
Questão
26: Do amor.
Art. 2 ― Se o amor é
paixão.
O segundo discute-se assim. ― Parece que o amor não é paixão.
1. ― Pois, nenhuma virtude é paixão. Ora, todo amor é virtude, de algum modo, como diz Dionísio 1. Logo, o amor não é paixão.
2.
Demais. ― O amor é uma união ou nexo, segundo Agostinho 2. Ora,
união e nexo são antes relação que paixão. Logo, o amor não é paixão.
3.
Demais. ― Damasceno diz que a paixão é um certo movimento 3. Ora, o
amor não implica o movimento do apetite, que é o desejo, mas o princípio desse
movimento. Logo, não é paixão.
Mas,
em contrário, diz o Filósofo, que o amor é uma paixão 4.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Virtude, significando o princípio do movimento
ou da acção, Dionísio dá essa denominação ao amor enquanto princípio do
movimento apetitivo.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― A união é própria do amor enquanto, pela complacência do apetite,
o amante se refere ao que ama, como a si mesmo ou a algo de si. Donde, é claro
que o amor não é a relação mesma da união, antes, esta é consequência daquela.
Por isso diz Dionísio, que o amor é uma virtude unitiva 5, e o
Filósofo que a união é um efeito do amor 6.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― O amor embora não designe o movimento do apetite tendente para o apetecível,
designa contudo o movimento do apetite em virtude do qual este sofre imutação
do apetecível, de modo a lhe agradar a ele.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1.
IV De div. nom., lect. XXI.
2.
VIII De Trinit., cap. X.
3. II Orthod., fid. Cap. XXII.
4. VIII Ethic., lect. V.
5. IV De div. nom., IX, XII.
6.
II Polit., lect. III.
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