31/05/2013

Leitura espiritual para 31 Mai


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 21, 1-25

1 Depois disto, Jesus voltou a mostrar-Se aos Seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Mostrou-Se deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e dois outros dos Seus discípulos. 3 Simão Pedro disse-lhes: «Vou pescar». Responderam-lhe: «Nós vamos também contigo». Partiram e entraram numa barca. Naquela noite nada apanharam. 4 Chegada a manhã, Jesus apresentou-Se na praia; mas os discípulos não conheceram que era Ele. 5 Jesus disse-lhes: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?». Responderam-Lhe: «Nada». 6 Disse-lhes: «Lançai a rede para o lado direito do barco, e encontrareis». Lançaram a rede e já não a podiam arrastar, por causa da grande quantidade de peixes. 7 Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!». Simão Pedro, ao ouvir dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e lançou-se à água. 8 Os outros discípulos, que não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, vieram no barco puxando a rede cheia de peixes. 9 Logo que saltaram para terra, viram umas brasas acesas, peixe em cima delas, e pão. 10 Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora». 11 Simão Pedro subiu à barca e arrastou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes. E, sendo tantos, não se rompeu a rede. 12 Jesus disse-lhes: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos ousava perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», sabendo que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. 14 Foi esta a terceira vez que Jesus Se manifestou aos discípulos depois de ter ressuscitado dos mortos. 15 Depois de comerem, disse Jesus a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?». Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «Apascenta os Meus cordeiros». 16 Voltou a perguntar pela segunda vez: «Simão, filho de João, amas-Me?». Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «Apascenta as Minhas ovelhas». 17 Pela terceira vez disse-lhe: «Simão, filho de João, amas-Me?». Pedro ficou triste porque, pela terceira vez, lhe disse: «Amas-Me?», e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «Apascenta as Minhas ovelhas». 18 «Em verdade, em verdade te digo: Quando tu eras mais novo, cingias-te e ias onde desejavas; mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde tu não queres». 19 Disse isto, indicando com que género de morte havia Pedro de dar glória a Deus. Depois de assim ter falado, disse: «Segue-Me». 20 Pedro, tendo-Se voltado, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, aquele mesmo que na ceia estivera reclinado sobre o Seu peito e Lhe perguntara: «Senhor, quem é que Te vai entregar?». 21 Pedro, vendo-o, disse a Jesus: «Senhor, e deste, que será?» 22 Jesus disse-lhe: «Se quero que ele fique até que Eu venha, que tens com isso? Tu, segue-Me». 23 Correu então entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro: «Não morrerá», mas: «Se quero que ele fique até que Eu venha, que tens com isso?». 24 Este é aquele discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu, e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 Muitas outras coisas fez Jesus. Se se escrevessem uma por uma, creio que nem todo o mundo poderia conter os livros que seria preciso escrever.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO TERCEIRO

CAPÍTULO V

A desilusão das escrituras

Em vista disso, decidi dedicar-me ao estudo da Sagrada Escritura, para a conhecer. Vi ali algo encoberto para os soberbos e obscuro para as crianças, mas humilde a princípio e sublime à medida que se avança o velado de mistérios, e eu não estava disposto a poder entrar nela, dobrando a cerviz à sua passagem. Contudo, ao fixar nela a atenção, não pensei o que agora estou dizendo, mas simplesmente me pareceu indigna de ser comparada com a majestade dos escritos de Cícero.

O meu orgulho recusava a sua simplicidade, e a minha mente não lhe penetrava o íntimo. Contudo, a agudeza desta visão haveria de crescer com os pequenos, mas eu de nenhum modo queria ser criança e, enfatuado de soberba, considerava-me grande.

CAPÍTULO VI

A sedução do maniqueísmo

Deste modo vim cair com uns homens que deliravam orgulhosos, demasiado carnais e loquazes, na sua boca havia laços diabólicos e engodo pegajoso feito com as silabas do teu nome, do nosso Senhor, Jesus Cristo, e do nosso Paráclito e Consolador, o Espírito Santo. Estes nomes nunca saíam dos seus lábios, porém, só no som e ruído da boca, pois de resto, o seu coração estava vazio de toda verdade.
Diziam: “Verdade! Verdade!” – e, incessantemente, falavam-me da verdade, que nunca existiu neles, antes, diziam muitas falsidades, não apenas de ti, que és verdade por excelência, mas também dos elementos deste mundo, criação tua. Sobre isso, mesmo quando os filósofos diziam a verdade, tive de ultrapassá-los nos raciocínios por amor de ti, ó pai sumamente bom, beleza de todas as belezas!

