A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 10, 38-42; 11, 1-13
38 Indo em viagem,
entrou numa aldeia, e uma mulher, chamada Marta, recebeu-O em sua casa. 39
Esta tinha uma irmã, chamada Maria que, sentada aos pés do Senhor, ouvia a Sua
palavra. 40 Marta, porém, afadigava-se muito na contínua lida da
casa. Aproximando-se, disse: «Senhor, não Te importas que a minha irmã me tenha
deixado só com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude». 41 O
Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, tu afadigas-te e andas inquieta com muitas
coisas 42 quando uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor
parte, que não lhe será tirada».
11 1
Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um dos Seus
discípulos disse-Lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos
seus discípulos». 2 Ele respondeu-lhes: «Quando orardes, dizei: Pai,
santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino.3 O pão nosso de cada
dia dá-nos hoje 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós
perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em tentação». 5
Disse-lhes mais: «Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à
meia-noite para lhe dizer: Amigo, empresta-me três pães ,6 porque um
meu amigo acaba de chegar a minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe
dar; 7 e ele, respondendo lá de dentro, disser: Não me incomodes, a
porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados; não me posso
levantar para tos dar; 8 digo-vos que, ainda que ele não se
levantasse a dar-lhos por ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se
levantará e lhe dará tudo aquilo de que precisar. 9 Eu digo-vos:
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10
Porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e ao que bate, se
lhe abrirá. 11 «Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir
pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe, lhe dará
uma serpente? 12 Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-lhe-á um
escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que
Lho pedirem».
C. I. C. nr. 2231
a 2359
O SEXTO MANDAMENTO
«Não
cometerás adultério» (Ex 20, l4) (82).
«Ouvistes
que foi dito: "Não cometerás adultério". Eu, porém, digo-vos: Todo
aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no
seu coração» (Mt 5, 27-28).
I. «Homem e mulher os
criou»...
2331.
«Deus é amor e vive em Si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Ao
criar a humanidade do homem e da mulher à sua imagem [...] Deus inscreveu nela
a vocação para o amor e para a comunhão e, portanto, a capacidade e a
responsabilidade correspondentes» (83).
«Deus
criou o homem à sua imagem; [...] homem e mulher os criou» (Gn 1, 27); «Crescei
e multiplicai-vos» (Gn 1, 28); «Quando Deus criou o ser humano, fê-lo à
semelhança de Deus. Criou-os homem e mulher e abençoou-os; e chamou-lhes «Adão»
no dia em que os criou»(Gn 5, 1-2).
2332.
A sexualidade afecta todos os aspectos da pessoa humana, na unidade do seu
corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afectividade, à capacidade
de amar e de procriar, e, de um modo mais geral, à aptidão para criar laços de
comunhão com outrem.
2333.
Compete a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar a sua identidade
sexual. A diferença e a complementaridade físicas, morais e espirituais
orientam-se para os bens do matrimónio e para o progresso da vida familiar. A
harmonia do casal e da sociedade depende, em parte, da maneira como são
vividos, entre os sexos, a complementaridade, a necessidade mútua e o apoio
recíproco.
2334.
«Ao criar o ser humano homem e mulher, Deus conferiu a dignidade pessoal, de
igual modo ao homem e à mulher» (84). «O homem é uma pessoa; e isso na mesma
medida para o homem e para a mulher, porque ambos são criados à imagem e
semelhança dum Deus pessoal» (85).
2335.
Cada um dos dois sexos é, com igual dignidade, embora de modo diferente, imagem
do poder e da ternura de Deus. A união do homem e da mulher no matrimónio é um
modo de imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador: «O homem deixará
o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne»
(Gn 2, 24). Desta união procedem todas as gerações humanas (86).
2336.
Jesus veio restaurar a criação na pureza das suas origens. No sermão da
montanha, interpreta de modo rigoroso o desígnio de Deus:
«Ouvistes
que foi dito: "Não cometerás adultério". Eu, porém, digo-vos: Todo
aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no
seu coração» (Mt 5, 27-28). Não separe o homem o que Deus uniu (87).
A
Tradição da Igreja entendeu o sexto mandamento como englobando o conjunto da
sexualidade humana.
II. A vocação à castidade
2337.
A castidade significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa, e daí a
unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na
qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se
pessoal e verdadeiramente humana quando integrada na relação de pessoa a
pessoa, no dom mútuo total e temporalmente ilimitado, do homem e da mulher.
A
virtude da castidade engloba, portanto, a integridade da pessoa e a
integralidade da doação.
A INTEGRIDADE DA PESSOA
2338.
A pessoa casta mantém a integridade das forças de vida e de amor em si
depositadas. Esta integridade garante a unidade da pessoa e opõe-se a qualquer
comportamento susceptível de a ofender. Não tolera nem a duplicidade da vida,
nem a da linguagem (88).
