2. A realidade criada 4
2.3. O homem
A
pessoa humana goza de peculiar posição na obra criadora de Deus, ao participar,
ao mesmo tempo, da realidade material e espiritual. A Escritura só nos diz que
Deus o criou «à Sua imagem e semelhança» (Gn 1,26). Foi posto por Deus à cabeça
da realidade visível e goza de uma dignidade especial, pois «de todas as
criaturas visíveis, só o homem é capaz de conhecer e amar o seu Criador; é a
única criatura sobre a terra que Deus quis por si mesma; só ele é chamado a
partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Com este fim foi
criado e tal é a razão fundamental da sua dignidade» (Catecismo, 356; cf.
ibidem, 1701-1703).
Homem
e mulher, na sua diversidade e complementaridade, queridas por Deus, gozam da
mesma dignidade de pessoas (cf. Catecismo, 357, 369, 372). Em ambos, se dá a
união substancial de corpo e alma, sendo esta a forma do corpo. Por ser
espiritual, a alma humana é criada de modo imediato por Deus – e não “produzida”
pelos pais, nem sequer é preexistente – e é imortal (cf. Catecismo, 366). Os
dois pontos, espiritualidade e imortalidade, podem ser demonstrados
filosoficamente. Portanto, é um reducionismo afirmar que o homem procede
exclusivamente da evolução biológica (evolucionismo absoluto). Na realidade, há
saltos ontológicos que não podem explicar-se apenas com a evolução. A
consciência moral e a liberdade do homem, por exemplo, manifestam a sua
superioridade sobre o mundo material e são a amostra da sua especial dignidade.
A
verdade da criação ajuda a superar quer a negação da liberdade – determinismo –
quer o extremo contrário de uma exaltação indevida da mesma: a liberdade humana
é criada, não absoluta e existe na mútua dependência com a verdade e o bem. O
sonho de uma liberdade como puro poder e arbitrariedade corresponde a uma
imagem deformada, não só do homem mas, também, de Deus.
Mediante
a sua actividade e o seu trabalho, o homem participa do poder criador de Deus 14.
Além disso, a sua inteligência e vontade são uma participação, uma chispa, da
sabedoria e amor divinos. Enquanto o resto do mundo visível é um mero vestígio
da Trindade, o ser humano constitui uma autêntica imagem, imago Trinitatis.
santiago sanz
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 279-374.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.
DS, n. 125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026,
4319, 4336, 4341.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 10-18, 19-21,
36-39.
João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el
Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 181-218.
Leituras recomendadas:
Santo Agostinho, Confissões, livro XII.
São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.
São Josemaria, Homilia «Amar o mundo apaixonadamente»
em Temas Actuais do Cristianismo, 113-123.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona
1992.
João Paulo II, Memória e Identidade, Bertrand Editora,
Lisboa 2005.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
14
Cf. São Josemaria, Amigos de Deus, 57.
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