29/12/2012

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 9


9. Que grande tarefa temos pela frente! Com humildade, com o desejo pessoal de santidade, havemos de chegar às pessoas, acima de tudo, com o nosso exemplo. Estejamos cientes de que o esforço por nos comportarmos como cristãos autênticos, apesar das nossas misérias pessoais, faz parte da luz que o Senhor deseja acender no mundo. Não tenhamos medo de chocar com o ambiente, nos pontos incompatíveis com a fé católica, mesmo que essa atitude possa trazer-nos até prejuízos materiais ou sociais: «convencei-vos, e suscitai nos outros a convicção de que os cristãos havemos de navegar contra a corrente. Não vos deixeis levar por falsas ilusões. Pensai bem nisto: contra a corrente andou Jesus, contra a corrente foram Pedro e os outros primeiros e quantos, ao longo dos séculos, quiseram ser discípulos fiéis do Mestre. Tende, pois, a firme convicção de que não é a doutrina de Jesus que tem de se adaptar aos tempos, mas são os tempos que se hão de abrir à luz do Salvador» [12].
Por isso, voltando os olhos para o Redentor, pedindo-lhe que nos conceda a sua paz e a capacidade de perdoar e amar os que promovem essas incompreensões, rezemos com obstinação pelos que obstinadamente pretendem pôr no pelorinho a Igreja, a Hierarquia, os católicos. Conscientes da nossa debilidade pessoal, procuremos incansavelmente retribuir o bem pelo mal; e, como consequência da união com Deus, amemos aqueles que tentam perseguir ou reduzir a religião à sacristia, à exclusiva esfera privada.

Por outro lado, se os respeitos humanos não hão-de travar o zelo apostólico, menos ainda o deterá o pensamento real da debilidade pessoal ou da falta de meios, porque não confiamos nas nossas forças, mas na graça do Céu: ómnia possum in eo, qui me confórtat (Fl 4, 13). A este respeito, o Fundador do Opus Dei comentava: «permanecer todos unidos na oração: esta é (...) a origem da nossa alegria, da nossa paz, da nossa serenidade e, portanto, da nossa eficácia sobrenatural» [13]. E noutro momento, acrescentava: «que outros conselhos hei-de dar? Usar os procedimentos que sempre usaram os cristãos que pretendiam, de verdade, seguir Cristo. Os mesmos que os primeiros a escutar o apelo de Jesus seguiram: o encontro assíduo com o Senhor na Eucaristia, a invocação filial da Santíssima Virgem, a humildade, a temperança, a mortificação dos sentidos (…) e a penitência» [14], uma fé forte, bem fundada no Senhor Omnipotente. Difícil de explicar é o optimismo e a firmeza de S. Josemaria, a quem, entre muitos outros textos, sempre estimularam as palavras do Salmo: et in lúmine tuo vidébimus lumen (Sl 35/36, 10), porque, com Ele, todas as trevas se dissipam.

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Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[12] S. Josemaria, Carta 28-III-1973, n. 4.
[13] S. Josemaria, Carta 19-III-1954, n. 27.
[14] S. Josemaria, Amigos de Deus, n. 186.

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