29/05/2013

Leitura espiritual para 29 Mai


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 19, 25-42

25 Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede».29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Então, os soldados, ensopando no vinagre uma esponja e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-Lha à boca. 30 Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: «Tudo está consumado!». Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Os judeus, visto que era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, porque aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a Pilatos que lhes fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois, os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia sido crucificado. 33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e imediatamente saiu sangue e água. 35 Quem foi testemunha deste facto o atesta, e o seu testemunho é digno de fé e ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 36 Porque estas coisas sucederam para que se cumprisse a Escritura: “Não Lhe quebrarão osso algum”. 37 E também diz outro passo da Escritura: “Hão-de olhar para Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-o. Foi, pois, e tomou o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha ido anteriormente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de quase cem libras de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O em lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. 41 Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um sepulcro novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser o dia da Preparação dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO SEGUNDO 2

CAPÍTULO VI

O crime gratuito

Que amei, então, em ti, ó meu furto, crime noturno dos meus dezasseis anos? Não eras belo, já que eras furto. Mas, por acaso és algo para que eu fale contigo? Belas eram as peras que roubamos, por serem criaturas tuas, ó formosíssimo Criador de todas as coisas, bom Deus, Deus sumo, meu bem e meu verdadeiro bem, belas eram aquelas peras! Porém, não eram elas que a minha alma depravada apetecia. Eu tinha-as em abundância, e melhores. Colhi-as da árvore só para roubar, tanto que, tão logo colhidas, joguei-as fora, saboreando nelas apenas a iniquidade, com que me regozijava. Se alguma delas entrou na minha boca, somente o crime é que lhe deu sabor.
E agora pergunto, meu Deus: que é que me deleitava no furto? Pois não encontro nenhuma beleza nele. Já não falo da beleza que reside na justiça e na prudência, nem sequer da que resplandece na inteligência do homem, na memória, nos sentidos ou na vida vegetativa, nem da que brilha nos magníficos astros em suas órbitas, ou na terra e no mar, cheios de criaturas, que nascem para sucederem umas às outras, nem sequer da defeituosa e sombria formosura dos vícios enganadores.
O orgulho imita a altura, mas só tu, Deus excelso, estás acima de todas as coisas. E a ambição, que busca, senão honras e glorias, quanto tu és o único sobre todas as coisas e ser honrado e glorificado eternamente? A crueldade dos tiranos quer ser temida, porém, quem há-de ser temido senão Deus, a cujo poder ninguém, em tempo algum ou lugar, nem por nenhum meio pode subtrair-se e fugir? As
carícias da volúpia buscam ser correspondidas, porém, não há nada mais carinhoso que tua caridade, nem que se ame de modo mais salutar que a tua verdade, sobre todas as coisas formosa e resplandecente. A curiosidade sugere amor à ciência, enquanto só tu conheces plenamente todas as coisas. Até a própria ignorância e estultícia se cobrem com o nome de simplicidade e inocência, das quais não acham nada mais simples do que tu. E que pode haver mais inocente do que tu, pois, até mesmo o castigo dos maus lhes vem de seus pecados? A indolência gosta do descanso, porém, que repouso seguro pode haver fora do Senhor? O luxo gosta de ser chamado fartura, mas só tu és a plenitude e a abundância inesgotável de eterna suavidade. A prodigalidade veste-se com a capa da liberalidade, porém, só tu, és verdadeiro e liberalíssimo doador de todos os bens. A avareza quer possuir muitas coisas, porém, só tu as possui todas. A inveja litiga acerca de excelências, porém, que há mais excelente do que tu? A ira busca a vingança, e que vingança mais justa do que a tua? O temor aborrece as coisas repentinas e insólitas, contrárias ao que se ama ou se deseja manter seguro, mas haverá para ti algo de novo e repentino? Quem poderá separar de ti o que amas? E onde, senão em ti, se encontra inabalável segurança? A tristeza definha com a perda das coisas com que a cobiça se deleita, e não quer que se lhe tire nada, como nada pode ser tirado de ti.
Assim peca a alma, quando se aparta e busca fora de ti o que não pode achar puro e ilibado senão quando se volta novamente para ti. Perversamente te imitam todos os que se afastam de ti e se levantam contra ti. Porém, mesmo imitando-te, mostram que és o criador de toda a criatura e que, portanto, não existe lugar onde alguém se possa afastar de ti de modo absoluto.
Que amei, então, naquele furto, e no que imitei, viciosa e imperfeitamente, o meu Senhor?
Acaso foi o gosto de agir pela fraude contra a tua lei, já que não o podia fazer por força, simulando, cativo, uma falsa liberdade ao fazer impunemente o que estava proibido, imagem tenebrosa de tua onipotência?
Eis aqui o servo que, fugindo do seu senhor, seguiu uma sombra. Ó podridão! Ó monstro da vida e abismo da morte! Como pôde agradar-me o ilícito, e não por outro motivo, senão porque era ilícito?

