A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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Evangelho:
Mc
13, 14-37
14 «Quando,
pois, virdes a abominação da desolação posta onde não devia estar -leitor,
atende bem!- então os que estiverem na Judeia fujam para os montes, 15
quem estiver sobre o telhado, não desça nem entre para levar coisa alguma da
sua casa; 16 e quem se encontrar no campo, não volte atrás a buscar
o seu manto. 17 Ai das mulheres grávidas e das que tiverem crianças
de peito naqueles dias! 18 Rogai, pois, que não suceda isto no
Inverno. 19 Porque, naqueles dias, haverá tribulações, como não
houve desde o principio do mundo que Deus criou, até agora, nem haverá mais. 20
E se o Senhor não abreviasse aqueles dias, nenhuma pessoa se salvaria; mas Ele
os abreviou, em atenção aos eleitos que escolheu. 21 «Então se
alguém vos disser: “Eis aqui está o Cristo, ei-l'O acolá”, não deis crédito. 22
Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão milagres e
prodígios para enganarem, se fosse possível, até os escolhidos. 23
Estai, pois, de sobreaviso, eis que Eu vos predisse tudo. 24
Naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecer-se-á e a lua não dará
a sua claridade, 25 e as estrelas cairão do céu e as potestades que
estão nos céus serão abaladas. 26 Então verão o Filho do Homem vir
sobre as nuvens, com grande poder e glória. 27 E enviará logo os
Seus anjos e juntará os Seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade
da terra até à extremidade do céu. 28 Ouvi uma comparação tirada da
figueira: Quando os seus ramos estão já tenros e as folhas brotam, sabeis que
está perto o Verão; 29 assim também, quando virdes acontecer estas
coisas, sabei que está perto, às portas. 30 Na verdade vos digo que
não passará esta geração sem que se cumpram toda estas coisas. 31
Passarão o céu e a terra, mas as Minhas palavras não hão-de passar. 32
«A respeito, porém, desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu,
nem o Filho, mas só o Pai. 33 Estai de sobreaviso, vigiai, porque
não sabeis quando será o momento. 34 Será como um homem que,
empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, delegou a autoridade aos seus
servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao porteiro que estivesse
vigilante. 35 Vigiai, pois, visto que não sabeis quando virá o
senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela
manhã; 36 para que, vindo de repente, não vos encontre a dormir. 37
O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»
C. I. C. nr. 1362 a 1390
O MEMORIAL SACRIFICIAL DE
CRISTO E DO SEU CORPO, A IGREJA
1362.
A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda
sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo.
Em todas as orações eucarísticas encontramos, depois das palavras da
instituição, uma oração chamada anamnese ou memorial.
1363.
No sentido que lhe dá a Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança
dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus fez
pelos homens (188). Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles
tomam-se de certo modo presentes e actuais. É assim que Israel entende a sua
libertação do Egipto: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimentos do
Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que conformem com eles a
sua vida.
1364.
O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra a
Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o
sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre
actual (189): «Todas as vezes que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no
qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado", realiza-se a obra da nossa
redenção» (190).
1365.
Porque é o memorial da Páscoa de Cristo, a Eucaristia é também um sacrifício. O
carácter sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da
instituição: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice
é a Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22, 19-20).
Na Eucaristia, Cristo dá aquele mesmo corpo que entregou por nós na cruz,
aquele mesmo sangue que «derramou por muitos em remissão dos pecados» (Mt 26,
28).
1366.
A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o
sacrifício da cruz, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto:
Cristo
«nosso Deus e Senhor [...], ofereceu-Se a Si mesmo a Deus Pai uma vez por
todas, morrendo como intercessor sobre o altar da cruz, para realizar em favor
deles [homens] uma redenção eterna. No entanto, porque após a sua morte não se
devia extinguir o seu sacerdócio (Heb 7, 24-27), na última ceia, "na noite
em que foi entregue" (1 Cor 11, 13). [...] Ele [quis deixar] à Igreja, sua
esposa bem-amada, um sacrifício visível (como o exige a natureza humana), em
que fosse representado o sacrifício cruento que ia realizar uma vez por todas
na cruz, perpetuando a sua memória até ao fim dos séculos e aplicando a sua eficácia
salvífica à remissão dos pecados que nós cometemos cada dia» (191).
1367.
