Tempo comum X Semana |
Evangelho: Mt 5, 27-32
27 «Ouvistes que foi dito: “Não cometerás adultério”. 28 Eu,
porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já
cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Por isso se o teu olho
direito é para ti causa de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque
é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja
lançado na Geena. 30 E se a tua mão direita é para ti causa de
pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor para ti que se
perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na Geena. 31
«Também foi dito: “Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe libelo de repúdio”. 32
Eu, porém, digo-vos: todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa
de união ilegítima, expõe-na a adultério; e o que desposar a mulher repudiada,
comete adultério.
Comentário:
«O amor conjugal exprime a
sua verdadeira natureza e nobreza quando se considera a sua fonte suprema,
Deus, que é Amor. [...] O matrimónio não é, portanto, fruto do acaso, ou
produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do
Criador, para realizar na humanidade o Seu desígnio de amor. Mediante a doação
pessoal recíproca, [...] os esposos tendem para a comunhão dos seus seres, com
vista a um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração
e educação de novas vidas. Depois, para os baptizados, o matrimónio revela a
dignidade de sinal sacramental da graça, enquanto representa a união de Cristo
com a Igreja (Ef 5, 32).
A esta luz, aparecem-nos
claramente as notas características do amor conjugal. [...] É, antes de mais,
um amor plenamente humano, quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível.
Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou dos sentimentos; mas é
também, e principalmente, um acto da vontade livre, destinado a manter-se e a
crescer, mediante as alegrias e as dores da vida quotidiana, de tal modo que os
esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem a sua perfeição
humana.
É, depois, um amor total,
quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos
generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem
cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte não o ama
somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, sentindo-se feliz por
poder enriquecê-lo com o dom de si próprio.
É, ainda, um amor fiel e
exclusivo, até à morte. Assim o concebem, efectivamente, o esposo e a esposa no
dia em que assumem, livremente e com plena consciência, o compromisso do
vínculo matrimonial. [...] É, finalmente, um amor fecundo, que não se esgota na
comunhão entre os cônjuges, mas que está destinado a continuar-se, suscitando
novas vidas.
(paulo vi, Humanae
vitae, 8-9)
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