24/05/2013

Leitura espiritual para 24 Mai


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 16, 5-33

5 «Agora vou para Aquele que Me enviou e nenhum de vós Me pergunta: Para onde vais? 6 Mas, porque vos disse estas coisas a tristeza encheu o vosso coração. 7 «Contudo, digo-vos a verdade: A vós convém que Eu vá, porque se não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se for, Eu vo-l'O enviarei. 8 Ele, quando vier, convencerá o mundo quanto ao pecado, à justiça e ao juízo. 9 Quanto ao pecado, porque não creram em Mim; 10 quanto à justiça, porque vou para o Pai e vós não Me vereis mais; 11 quanto ao juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. 12 Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não as podeis compreender agora. 13 Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, Ele vos guiará no caminho da verdade total, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir. 14 Ele Me glorificará, porque receberá do que é Meu e vo-lo anunciará. 15 Tudo quanto o Pai tem é Meu. Por isso Eu vos disse que Ele receberá do que é Meu e vo-lo anunciará. 16 «Um pouco, e já não Me vereis; outra vez um pouco, e ver-Me-eis, porque vou para o Pai». 17 Disseram então entre si alguns dos Seus discípulos: «Que é isto que Ele nos diz: Um pouco, e já não Me vereis, e outra vez um pouco, e ver-Me-eis? Que significa também: Porque vou para o Pai?». 18 Diziam pois: «Que é isto que Ele diz: Um pouco? Não sabemos o que Ele quer dizer».19 Jesus, conhecendo que queriam interrogá-l'O, disse-lhes: «Vós perguntais uns aos outros porque é que Eu disse: Um pouco, e já não Me vereis, e outra vez um pouco, e ver-Me-eis.20 Em verdade, em verdade vos digo que haveis de chorar e gemer, e o mundo se há-de alegrar; haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria. 21 A mulher, quando dá à luz, está em sofrimento, porque chegou a sua hora, mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da sua aflição, pela alegria que sente de ter nascido um homem para o mundo. 22 Vós, pois, também estais agora tristes, mas hei-de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos tirará a vossa alegria. 23 Naquele dia, não Me interrogareis sobre nada. «Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes a Meu Pai alguma coisa em Meu nome, Ele vo-la dará. 24 Até agora não pedistes nada em Meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. 25 «Disse-vos estas coisas em parábolas. Mas vem o tempo em que não vos falarei já por parábolas, mas vos falarei abertamente do Pai. 26 Nesse dia pedireis em Meu nome, e não vos digo que hei-de rogar ao Pai por vós, 27 porque o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que saí do Pai. 28 Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo e vou para o Pai». 29 Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Eis que agora falas claramente e não usas nenhuma parábola. 30 Agora conhecemos que sabes tudo e que não é necessário que alguém Te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus».31 Jesus respondeu-lhes: «Credes agora?». 32 «Eis que vem a hora, e já chegou, em que sereis espalhados cada um para seu lado e em que Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo.33 Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo».


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO PRIMEIRO

CAPÍTULO I

Louvor e Invocação

És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado, grande é teu poder, e incomensurável tua sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do pecado e a prova de que resistes aos soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te.
Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar descanso em ti.
Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer?
Porque, ignorando-te, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em quem não crêm?
Ou como haverão de crer em alguém que lhos pregue?
Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam encontram-no e os que o encontram hão-de louvá-lo.
Que eu, Senhor, te procure invocando-te, e te invoque crendo em ti, pois me pregaram teu nome. Invoca-te, Senhor, a fé que tu me deste, a fé que me inspiraste pela humanidade do teu Filho e o ministério do teu pregador.

CAPÍTULO II

Deus está no homem, e este em Deus

E como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim?
E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter?
Acaso te contêm o céu e a terra, que tu criaste, e dentro dos quais também me criaste a mim?
Será, talvez, pelo facto de nada do que existe sem Ti, que todas as coisas te contêm? E, assim, se existo, que motivo pode haver para Te pedir que venhas a mim, já que não existiria se não habitásseis em mim?
Ainda não estive no inferno, mas também ali estás presente, pois, se descer ao inferno, ali estarás.
Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se não estivesses em mim, talvez seria melhor dizer que eu não existiria de modo algum se não estivesse em ti, de quem, por quem e em quem existem todas as coisas?
Assim é, Senhor, assim é. Como, pois, posso chamar-te se já estou em ti, ou de onde hás-de vir a mim, ou a que parte do céu ou da terra me hei-de recolher, para que ali venha a mim o meu Deus, ele que disse:
Eu encho o céu e a terra?

