14/06/2013

Leitura espiritual para 14 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 10, 1-15

1 Tendo convocado os Seus doze discípulos, Jesus deu-lhes poder de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a doença e toda a enfermidade. 2 Os nomes dos doze apóstolos são: O primeiro Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu e Tadeu; 4 Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. 5 A estes doze enviou Jesus, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: «Não vades à terra dos gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos: 6 ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel .7 Ide, e anunciai que está próximo o Reino dos Céus. 8 «Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de graça recebestes. 9 Não leveis nos vossos cintos nem ouro, nem prata, nem dinheiro, 10 nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque o operário tem direito ao seu alimento. 11 «Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai aí até que vos retireis. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: “A paz seja nesta casa”. 13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós. 14 Se não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo que será menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e de Gomorra do que aquela cidade.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO SÉTIMO

CAPÍTULO VI

O absurdo dos horóscopos

Também já havia rechaçado as enganosas predições e ímpios delírios dos astrólogos.
Ainda por isso, meu Deus, quero confessar-te tuas misericórdias desde o mais íntimo de minha alma!
Foste tu, e só tu – pois, quem pode afastar-nos da morte do erro, senão a Vida que desconhece a morte, a Sabedoria que ilumina as pobres inteligências sem precisar de outra luz, e que governa o mundo até as folhas que tremulam nas árvores?
Foste tu que medicaste a obstinação com que me opunha ao sábio velho Vindiciano e ao magnânimo jovem Nebrídio, que diziam – o primeiro, com veemência, o segundo com alguma hesitação, mas frequentemente – não existir a tal arte de predizer as coisas futuras, e que as conjecturas dos homens muitas vezes têm concurso do acaso e que, de tanto repetir, acertavam em predizer algumas coisas, sem que os mesmos que as diziam o soubessem.

Foste tu que me fizeste encontrar um amigo mui afeiçoado a consultar os astrólogos, não entendido nessa ciência, mas que consultava por curiosidade. Conhecia ele uma história, que ouvira do pai, segundo dizia. Ignorava até que ponto essa história era valiosa para destruir a autoridade daquela arte.
Esse homem, chamado Firmino, educado nas artes liberais e instruído na eloquência, veio consultar-me, como amigo íntimo, sobre alguns assuntos nos quais alimentava esperanças mundanas, para ver qual seria o meu vaticínio conforme suas constelações, como eles dizem. Eu, que já começara a inclinar-me à opinião de Nebrídio, embora não me negasse a fazer-lhe o horóscopo e expor-lhe as suas conclusões, acrescentei, contudo, que estava quase persuadido de que tudo aquilo era ridícula quimera.
Então, ele contou-me que seu pai tinha grande interesse na leitura de tais livros, e que tivera um amigo igualmente apaixonado. Conversando sobre a matéria, empolgaram-se cada vez mais no estudo daquelas tolices, e chegaram ao ponto de observar os momentos do nascimento até dos animais domésticos, notando a posição das estrelas a fim de coligir dados experimentais daquela pseudo-arte.
Firmino relatava-me ter ouvido o pai contar que, estando a sua mãe para o dar à luz, também estava grávida uma serva daquele amigo de seu pai, coisa que não poderia passar despercebida a seu senhor, que cuidava com extrema diligência e precisão de conhecer até o parto das cadelas.
E sucedeu que, contando com o maior esmero os dias, horas e suas menores parcelas, da esposa e da escrava, ambas as mulheres deram à luz no mesmo momento, o que os obrigou a fazer, até em seus menores detalhes os mesmos horóscopos para os nascidos, um para o filho e outro para o pequeno servo.
Tendo começado o trabalho de parto, informaram um ao outro o que se passava nas suas casas, e enviaram mensageiros um ao outro, a fim de anunciar com igual rapidez o nascimento das crianças, e conseguiram-no fazer facilmente, como se o facto se passasse nas suas próprias casas. E Firmino contava que os mensageiros que haviam sido enviados vieram a se encontrar à mesma distância das suas respectivas casas, de modo que não se podia notar a menor diferença na posição das estrelas, assim como nas demais frações de tempo.
No entanto Firmino, como filho de grande família, corria pelos mais brilhantes caminhos do mundo, crescia em riquezas e era coberto de honras, ao passo que o escravo, sujeito ainda ao jugo da escravidão, tinha que servir a seus senhores, segundo ele próprio contava, pois o conhecia.

Ouvindo essa história, na qual acreditei pelo crédito que merecia seu narrador – toda minha resistência se quebrou.
Esforcei-me em seguida para afastar Firmino daquela vã curiosidade, dizendo-lhe que, pelo seu horóscopo e para ser verdadeiro, deveria certamente considerar a seus pais como os primeiros entre seus concidadãos, o renome da sua família, a mais nobre da cidade, seu nascimento ilustre, sua educação esmerada e seus conhecimentos nas artes liberais. E, pelo contrário, se aquele servo me consultasse sobre o tal horóscopo – que era o mesmo de Firmino – se também tivesse de lhe dizer a verdade – deveria ver nos mesmo signos a sua família paupérrima, a sua condição servil e tantas outras coisas, tão diferentes e opostas às primeiras.
Portanto, para dizer a verdade, vendo os mesmos sinais celestes deveria tirar conclusões divergentes, porque fazer prognósticos semelhantes seria mentir.
Donde concluí, com toda certeza, que as predições verdadeiras não podem atribuir-se a uma arte, mas ao acaso, e que as falsas não se devem à ignorância dessa arte, mas à mentira do acaso.

