8.
A realidade do «ser missionário – com missão – e não te chamares missionário»,
a que S. Josemaria se refere no ponto 848 de Caminho, situa-se no momento
radical e originário da missão – como o Pai Me enviou, assim também Eu vos
envio a vós (Jo 20, 21) – que configura as formas históricas de que a missão de
Cristo se virá a revestir na vida da Igreja: desde o cuidado da vida de fé dos
católicos (pastoral, fraternidade), ao anúncio de Cristo Salvador aos pagãos
(primeiro anúncio, evangelização); do convívio fraterno com os cristãos não
católicos para estimulá-los à plena comunhão (ecumenismo), ao novo anúncio de
Cristo e da sua doutrina aos batizados que O deixaram e rejeitaram a Sua doutrina
(nova evangelização). Os fiéis do Opus Dei, a partir da sua plena secularidade,
estão chamados a assumir essas diferentes dimensões da única missão da Igreja.
S.
Josemaria repetia insistentemente: «Somos missionários com missão, sem nos
chamarmos missionários. Missionários, tanto nas ruas asfaltadas de Roma, Nova
York, Paris, México, Tóquio, Buenos Aires, Lisboa ou Madrid, Dublin ou Sydney,
como no coração da África» [10]. A necessidade de comunicar o
primeiro anúncio da fé não se limita aos países tradicionalmente conhecidos
como terras de missão, mas, infelizmente, afeta o mundo inteiro, e a esta
grande tarefa havemos de dedicar-nos.
Mas
essa responsabilidade não pode ficar-se em meras considerações; cada uma e cada
um há-de pensar: eu, como contribuo? E ainda antes, havemos de ponderar como
influi a fé no nosso atuar e também se sabemos agradecer diariamente este dom
e, como consequência, se procuramos transmitir aos outros tão grande tesouro.
Levantemos a nossa alma ao Senhor, implorando: adáuge nobis fidem (Lc 17, 5)
para todos rezarmos melhor; adáuge mihi fidempara trabalhar santificando-me e
santificando os outros; para dar à minha amizade um contínuo sentido cristão.
Não esqueçamos o ditado de que o exemplo é o melhor pregador, seguindo os passos
de Jesus Cristo, que cœpit fácere et docére (cfr. Act 1, 1), começou a fazer e
ensinar.
Persuadamo-nos
de que, nos mais diferentes lugares, «há necessidade dum renovado anúncio,
mesmo para quem já está batizado. Muitos (…) contemporâneos pensam que sabem o
que é o cristianismo, mas realmente não o conhecem. Frequentemente ignoram os
próprios rudimentos da fé» [11], e devemos enfrentar este desafio
com a nossa vida e a nossa formação doutrinal. Sem pessimismo, consideremos que
a missão apostólica, a que o Senhor urge os cristãos, os que nos sabemos filhos
de Deus, adquire no nosso tempo tonalidades diversas, dependendo das
circunstâncias do ambiente, do lugar, das pessoas que cada uma ou cada um
encontra. Em qualquer caso, havemos de pôr as pessoas que nos rodeiam ou com
quem convivemos em contacto com Cristo, ajudando-as a conhecer ou reconhecer o
rosto do nosso Redentor, e ajudá‑las
a caminhar na sua companhia, mesmo que tenham de ir contra a corrente.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
[10]
S. Josemaria, Instrução, maio-1935/14-IX-1950, nota 231.
[11]
Beato João Paulo II, Exort. Apost. Ecclésia in Europa, 28-VI-2003, n. 47.
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