A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho: Jo 12, 27-50
27 «Agora a Minha alma, está turbada.
E que direi Eu? Pai, livra-Me desta hora? Mas é para isso que cheguei a esta
hora. 28 Pai, glorifica o Teu nome». Então veio do céu esta voz: «Eu O
glorifiquei e O glorificarei novamente». 29 Ora o povo, que ali estava e
ouvira, dizia que tinha sido um trovão. Outros diziam: «Um anjo Lhe falou». 30
Jesus respondeu: «Esta voz não veio por causa de Mim, mas por vossa causa. 31
Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. 32
E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim». 33 Dizia
isto para designar de que morte havia de morrer. 34 Respondeu-Lhe a multidão:
«Nós aprendemos da Lei que o Messias permanece eternamente; como dizes Tu que o
Filho do Homem deve ser levantado? Quem é este Filho do Homem?». 35 Jesus
respondeu-lhes: «Ainda por um pouco de tempo está a luz convosco. Andai
enquanto tendes a luz, para que não vos surpreendam as trevas; quem caminha nas
trevas não sabe aonde vai.36 Enquanto tendes a luz, crede na luz para que
sejais filhos da luz». Jesus disse isto; depois retirou-Se e escondeu-Se deles.
37 Apesar de ter feito tantos milagres na sua presença, não acreditaram n'Ele, 38
para se cumprir a palavra do profeta Isaías, quando disse: “Senhor, quem
acreditou o que ouviu de nós? E a quem foi revelado o braço do Senhor?”. 39 Por
isso não podiam acreditar, porque também disse Isaías: 40 “Tornou-lhes cegos os
olhos, endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, e não
compreendam com o coração, nem se convertam e Eu os cure”. 41 Isto disse
Isaías, quando viu a Sua glória e falou d'Ele.42 Todavia, mesmo entre os
principais, muitos creram n'Ele; mas, por causa dos fariseus, não o confessavam
para não serem expulsos da sinagoga;43 porque amaram mais a glória dos homens
do que a glória de Deus.44 Jesus levantou a voz e disse: «Quem acredita em Mim,
não é em Mim que acredita, mas n'Aquele que Me enviou. 45 Quem Me vê a Mim, vê
Aquele que Me enviou. 46 Eu vim ao mundo como uma luz, para que todo o que crê
em Mim não fique nas trevas. 47 Se alguém ouvir as Minhas palavras e não as
guardar, Eu não o julgo, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvar o
mundo. 48 Quem Me despreza e não recebe as Minhas palavras, já tem quem o
julgue; a palavra que anunciei, essa o julgará no último dia. 49 Com efeito, Eu
não falei por Mim mesmo, mas o Pai que Me enviou, Ele mesmo Me prescreveu o que
Eu devia dizer e ensinar. 50 Eu sei que o Seu mandamento é a vida eterna. As
coisas, pois, que digo, digo-as como Meu Pai Me disse».
Temas actuais do cristianismo [1]
O
apostolado do Opus Dei nos cinco continentes
34
Algumas pessoas têm
afirmado às vezes que o Opus Dei é organizado internamente segundo as normas
das sociedades secretas. Que se deve pensar de tal afirmação? Poderia dar-nos,
a propósito dista, uma ideia da mensagem que desejou dirigir aos homens do
nosso tempo ao fundar a Obra em 1928?
Desde
1928 não tenho deixado de pregar que a santidade não está reservada a
privilegiados, que todos os caminhos da Terra podem ser divinos, porque o cerne
da espiritualidade específica do Opus Dei é a santificação do trabalho. É
preciso acabar com o preconceito de que os fiéis correntes não podem senão
limitar-se a ajudar o clero, em apostolados eclesiásticos; e fazer notar que,
para alcançar esse fim sobrenatural, os homens têm necessidade de ser e de se
sentir pessoalmente livres, com a liberdade que Jesus Cristo ganhou para nós.
Para pregar e ensinar a praticar esta doutrina, nunca tive necessidade de
segredo algum. Os membros da Obra detestam o segredo, porque são fiéis
correntes, pessoas exactamente iguais às outras: ao entrarem para o Opus Dei
não mudam de estado. Repugnar-lhes-ia trazer um letreiro nas costas que
dissesse: “Reparem que estou dedicado ao serviço de Deus”. Isto não seria nem
laical nem secular. Mas os conhecidos e amigos dos sócios do Opus Dei sabem que
eles fazem parte da Obra, porque o não dissimulam, ainda que o não apregoem.