Após esta abertura e nela baseado, ruminava dentro de mim tais coisas, para que nenhum daqueles loucos que buscam nisso o lucro, e a quem eu então desejava refutar e ridicularizar, não me objectasse que Firmino ou o pai podia ter contado mentiras.
Voltei pois a minha atenção ao caso dos gémeos, muitos dos quais saem do seio materno com tão breve intervalo de tempo, que por mais que o pretendam importante, não pode ser apreciado pela observação humana, nem pode ser considerado nos signos que o astrólogo lançará mão para fazer uma previsão certa. Mas os vaticínios não serão verdadeiros pois, vendo os mesmos signos, deveria predizer a mesma sorte para Esaú e Jacob, sendo que os sucessos da vida de ambos foram muito diversos.

O astrólogo, portanto, deveria prognosticar coisas falsas, ou, no caso de falar coisas verdadeiras, estas forçosamente deveriam ser diferentes, a despeito da identidade das observações. Logo, se os seus prognósticos fossem verdadeiros, não o seriam por efeito da arte, mas do acaso.

Porque tu, Senhor, governador justíssimo do Universo, por inspiração secreta, desconhecida dos consulentes e astrólogos, fazes que cada um ouça a resposta que lhe convém, de acordo com os méritos das almas, do fundo do abismo de teu justo juízo.

E que o homem não se atreva a dizer:
Que é isto?
Por quê isto?

Não o diga, não o diga, porque é um simples homem.

CAPÍTULO VII

Ainda a origem do mal

Deste modo, ó meu auxílio, já me havias libertado daqueles grilhões.

Contudo eu buscava ainda a origem do mal, e não encontrava solução. Mas não permitias que as vagas de meu pensamento me apartassem da fé. Fé na tua existência, na tua substância imutável, na tua providência para os homens, e na tua justiça que os julgará.
Já acreditava que traçaste o caminho da salvação dos homens, rumo à vida que sobrevém depois da morte, em Cristo, teu Filho e Senhor nosso, e nas Sagradas Escrituras, recomendadas pela autoridade da tua Igreja Católica.
Salvas e fortemente arraigadas estas verdades no meu espírito, buscava eu ansiosamente a origem do mal.

E que tormentos, como que de parto, eram aqueles de meu coração!
Que gemidos, meu Deus!

E ali estavam os teus ouvidos atentos, e eu não o sabia. Quando, em silêncio, me esforçava em pacientes buscas, altos clamores se elevavam até à tua misericórdia: eram as silenciosas angústias de minha alma.
Só Tu sabes o que eu padecia, mas homem algum o sabia. De facto, quão pouco era o que minha palavra transmitia aos meus amigos mais íntimos!

Chegava, porventura, a eles o tumulto de minha alma, que nem o tempo, nem as palavras bastavam para declarar?

Contudo, chegavam aos teus ouvidos as queixas que no meu coração rugiam, e o meu desejo estava diante de ti, mas a luz dos meus olhos não estava contigo, porque ela estava dentro, e eu olhava para fora. Ela não ocupava espaço algum, e eu só pensava nas coisas que ocupam lugar, e não achava nelas lugar de descanso, nem me acolhiam de modo que pudesse dizer: “Basta, Aqui estou bem!” – Nem me permitiam que eu fosse para onde me sentisse satisfeito. Eu era superior a estas coisas, mas sempre inferior a ti. Serias minha verdadeira alegria se eu te fosse submisso, pois sujeitasse a mim tudo o que criaste inferior a mim. Tal seria o justo equilíbrio e a região central de minha salvação: permanecer como imagem tua, e servindo-te, ser o senhor de meu corpo.

Mas, como me levantei soberbamente contra ti, investindo contra meu Senhor coberto com o escudo de minha dura cerviz, até mesmo as criaturas inferiores se fizeram superiores a mim, e me oprimiam, e não me davam um momento de alívio e de descanso.
Quando as olhava, elas vinham-me ao encontro atabalhoadamente de todos os lados, mas quando nelas me concentrava, tais imagens corporais barravam-me para que me retirasse, como se me dissessem:

“Para onde vais, indigno e impuro?”

E estas recobravam forças com a minha chaga, porque humilhaste o soberbo como a um homem ferido. A minha presunção separava-me de ti, e meu rosto de tão inchado, fechava meus olhos.

CAPÍTULO VIII

A piedade de Deus

Mas tu, Senhor, permaneces eternamente, e não te iras eternamente contra nós, porque te compadeceste da terra e do pó, e foi de teu agrado corrigir minhas deformidades.

Tu me aguilhoavas com estímulos interiores para que estivesse impaciente, até que por uma visão interior, te tornasses para mim uma certeza.

O inchaço de meu orgulho baixava graças à mão secreta da tua medicina, a vista de minha alma, perturbada e obscurecida, ia sarando dia a dia graças ao colírio das dores salutares.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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