A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 21, 1-25
1
Depois disto, Jesus voltou a mostrar-Se aos Seus discípulos, junto do mar de
Tiberíades. Mostrou-Se deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado
Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e dois
outros dos Seus discípulos. 3 Simão Pedro disse-lhes: «Vou pescar».
Responderam-lhe: «Nós vamos também contigo». Partiram e entraram numa barca.
Naquela noite nada apanharam. 4 Chegada a manhã, Jesus apresentou-Se na praia;
mas os discípulos não conheceram que era Ele. 5 Jesus disse-lhes: «Rapazes,
tendes alguma coisa para comer?». Responderam-Lhe: «Nada». 6 Disse-lhes:
«Lançai a rede para o lado direito do barco, e encontrareis». Lançaram a rede e
já não a podiam arrastar, por causa da grande quantidade de peixes. 7 Então
aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!». Simão Pedro,
ao ouvir dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e
lançou-se à água. 8 Os outros discípulos, que não estavam distantes de terra, senão
duzentos côvados, vieram no barco puxando a rede cheia de peixes. 9 Logo que
saltaram para terra, viram umas brasas acesas, peixe em cima delas, e pão. 10
Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora». 11 Simão Pedro
subiu à barca e arrastou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três
grandes peixes. E, sendo tantos, não se rompeu a rede. 12 Jesus disse-lhes:
«Vinde comer». Nenhum dos discípulos ousava perguntar-Lhe: «Quem és Tu?»,
sabendo que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo
o mesmo com o peixe. 14 Foi esta a terceira vez que Jesus Se manifestou aos
discípulos depois de ter ressuscitado dos mortos. 15 Depois de comerem, disse
Jesus a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?». Ele
respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe: «Apascenta os
Meus cordeiros». 16 Voltou a perguntar pela segunda vez: «Simão, filho de João,
amas-Me?». Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus disse-lhe:
«Apascenta as Minhas ovelhas». 17 Pela terceira vez disse-lhe: «Simão, filho de
João, amas-Me?». Pedro ficou triste porque, pela terceira vez, lhe disse:
«Amas-Me?», e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que Te amo».
Jesus disse-lhe: «Apascenta as Minhas ovelhas». 18 «Em verdade, em verdade te
digo: Quando tu eras mais novo, cingias-te e ias onde desejavas; mas, quando
fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde
tu não queres». 19 Disse isto, indicando com que género de morte havia Pedro de
dar glória a Deus. Depois de assim ter falado, disse: «Segue-Me». 20 Pedro,
tendo-Se voltado, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, aquele
mesmo que na ceia estivera reclinado sobre o Seu peito e Lhe perguntara:
«Senhor, quem é que Te vai entregar?». 21 Pedro, vendo-o, disse a Jesus:
«Senhor, e deste, que será?» 22 Jesus disse-lhe: «Se quero que ele fique até
que Eu venha, que tens com isso? Tu, segue-Me». 23 Correu então entre os irmãos
que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro: «Não
morrerá», mas: «Se quero que ele fique até que Eu venha, que tens com isso?».
24 Este é aquele discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu, e
sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 Muitas outras coisas fez Jesus.
Se se escrevessem uma por uma, creio que nem todo o mundo poderia conter os
livros que seria preciso escrever.
CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO
LIVRO TERCEIRO
CAPÍTULO V
A desilusão das escrituras
Em vista disso, decidi dedicar-me ao estudo da Sagrada Escritura, para a
conhecer. Vi ali algo encoberto para os soberbos e obscuro para as crianças,
mas humilde a princípio e sublime à medida que se avança o velado de mistérios,
e eu não estava disposto a poder entrar nela, dobrando a cerviz à sua passagem.
Contudo, ao fixar nela a atenção, não pensei o que agora estou dizendo, mas
simplesmente me pareceu indigna de ser comparada com a majestade dos escritos
de Cícero.
O meu orgulho recusava a sua simplicidade, e a minha mente não lhe
penetrava o íntimo. Contudo, a agudeza desta visão haveria de crescer com os
pequenos, mas eu de nenhum modo queria ser criança e, enfatuado de soberba,
considerava-me grande.
CAPÍTULO VI
A sedução do maniqueísmo
Deste modo vim cair com uns homens que deliravam orgulhosos, demasiado
carnais e loquazes, na sua boca havia laços diabólicos e engodo pegajoso feito
com as silabas do teu nome, do nosso Senhor, Jesus Cristo, e do nosso Paráclito
e Consolador, o Espírito Santo. Estes nomes nunca saíam dos seus lábios, porém,
só no som e ruído da boca, pois de resto, o seu coração estava vazio de toda
verdade.