35
Poderia traçar um rápido
esquema da estrutura do Opus Dei à escala mundial e da sua articulação com o
Conselho Geral a que preside em Roma?
O
Conselho Geral tem o seu domicílio em Roma, independente para cada Secção: a de
homens e a de mulheres (“Anuário Pontifício” de 1966, págs. 885 e 1226); e em
cada país existe um organismo análogo, presidido pelo Conselheiro nessa nação [2].
Não pense numa organização poderosa, estendida capilarmente até ao último
recanto do Mundo. Imagine antes uma organização desorganizada, pois o trabalho
dos directores do Opus Dei destina-se principalmente a fazer com que chegue a
todos os seus membros o espírito genuíno do Evangelho - espírito de caridade,
de convivência, de compreensão, absolutamente alheio ao fanatismo - mediante
uma sólida e adequada formação teológica e apostólica. Depois, cada um actua
com inteira liberdade pessoal e, formando de modo autónomo a sua própria
consciência, esforça-se por procurar a perfeição cristã e cristianizar o seu
ambiente, santificando o seu próprio trabalho intelectual ou manual, em todas
as circunstâncias da sua vida e no seu próprio lar.
Por
outro lado, a direcção da Obra é sempre colegial. Detestamos a tirania,
especialmente neste governo exclusivamente espiritual do Opus Dei. Amamos a
pluralidade: o contrário não conduziria senão à ineficácia, a não fazer nem
deixar fazer, a não progredir.
36
O ponto 484 do seu código
religioso, Caminho, precisa: “Sê instrumento”. Que sentido se deve atribuir a
esta afirmação dentro do contexto das perguntas precedentes?
Caminho,
um código? Não! Escrevi em 1934 uma boa parte deste livro, resumindo para todas
as almas que dirigia - do Opus Dei ou não - a minha experiência sacerdotal. Não
suspeitei que trinta anos mais tarde alcançaria uma difusão tão ampla - milhões
de exemplares - em tantas línguas. Não é um livro somente para os sócios do
Opus Dei; é para todos, mesmo para os não cristãos. Caminho deve ser lido com
um mínimo de espírito sobrenatural, de vida interior e de preocupação
apostólica. Não é um código do homem de acção. Pretende ser um livro que leva a
viver na intimidade de Deus e a amá-lo, e a servir todas as almas: a ser um
instrumento - era esta a sua pergunta - como o Apóstolo Paulo queria sê-lo de
Cristo. Instrumento livre e responsável; aqueles que querem ver nas suas páginas
uma finalidade temporal, enganam-se. Não se esqueça que é corrente, nos autores
espirituais de todos os tempos, considerar as almas como instrumentos nas mãos
de Deus.
37
A Espanha ocupa um lugar
de preferência na Obra? Pode considerar-se como ponto de partida dum programa
mais ambicioso, ou um simples sector de actividade entre muitos outros?
A
Espanha não é senão um dos 65 países em que há sócios do Opus Dei, e os
espanhóis são uma minoria. Geograficamente, o Opus Dei nasceu na Espanha; mas o
seu fim é universal desde o princípio. De resto, eu resido em Roma há vinte
anos.
38
O facto de alguns membros
da Obra estarem presentes na vida pública do país, não politizou, de certo
modo, o Opus Dei em Espanha? Não comprometem, assim, a Obra e a própria Igreja?
Nem
em Espanha, nem em nenhum outro sítio! Insisto em que os sócios do Opus Dei
trabalham com plena liberdade e sob a sua responsabilidade pessoal, sem
comprometer nem a Igreja nem a Obra, porque não se apoiam nem na Igreja nem na
Obra para realizarem as suas actividades pessoais.
Pessoas
formadas numa concepção militar do apostolado e da vida espiritual tenderão a
ver no trabalho livre e responsável dos cristãos um modo de actuar colectivo.
