11/12/2012

A experiência da dor 9


O prestígio profissional, uma maneira de dar glória a Deus

O fundador do Opus Dei sabia como aplicar a chamada universal à santidade à profissão médica. Para procurar a santidade no trabalho, devemos levar a cabo o trabalho com perfeição, com competência profissional. «Ao que possa ser sábio não lhe perdoamos que o não seja» [i]. « A santidade compõe-se de heroísmos. — Por isso, no trabalho pede-se-nos o heroísmo de rematar bem as tarefas que nos cabem, dia após dia, embora se repitam as mesmas ocupações. Se não, não queremos ser santos!» [ii].

S. Josemaria referia-se também, com frequência à necessidade de que o médico tenha alma sacerdotal. «Afirmas que vais compreendendo a pouco e pouco o que quer dizer ‘alma sacerdotal’... – Não te zangues se te respondo que os factos demonstram que o compreendes apenas em teoria. Todos os dias te acontece o mesmo: ao anoitecer, no exame, tudo são desejos e propósitos; de manhã e à tarde, no trabalho, tudo são dificuldades e desculpas. – Assim  vives o ‘sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo’?» [iii].

Entendeu também a conexão entre a santidade e os interesses do intelecto humano: «Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, estudar para ti é uma obrigação grave» [iv] e «Põe um motivo sobrenatural no teu trabalho profissional habitual e terás santificado o trabalho» [v].

E de novo, dirigindo-se aos médicos, S. Josemaria dizia: «Imitai-O; desta maneira, sereis mais refinados, mais cristãos cada dia; não só mais doutos, inclusive mais do que peritos, mas mais como um dos discípulos de Cristo» [vi]. (...)

S. Josemaria convidava enfermeiros e médicos a comparar o seu trabalho com o de um sacerdote. Falava do seu trabalho atribuindo-lhe o qualificativo de missão sagrada, pela sua proximidade com os que sofrem, que são imagens de Cristo na Cruz. O seu afecto e atenção recordam-nos o amor compassivo de Jesus pelos doentes durante a Sua vida terrena.

Por estas razões, São Josemaria Escrivá referiu-se com clareza à necessidade de viver a vocação de médico e de enfermeiro com uma atitude verdadeiramente profissional: com perícia científica, com o cuidado amoroso de uma mãe e com esperança humana e sobrenatural.

É difícil entender realmente a doença se não se experimentou a sua carga, pelo menos uma vez na vida, e se não se viveu esses momentos em que surge a tentação de cair na ira ou na recusa.

São Josemaria Escrivá está capacitado para falar tão clara e caritativamente acerca do sofrimento e da dor porque os experimentou na sua própria vida. Pôde conviver com o sofrimento e a dor precisamente porque acreditava no amor de Deus. Confiava em Deus com a mesma confiança que uma criança pequena tem com o seu Pai. Transmitia claramente esta atitude na sua pregação e as suas acções falavam tão eloquentemente como as suas palavras. Qualquer pessoa que recorra a S. Josemaria para lhe confiar a sua dor e tristeza aprenderá a confiar o seu sofrimento a Deus.

p. binetti, 2012.09.07



[i] Caminho, 332.
[ii] Sulco, 529.
[iii] Sulco, 499.
[iv] Caminho, 336.
[v] Caminho, 359.
[vi] Cfr. G. HERRANZ, "Sem medo à vida" …, cit., p. 160.

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