08/07/2013

Leitura espiritual para 08 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 22, 1-22

1 Jesus, tomando a palavra, voltou a falar-lhes em parábolas, 2 dizendo: «O Reino dos Céus é semelhante a um rei, que preparou o banquete de bodas para seu filho. 3 Mandou os seus servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram ir. 4 Enviou de novo outros servos, dizendo: “Dizei aos convidados: Eis que preparei o meu banquete, os meus touros e animais cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às núpcias”. 5 Mas eles desprezaram o convite e foram-se, um para a sua casa de campo e outro para o seu negócio. 6 Outros lançaram mão dos servos que ele enviara, ultrajaram-nos e mataram-nos. 7 «O rei, tendo ouvido isto, irou-se e, enviando os seus exércitos, exterminou aqueles homicidas, e incendiou-lhes a cidade. 8 Então disse aos servos: “As bodas, com efeito, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. 9 Ide, pois, às encruzilhadas dos caminhos e a quantos encontrardes convidai-os para as núpcias”. 10 Tendo saído os seus servos pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala das bodas ficou cheia de convidados.11 «Entrando depois o rei para ver os que estavam à mesa, viu lá um homem que não estava vestido com o traje nupcial.12 E disse-lhe: “Amigo, como entraste aqui, não tendo o traje nupcial?”. Ele, porém, emudeceu. 13 Então o rei disse aos seus servos: “Atai-o de pés e mãos e lançai-o nas trevas lá de fora, aí haverá choro e ranger de dentes. 14 Porque são muitos os chamados mas poucos os escolhidos”». 15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como O surpreenderiam no que falasse. 16 Enviaram seus discípulos juntamente com os herodianos, a dizer-Lhe: «Mestre, nós sabemos que és sincero, e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem dar preferência a ninguém, porque não olhas às condições das pessoas. 17 Diz-nos, pois, o Teu parecer: é lícito ou não dar o tributo a César?». 18 Jesus, conhecendo a sua malícia, disse: «Porque Me tentais, hipócritas? 19 Mostrai-Me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário. 20 E Jesus disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». 21 Responderam: «De César». Então disse-lhes: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». 22 Tendo ouvido isto, ficaram eles admirados e, deixando-O, retiraram-se.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO- PRIMEIRO

CAPÍTULO XXI

A medida do tempo

Disse há pouco que medimos o tempo que passa, de modo que podemos afirmar que um lapso de tempo é o dobro de outro, ou igual, e apontar entre os intervalos de tempo outras relações, mediante esse processo comparativo. Portanto, como eu dizia, medimos o tempo no momento em que passa.
E se me perguntarem: Como o sabes? – eu responderia: Sei porque o
medimos, e porque é impossível medir o que não existe, ora, o passado e o futuro não existem.

Quanto ao presente, como podemos medi-lo, se não tem duração?

Portanto, só podemos medi-lo enquanto passa, e quando passou, não o medimos mais, porque não há mais nada a mentir.

Mas de onde se origina, por onde passa, para onde vai o tempo quando o medimos?
De onde vem senão do futuro?
Por onde passa, senão pelo presente?
Para onde vai senão para o passado?
Nasce pois do que ainda não existe, atravessa o que não tem duração, e corre para o que não existe mais.
No entanto, o que é que medimos, senão o tempo relacionado ao espaço?
Quando dizemos de um tempo que é simples, duplo, ou triplo, ou igual, ou quando formulamos qualquer outra relação dessa espécie, nada mais fazemos do que medir espaços de tempo.
Em que espaço medimos então o tempo no momento em que passa? No futuro, talvez, donde procede?
Mas o que ainda não existe não pode ser medido.
Será no presente, por onde ele passa?
Mas, como medir o que não tem extensão?
Será no passado, para onde caminha?
Mas o que não existe mais escapa à qualquer medida.

CAPÍTULO XXII

O enigma

Minha alma inflama-se no desejo de deslindar este enigma tão complicado!
Senhor, meu Deus, meu bom Pai, eu to suplico por Cristo, não queiras tolher o meu desejo a solução de tais problemas, tão familiares mas tão obscuros, permite que eu os penetre, e faze com que a luz de tua misericórdia os ilumine, Senhor!
A quem poderia eu consultar sobre isso?
A quem confessaria a minha ignorância com mais proveito do que a ti, que não se despraz com o forte zelo que me inflama pelas tuas Escrituras?

Concede-me o que amo, pois este amor é um dom teu. Dá-me, ó Pai,
esta graça, tu que sabes presentear com boas dádivas a teus filhos. Concede-me essa luz, porque determinei conhecê-las, e meu esforço será rude até que me reveles esses mistérios. Eu to suplico, por Cristo, em nome do Santo dos Santos, que ninguém perturbe a minha investigação.
Acreditei, e por isso falo. A minha esperança, a esperança pela qual vivo, é contemplar as delícias do Senhor. Eis que tornaste velhos os meus dias, e eles passam, não sei como.
Nós só falamos de tempo, e de tempo, e de tempos e de tempos. Quanto tempo esse homem falou?
Quanto tempo demorou para fazê-lo?
Há quanto tempo não vejo isto?
A duração desta sílaba é o dobro daquela, que é breve. Assim nos expressamos e assim ouvimos, e todos nos compreendem, e nós compreendemos. São palavras claras e de uso corrente, mas encerram mistérios, e compreendê-las requer melhor análise.

