6. A humanidade caminhou e caminhará sempre, também agora, faminta da palavra e do conhecimento de Deus, embora muitas pessoas não estejam conscientes dessa profunda necessidade das suas almas. E a quem, como nós, o Senhor concedeu o dom da fé, incumbe o dever de despertarmos e despertar aqueles que estão mergulhados nessa indolência de morte, de ineficácia. O Ano da Fé, que se inaugura no marco da Assembleia do Sínodo dos Bispos dedicada à nova evangelização, é mais um incentivo para todos. É hora de acelerar o passo, como fazem os desportistas quando se aproxima a meta duma corrida.
Tenho
muito viva a memória de como o Venerável Servo de Deus Álvaro del Portillo nos
incentivava a participar pessoalmente na tarefa da nova evangelização. Já no
Natal de 1985, escreveu uma carta pastoral com sugestões para colaborar mais
intensamente na recristianização dalguns países, em que se manifestava
principalmente um enfraquecimento progressivo da vida cristã. Alertava contra o
novo paganismo procedente dessas nações economicamente mais desenvolvidas que,
assim advertia, se caracterizava, como agora, «pela busca do bem-estar material
a qualquer preço, e pelo correspondente esquecimento, melhor seria dizer medo,
autêntico pavor, de tudo o que possa causar sofrimento» [6].
A
essa enorme tarefa apostólica, veio juntar-se a necessidade de ter também em
conta os povos e sociedades da Europa Central e Oriental que, durante décadas,
estiveram submetidos ao jugo do materialismo comunista e que, com um prolongado
e silencioso martírio, nos sustentaram a nós na liberdade.
Devemos
renovar diariamente o desejo de pôr Cristo no cume e no centro das realidades
humanas. Para isso, é preciso crescer no convívio pessoal com Deus e na entrega
aos outros, contribuindo com o nosso grãozinho de areia, a entrega diária
total, para a construção dum mundo renovado pela graça e pelo sal do Evangelho,
que o Senhor confiou aos seus discípulos. Se alguma vez o pessimismo tentasse
entrar na alma, por não recolhermos de imediato o fruto dos nossos esforços,
deveríamos rejeitar essa falta de esperança, porque não somos nós, tão pouca
coisa, tão cheios de defeitos, quem há de levar para a frente os planos
divinos. Diferentes textos das Escrituras, nas suas múltiplas alusões,
confirmam-nos que inter médium móntium pertransíbunt aquæ (Sl 103/104, 10).
Esta certeza opõe-se até ao menor sintoma de desalento, mesmo que os obstáculos
possam atingir grandes alturas; e esse caminho é o adequado para chegarmos ao
Céu, certos de que as águas divinas purificam e também estimulam todas as
nossas limitações para chegar a estar com Deus.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
[6]
Venerável Álvaro del Portillo, Carta, 25-XII-1985, n. 4.
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