CAPÍTULO III

Onde está Deus?

Porventura o céu e a terra te contêm, porque os enches?
Ou será melhor dizer que os enches, mas que ainda resta alguma parte de ti, já que eles não te podem conter?
E onde estenderás isso que sobra de ti, depois de cheios o céu e a terra?
Mas será necessário que sejas contido em algum lugar, tu que conténs todas as coisas, visto que as que enches e contendo-as as ocupas?
Porque não são os vasos cheios de ti que te tornam estável, já que, quando se quebrarem, tu não te derramarás, e quando te derramas sobre nós, não fazes isso porque cais, mas porque nos levantas, nem porque te dispersas, mas porque nos recolhes.
No entanto, todas as coisas que enches, enche-as todas com todo o teu ser, ou talvez, por não te poderem conter totalmente todas as coisas, contêm apenas parte de ti?
E essa parte de ti as contêm todas ao mesmo tempo, ou cada uma a sua, as maiores a maior parte, e as menores a menor parte?
Mas haverá em ti partes maiores e partes menores?
Acaso não estás todo em todas as partes, sem que haja coisa alguma que te contenha totalmente?

CAPÍTULO IV

As perfeições de Deus

Que és, portanto, ó meu Deus?
Que és, repito, senão o Senhor Deus?
Ó Deus sumo, excelente, poderosíssimo, onipotentíssimo, misericordiosíssimo e justíssimo.
Tao oculto e tão presente, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível, imutável, mudando todas as coisas, nunca novo e nunca velho, renovador de todas as coisas, conduzindo à ruína os soberbos sem que eles o saibam, sempre agindo e sempre repousando, sempre sustentando, enchendo e protegendo, sempre criando, nutrindo e aperfeiçoando, sempre buscando, ainda que nada te falte.
Amas sem paixão, tens zelos, e estás tranquilo, arrependes-te, e não tens dor, iras-te, e continuas calmo, mudas de obra, mas não de resolução, recebes o que encontras, e nunca perdeste nada, não és avaro, e exiges lucro. A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor, porém, quem terá algo que não seja teu, pois, pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas dívidas sem que nada percas com isso?
E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa, ou que poderá alguém dizer quando fala de ti?
Mas ai dos que nada dizem de ti, pois, embora o seu muito falar, não passam de charlatães mudos.

CAPÍTULO V

Súplica

Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses ao meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça das minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem!
Que és para mim?
Tem piedade de mim, para que eu possa falar.
E que sou eu para ti, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos?
Acaso é pequeno o castigo de não te amar?
Ai de mim!
Diz-me por tuas misericórdias, meu Senhor e meu Deus, o que és para mim?
Diz à minha alma: Eu sou a tua salvação.
Que eu ouça e siga essa voz e te alcance. Não queiras esconder-me teu rosto. Morra eu para que possa vê-lo para não morrer eternamente.
Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas, restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu seio, porém, quem haverá de purificá-la?
A quem clamarei senão a ti?
Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa ao teu servo os alheios! Creio, e por isso falo. Tu sabe-lo, Senhor.
Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus?
E não me perdoaste a impiedade de meu coração?
Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma a minha iniquidade. Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniquidades, Senhor, quem, Senhor, subsistirá?