Mas digo-lhe, como não me tenho cansado de repetir desde 1928, que a
diversidade de opiniões e de comportamentos no terreno temporal e no campo
teológico opinável não constitui problema algum para a Obra: a diversidade que
existe e existirá sempre entre os sócios do Opus Dei é, pelo contrário, uma
manifestação de bom espírito, de vida honesta, de respeito pelas opiniões
legítimas de cada um.
39
Não lhe parece que em
Espanha, e em virtude do particularismo inerente à raça ibérica, um certo
sector da Obra poderia ser tentado a utilizar o seu poder para satisfazer
interesses particulares?
Levanta
uma hipótese que me atrevo a garantir que nunca se apresentará na nossa Obra,
não só porque nos associamos exclusivamente para fins sobrenaturais, mas ainda
porque, se alguma vez um membro do Opus Dei quisesse impor, directa ou
indirectamente, um critério temporal aos outros, ou servir-se deles para fins
humanos, seria expulso sem contemplações, porque os outros sócios se
revoltariam legitimamente, santamente.
40
Em Espanha, o Opus Dei
orgulha-se de reunir pessoas de todas as classes sociais. Esta afirmação é
válida também para o resto do Mundo, ou deve admitir-se que nos outros países
os sócios do Opus Dei procedem antes de meios ilustrados, como os
estados-maiores da Indústria, da Administração, da Política e das Profissões
Liberais?
De
facto, pertencem ao Opus Dei, tanto em Espanha como em todo o mundo, pessoas de
todas as condições sociais: homens e mulheres, velhos e jovens, operários,
industriais, empregados, camponeses, representantes das profissões liberais, etc.
A vocação é Deus quem a dá e para Deus não há acepção de pessoas.
Mas
o Opus Dei não se orgulha de coisa nenhuma: não e às forças humanas que as
obras de apostolado devem o seu crescimento, é ao sopro do Espírito Santo. Numa
associação com fins temporais, é lógico publicar estatísticas que ostentem o
número, a condição e as qualidades dos sócios, e assim costumam fazer as
organizações que buscam prestígio temporal; mas este modo de actuar, quando se
procura a santificação das almas, favorece a soberba colectiva: ora Cristo quer
a humildade para cada um dos cristãos e para todos os cristãos.
41
Qual é a situação actual
do desenvolvimento da Obra em França?
Corno
lhe dizia, o governo da Obra em cada país é autónomo. A melhor informação sobre
o trabalho do Opus Dei em França, pode obtê-la perguntando-o aos directores da
Obra nesse país.
Entre
as actividades que o Opus Dei realiza corporativamente e pelas quais responde
como tal, há residências de estudantes - como a Résidence lnternationale de
Rouvray, em Paris; a Résidence Universitaire de L'Ile-Verte, em Grenoble -,
centros de reuniões e convívios - como o Centre de Rencontre de Couvrelles, no
departamento de L'Aisne - etc. Mas recordo-lhe que as obras corporativas são o
que menos importa; o trabalho principal do Opus Dei é o testemunho pessoal,
directo, que os seus sócios dão no ambiente do seu trabalho. E para isso a
enumeração não serve. Não pense no fantasma do segredo. Não! As aves que sulcam
o céu não são segredo e a ninguém passa pela cabeça contá-las.
42
Qual é a situação actual
da Obra no resto do Mundo, especialmente no mundo anglo-saxónico?
O
Opus Dei encontra-se tão à vontade na Inglaterra como no Quénia, na Nigéria,
como no Japão, nos Estados Unidos como na Áustria, na Irlanda como no México ou
na Argentina: em cada lugar é o mesmo fenómeno teológico e pastoral, enraizado
nas almas do país. Não se baseia numa cultura determinada nem numa época
concreta da História. No mundo anglo-saxónico, o Opus Dei tem, graças à ajuda
de Deus e à colaboração de grande número de pessoas, obras apostólicas de
diversas espécies: Netherhall House, em Londres, que presta especial atenção
aos estudantes afro-asiáticos; Hudson Center, em Montreal, para a formação
humana e intelectual de raparigas; Nairana Cultural Center, que se dirige aos
estudantes de Sydney... Nos Estados Unidos, onde o Opus Dei começou a trabalhar
em 1949, podem mencionar-se: Midtown, centro para operários num bairro do
coração de Chicago; Stonecrest Community Center, em Washington, destinado à
formação de mulheres que carecem de preparação profissional; Trimount House,
residência universitária, em Boston, etc. Uma advertência: a influência da
Obra, na medida em que exista em cada caso, será sempre espiritual e de
carácter religioso, nunca temporal.