O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: «É
uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pelo ministério dos
sacerdotes é o mesmo que outrora Se ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira
de oferecer é que é diferente» (192). E porque «neste divino sacrifício, que se
realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de
modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo
incruento [...], este sacrifício é verdadeiramente propiciatório» (193).
1368.
A Eucaristia é igualmente o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de
Cristo, participa na oblação da sua Cabeça. Com Ele, ela própria é oferecida
integralmente. Ela une-se à sua intercessão junto do Pai em favor de todos os
homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos
membros do seu corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua
oração, o seu trabalho unem-se aos de Cristo e à sua oblação total, adquirindo
assim um novo valor. O sacrifício de Cristo presente sobre o altar proporciona
a todas as gerações de cristãos a possibilidade de se unirem à sua oblação.
Nas
catacumbas, a Igreja é frequentemente representada como uma mulher em oração,
de braços estendidos em atitude orante. Como Cristo, que estendeu os braços na
cruz, assim, por Ele, com Ele e n'Ele, a Igreja oferece-se e intercede por
todos os homens.
1369.
Toda a Igreja está unida à oblação e intercessão de Cristo. Encarregado do
ministério de Pedro na Igreja, o Papa está associado a toda e qualquer
celebração da Eucaristia, na qual é nomeado como sinal e servidor da unidade da
Igreja universal. O bispo do lugar é sempre responsável pela Eucaristia, mesmo
quando presidida por um presbítero; o seu nome é citado nela para significar a
sua presidência da Igreja particular, no meio do presbitério e com a
assistência dos diáconos. A comunidade intercede também por todos os ministros
que, por ela e com ela, oferecem o sacrifício eucarístico:
«Seja
tida como legítima somente aquela Eucaristia que é presidida pelo bispo ou por
quem ele encarregou» (194).
«É
pelo ministério dos presbíteros que o sacrifício espiritual dos fiéis se
consuma em união com o sacrifício de Cristo. Mediador único, que é oferecido na
Eucaristia de modo incruento e sacramental, pelas mãos deles, em nome de toda a
Igreja, até quando o mesmo Senhor voltar» (195).
1370.
À oblação de Cristo unem-se não só os membros que estão ainda neste mundo, mas
também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem
Maria e fazendo memória d'Ela, assim como de todos os santos e de todas as
santas, que a Igreja oferece o sacrifício eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja,
com Maria, está como que ao pé da cruz, unida à oblação e à intercessão de
Cristo.
1371.
O sacrifício eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos, «que morreram
em Cristo e não estão ainda de todo purificados» (196), para que possam entrar
na luz e na paz de Cristo:
«Enterrai
este corpo não importa onde! Não vos dê isso qualquer cuidado! Tudo o que vos
peço é que vos lembreis de mim diante do altar do Senhor, onde quer que
estejais» (197).
«Depois
[na anáfora], nós rezamos pelos santos padres e bispos falecidos, e em geral
por todos aqueles que morreram antes de nós, certos de que isso será de grande
proveito para as almas em favor das quais tal súplica se faz, enquanto está
presente a vítima santa e temível [...]. Apresentando a Deus as nossas súplicas
pelos que morreram, tenham embora sido pecadores, nós [...] apresentamos Cristo
imolado pelos nossos pecados, tornando assim propício, para eles e para nós, o
Deus que é amigo dos homens» (198).
1372.
Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma
participação cada vez mais perfeita no sacrifício do nosso Redentor que
celebramos na Eucaristia:
«Toda
esta cidade resgatada, ou seja, a assembleia e sociedade dos santos, é
oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo-Sacerdote que, sob a
forma de servo, foi ao ponto de Se oferecer por nós na sua paixão, para fazer
de nós corpo duma tal Cabeça [...] Tal é o sacrifício dos cristãos: "Nós
que somos muitos, formamos em Cristo um só corpo" (Rm 12, 5). E este sacrifício,
a Igreja não cessa de o renovar no sacramento do altar bem conhecido dos fiéis,
em que lhe é mostrado que ela própria é oferecida naquilo que oferece» (199).
A PRESENÇA DE CRISTO PELO
PODER DA SUA PALAVRA E DO ESPÍRITO SANTO
1373.
