a
memória, até que aquela se esgota e a acção cumprida passa inteiramente para a
memória.
E o que acontece
com a canção tomada em seu conjunto, também ocorre com cada uma de suas partes,
com cada sílaba, e também acontece com uma acção mais longa, da qual essa melodia
talvez faça parte.
O mesmo acontece
com toda a vida do homem, da qual seus actos são partes.
Sucede, enfim,
com toda a história dos filhos do homem, da qual cada existência é apenas uma
parte.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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