43
Fontes diversas pretendem
que uma inimizade profunda oporia a maior parte das ordens religiosas, e
singularmente a Companhia de Jesus, ao Opus Dei. Estes boatos têm algum
fundamento ou fazem parte desses mitos que o público alimenta quando não
conhece bem algum assunto?
Embora
não sejamos religiosos nem nos pareçamos com os religiosos - nem há autoridade
no Mundo que nos possa obrigar a sê-lo - no Opus Dei veneramos e amamos o
estado religioso. Todos os dias rezo para que todos os veneráveis religiosos
continuem a oferecer à Igreja frutos de virtudes, de obras apostólicas e de
santidade. Os boatos de que se falou são... boatos. O Opus Dei teve sempre a
admiração e a simpatia de inúmeras ordens e congregações, particularmente dos
religiosos e das religiosas de clausura, que rezam por nós, nos escrevem com
frequência e dão a conhecer a nossa Obra de mil e uma maneiras, porque se dão
conta da nossa vida de contemplação no meio dos afazeres da rua. O secretário
geral do Opus Dei, Dr. Alvaro del Portillo, conhecia e estimava o anterior
Geral da Companhia de Jesus. O actual Geral, o Padre Arrupe, conheço-o eu e
estimo-o, e ele a mim. As incompreensões, se as houvesse, demonstrariam pouco
espírito cristão, porque a nossa fé é de unidade, não de rivalidade e divisões.
44
Qual é a posição da Obra
acerca da declaração conciliar em favor da liberdade religiosa, e de modo
especial acerca da sua aplicação em Espanha, onde o “projecto Castiella”
continua suspenso? E que dizer desse famoso “integrismo” atribuído alguma vez
ao Opus Dei?
Integrismo?
O Opus Dei não está à direita, nem à esquerda, nem ao centro. Pessoalmente,
como sacerdote, procuro estar com Cristo, que na Cruz estendeu os dois braços,
e não apenas um deles. - Tomo com liberdade, de cada grupo, aquilo que me
convence, e que me torna o coração e os braços acolhedores para com toda a
gente. Por sua vez, cada um dos sócios da Obra é libérrimo de fazer as opções
que quiser, no âmbito da fé cristã.
Quanto
à liberdade religiosa, o Opus Dei, desde a sua fundação, nunca fez
discriminações: trabalha e convive com todos, porque vê, em cada um, uma alma
que é preciso respeitar e amar. Não são meras palavras: a nossa Obra foi a
primeira organização católica a admitir, com autorização da Santa Sé, como Cooperadores
os não católicos, sejam ou não cristãos. Defendi sempre a liberdade das
consciências. Não compreendo a violência: não me parece apta para convencer nem
para vencer. O erro supera-se com a oração, com a graça de Deus, com o estudo;
nunca com a força, sempre com a caridade. Compreenderá que, sendo este o
espírito que temos vivido desde o princípio, só me podem ter causado alegria os
ensinamentos que o Concílio promulgou sobre este tema. Acerca do projecto
concreto a que se refere, não é questão da minha competência, mas da hierarquia
da Igreja em Espanha e dos católicos desse país, aplicando ao caso concreto o
espírito do Concílio.
45
Alguns leitores de Caminho
manifestam estranheza perante a afirmação contida no ponto 28 desse livro: “O
matrimónio é para os soldados e não para o estado-maior de Cristo”. Poderá
ver-se nisto uma apreciação pejorativa do matrimónio, oposta ao desejo da Obra
de inserir-se nas realidades vivas do mundo moderno?
