08/02/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 50


Utilizar todos os meios

50. A condição indispensável e primária para recolher frutos apostólicos é, insisto, cultivar a vida de fé, que se traduz em recorrer aos meios sobrenaturais. Se fomentarmos a amizade com Jesus na oração pessoal, se formos aos sacramentos da Confissão e da Eucaristia, se falarmos com Nossa Senhora, com os anjos e com os santos, nossos intercessores diante de Deus, ajudaremos como colaboradores eficazes nessa pesca divina, na qual o Senhor Jesus nos quer meter. Para isso, seguindo o exemplo do Mestre, devemos amar sinceramente os amigos, colegas, todas as almas, vivendo o mandátum novum, o mandamento novo através do qual o Salvador anuncia que as pessoas conhecerão que somos seus discípulos (cf. Jo 13, 34-35).

Além disso, o Senhor deseja também que ponhamos ao seu serviço os meios materiais ao nosso alcance. Podemos deduzi-lo do ensinamento da primeira leitura da Missa de S. Josemaria. Depois de ter criado o mundo com a sua omnipotência, e com particular amor o primeiro homem e primeira mulher, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado (…), para cultivá-lo e guardá-lo (Gn 2, 8-15).

Esta passagem da Sagrada Escritura tinha ficado profundamente gravada na mente do Fundador do Opus Dei. Desde o momento em que o Senhor lhe fez ver a sua Vontade, percebeu que nestas palavras do livro do Génesis se encontrava uma das chaves para levar a cabo a obrigação de santificar o trabalho e de se santificar através do trabalho. Mostra-se-nos decisivo o exemplo de Jesus que durante trinta anos se ocupou duma tarefa profissional na oficina de Nazaré, evidenciando o dever de utilizar também os meios humanos para a instauração do Reino de Deus.

Em qualquer atividade apostólica requer-se que confiemos, sobretudo, na ajuda de Deus e, ao mesmo tempo, que utilizemos para essa finalidade os meios materiais. As iniciativas do Opus Dei, por exemplo, necessitam das orações e da ajuda de muitas pessoas. E assim, com a graça de Deus e a contribuição generosa dessa piedade, de sacrifício, de esmola, de tantas pessoas de condição social muito diferente, ao serviço da Igreja em todo o mundo, leva-se a cabo um trabalho evangelizador cada vez mais amplo.

S. Josemaria sugeria que nos perguntássemos todos os dias: que fiz eu hoje para aproximar de Nosso Senhor alguns conhecidos? Em diferentes ocasiões, essa urgência será concretizada com uma conversa orientadora; com um convite para se acercar do sacramento da Penitência; com um conselho que ajuda a compreender melhor algum aspecto da vida cristã. S. Ambrósio, comentando a recuperação da fala por Zacarias, pai de João Baptista (cfr. Lc 1, 64), escreveu: «com toda a razão se desprendeu em seguida a sua língua, porque a fé desatou o que a incredulidade tinha atado» 92. A fé, se é viva, desata-nos a língua para dar testemunho de Cristo com o apostolado de amizade e confidência. E sempre preciso o oferecimento generoso da oração e da penitência pessoais, do trabalho bem terminado; aqui se nos apresentam os instrumentos mais importantes que temos de usar, para alcançar os objetivos apostólicos.

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Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:
91 Bento XVI, Homilia no início do Pontificado, 24-IV-2005.

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