01/02/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 43


O sal da mortificação


43. Inseparavelmente do trato com o Senhor, necessitamos da mortificação, que se eleva a Deus como «a oração dos sentidos». Há pessoas que se assustam com a palavra “expiação”, imaginando sabe-se lá que penas insuportáveis. Nada mais distante da realidade. Normalmente Deus pede-nos um espírito de penitência, que se manifesta no cumprimento bem acabado dos próprios deveres de estado e das circunstâncias de cada um; realizado perseverantemente com alegria, ainda que custe, mas sem descon­tinuidade, com fidelidade heróica nas pequenas coisas.

S. Josemaria, que foi tão generoso nas grandes penitências a que o Senhor o convidava, pois faziam parte da sua missão fundacional, atribuía também extraordinária importância à expiação pequena, mas repleta de amor. Assim o expõe numas breves notas de 1930, sobre o modo de fazer o exame de consciência. «Expiação: como recebi, neste dia, as contradições vindas da mão de Deus? As que me proporcionaram, com seu caráter, os meus companheiros? As da minha miséria? Soube oferecer ao Senhor, como expiação, a mesma dor, que sinto, por tê-lo ofendido tantas vezes!? Ofereci-Lhe a vergonha dos meus rubores e humilhações interiores, ao considerar o pouco que avanço no caminho das virtudes?» 81

O mundo tem hoje especial necessidade, e tê-la-á sempre, de almas que amem o sacrifício abraçado voluntariamente por amor de Deus. Em qualquer momento, também se ergue como arma capaz de vencer a luta contra o hedonismo, que tantas vítimas causa entre os cristãos e entre os não cristãos: contra o excessivo comodismo do corpo e dos sentidos. Consideremos que, para espezinhar o apego desordenado ao próprio eu, o remédio está no oferecimento submisso, verdadeiro holocausto, dos nossos sentidos internos e externos, das nossas potências, da nossa alma e do nosso corpo, realizado em estreita união com Jesus Cristo.

Havemos de «oferecer a nossa vida, a nossa dedicação sem reservas e sem regateios, em expiação pelos nossos pecados, pelos pecados de todos os homens, nossos irmãos; pelos pecados cometidos em todos os tempos, e pelos que se cometerão até ao fim dos séculos: sobretudo pelos católicos, pelos escolhidos de Deus, que não sabem corresponder, que atraiçoaram o amor de predileção que o Senhor lhes teve» 82; acrescentando uma faceta que o nosso Padre cuidou sempre: ganhar essa luta com esperançoso otimismo, com a segurança de que o Senhor nos fará vencedores, pela fé, pela confiança n’Ele, e pela caridade com Deus e com as almas.

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Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:
81 S. Josemaria, 28-VII-1930, Apuntes íntimos, n. 75.
82 S. Josemaria, Carta 9-I-1932, n. 83.

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