Aconselho-o
a ler o número anterior de Caminho, onde se diz que o matrimónio é uma vocação
divina. Não era nada frequente ouvir afirmações como essa à roda de 1935. Tirar
as conclusões de que fala é não entender as minhas palavras. Com essa metáfora
quis recolher o que sempre ensinou a Igreja acerca da excelência e valor
sobrenatural do celibato apostólico, e recordar ao mesmo tempo a todos os
cristãos que, com palavras de São Paulo, devem sentir-se milites Christi,
soldados de Cristo, membros desse Povo de Deus que realiza na Terra uma luta
divina de compreensão, de santidade e de paz. Há em todo o Mundo muitos
milhares de casais que pertencem ao Opus Dei, ou que vivem de acordo com o seu
espírito, sabendo bem que um soldado pode ser condecorado na mesma batalha em
que o general fugiu vergonhosamente.
46
Em 1946, fixou residência
em Roma. Dos Pontífices que conheceu, que traços se destacam nas suas
recordações?
Para
mim, depois da Santíssima Trindade e de nossa Mãe a Virgem, vem logo o Papa, na
hierarquia do amor. Não posso esquecer que foi S.S. Pio XIl quem aprovou o Opus
Dei, quando este caminho de espiritualidade parecia a alguns uma heresia; mas
também não esqueço que as primeiras palavras de carinho e afecto que recebi em
Roma, em 1946, disse-mas o então Mons. Montini. Tenho também muito presente o
encanto afável e paternal de João XXIII, de todas as vezes que tive ocasião de
o visitar. Uma vez disse-lhe: “Todos, católicos ou não, têm encontrado na nossa
Obra um lugar acolhedor: não tive de aprender o ecumenismo com Vossa Santidade
...”. E o Santo Padre João sorriu emocionado. Que quer que lhe diga? Todos os
Romanos Pontífices têm tido compreensão e carinho para com o Opus Dei.
47
Tive oportunidade,
Monsenhor, de ouvir as respostas às perguntas que lhe fazia um público de mais
de 2000 pessoas, reunidas há ano e meio, em Pamplona. Nessa altura insistia na
necessidade de que os católicos se comportem como cidadãos livres e
responsáveis e “de que não vivam de ser católicos”. Que importância e que
projecção dá a esta ideia?
Sempre
me incomodou a atitude daqueles que fazem de chamar-se católicos uma profissão
ou daqueles que querem negar o princípio da liberdade responsável, sobre o qual
assenta toda a moral cristã.
O
espírito da Obra e dos seus sócios é servir a Igreja e todas as criaturas sem
se servir da Igreja. Gosto de que o católico traga Cristo, não no nome, mas na
conduta, dando real testemunho de vida cristã. Repugna-me o clericalismo e
compreendo que, ao lado de um anticlericalismo mau, exista um anticlericalismo
bom, que procede do amor ao sacerdócio, que se opõe a que o simples fiel ou o
sacerdote se sirvam de uma missão sagrada para fins terrenos. Mas não pense que
com isto me declaro contra quem quer que seja. Não existe na nossa Obra nenhuma
preocupação exclusivista, mas somente o desejo de colaborar com todos os que
trabalham para Cristo e com todos os que, cristãos ou não, fazem da sua vida
uma esplêndida realidade de serviço.
De
resto, o que importa não é tanto a projecção que tenho dado a estas ideias,
especialmente desde 1928, mas a que lhe dá o Magistério da Igreja. Há pouco
tempo, o Concílio - com uma emoção, para este pobre sacerdote, que é difícil de
explicar - lembrava a todos os cristãos, na Constituição Dogmática Lumen
gentium, que devem sentir-se plenamente cidadãos da cidade terrena,
participando em todas as actividades humanas com competência profissional e com
amor a todos os homens, procurando a perfeição cristã, à qual são chamados pelo
simples facto de terem recebido o baptismo.
(Entrevista
realizada por Jacques-Guillemé-Brûlon, publicada em Le Figaro (Paris) em 16 de
Maio de 1966)
[1] são josemaria escrivá
[2] Cfr. nota ao n.º
19. A erecção do Opus Dei como Prelatura pessoal reforçou juridicamente a
unidade do Opus Dei, ficando muito claro que toda a Prelatura - homens e
mulheres, sacerdotes e leigos, casados e solteiros - constitui uma unidade
pastoral orgânica e indivisível, que realiza os seus apostolados por meio da
Secção de varões e da Secção feminina, sob o governo e a direcção do Prelado
que, ajudado pelos seus Vigários e pelos seus Conselhos, dá e assegura a
unidade fundamental de espírito e de jurisdição entre as duas Secções.
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