«Jesus Cristo, que morreu, que ressuscitou, que está à direita de Deus, que
intercede por nós» (Rm 8, 34), está presente na sua Igreja de múltiplos modos
(200): na sua Palavra, na oração da sua Igreja, «onde dois ou três estão
reunidos em Meu nome» (Mt 18, 20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros
(201), nos seus sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da missa e na
pessoa do ministro. Mas está presente «sobretudo sob as espécies eucarísticas»
(202).
1374.
O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a
Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela «como que a perfeição da
vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos» (203). No
santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente,
o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor
Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo» (204). «Esta presença
chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças
não fossem "reais", mas por excelência, porque é substancial, e
porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (205).
1375.
É pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo que Ele Se
torna presente neste sacramento. Os Padres da Igreja proclamaram com firmeza a
fé da mesma Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da acção do Espírito
Santo, para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:
«Não
é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem corpo e sangue de
Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura
de Cristo, pronuncia estas palavras, mas a sua eficácia e a graça são de Deus.
Isto é o Meu corpo, diz ele. Esta palavra transforma as coisas oferecidas»
(206).
E
Santo Ambrósio diz a respeito da mesma conversão:
Estejamos
bem convencidos de que «isto não é o que a natureza formou, ruas o que a bênção
consagrou, e de que a força da bênção ultrapassa a da natureza, porque pela
bênção a própria natureza é mudada» (207). «A Palavra de Cristo, que pôde fazer
do nada o que não existia, não havia de poder mudar coisas existentes no que
elas ainda não eram? Porque não é menos dar às coisas a sua natureza original
do que mudá-la» (208).
1376.
O Concílio de Trento resume a fé católica declarando: «Porque Cristo, nosso
Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente
o seu corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de
novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a
substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a
substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja
católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação» (209).
1377.
A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura
enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente, todo, em
cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a
fracção do pão não divide Cristo (210).
1378.
O culto da Eucaristia. Na liturgia da Missa, nós exprimimos a nossa fé na
presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras
maneiras, ajoelhando ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do
Senhor. «A Igreja Católica sempre prestou e continua a prestar este culto de
adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia, não só durante a missa, mas
também fora da sua celebração: conservando com o maior cuidado as hóstias
consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem, e
levando-as em procissão» (211).
1379.
A sagrada Reserva (sacrário) era, ao princípio, destinada a guardar, de maneira
digna, a Eucaristia, para poder ser levada aos doentes e ausentes, fora da
missa. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo na sua Eucaristia,
a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor,
presente sob as espécies eucarísticas, por isso que o sacrário deve ser
colocado num lugar particularmente digno da igreja; deve ser construído de tal
modo que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no
Santíssimo Sacramento.
1380.
É de suma conveniência que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja
deste modo único. Uma vez que estava para deixar os seus sob forma visível,
Cristo quis dar-nos a sua presença sacramental; e visto que ia sofrer na cruz
para nos salvar, quis que tivéssemos o memorial do amor com que nos amou «até
ao fim» (Jo 13, 1), até ao dom da própria vida. Com efeito, na sua presença
eucarística, Ele fica misteriosamente no meio de nós, como Aquele que nos amou
e Se entregou por nós (212), e permanece sob os sinais que exprimem e comunicam
este amor:
«A
Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos
neste sacramento do amor. Não regateemos o tempo para estar com Ele na
adoração, na contemplação cheia de fé e disposta a reparar as faltas graves e
os pecados do mundo. Que a nossa adoração não cesse jamais» (213).
1381.
«A presença do verdadeiro corpo e do verdadeiro sangue de Cristo neste
sacramento, "não a apreendemos pelos sentidos, diz São Tomás, mas só pela
fé, que se apoia na autoridade de Deus". É por isso que, comentando o
texto de São Lucas 22, 19 "Isto é o Meu corpo que será entregue por
vós", São Cirilo de Alexandria declara: "Não vás agora perguntar-te
se isso é verdade; mas acolhe com fé as palavras do Senhor, porque Ele, que é a
verdade, não mente"» (214):
«Adoro
te devote, latens Deitas,
Quae
sub his figuris vere latitas:
Tibi
se cor meum totem subjicit,
Quica,
Te contemplans, totem deficit.
Adoro-te
com devoção, ó Deus que te escondes,
Que
sob estas figuras de verdade te ocultas:
A
ti meu coração se submete inteiramente
Porque,
ao contemplar-te, desfalece por completo.
Visus, tactus, gustus in Te
fallitur
Sed
auditu solo tutu creditur:
Credo
quidquid dixit Dei Filius:
Nil
hoc Veritatis verbo verius» (215).
