3. Algumas consequências
práticas da verdade sobre a criação
A
radicalidade da acção criadora e salvadora de Deus exige do homem uma resposta
que tenha esse mesmo carácter de totalidade: “amarás o Senhor teu Deus, com todo
o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças” (Dt 6,5; cf. Mt
22,37; Mc 12,30; Lc 10,27). É nesta correspondência que se encontra a
verdadeira felicidade, o único que preenche plenamente a sua liberdade.
Ao
mesmo tempo, a universalidade da acção divina tem um sentido intensivo e
extensivo: Deus cria e salva todo o homem e todos os homens. Corresponder à
chamada de Deus, a amá-Lo com todo o nosso ser está intrinsecamente unido a
levar o Seu amor a todo o mundo 15.
O
conhecimento e admiração do poder, sabedoria e amor divinos conduz o homem a
uma atitude de reverência, adoração e humildade, a viver na presença de Deus
sabendo-se filho seu. Ao mesmo tempo, a fé na providência leva o cristão a uma
atitude de confiança filial em Deus em todas as circunstâncias: com
agradecimento diante dos bens recebidos e com simples abandono frente ao que
possa parecer mau, pois Deus retira dos males bens maiores.
Consciente
de que tudo foi criado para a glória de Deus, o cristão procura conduzir-se em
todas as suas acções procurando o fim verdadeiro que enche a sua vida de
felicidade: a glória de Deus, não a própria vanglória. Esforça-se por
rectificar a intenção nas suas acções, de modo que possa dizer-se que o único
fim da sua vida é este: Deo omnis gloria! 16
Deus
quis pôr o homem à frente da Sua criação outorgando-lhe o domínio sobre o
mundo, de maneira que a aperfeiçoe com o seu trabalho. A actividade humana pode
ser, portanto, considerada como uma participação na obra criadora divina.
A
grandeza e beleza das criaturas suscita nas pessoas admiração e desperta nelas
a questão sobre a origem e o destino do mundo e do homem, fazendo-se entrever a
realidade do seu Criador. O cristão, no seu diálogo com os não crentes, pode
suscitar estas questões para que as inteligências e os corações se abram à luz
do Criador. Da mesma forma, no seu diálogo com os crentes das diversas
religiões, o cristão encontra na verdade da criação um excelente ponto de
partida, pois trata-se de uma verdade em parte partilhada e que constitui a
base para a afirmação de alguns valores morais fundamentais da pessoa.
santiago
sanz
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 279-374.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.
DS, n. 125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026,
4319, 4336, 4341.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 10-18, 19-21,
36-39.
João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el
Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 181-218.
Leituras recomendadas:
Santo Agostinho, Confissões, livro XII.
São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.
São Josemaria, Homilia «Amar o mundo apaixonadamente»
em Temas Actuais do Cristianismo, 113-123.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona
1992.
João Paulo II, Memória e Identidade, Bertrand Editora,
Lisboa 2005.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
_______________________
Notas:
15
Que o apostolado é superabundância da vida interior (cf. São Josemaria,
Caminho, 961), manifesta-se como a correlação da dinâmica ad intra – ad extra
do actuar divino, quer dizer, da intensidade do ser, da sabedoria e do amor
trinitário que transborda para as suas criaturas.
16
Cf. São Josemaria, Caminho, 780; Sulco, 647; Forja, 611, 639, 1051
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.