Ó verdade, verdade!
Quão intimamente suspiravam por ti as fibras da minha alma, quando eles te faziam soar ao meu redor frequentemente e de muitos modos, embora apenas com as palavras e em seus muitos e volumosos livros. Estes eram as bandejas nas quais, estando eu faminto de ti, me serviam em teu lugar o sol e a lua, formosas obras de tuas mãos, porém, obras tuas, e não a ti, nem sequer das principais. De facto, as tuas obras espirituais são superiores a estas corporais, ainda que estas sejam brilhantes e celestes.

Mas eu tinha sede e fome não daquelas primeiras, mas de ti mesmo, ó verdade, na qual não há mudança nem obscuridade momentânea!
E eles serviam-me nessas bandejas esplendidas ficções, de acordo com as quais teria sido melhor amar a este sol, verdadeiro pelo menos aos olhos, em lugar daquelas falsidades que pelos olhos do corpo enganavam o entendimento.
Contudo, como as tomava por ti, alimentava-me delas, não certamente com avidez, porque não tinham o teu gosto – pois não eras aqueles vãos fantasmas – nem me nutria com elas, antes sentia-me cada vez mais debilitado.

A comida que se toma em sonhos, não obstante ser muito semelhante à do estado de vigília, não alimenta os que dormem, porque estão dormindo. Aquilo, porém, em nada era semelhante a ti, como agora me certificou a verdade, pois que eram fantasmas corpóreos ou falsos corpos, comparados com eles, são mais reais estes corpos – celestes ou terrestres – que vemos com os olhos da carne assim como os vêm os animais e as aves.
Vemos estas coisas, e são mais reais do que as conjecturas sobre outros corpos grandiosos, que, por sua vez, quando as imaginamos, são mais reais do que quando por meio delas conjecturamos outras maiores e infinitas, que de modo algum existem.

Com tais quimeras me alimentava eu, então, e por isso não me saciava.
Mas tu, meu amor, em quem desfaleço para me tornar forte, nem és estes corpos que vemos, mesmo no céu, nem os outros que não vemos, porque és o Criador e os ocultaste, e não os consideras como as obras-primas de tua criação.

Oh! Quão longe estavas daquelas minhas quimeras, fantasmas de corpos que jamais existiram em comparação, são mais reais as imagens dos corpos existentes, e, mais reais ainda essas imagens, esses mesmos corpos, os quais, todavia, não são tu!
Mas também não és a alma que dá vida aos corpos – mas é a vida das almas, a vida das vidas, que vives, imutável, por ti mesma, a vida de minha alma.

Mas onde estavas então para mim?
E quão longe peregrinava eu, longe de ti, privado até as bolotas com que eu alimentava os porcos!

Quão melhores eram as fábulas dos gramáticos e poetas que todos aqueles enganos! Porque os versos, a poesia e a fábula de Medeia soando pelo ar são certamente mais úteis que os cinco elementos do mundo nos seus mil disfarces, conforme os cinco antros de trevas, que não existem, mas que matam a quem nele acredita. Porém, versos e poesia, posso eu convertê-los em iguaria para o meu espírito e, quanto ao voo de Medeia, se o recitava bem, não lhe afirmava veracidade e, se me agradava ouvi-lo, não lhe dava crédito.

Mas – ai de mim! – eu acreditei naqueles erros dos maniqueístas.

Ai de mim, por que degraus fui descendo até a profundidade do abismo, exaurido e devorado pela falta de verdade quando te buscava! E tudo isso, meu Deus – a quem me confesso porque te compadeceste de mim quando ainda não te conhecia – tudo por buscar-te, não com a inteligência – com a qual quiseste que eu fosse superior aos animais – mas com os sentidos da carne. E tu estavas dentro de mim, mais profundo do que o que em mim existe de mais íntimo, e mais elevado do que o que em mim existe de mais alto.

Assim encontrei aquela mulher insolente e sem prudência – enigma de Salomão – que, sentada em uma cadeira à porta de sua casa, diz aos que passam: Comei à vontade dos pães escondidos, e bebei da doçura da água roubada, a qual me seduziu por andar eu vagando fora de mim, sob o império da vista carnal, ruminando em meu íntimo o que meus olhos haviam devorado.