Visão,
tacto e paladar em ti falham,
Apenas
ouvindo se crê com segurança:
Creio
em tudo o que disse o Filho de Deus:
Nada
mais verdadeiro que esta palavra da Verdade.
VI. O banquete pascal
1382.
A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se
perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e
sangue do Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está toda orientada
para a união íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o
próprio Cristo, que Se ofereceu por nós.
1383.
O altar, à volta do qual a Igreja se reúne na celebração da Eucaristia,
representa os dois aspectos dum mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa
do Senhor, e isto tanto mais que o altar cristão é o símbolo do próprio Cristo,
presente no meio da assembleia dos seus fiéis, ao mesmo tempo como vítima
oferecida para a nossa reconciliação e como alimento celeste que se nos dá.
«Com efeito, o que é o altar de Cristo senão a imagem do corpo de Cristo?» –
pergunta Santo Ambrósio (216); e noutro passo: «O altar representa o corpo [de
Cristo], e o corpo de Cristo está sobre o altar» (217). A liturgia exprime esta
unidade do sacrifício e da comunhão em numerosas orações. Assim, a Igreja de
Roma reza na sua anáfora:
«Humildemente
Vos suplicamos, Deus todo-poderoso, que esta nossa oferenda seja apresentada
pelo vosso santo Anjo no altar celeste, diante da vossa divina majestade, para
que todos nós, participando deste altar pela comunhão do santíssimo corpo e
sangue do vosso Filho, alcancemos a plenitude das bênçãos e graças do céu»»
(218)
«TOMAI TODOS E COMEI»: A
COMUNHÃO
1384.
O Senhor dirige-nos um convite insistente a que O recebamos no sacramento da
Eucaristia: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho
do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós» (Jo 6, 53).
1385.
Para responder a este convite, devemos preparar-nos para este momento tão
grande e santo. São Paulo exorta a um exame de consciência: «Quem comer o pão
ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do
Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba
deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e
bebe a própria condenação» (1Cor 11, 27-29). Aquele que tiver consciência dum
pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar
da Comunhão.
1386.
Perante a grandeza deste sacramento, o fiel só pode retomar humildemente e com
ardente fé a palavra do centurião (219) : «Domine, non sum dignus, ut intres
sub tectum meum, sed tantum dic verbum, et sanabitur anima mea – Senhor, eu não
sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma [só] palavra e serei
salvo» (220). E na divina liturgia de São João Crisóstomo, os fiéis oram no
mesmo Espírito:
«Faz-me
comungar hoje, ó Filho de Deus, na tua ceia mística. Porque eu não revelarei o
segredo aos teus inimigos, nem te darei o beijo de Judas. Mas, como o ladrão,
eu te suplico: Lembra-Te de mim, Senhor, no teu Reino» (221).
1387.
Para se prepararem convenientemente para receber este sacramento, os fiéis
devem observar o jejum prescrito na sua Igreja (222). A atitude corporal (gestos,
traje) deve traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que
Cristo Se torna nosso hóspede.
1388.
É conforme ao próprio sentido da Eucaristia que os fiéis, se tiverem as
disposições requeridas (223), recebam a Comunhão quando participam na missa
(224): «Recomenda-se vivamente aquela mais perfeita participação na missa em
que os fiéis, depois da comunhão do sacerdote, recebem, do mesmo sacrifício, o
corpo do Senhor» (225).
1389.
A Igreja impõe aos fiéis a obrigação de «participar na divina liturgia nos
domingos e dias de festa» (226) e de receber a Eucaristia ao menos uma vez em
cada ano, se possível no tempo pascal (227) preparados pelo sacramento da
Reconciliação. Mas recomenda-lhes vivamente que recebam a santa Eucaristia aos
domingos e dias de festa, ou ainda mais vezes, mesmo todos os dias.
1390.
Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão
apenas sob a espécie de pão permite receber todo o fruto de graça da
Eucaristia. Por razões pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se
legitimamente como a mais habitual no rito latino. «A sagrada Comunhão tem uma
forma mais plena, enquanto sinal, quando é feita sob as duas espécies. Com
efeito, nesta forma manifesta-se mais perfeitamente o sinal do banquete
eucarístico» (228). É a forma habitual de comungar, nos ritos orientais.
_________________________
Notas:
188.
