19/06/2013

Leitura espiritual para 19 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 12, 22-50

22 Então trouxeram-Lhe um endemoninhado, cego e mudo, e Ele curou-o, de modo que falava e via. 23 E as multidões ficaram admiradas e diziam: «Não será este o Filho de David?». 24 Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: «Este não expulsa os demónios senão por virtude de Belzebu, príncipe dos demónios». 25 Porém, Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse-lhes: «Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído; e toda a cidade ou família dividida contra si mesma não subsistirá. 26 Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, então, o seu reino? 27 E se Eu expulso os demónios por virtude de Belzebu, por virtude de quem os expulsam os vossos filhos? Por isso é que eles serão os vossos juízes. 28 Se Eu, porém, expulso os demónios pela virtude do Espírito de Deus, chegou a vós o reino de Deus. 29 Como pode alguém entrar na casa de um valente, e saquear os seus móveis, se antes não prender o valente? Só então lhe poderá saquear a casa. 30 Quem não é comigo é contra Mim; e quem não junta comigo, desperdiça. 31 «Por isso vos digo: Todo o pecado e blasfémia será perdoado aos homens, mas a blasfémia contra o Espírito Santo não será perdoada. 32 Todo aquele que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, nem neste mundo nem no futuro. 33 Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto mau, porque pelo fruto se conhece a árvore. 34 Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, vós que sois maus? Porque a boca fala da abundância do coração. 35 O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro. 36 Ora Eu digo-vos que de qualquer palavra inútil que tiverem proferido os homens, darão conta dela no dia do juízo. 37 Porque pelas suas palavras será justificado ou condenado». 38 Então replicaram-Lhe alguns dos escribas e fariseus, dizendo: «Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio Teu». 39 Ele respondeu-lhes: «Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas. 40 Porque, assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra. 41 Os habitantes de Nínive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque se converteram com a pregação de Jonas. Ora aqui está Quem é mais do que Jonas. 42 A rainha do Meio-Dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está Quem é mais do que Salomão. 43 «Quando o espírito imundo saiu de um homem, anda errando por lugares áridos, à busca de repouso, e não o encontra. 44 Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, quando vem, a encontra desocupada, varrida e adornada. 45 Então vai e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa». 46 Estando Ele ainda a falar ao povo, eis que Sua mãe e Seus irmãos se achavam fora, desejando falar-Lhe. 47 Alguém disse-Lhe: «Tua mãe e Teus irmãos estão ali fora e desejam falar-Te». 48 Ele, porém, respondeu ao que falava: «Quem é a Minha mãe e quem são os Meus irmãos?» 49 E, estendendo a mão para os Seus discípulos, disse: «Eis Minha mãe e Meus irmãos.50 Porque todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão e Minha irmã e Minha mãe».



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO OITAVO

CAPÍTULO VI

A narração de Ponticiano

Agora contarei de que modo me arrancaste do vínculo do desejo carnal, que me prendia fortemente, e da servidão dos negócios do mundo, e confessarei teu nome, ó Senhor, meu auxílio e minha redenção.

Levava a minha vida habitual com angústia crescente, todos os dias suspirava por ti, frequentava a tua igreja, quando me deixavam livre os negócios, cujo peso me fazia sofrer.
Comigo estava Alípio, desonerado do cargo de jurisconsulto, depois de ter sido assessor pela terceira vez. Ele aguardava a quem vender de novo os seus conselhos, como eu vendia a arte da eloquência, se é que pelo ensino a podemos transmitir.
Nebrídio, por sua vez, acedendo às nossas solicitações amigas, auxiliava na escola o nosso amigo íntimo, Verecundo, este, gramático e cidadão milanês, desejava enormemente, e instava-nos em nome da amizade, que um de nós lhe prestasse uma fiel colaboração, pois dela muito necessitava.

Não foi, pois, o interesse que moveu a Nebrídio – que poderia auferir bem mais vantagens se ensinasse as letras – mas, como grande amigo que era, não quis recusar o nosso pedido em obséquio à amizade.
Agia, porém, com muita prudência, evitando fazer-se conhecido dos poderosos deste mundo, para evitar as inquietações do espírito que ele queria manter o mais possível livre e desocupado para investigar, ler ou ouvir algo sobre a sabedoria.