2339.
A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da
liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e
alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz (89). «A
dignidade do homem exige que ele proceda segundo uma opção consciente e livre,
isto é, movido e determinado por uma convicção pessoal e não sob a pressão de
um cego impulso interior ou da mera coacção externa. O homem atinge esta
dignidade quando, libertando-se de toda a escravidão das paixões, prossegue o
seu fim na livre escolha do bem e se procura de modo eficaz e com diligente
iniciativa os meios adequados» (90).
2340.
Aquele que quiser permanecer fiel às promessas do seu Baptismo e resistir às
tentações, terá o cuidado de procurar os meios: o conhecimento de si, a prática
duma ascese adaptada às situações em que se encontra, a obediência aos mandamentos
divinos, a prática das virtudes morais e a fidelidade à oração. «A continência,
na verdade, recolhe-nos e reconduz-nos àquela unidade que tínhamos perdido,
dispersando-nos na multiplicidade» (91).
2341.
A virtude da castidade gira na órbita da virtude cardial da temperança, a qual
visa impregnar de razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana.
2342.
O domínio de si é uma obra de grande fôlego. Nunca poderá considerar-se total e
definitivamente adquirido. Implica um esforço constantemente retomado, em todas
as idades da vida (92); mas o esforço requerido pode ser mais intenso em certas
épocas, como quando se forma a personalidade, durante a infância e a
adolescência.
2343.
A castidade conhece leis de crescimento e passa por fases marcadas pela
imperfeição, muitas vezes até pelo pecado. O homem virtuoso e casto
«constrói-se dia a dia com as suas numerosas decisões livres. Por isso,
conhece, ama e cumpre o bem moral segundo fases de crescimento» (93).
2344.
A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal; implica também um
esforço cultural, porque existe «interdependência entre o desenvolvimento da
pessoa e o da própria sociedade» (94). A castidade pressupõe o respeito pelos
direitos da pessoa, particularmente o de receber uma informação e educação que
respeitem as dimensões morais e espirituais da vida humana.
2345.
A castidade é uma virtude moral. Mas é também um dom de Deus, uma graça, um
fruto do trabalho espiritual (95). O Espírito Santo concede a graça de imitar a
pureza de Cristo (96) àquele que regenerou pela água do Baptismo.
A INTEGRALIDADE DO DOM DE
SI
2346.
A caridade é a forma de todas as virtudes. Sob a sua influência, a castidade
aparece como uma escola de doação da pessoa. O domínio de si ordena-se para o
dom de si. A castidade leva quem a pratica a tornar-se, junto do próximo,
testemunha da fidelidade e da ternura de Deus.
2347.
A virtude da castidade expande-se na amizade. Indica ao discípulo o modo de
seguir e imitar Aquele que nos escolheu como seus próprios amigos (97), que Se
deu totalmente a nós e nos faz participar da sua condição divina. A castidade é
promessa de imortalidade.
A
castidade exprime-se especialmente na amizade para com o próximo. Desenvolvida
entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes, a amizade representa um
grande bem para todos. Conduz à comunhão espiritual.
OS DIVERSOS REGIMES DA
CASTIDADE
2348.
Todo o baptizado é chamado à castidade. O cristão «revestiu-se de Cristo» (98),
modelo de toda a castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma
vida casta, segundo o seu estado de vida particular. No momento do seu
Baptismo, o cristão comprometeu-se a orientar a sua afectividade na castidade.
2349.
«A castidade deve qualificar as pessoas segundo os seus diferentes estados de
vida: uns, na virgindade ou celibato consagrado, forma eminente de se
entregarem mais facilmente a Deus com um coração indiviso: outros, do modo que
a lei moral para todos determina, e conforme são casados ou solteiros» (99). As
pessoas casadas são chamadas a viver a castidade conjugal; as outras praticam a
castidade na continência:
«Existem
três formas da virtude da castidade: uma, das esposas: outra, das viúvas; a
terceira, da virgindade. Não louvamos uma com exclusão das outras. [...] É
nisso que a disciplina da Igreja é rica» (100).
2350.
Os noivos são chamados a viver a castidade na continência. Eles farão, neste
tempo de prova, a descoberta do respeito mútuo, a aprendizagem da fidelidade e
da esperança de se receberem um ao outro de Deus. Reservarão para o tempo do
matrimónio as manifestações de ternura específicas do amor conjugal.
Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade.
AS OFENSAS À CASTIDADE
2351.
A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado de prazer venéreo. O
prazer sexual é moralmente desordenado quando procurado por si mesmo, isolado
das finalidades da procriação e da união.
2352.
