O rosto de Jesus
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Verónica, um coração bom
Conta
uma tradição da Igreja que, um pouco mais à frente, uma mulher sai ao encontro
do Senhor com a intenção de Lhe limpar o rosto. É o único facto que conhecemos da
Verónica, pois é conhecida com este nome.
Talvez
nunca tivesse pensado conscientemente nesse desejo – ver a face de Jesus Cristo
– e inclusive se lhe tivesse ocorrido, pensaria que o motivo pelo qual
procurava, agora, esse rosto era mais simples: pretendia apenas ter uma atenção
com aquele Homem que sofria. No entanto, esta mulher, que nem sequer aparece
nos Evangelhos, deu um nome próprio ao desejo de contemplar a face de Deus.
Ditosos,
porém os vossos olhos, porque vêm (...). Em verdade vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram. Se se podem aplicar
especialmente a Verónica estas palavras, se ela realizou essa aspiração que
encheu a alma de tantos santos ao longo da história, foi pela sua bondade
simples, porque o seu coração de mulher boa não se deixa «contagiar pela
brutalidade dos soldados, nem imobilizar pelo medo dos discípulos», não se
detém diante da oportunidade de prestar um pequeno serviço. E esse «ato de amor
imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus».
O
rosto do Deus feito Homem fica gravado naquele pano, sim; mas fica sobretudo
gravado nas suas entranhas de bondade. «O Redentor do mundo dá a Verónica uma
imagem autêntica do Seu rosto. O véu, sobre o qual fica impresso o rosto de
Cristo, é uma mensagem para nós. Diz-nos, de certo modo: eis aqui como todo o acto
bom, todo o gesto de verdadeiro amor para com o próximo aumenta em quem o
realiza a semelhança com o Redentor do mundo. Os actos de amor permanecem.
Qualquer gesto de bondade, de compreensão e de serviço deixa no coração do
homem um sinal indelével, que o assemelha um pouco mais com Aquele que “Se
aniquilou a Si mesmo tomando a forma de servo” (Fil 2,7). Assim se forma a
identidade, o verdadeiro nome do ser humano».
j. diéguez, 2011.12.20
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por AMA.
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