Certo dia em que Nebrídio estava ausente, não sei por que motivo, Alípio e eu recebemos a visita de um tal Ponticiano, nosso compatriota da África, que servia em alto cargo do palácio.
Não sei mais o que queria de nós.
Sentamo-nos para conversar, e, por acaso, deu com os olhos num livro que estava sobre a mesa de jogo, à nossa frente. Pegou nele, abriu-o, viu que eram as epístolas de Paulo e ficou surpreso, pois pensava que se tratasse de algum dos livros cujo estudo me preocupava.
Então sorriu para mim e, cumprimentando-me, manifestou-me a sua admiração por ter encontrado aquele livro, e só aquele, ao alcance dos seus olhos.

Ponticiano era um cristão fiel, e muitas vezes prostrava-se diante de ti, nosso Deus, na igreja, em frequentes e prolongadas orações.
E quando lhe declarei que aquele livro ocupava o melhor da minha atenção, tomando a palavra, começou a falar-nos de Antão, monge do Egipto, cujo nome era celebrado entre teus fiéis, mas que nós desconhecíamos até aquela hora. Informado disto, continuou a falar, revelando esse grande homem à nossa ignorância, que ele muito admirou.
Ouvíamos, estupefactos, tuas autênticas maravilhas, realizadas na verdadeira fé, na Igreja Católica, tão recentes e quase contemporâneas. Todos nos admirávamos, nós, por serem coisas tão grandes, e ele, por ser-nos tão desconhecidas.
Depois, passou a falar das multidões que vivem em mosteiros, e dos seus costumes, que trazem o teu doce perfume, e da fecunda solidão do ermo, tudo coisas que desconhecíamos.
Até em Milão havia, fora dos muros, um mosteiro cheio de bons irmãos sob a direcção de Ambrósio, que também desconhecíamos.
Ponticiano prosseguia, e falava sempre mais, e nós o ouvíamos atentos e calados. E assim veio a contar-nos que um dia, não sei quando, estando em Tréveris, saiu em companhia de três companheiros, enquanto o imperador se concentrava nos jogos circenses da tarde, para dar um passeio pelos jardins que rodeavam os muros da cidade. Distraidamente passeando dois a dois, um com Ponticiano, e os outros dois juntos, separaram-se e tomaram caminhos diferentes.
Caminhando a esmo, estes últimos deram com uma cabana, habitada por alguns servos teus, pobres de espírito, a quem pertence o reino dos céus. Lá encontraram um exemplar manuscrito da Vida de Santo Antão. Um deles começou a lê-lo, e, admirado e arrebatado cogitou, enquanto lia, em abraçar aquele género de vida, abandonando o serviço do mundo, para servir unicamente a ti.
Estes dois eram os chamados agentes de negócios do imperador.
De repente, tomado de amor santo e casto pudor, irado consigo mesmo, olha para o companheiro, e diz-lhe: “Diz-me, te peço, onde pretendemos chegar com todos estes nossos trabalhos?
Que buscamos?
Qual a finalidade do nosso labor?
Podemos aspirar mais no palácio do que ser amigos do imperador?
E mesmo nisto, quanta incerteza, quantos perigos!
E quantos perigos teremos de passar para chegar a um perigo ainda maior?
E quando chegaremos a isso?
Mas, se eu quiser ser amigo de Deus, posso sê-lo agora mesmo”.

Disse essas palavras, e exaltado pela gestação da nova vida voltou os olhos para o livro, ao ler, transformava-se interiormente, o que só tu sabias, e seu espírito se despia do mundo, como logo se evidenciou.
Enquanto lia, o coração tornou-se-lhe um mar tempestuoso, sentiu um estremecimento e, intuindo o melhor caminho a tomar, resolveu abraçá-lo, dizendo ao amigo:
“Já rompi com nossos sonhos: decidi dedicar-me ao serviço de Deus, e isso quero começar aqui e agora. Se não me queres imitar, ao menos não me contraries”.
O amigo respondeu que desejava ficar com ele, e ser companheiro de tão nobre mercê e de tão grande combate. Ambos já te pertenciam, e começavam a construir, com capital suficiente, uma torre de salvação, a tudo renunciando para te seguir.

