26/12/2012

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 6


NECESSIDADE DE UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO

6. A humanidade caminhou e caminhará sempre, também agora, faminta da palavra e do conhecimento de Deus, embora muitas pessoas não estejam conscientes dessa profunda necessidade das suas almas. E a quem, como nós, o Senhor concedeu o dom da fé, incumbe o dever de despertarmos e despertar aqueles que estão mergulhados nessa indolência de morte, de ineficácia. O Ano da Fé, que se inaugura no marco da Assembleia do Sínodo dos Bispos dedicada à nova evangelização, é mais um incentivo para todos. É hora de acelerar o passo, como fazem os desportistas quando se aproxima a meta duma corrida.

Tenho muito viva a memória de como o Venerável Servo de Deus Álvaro del Portillo nos incentivava a participar pessoalmente na tarefa da nova evangelização. Já no Natal de 1985, escreveu uma carta pastoral com sugestões para colaborar mais intensamente na recristianização dalguns países, em que se manifestava principalmente um enfraquecimento progressivo da vida cristã. Alertava contra o novo paganismo procedente dessas nações economicamente mais desenvolvidas que, assim advertia, se caracterizava, como agora, «pela busca do bem-estar material a qualquer preço, e pelo correspondente esquecimento, melhor seria dizer medo, autêntico pavor, de tudo o que possa causar sofrimento» [6].

A essa enorme tarefa apostólica, veio juntar-se a necessidade de ter também em conta os povos e sociedades da Europa Central e Oriental que, durante décadas, estiveram submetidos ao jugo do materialismo comunista e que, com um prolongado e silencioso martírio, nos sustentaram a nós na liberdade.

Devemos renovar diariamente o desejo de pôr Cristo no cume e no centro das realidades humanas. Para isso, é preciso crescer no convívio pessoal com Deus e na entrega aos outros, contribuindo com o nosso grãozinho de areia, a entrega diária total, para a construção dum mundo renovado pela graça e pelo sal do Evangelho, que o Senhor confiou aos seus discípulos. Se alguma vez o pessimismo tentasse entrar na alma, por não recolhermos de imediato o fruto dos nossos esforços, deveríamos rejeitar essa falta de esperança, porque não somos nós, tão pouca coisa, tão cheios de defeitos, quem há de levar para a frente os planos divinos. Diferentes textos das Escrituras, nas suas múltiplas alusões, confirmam-nos que inter médium móntium pertransíbunt aquæ (Sl 103/104, 10). Esta certeza opõe-se até ao menor sintoma de desalento, mesmo que os obstáculos possam atingir grandes alturas; e esse caminho é o adequado para chegarmos ao Céu, certos de que as águas divinas purificam e também estimulam todas as nossas limitações para chegar a estar com Deus.

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[6] Venerável Álvaro del Portillo, Carta, 25-XII-1985, n. 4.

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