Diziam: “Verdade! Verdade!” – e, incessantemente, falavam-me da verdade,
que nunca existiu neles, antes, diziam muitas falsidades, não apenas de ti, que
és verdade por excelência, mas também dos elementos deste mundo, criação tua.
Sobre isso, mesmo quando os filósofos diziam a verdade, tive de ultrapassá-los
nos raciocínios por amor de ti, ó pai sumamente bom, beleza de todas as
belezas!
Ó verdade, verdade!
Quão intimamente suspiravam por ti as fibras da minha alma, quando eles
te faziam soar ao meu redor frequentemente e de muitos modos, embora apenas com
as palavras e em seus muitos e volumosos livros. Estes eram as bandejas nas
quais, estando eu faminto de ti, me serviam em teu lugar o sol e a lua,
formosas obras de tuas mãos, porém, obras tuas, e não a ti, nem sequer das
principais. De facto, as tuas obras espirituais são superiores a estas corporais,
ainda que estas sejam brilhantes e celestes.
Mas eu tinha sede e fome não daquelas primeiras, mas de ti mesmo, ó
verdade, na qual não há mudança nem obscuridade momentânea!
E eles serviam-me nessas bandejas esplendidas ficções, de acordo com as
quais teria sido melhor amar a este sol, verdadeiro pelo menos aos olhos, em
lugar daquelas falsidades que pelos olhos do corpo enganavam o entendimento.
Contudo, como as tomava por ti, alimentava-me delas, não certamente com
avidez, porque não tinham o teu gosto – pois não eras aqueles vãos fantasmas –
nem me nutria com elas, antes sentia-me cada vez mais debilitado.
A comida que se toma em sonhos, não obstante ser muito semelhante à do estado
de vigília, não alimenta os que dormem, porque estão dormindo. Aquilo, porém,
em nada era semelhante a ti, como agora me certificou a verdade, pois que eram fantasmas
corpóreos ou falsos corpos, comparados com eles, são mais reais estes corpos – celestes
ou terrestres – que vemos com os olhos da carne assim como os vêm os animais e
as aves.
Vemos estas coisas, e são mais reais do que as conjecturas sobre outros
corpos grandiosos, que, por sua vez, quando as imaginamos, são mais reais do
que quando por meio delas conjecturamos outras maiores e infinitas, que de modo
algum existem.
Com tais quimeras me alimentava eu, então, e por isso não me saciava.
Mas tu, meu amor, em quem desfaleço para me tornar forte, nem és estes
corpos que vemos, mesmo no céu, nem os outros que não vemos, porque és o
Criador e os ocultaste, e não os consideras como as obras-primas de tua
criação.
Oh! Quão longe estavas daquelas minhas quimeras, fantasmas de corpos que
jamais existiram em comparação, são mais reais as imagens dos corpos existentes,
e, mais reais ainda essas imagens, esses mesmos corpos, os quais, todavia, não
são tu!
Mas também não és a alma que dá vida aos corpos – mas é a vida das
almas, a vida das vidas, que vives, imutável, por ti mesma, a vida de minha
alma.
Mas onde estavas então para mim?
E quão longe peregrinava eu, longe de ti, privado até as bolotas com que
eu alimentava os porcos!
Quão melhores eram as fábulas dos gramáticos e poetas que todos aqueles
enganos! Porque os versos, a poesia e a fábula de Medeia soando pelo ar são
certamente mais úteis que os cinco elementos do mundo nos seus mil disfarces,
conforme os cinco antros de trevas, que não existem, mas que matam a quem nele
acredita. Porém, versos e poesia, posso eu convertê-los em iguaria para o meu
espírito e, quanto ao voo de Medeia, se o recitava bem, não lhe afirmava
veracidade e, se me agradava ouvi-lo, não lhe dava crédito.
Mas – ai de mim! – eu acreditei naqueles erros dos maniqueístas.
Ai de mim, por que degraus fui descendo até a profundidade do abismo,
exaurido e devorado pela falta de verdade quando te buscava! E tudo isso, meu
Deus – a quem me confesso porque te compadeceste de mim quando ainda não te
conhecia – tudo por buscar-te, não com a inteligência – com a qual quiseste que
eu fosse superior aos animais – mas com os sentidos da carne. E tu estavas
dentro de mim, mais profundo do que o que em mim existe de mais íntimo, e mais
elevado do que o que em mim existe de mais alto.
Assim encontrei aquela mulher insolente e sem prudência – enigma de
Salomão – que, sentada em uma cadeira à porta de sua casa, diz aos que passam:
Comei à vontade dos pães escondidos, e bebei da doçura da água roubada, a qual
me seduziu por andar eu vagando fora de mim, sob o império da vista carnal,
ruminando em meu íntimo o que meus olhos haviam devorado.