Então Ponticiano e o seu companheiro, que passeavam noutro local do jardim, procurando-os, deram também com a mesma cabana, e os avisaram para que voltassem, pois já entardecia. Mas eles, relataram-lhes a sua determinação e propósito, e o modo como nascera e se fixara neles tal desejo, pediram-lhes que, se não quisessem juntar-se a eles, que não os molestassem.
Mas estes, sem se converterem, lamentaram-se a si mesmos, no dizer de Ponticiano, e felicitando-os piedosamente, recomendaram-se às suas orações, depois, arrastando o coração pela terra, voltaram ao palácio, enquanto que os convertidos, fixando seu coração no céu, ficaram na cabana.

Ambos eram noivos, mas, quando as suas noivas ouviram o sucedido, também te consagraram a sua virgindade.

CAPÍTULO VII

A reação de Agostinho

Eis o que Ponticiano nos relatou.
E tu, Senhor, enquanto ele falava, me fazias refletir, tirando-me da posição de costas, em que me colocara para não me ver a mim mesmo.
Tu me colocavas diante do meu próprio rosto para que visse como estava indigno, disforme, sórdido, manchado e ulceroso.
Eu via-me, e enchia-me de horror, mas não tinha para onde fugir de mim mesmo.
Se tentava afastar o olhar de mim mesmo, Ponticiano prosseguia com a narração, e de novo me punhas diante de mim, e me empurravas diante dos meus olhos, para que eu descobrisse a minha iniquidade e a odiasse.

Eu bem a conhecia, mas dissimulava-a, fingia não ver, esquecia.

E quanto mais ardentemente amava aqueles jovens, cuja salutar decisão ouvia relatar, por se terem entregue completamente a ti para que os curasses, tanto mais acerbamente me odiava ao comparar-me com eles. Com efeito, já tinham decorrido muitos anos – talvez uns doze – desde que, ao dezanove anos, lendo o Hortênsio de Cícero, me sentira atraído para o estudo da sabedoria.
Ia adiando a hora de abandonar a felicidade meramente terrena, quando não somente a sua descoberta, mas a sua própria busca, deveria ser preferida aos maiores tesouros do mundo e aos maiores prazeres corporais, que a um aceno, afluíam a meu redor.

Mas eu, jovem miserável, sim, miserável desde o despertar da juventude, já te havia pedido a castidade, dizendo:
“Dá-me castidade e continência, mas não agora” – pois temia que me atendesse muito depressa, e que me curasses logo da doença da minha concupiscência, que eu mais queria saciar do que extinguir.
E caminhei pelas sendas ruins de uma superstição sacrílega, não porque estivesse certo dela, mas porque a preferia às demais doutrinas, que eu não estudava piedosamente, mas que hostilmente combatia.
Acreditava que o motivo por que adiava dia a dia o desprezo das promessas seculares, para te seguir apenas a ti, era o não ter descoberto uma claridade capaz de dirigir meus passos.

Veio, então, o dia em que me vi nu, a ouvir as repreensões de minha consciência:

“Onde está a tua palavra?
Não dizias que tua indecisão para lançar longe o fardo de tua vaidade se devia à incerteza?
Agora tens a certeza, e não obstante, ainda te oprime esse fardo, outros, no entanto, que não se consumiram tanto em procurá-la, nem meditaram dez anos ou mais sobre tais problemas, vêm nascer asas em seus ombros mais livres”.

Assim me roía interiormente, devorado por enorme e terrível vergonha, enquanto Ponticiano contava aquilo tudo.
Finda a conversa, e resolvida a questão a que viera, Ponticiano voltou para sua casa, e eu para dentro de mim.

Que coisas não disse contra mim?

Com que açoite de palavras não flagelei a minha alma, para obrigá-la a seguir-me nos meus esforços para te alcançar!
Ela resistia, recusava-se, sem se desculpar.
Todos os argumentos já estavam esgotados e refutados.
Nada lhe restava, senão uma angústia muda:
tinha medo, como da morte, de ser tolhida à corrente do vício, onde se corrompia mortalmente.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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