9.
Que grande tarefa temos pela frente! Com humildade, com o desejo pessoal de
santidade, havemos de chegar às pessoas, acima de tudo, com o nosso exemplo.
Estejamos cientes de que o esforço por nos comportarmos como cristãos
autênticos, apesar das nossas misérias pessoais, faz parte da luz que o Senhor
deseja acender no mundo. Não tenhamos medo de chocar com o ambiente, nos pontos
incompatíveis com a fé católica, mesmo que essa atitude possa trazer-nos até
prejuízos materiais ou sociais: «convencei-vos, e suscitai nos outros a
convicção de que os cristãos havemos de navegar contra a corrente. Não vos
deixeis levar por falsas ilusões. Pensai bem nisto: contra a corrente andou
Jesus, contra a corrente foram Pedro e os outros primeiros e quantos, ao longo
dos séculos, quiseram ser discípulos fiéis do Mestre. Tende, pois, a firme
convicção de que não é a doutrina de Jesus que tem de se adaptar aos tempos,
mas são os tempos que se hão de abrir à luz do Salvador» [12].
Por
isso, voltando os olhos para o Redentor, pedindo-lhe que nos conceda a sua paz
e a capacidade de perdoar e amar os que promovem essas incompreensões, rezemos
com obstinação pelos que obstinadamente pretendem pôr no pelorinho a Igreja, a
Hierarquia, os católicos. Conscientes da nossa debilidade pessoal, procuremos
incansavelmente retribuir o bem pelo mal; e, como consequência da união com
Deus, amemos aqueles que tentam perseguir ou reduzir a religião à sacristia, à
exclusiva esfera privada.
Por
outro lado, se os respeitos humanos não hão-de travar o zelo apostólico, menos
ainda o deterá o pensamento real da debilidade pessoal ou da falta de meios,
porque não confiamos nas nossas forças, mas na graça do Céu: ómnia possum in
eo, qui me confórtat (Fl 4, 13). A este respeito, o Fundador do Opus Dei
comentava: «permanecer todos unidos na oração: esta é (...) a origem da nossa
alegria, da nossa paz, da nossa serenidade e, portanto, da nossa eficácia
sobrenatural» [13]. E noutro momento, acrescentava: «que outros
conselhos hei-de dar? Usar os procedimentos que sempre usaram os cristãos que
pretendiam, de verdade, seguir Cristo. Os mesmos que os primeiros a escutar o
apelo de Jesus seguiram: o encontro assíduo com o Senhor na Eucaristia, a invocação
filial da Santíssima Virgem, a humildade, a temperança, a mortificação dos
sentidos (…) e a penitência» [14], uma fé forte, bem fundada no
Senhor Omnipotente. Difícil de explicar é o optimismo e a firmeza de S.
Josemaria, a quem, entre muitos outros textos, sempre estimularam as palavras
do Salmo: et in lúmine tuo vidébimus lumen (Sl 35/36, 10), porque, com Ele,
todas as trevas se dissipam.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
[12]
S. Josemaria, Carta 28-III-1973, n. 4.
[13]
S. Josemaria, Carta 19-III-1954, n. 27.
[14]
S. Josemaria, Amigos de Deus, n. 186.
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