CAPÍTULO XXIII

O tempo e o movimento

Ouvi um homem instruído dizer que o tempo é nada mais do que o movimento do sol, da lua e dos astros. Não concordo.
Por que não seria então o tempo o movimento de todos os corpos?
Se os astros passassem, e a roda de um oleiro continuasse a rodar, deixaria acaso de existir tempo para medir suas voltas?
Como poderíamos dizer que elas se davam a intervalos iguais, ou ora mais rápida, ora mais lentamente, e que umas demoravam mais e outras menos?
E, dizendo isto, não estaríamos falando do tempo?
Não haveria mais nas nossas palavras sílabas longas e breves, porque umas ressoam por mais tempo e outras por menos tempo?

E tu, Deus, concede aos homens que percebam, que reconheçam neste modesto exemplo, o que as coisas grandes e pequenas têm em comum. Há astros e luminares celestes que nos servem de sinais e marcam as estações, os dias e os anos. Isso é verdade, todavia, como eu jamais diria que a volta realizada por aquela roda de madeira representa o dia, nem o sábio cuja opinião transcrevo poderia afirmar que a volta da roda não representa o tempo.
O meu desejo é conhecer a natureza e a essência do tempo, com que medimos os movimentos dos corpos, e nos autoriza a dizer, por exemplo, que um movimento dura duas vezes mais que outro. O que chamamos de dia não é apenas o tempo todo o percurso de oriente a
oriente, e que nos faz dizer: “Passaram-se tantos dias” – entendendo por isso também as noites, que não são enumeradas separadamente. Portanto, já que o dia se completa pelo movimento do sol e o círculo que ele cumpre a partir do oriente, pergunto eu se o dia é o próprio movimento ou se é o tempo que dura esses movimentos, ou ambas as coisas.
Na primeira hipótese, teríamos um dia mesmo se o sol fizesse seu percurso no intervalo de uma hora. Na hipótese da duração, não haveria dia se o sol fizesse seu percurso no breve espaço de uma hora, e o sol deveria cumprir vinte e quatro vezes o seu percurso para formar um dia.
Diremos então que o movimento do sol, e a duração desse movimento, é que fazem o dia?
Mas então não se poderia chamar de dia se o sol efectuasse o seu percurso no lapso de uma hora, mais do que se, parando o sol o seu percurso, passasse o mesmo tempo que é necessário habitualmente
ao sol para completar a sua revolução de uma manhã a outra.
Portanto, não mais buscarei conhecer em que consiste o dia, mas em que consiste o tempo, que usamos para medir o percurso do sol. Usando tal medida, diríamos que o sol gastara em seu giro a metade do tempo habitual, se o tivesse completado em um lapso de doze horas. E, comparando essas duas durações, diríamos que uma é o dobro da outra, mesmo que o sol demorasse umas vezes o tempo simples, outras o tempo duplo para ir de oriente para oriente.

Ninguém, portanto, me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes.

Quando a oração de um homem fez parar o sol para concluir vitoriosamente a batalha, o sol estava imóvel, mas o tempo caminhava, e a batalha terminou no espaço de tempo que lhe era necessário.
Veja, pois, que o tempo é uma espécie de extensão. Mas eu vejo-o, ou apenas tenho a impressão de vê-lo?

Só tu mo demonstrarás, ó Luz, ó Verdade!


CAPÍTULO XXIV

O tempo, medida do movimento

Queres que eu aprove quem diz que o tempo é o movimento de um corpo?
Não, não aprovo.
Sei que não há corpo que não se mova no tempo: tu mesmo o afirmas. Mas não acredito que o movimento de um corpo seja o tempo, isso nunca ouvi, e nem tu o dizes. Quando um corpo se move, sirvo-me do tempo para medir a duração de seu movimento do começo ao fim. Se não vejo o começo, e percebo o seu movimento sem ver o seu fim, só posso medi-lo do momento em que observo o corpo mover-se até o momento em que já não o vejo. Se o vejo por muito tempo, apenas posso afirmar que a duração do seu movimento é longa, mas não posso dizer quanto é longo, porque só determinamos o valor de uma duração comparando-a.

Dizemos, por exemplo: “isso durou tanto quanto aquilo, ou essa duração é o dobro daquela”, semelhantes. Se podemos notar o ponto do espaço onde se inicia um movimento, e o ponto de chegada, ou as suas partes, se ele se movesse em círculo, poderíamos dizer quanto tempo levou para ir de um ponto a outro o movimento do corpo ou dessas partes.
Assim, o movimento de um corpo é diferente da medida da sua duração, que não vê, pois, a qual dessas coisas se deve chamar de tempo?
Se um corpo se move de forma irregular, e outras vezes se detém, ora, é o tempo que nos permite medir, não apenas seu movimento, mas também o seu repouso, e afirmar: “Ficou em repouso por tanto tempo quanto em movimento – ou qualquer outro intervalo que tenhamos calculado ou estimado aproximadamente”.

O tempo não é pois a mesma coisa que o movimento.

CAPÍTULO XXV

Prece

Confesso-te, Senhor, que ainda não sei o que é tempo. E torno a confessar, Senhor, eu o sei, que digo estas coisas no tempo, e que de há muito estou falando do tempo, e que esse muito também não seria o que é senão pela duração do tempo.
Mas como posso saber isto, se desconheço o que é o tempo?
Talvez eu ignore a arte de exprimir o que sei.
Ai de mim, que não sei nem mesmo o que ignoro!

Eis-me diante de ti, meu Deus, tu vês que não minto e que falo do coração. Acenderás a minha candeia, Senhor meu Deus, e iluminarás minhas trevas.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.