CAPÍTULO VII

Ação de graças

Como agradecerei ao Senhor por poder recordar todas estas coisas sem que minha alma sinta medo algum? Amar-te-ei, Senhor, e dar-te-ei graças, e confessarei teu nome, pois me perdoaste tantas e tão nefandas ações. Devo à tua graça e misericórdia teres-me dissolvido os pecados como gelo, como também todo o mal que não pratiquei. De facto, de que pecados não seria capaz, eu que amei gratuitamente o erro?
Confesso que todos já me foram perdoados, o mal cometido voluntariamente, e o que deixei de fazer pela tua graça. Quem dentre os homens, conhecendo a tua fraqueza, poderá atribuir às próprias forças a sua castidade e inocência para amar-te menos, como se tivesse menor necessidade de tua misericórdia, com a qual perdoas os pecados aos que se convertem a ti?
Aquele, pois, que, chamado por ti, seguiu a tua voz e evitou todas estas coisas que lê de mim, e que eu recordo e confesso, não se ria de mim por haver sido curado pelo mesmo médico que o preservou de cair enfermo, ou melhor, de que adoecesse tanto. Antes, esse deve amar-te tanto e ainda mais do que eu, porque o mesmo que me curou de tantas e tão graves enfermidades, esse mesmo o livrou de cair no pecado.

CAPÍTULO VIII

O prazer da cumplicidade

E que fruto colhi eu, miserável, daquelas ações que agora recordo com rubor? Sobretudo daquele furto, em que amei o próprio furto, e nada mais? Nenhum, pois o furto, em si nada valia, ficando eu mais miserável com ele. Todavia, é certo que eu sozinho não o teria praticado – a julgar pela disposição de meu ânimo na ocasião, - não, de modo algum, eu, sozinho, não o faria.
Portanto, apreciei também na ocasião a companhia daqueles com quem o cometi. Logo, também é certo que apreciei algo mais além do furto, embora não amasse de facto nada mais, pois também essa cumplicidade era nada.
Mas, que é esta, na verdade? E quem mo poderá ensinar, senão o que ilumina o meu coração e rasga as minhas sombras? De onde vem à minha alma a ideia destas indagações, desta discussão e considerações? Se eu então amasse as peras que roubei, e quisesse apenas o seu desfrute, podia tê-las roubado sozinho, se isso bastasse. Poderia fazer a iniquidade pela qual chegaria o meu deleite sem necessidade de excitar o prurido da minha cobiça com a conivência de almas cúmplices.
Porém, como não achava deleite algum nas peras, colocava este no próprio pecado, que consistia na companhia dos que pecavam comigo.

CAPÍTULO IX

O prazer do pecado

E que sentimento era aquele de minha alma? Certamente, assaz torpe e eu um desgraçado por alimentá-lo. Mas, que era na realidade? E quem há que conheça os pecados? Era como um riso, como que a fazer-nos cócegas no coração, provocado por ver que enganávamos os que não suspeitavam de nós tais coisas, e porque sabíamos que haviam de detestá-las.
Porém, por que me deleitava o não perpetrar sozinho o roubo? Acaso alguém se ri facilmente quando está só? Ninguém o faz, é verdade, porém, também é verdade que às vezes o riso tenta e vence os que estão sós, sem que ninguém os veja, quando se oferece aos sentidos ou à alma algo extraordinariamente ridículo. Porque a verdade é que eu sozinho nunca teria feito aquilo, não, eu sozinho jamais faria aquilo. Tenho viva, diante de mim, meu Deus, a lembrança daquele estado de alma, e repito que eu sozinho não teria cometido aquele furto, do qual não me deleitava o objecto, mas a razão do roubo, o que, sozinho, não me teria agradado de modo algum, nem eu o teria feito.
Ó amizade inimiga! Sedução impenetrável da alma, vontade de fazer o mal por passatempo e brinquedo, apetite do dano alheio sem proveito algum e sem desejo de vingança!
Só porque sentimos vergonha de não ser sem-vergonha quando ouvimos, “Vamos! Façamos!”.

CAPÍTULO X

Deus, o sumo bem

Quem desatará este nó, tão enredado e emaranhado? Como é asqueroso! Não quero voltar para ele os olhos, não quero vê-lo. Só a ti quero, justiça e inocência, tão bela e graciosa aos olhos puros, e com insaciável saciedade. Só em ti se acha o descanso supremo e a vida imperturbável. Quem entra em ti, entra no gozo do seu Senhor, e não temerá, e estará perfeitamente bem no sumo bem. Eu afastei-me de ti e andei errante, meu Deus, muito longe do teu esteio na minha adolescência, e cheguei a ser para mim mesmo uma região de esterilidade.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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