1. O acto criador
1.1. «A criação é obra
comum da Santíssima Trindade» (Catecismo, 292)
A
Revelação apresenta a acção criadora de Deus como fruto da Sua omnipotência, da
Sua sabedoria e do Seu amor. Costuma atribuir-se a criação, particularmente, ao
Pai (cf. Compêndio, 52), assim como a redenção ao Filho e a santificação ao
Espírito Santo. Do mesmo modo, as obras “ad extra” da Trindade – a primeira
delas, a criação – são comuns a todas as Pessoas e, por isso, é lógico perguntar
qual o papel específico de cada Pessoa na criação, pois «cada pessoa divina
realiza a obra comum segundo a Sua propriedade pessoal» (Catecismo, 258). É
este o sentido da, igualmente, tradicional apropriação dos atributos essenciais
– omnipotência, sabedoria, amor – respectivamente, ao operar criador do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.
No
Símbolo niceno-constantinopolitano confessamos a nossa fé «num só Deus, Pai
omnipotente, criador do céu e da terra»; «num só Senhor Jesus Cristo ... por
quem tudo foi feito»; e no Espírito Santo «Senhor que dá a vida» (DS 150). A fé
cristã fala, portanto, não somente de uma criação ex nihilo, do nada, que
indica a omnipotência de Deus Pai; mas também de uma criação feita com
inteligência, com a sabedoria de Deus – o Logos por meio do qual tudo foi feito
(Jo 1,3); e de uma criação ex amore (GS 19), fruto da liberdade e do amor que é
o próprio Deus, o Espírito que procede do Pai e do Filho. Em consequência, as
processões eternas das Pessoas estão na base do Seu operar criador 3.
Assim,
como não há contradição entre a unicidade de Deus e ser três pessoas, de modo
análogo não se contrapõe a unicidade do princípio criador com a diversidade dos
modos de operar de cada uma das Pessoas.
santiago sanz
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 279-374.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.
DS, n. 125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026,
4319, 4336, 4341.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 10-18, 19-21,
36-39.
João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el
Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 181-218.
Leituras recomendadas:
Santo Agostinho, Confissões, livro XII.
São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.
São Josemaria, Homilia «Amar o mundo apaixonadamente»
em Temas Actuais do Cristianismo, 113-123.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona
1992.
João Paulo II, Memória e Identidade, Bertrand Editora,
Lisboa 2005.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
3
Cf. São Tomás, Super Sent., lib. 1, d. 14, q. 1, a. 1, co.: «são a causa e a
razão da processão das criaturas».
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