CAPÍTULO VII
Alguns erros dos maniqueus
Não conhecia eu outra realidade – a verdadeira – e sentia-me como que
movido por um aguilhão a aceitar a opinião daqueles insensatos impostores
quando me perguntavam de onde procedia o mal, se Deus estava limitado por forma
corpórea, se tinha cabelos e unhas, e se deviam ser considerados justos os que
tinham várias mulheres simultaneamente, e os que causavam a morte de outros ou
sacrificavam animais.
Eu, ignorando essas coisas, perturbava-me com essas perguntas.
Afastando-me da verdade, parecia-me encaminhar para ela, porque não sabia que o
mal é apenas privação do bem, até chegar ao seu limite, o próprio nada. E como
poderia ter eu tal conhecimento, se com os olhos não conseguia ver mais do que
corpos, e com a alma não ia além de fantasmas?
Tampouco sabia que Deus é espírito, que não tem membros dotados de
comprimento ou largura, nem quantidade material alguma, porque a quantidade ou
matéria é sempre menor na parte que no todo e, mesmo que fosse infinita, sempre
seria menor numa parte definida por um espaço determinado do que em sua
infinidade, não podendo estar toda inteira em todas as partes, como o espírito,
como Deus.
Ignorava totalmente o princípio de nossa existência, que há em nós, e
pelo qual a Escritura nos chama de imagem e semelhança de Deus.
Não conhecia tampouco a verdadeira justiça interior, que não julga pelo
costume, mas pela lei retíssima do Deus onipotente. Por ela se hão-de formar os
costumes dos países conforme os mesmos países e tempos, e sendo a mesma em
todas as partes e tempos, não varia de acordo com as latitudes e as épocas, lei
essa segundo a qual foram justos Abraão, Isaac, Jacó e Davi, e todos os que são
louvados pela boca de Deus.
Os ignorantes, julgando as coisas de acordo com a sabedoria humana, e
medindo a conduta alheia pela própria, julgam-nos iníquos. É como se um ignorante
em armaduras, não sabendo o que é próprio de cada membro, quisesse cobrir a
cabeça com a couraça e os pés com o elmo, e se queixasse de que as peças não se
lhe adaptam convenientemente. Ou como se alguém se queixasse de que, em
determinado dia considerado feriado do meio-dia em diante, não lhe permitissem
vender a mercadoria à tarde, como acontecera pela manhã, ou porque vê que na
mesma casa permite-se a um escravo qualquer tocar no que não é permitido ao
copeiro, ou porque não se permite fazer diante dos comensais o que se faz atrás
de uma estrebaria, ou, finalmente, se indignasse porque, sendo uma a casa e uma
a família, não se atribuíssem a todos as mesmas coisas.
Tais são os que se indignam quando ouvem dizer que noutros tempos se
permitiam aos justos coisas que não se lhe permitem agora, e que Deus mandou
àqueles uma coisa e a estes outra, conforme os tempos, servindo uns e outros à
mesma norma de santidade. E, contudo, é bem visível que no mesmo homem, no
mesmo dia e na mesma hora e na mesma casa, o que convém a um membro não convém
a outro, e aquilo que há pouco era licito, já não o é mais, e que o que se
concede em uma parte, é justamente proibido e castigado noutra.
Diremos, por isso, que a justiça é vária e inconstante?
O que acontece é que os tempos a que ela preside não caminham no mesmo
passo, porque são tempos. Mas os homens, cuja vida terrestre é breve, por não
saberem harmonizar as causas dos tempos idos, e das gentes que não viram nem
conheceram, com as que agora vêm e experimentam e, como também vêm facilmente o
que no mesmo corpo, na mesma hora e lugar convém a cada membro, a cada tempo, a
cada parte e a cada pessoa, escandalizam-se com as coisas daqueles tempos,
enquanto aceitam as de agora.
Ignorava eu então estas coisas e não as refletia e, embora de todos os
lados me ferissem os olhos, eu não as via. Quando declamava algum poema, não me
era lícito pôr um pé em qualquer outra parte do verso, senão numa espécie de
metro uns e em outra outros, e num mesmo verso não podia meter em todas as
partes o mesmo pé, e a própria arte da prosódia, apesar de mandar coisas tão
distintas, não era diversa em cada parte, senão uma só e coerente.
Contudo, não via como a justiça, à qual serviram aqueles varões bons e
santos, pudesse conter simultaneamente, de modo mais belo e sublime, preceitos
tão diversos, sem variar na sua essência, apesar de não mandar ou distribuir
aos diferentes tempos todas as coisas simultaneamente, mas a cada um as que lhe
são próprias.
E, cego, censurava àqueles piedosos patriarcas, que não só usavam do
presente como Deus lhes mandava e inspirava, mas também prediziam o futuro
conforme Deus lhes revelava.
(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)
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