TEMA
16. Creio na ressurreição da carne e na vida eterna 2
2. O sentido cristão da
morte
O
enigma da morte do homem compreende-se somente à luz da ressurreição de Cristo.
Com efeito, a morte, a perda da vida humana, apresenta-se como o maior mal na
ordem natural, precisamente porque é algo definitivo, que só será vencida
definitivamente quando Deus ressuscitar os homens em Cristo.
Por
um lado, a morte é natural no sentido em que a alma pode separar-se do corpo.
Deste ponto de vista, a morte marca o termo da peregrinação terrena. Depois da
morte, o homem não pode merecer ou desmerecer mais. «Com a morte, a opção de
vida feita pela pessoa humana torna-se definitiva» 4. Já não terá a
possibilidade de se arrepender. Logo depois da morte irá para o Céu, para o
Inferno ou para o Purgatório. Para que isto se verifique, existe aquilo a que a
Igreja chamou juízo particular (cf. Catecismo, 1021-1022). O facto de
a morte constituir o limite do período de prova serve ao homem para orientar
bem a sua vida, para aproveitar o tempo e outros talentos, para actuar
rectamente, para se consumir ao serviço dos outros.
Por
outro lado, a Escritura ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado
original (cf. Gn 3,17-19; Sb 1,13-14; 2,23-24; Rm 5,12; 6,23; Tg 1,15; Catecismo,
1007). Neste sentido, deve ser considerada como castigo pelo pecado; o
homem que queria viver à margem de Deus, deve aceitar o dissabor da ruptura com
a sociedade e consigo mesmo como fruto do seu afastamento. No entanto, Cristo
«assumiu a morte num acto de submissão total e livre à Vontade do Pai» (Catecismo,
1009). Com a sua obediência venceu a morte e ganhou a ressurreição para a
humanidade. Para quem vive em Cristo pelo Baptismo, a morte continua a ser dolorosa
e repugnante, mas já não é uma lembrança viva do pecado, mas uma oportunidade
preciosa de poder corredimir com Cristo, mediante a mortificação e a entrega
aos outros. «Se morremos com Cristo, também viveremos com Ele» (2 Tm 1,11).
Por este motivo, «graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo» (Catecismo,
1010).
paul o’callaghan
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 988-1050.
Leituras
recomendadas:
João
Paulo II, Catequese sobre o Credo IV: Credo en la vida eterna, Palabra, Madrid
2000 (audiências de 25-V-1999 a 4-VIII-1999).
Bento
XVI, Enc. Spe Salvi, 30-XI-2007.
São
Josemaria, Homilia «A esperança do cristão», em Amigos de Deus, 205-221.
(Resumos da Fé cristã: © 2013,
Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
______________________
Notas
1
Cf. São Tomás, Summa Contra Gentiles,
IV, 81.
2 Cf. São Tomás, Summa Theologiae,
III. Suppl., qq. 78-86.
3 Concílio Vaticano II, Const. Lumen
Gentium, 48.
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