Por masturbação entende-se a excitação voluntária dos órgãos genitais, para daí
retirar um prazer venéreo. «Na linha duma tradição constante, tanto o
Magistério da Igreja como o sentido moral dos fiéis têm afirmado sem hesitação
que a masturbação é um acto intrínseca e gravemente desordenado». «Seja qual
for o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das normais relações
conjugais contradiz a finalidade da mesma». O prazer sexual é ali procurado
fora da «relação sexual requerida pela ordem moral, que é aquela que realiza,
no contexto dum amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da
procriação humana» (101).
Para
formar um juízo justo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos, e para
orientar a acção pastoral, deverá ter-se em conta a imaturidade afectiva, a
força de hábitos contraídos, o estado de angústia e outros factores psíquicos
ou sociais que podem atenuar, ou até reduzir ao mínimo, a culpabilidade moral.
2353.
A fornicação é a união carnal fora do matrimónio entre um homem e uma mulher
livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana,
naturalmente ordenada para o bem dos esposos, assim como para a geração e
educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave, quando há corrupção dos
jovens.
2354.
A pornografia consiste em retirar os actos sexuais, reais ou simulados, da
intimidade dos parceiros, para os exibir a terceiras pessoas, de modo
deliberado. Ofende a castidade, porque desnatura o acto conjugal, doação íntima
dos esposos um ao outro. É um grave atentado contra a dignidade das pessoas
intervenientes (actores, comerciantes, público), uma vez que cada um se torna
para o outro objecto dum prazer vulgar e dum lucro ilícito. E faz mergulhar uns
e outros na ilusão dum mundo fictício. É pecado grave. As autoridades civis
devem impedir a produção e a distribuição de material pornográfico.
2355.
A prostituição é um atentado contra a dignidade da pessoa que se prostitui,
reduzida ao prazer venéreo que dela se tira. Quem paga, peca gravemente contra
si mesmo: quebra a castidade a que o obriga o seu Baptismo e mancha o seu
corpo, que é templo do Espírito Santo (102). A prostituição constitui um
flagelo social. Envolve habitualmente mulheres, mas também homens, crianças ou
adolescentes (nestes dois últimos casos, o pecado duplica com o escândalo). É
sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição; mas a miséria, a
chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade do pecado.
2356.
A violação designa a entrada na intimidade sexual duma pessoa à força, com
violência. É um atentado contra a justiça e a caridade. A violação ofende
profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade e à integridade
física e moral. Causa um prejuízo grave, que pode marcar a vítima para toda a
vida. É sempre um acto intrinsecamente mau. É mais grave ainda, se cometido por
parentes próximos (incesto) ou por educadores contra crianças a eles confiadas.
CASTIDADE E
HOMOSSEXUALIDADE
2357
A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que
experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do
mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e
das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar.
Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves
(103) a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são
intrinsecamente desordenados» (104). São contrários à lei natural, fecham o
acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade
afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2358.
Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências
homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente
desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser
acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles,
qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar
na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz
do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2359.
As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do
autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma
amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem
aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
__________________
Notas:
82.
Cf. Dt 5, 18.
83.
João Paulo II, Ex. ap. Familiaris consortio, 11: AAS 74 (1982) 91-92.
84.
João Paulo II, Ex. ap. Familiaris consortio, 22: AAS 74 (1982) 107: cf. II
Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 49: AAS 58 (1966) 1070.
85.
João Paulo II. Ep. ap. Mulieris dignitatem, 6: AAS 80 (1988) 1663.
86.
Cf. Gn 4, 1-2.25-26; 5,1.
87.
Cf. Mt 19, 6.
88.
Cf. Mt 5, 37.
89.
Cf. Sir 1, 22.
90.
II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 17: AAS 58 (1966)
1037-1038.
91.
Santo Agostinho, Confissões, 10, 29, 40: CCL 27, 176 (PL 32. 796).
92.
Cf. Tt 2, 1-6.
93.
João Paulo II, Ex. ap. Familiaris consortio, 34: AAS 74 (1982) 123.
94.
II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 25: AAS 58 (1966) 1045.
95. Cf. Gl 5. 22-23.
96.
Cf. 1 Jo 3, 3.
97.
Cf. Jo 15, 15.
98.
Cf. Gl 3, 27.
99.
Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 11: AAS 68 (1976) 90-91.
100.
Santo Ambrósio, De viduis 23: Sancti Ambrosii Episcopi Mediolanensis opera, v.
14/1 (Milano-Roma 1989), p. 266 (PL 16, 241-242).
101.
Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 9: AAS 68 (1976) 86.
102.
Cf. 1 Cor 6, 15-20.
103. Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1,
24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10.
104.
Congregação da Doutrina da Fé, Decl.
Persona humana, 8: AAS 68 (1976) 95.
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