Cf. Ex 13. 3.
189.
Cf. Heb 7, 25-27.
190.
II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6.
191.
Concílio de Trento, Sess. 22ª, Doctrina de ss. Missae Sacrificio, c. 1: DS
1740.
192.
Concílio de Trento, Sess. 22ª, Doctrina de ss. Missae Sacrificio, c. 2: DS
1743.
193.
Ibid.
194.
Santo Inácio de Antioquia, Epistula Ad Smyrnaeos 8, 1: SC 10bis. 138 (Funk 1,
282).
195.
II Concílio do Vaticano, Decr. Presbyterorum ordinis, 2: AAS 58 (1966) 993.
196.
Concílio de Trento, Sess. 22ª, Doctrina de ss. Missae Sacrificio, c. 2: DS
1743.
197.
Santo Agostinho, Confissões 9, II, 27: CCL 27, 149 (PL 32, 775): palavras de
Santa Mónica, antes de morrer, a Santo Agostinho e ao seu irmão.
198.
São Cirilo de Jerusalém, Catecheses mystagogicae 5, 9-10: SC 126, 158-160 (PG
30, 1116-1117).
199.
Santo Agostinho, De Civitate Dei 10, 6: CSEL 40/1, 456 (PL 41, 284).
200.
Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
201. Cf. Mt 25, 31-46
202.
II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 7: AAS 56 (1964)
100-101.
203.
São Tomás de Aquino, Summa theologiae 3, q. 73, a. 3, c: Ed. Leon. 12, 140.
204.
Concílio de Trento, Sess. 13ª, Decretum de s.s. Eucharistia, can. 1: Ds 1651.
205.
Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 764.
206. São João Crisóstomo, De proditione Iudae
homilia 1, 6: PG 49, 380.
207.
Santo Ambrósio, De mysteriis 9, 50: CSEL 73, 110 (PL 16, 405).
208.
Ibid.. 9, 52: CSEL 73, 112 (PL 16, 407).
209.
Concílio de Trento, Sess. 13ª, Decretum de ss. Eucharista, c. 4: DS 1642.
210.
Cf. Concílio de Trento, Sess. 13ª, Decretum de ss. Eucharista. c. 3: DS 1641.
211.
Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 769.
212.
Cf. Gl 2, 20.
213.
João Paulo II, Ep. Dominicae Cenae, 3: AAS 72 (1980) 119; cf. Enchiridion
Vaticanum 7, 177.
214.
Paulo VI, Enc. Mysterium fidei: AAS 57 (1965) 757; cf. São Tomás de Aquino,
Summa theologiae, 3. q. 75, a. 1. c: Ed. Leon. 12, 156; São Cirilo de
Alexandria, Commentarius in Lucam 22, 19: PG 72, 912.
215.
AHMA 50, 589.
216.
Santo Ambrósio, De Sacramentis, 5, 7: CSEL 73, 61 (PL 16, 447).
217
Santo Ambrósio, De Sacramentis, 4, 7: CSEL73. 49 (PL 16. 437).
218.
Oração Eucarística I ou Cânone Romano, 96: Missale Romanum, editio typica
(Typis Polyglottis Vaticanas 1970). p.453 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra
1992. 521].
219.
Cf. Mt 8, 8.
220.
Rito da Comunhão. 133: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis
Vaticanis 1970), p.474 [Missal Romano. Gráfica de Coimbra 1992, 546).
221.
Liturgia Bizantina. Anáfora de São João Crisóstomo, Prece antes da Comunhão: F.
E. Brightman, Liturgies Eastern and Western (Oxford 1896) p. 394 (PG 63, 920).
222. Cf. CIC can. 919.
223. Cf. CIC can. 916-917: AAS
75 (1983 II), pp. 165-166.
224.
Os fiéis, no mesmo dia. só podem receber a ss. Eucaristia uma segunda vez.
Comissão Pontifícia para a Interpretação Autêntica do Código de Direito
Canónico, Responsa ad proposita dubia, 1: AAS 76 (1984) 746.
225.
II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 55: AAS 56 (1964) 115.
226.
Cf. Decr. Ecclesiarum Orientalium, 15: AAS 57 (1965) 81.
227.
Cf. CIC can. 920.
228.
Instrução geral do Missal Romano, 240: Missale Romanum, editio typica (Typis
Polyglottis Vaticanis 1970), p.68 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 51].
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