CAPÍTULO VII

Alguns erros dos maniqueus

Não conhecia eu outra realidade – a verdadeira – e sentia-me como que movido por um aguilhão a aceitar a opinião daqueles insensatos impostores quando me perguntavam de onde procedia o mal, se Deus estava limitado por forma corpórea, se tinha cabelos e unhas, e se deviam ser considerados justos os que tinham várias mulheres simultaneamente, e os que causavam a morte de outros ou sacrificavam animais.

Eu, ignorando essas coisas, perturbava-me com essas perguntas. Afastando-me da verdade, parecia-me encaminhar para ela, porque não sabia que o mal é apenas privação do bem, até chegar ao seu limite, o próprio nada. E como poderia ter eu tal conhecimento, se com os olhos não conseguia ver mais do que corpos, e com a alma não ia além de fantasmas?

Tampouco sabia que Deus é espírito, que não tem membros dotados de comprimento ou largura, nem quantidade material alguma, porque a quantidade ou matéria é sempre menor na parte que no todo e, mesmo que fosse infinita, sempre seria menor numa parte definida por um espaço determinado do que em sua infinidade, não podendo estar toda inteira em todas as partes, como o espírito, como Deus.

Ignorava totalmente o princípio de nossa existência, que há em nós, e pelo qual a Escritura nos chama de imagem e semelhança de Deus.
Não conhecia tampouco a verdadeira justiça interior, que não julga pelo costume, mas pela lei retíssima do Deus onipotente. Por ela se hão-de formar os costumes dos países conforme os mesmos países e tempos, e sendo a mesma em todas as partes e tempos, não varia de acordo com as latitudes e as épocas, lei essa segundo a qual foram justos Abraão, Isaac, Jacó e Davi, e todos os que são louvados pela boca de Deus.

Os ignorantes, julgando as coisas de acordo com a sabedoria humana, e medindo a conduta alheia pela própria, julgam-nos iníquos. É como se um ignorante em armaduras, não sabendo o que é próprio de cada membro, quisesse cobrir a cabeça com a couraça e os pés com o elmo, e se queixasse de que as peças não se lhe adaptam convenientemente. Ou como se alguém se queixasse de que, em determinado dia considerado feriado do meio-dia em diante, não lhe permitissem vender a mercadoria à tarde, como acontecera pela manhã, ou porque vê que na mesma casa permite-se a um escravo qualquer tocar no que não é permitido ao copeiro, ou porque não se permite fazer diante dos comensais o que se faz atrás de uma estrebaria, ou, finalmente, se indignasse porque, sendo uma a casa e uma a família, não se atribuíssem a todos as mesmas coisas.

Tais são os que se indignam quando ouvem dizer que noutros tempos se permitiam aos justos coisas que não se lhe permitem agora, e que Deus mandou àqueles uma coisa e a estes outra, conforme os tempos, servindo uns e outros à mesma norma de santidade. E, contudo, é bem visível que no mesmo homem, no mesmo dia e na mesma hora e na mesma casa, o que convém a um membro não convém a outro, e aquilo que há pouco era licito, já não o é mais, e que o que se concede em uma parte, é justamente proibido e castigado noutra.

Diremos, por isso, que a justiça é vária e inconstante?
O que acontece é que os tempos a que ela preside não caminham no mesmo passo, porque são tempos. Mas os homens, cuja vida terrestre é breve, por não saberem harmonizar as causas dos tempos idos, e das gentes que não viram nem conheceram, com as que agora vêm e experimentam e, como também vêm facilmente o que no mesmo corpo, na mesma hora e lugar convém a cada membro, a cada tempo, a cada parte e a cada pessoa, escandalizam-se com as coisas daqueles tempos, enquanto aceitam as de agora.

Ignorava eu então estas coisas e não as refletia e, embora de todos os lados me ferissem os olhos, eu não as via. Quando declamava algum poema, não me era lícito pôr um pé em qualquer outra parte do verso, senão numa espécie de metro uns e em outra outros, e num mesmo verso não podia meter em todas as partes o mesmo pé, e a própria arte da prosódia, apesar de mandar coisas tão distintas, não era diversa em cada parte, senão uma só e coerente.
Contudo, não via como a justiça, à qual serviram aqueles varões bons e santos, pudesse conter simultaneamente, de modo mais belo e sublime, preceitos tão diversos, sem variar na sua essência, apesar de não mandar ou distribuir aos diferentes tempos todas as coisas simultaneamente, mas a cada um as que lhe são próprias.

E, cego, censurava àqueles piedosos patriarcas, que não só usavam do presente como Deus lhes mandava e inspirava, mas também prediziam o futuro conforme Deus lhes revelava.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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