CAPÍTULO VI

Os primeiros anos

Permite, porém, que eu fale em presença da tua misericórdia, a mim, terra e cinza, deixa que eu fale, porque é à tua misericórdia que falo, e não ao homem, que de mim escarnece. Talvez também tu te rias de mim, mas, voltado para mim, terás compaixão.
E que pretendo dizer-te, Senhor, senão que ignoro de onde vim para aqui, para esta, não sei se posso chamar, vida mortal ou morte vital? Não o sei. Mas receberam-me os consolos das tuas misericórdias, conforme o que ouvi de meus pais carnais, de quem e em quem me formaste no tempo, pois eu, de mim, nada recordo. Receberam-me os consolos do leite humano, do qual nem a minha mãe, nem as minhas amas enchiam os seios, mas eras tu que, por meio delas, me davas aquele alimento da infância, de acordo com o seu desígnio, e segundo os tesouros dispostos por ti até no mais íntimo das coisas.
Também por tua causa é que eu não queria mais do que me davas, por tua causa é que as minhas amas queriam dar-me o que tu lhes davas, pois elas, movidas de sadio afecto, queriam dar-me aquilo em que abundavam graças a ti, já que era um bem para elas ou delas receber aquele bem, embora realmente não fosse delas, meros instrumentos, porque de ti procedem, com certeza, todos os bens, ó Deus, e de ti, Deus meu, depende toda minha salvação.
Tudo isto vim a saber mais tarde, quando me falaste por meio dos mesmos bens que me concedias interior e exteriormente. Porque então as únicas coisas que fazia era sugar o leite, aquietar-me com os afagos e chorar as dores da minha carne.
Depois também comecei a rir, primeiro dormindo, depois acordado. Isto, disseram de mim, e creio-o, porque o mesmo acontece com outros meninos, pois eu não tenho a menor lembrança dessas coisas.
Pouco a pouco comecei a dar-me conta de onde estava, e a querer dar a conhecer os meus desejos a quem os podia satisfazer, embora realmente não o pudessem, porque meus desejos estavam dentro, e eles fora, e por nenhum sentido podiam entrar na minha alma. Assim, agitava os braços e dava gritos e sinais semelhantes aos meus desejos, os poucos que podia e como podia, embora não fossem de facto a sua expressão. Mas, se não era atendido, ou porque não me entendessem, ou porque o que desejava me fosse prejudicial, eu indignava-me com os adultos, porque não me obedeciam, e sendo livres, por não quererem servir-me, e deles me vingava chorando. Assim são as crianças que pude observar, e que eu também fosse assim, mais elas me ensinaram, sem o saber, do que os que me criaram, sabendo-o.
A minha infância morreu há muito tempo, mas eu continuo vivo.
Mas, diz-me, Senhor, tu que sempre vives, e em quem nada falece – porque existias antes do começo dos séculos, e antes de tudo o que há de anterior, e és Deus e Senhor de todas as coisas, e esse encontram em ti as causas de tudo o que é instável, e em ti permanecem os princípios imutáveis de tudo o que se transforma, e vivem as razões eternas de tudo o que é transitório – diz-me a mim, eu to suplico, ó meu Deus, diz-me, misericordioso, a mim que sou miserável, diz-me: porventura a minha infância sucedeu a outra idade minha, já morta?
Será esta aquela que vivi no ventre de minha mãe? Porque também desta me revelaram algumas coisas, e eu mesmo já vi mulheres grávidas.
E antes desse tempo, minha doçura e meu Deus, que era eu?
Fui alguém, ou era parte de alguma coisa?
Diz-mo, porque não tenho quem me responda, nem meu pai, nem minha mãe, nem a experiência dos outros, nem a minha memória. Acaso te ris de mim, porque desejo saber estas coisas, e me mandas que te louve e te confesse pelo que conheci de ti?
Eu te confesso, Senhor dos céus e da terra, louvando-te pelos meus princípios e pela minha infância, de que não tenho memória, mas que, por tua graça, o homem pode conjecturar de si pelos outros, crendo em muitas coisas, ainda que confiado na autoridade de humildes mulheres.
Então eu já existia, já vivia de verdade, e, já no fim da infância procurava sinais com que pudesse exprimir aos outros as coisas que sentia.
Com efeito, de onde poderia vir semelhante criatura, senão de ti, Senhor?
Acaso alguém pode ser artífice de si mesmo?
Porventura existirá algum outro manancial por onde corra até nós o ser e a vida, diferente da que nos dais, Senhor, tu em quem ser e vida não são coisas distintas, porque és o Sumo Ser e a Suprema Vida?
Com efeito, és sumo, e não te mudas, nem caminha para ti o dia de hoje, apesar de caminhar por ti, apesar de estarem em ti com certeza todas estas coisas, que não teriam caminho por onde passar se não as contivesses. E porque os teus anos não fenecem, os teus anos são um perpétuo hoje. Oh! Quantos dias nossos e de nossos pais já passaram por este teu hoje, e dele receberam a sua duração, e de alguma maneira existiram, e quantos passarão ainda, e receberão seu modo, e seu ser?
Mas tu és sempre o mesmo, e todas as coisas de amanhã e do futuro, e todas as coisas de ontem e do passado, nesse hoje as fazes, nesse hoje as fizeste.
Que importa que alguém não entenda essas coisas?
Que este alguém se ria, e diga: que é isto?
Que se ria assim, e que prefira encontrar-te sem indagação do que, indagando, não te encontrar.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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