A
interacção mútua entre a dor e o amor
Actualmente, a incapacidade para enfrentar a dor e o sofrimento, físico ou espiritual, provém precisamente da falta de “cultura do sofrimento”. Inicialmente, são os pais que temem enfrentar os filhos com o sacrifício. Como consequência, vêem-se tentados a dar-lhes tudo e de forma imediata. Pensam que haverá sempre tempo, mais adiante, para sofrer ou têm a ilusão de que esses momentos nunca chegarão para eles [i].
É
difícil entender como uma pessoa pode resistir ao aparecimento imprevisto de
uma dor intensa sem a ter experimentado antes. De facto, estas pessoas estão
mais propensas a sofrer crises nervosas e depressões.
O
sofrimento experimentado por S. Josemaria na sua própria família foi um modo
muito prático de adquirir a maturidade que outros só atingem depois de muitos
anos. A sua biografia é exemplar. Esteve seriamente doente na sua infância;
teve que enfrentar a morte de três das suas irmãs; contemplou o sofrimento do
seu pai perante as consequências de uma crise económica; viu-se obrigado a
mudar-se para outra cidade com a consequente alteração do estilo de vida.
A
seguir, voltou a experimentar o sofrimento no seminário, dor que, unido a
muitas horas de oração diante do Santíssimo Sacramento, o fez amadurecer
espiritualmente. As múltiplas provas internas e externas que o Senhor lhe
enviou, requereram uma grande dose de espírito de sacrifício; inclusive a
perseguição que sofreu durante a fundação do Opus Dei. Sofreu, além disso, de
diabetes, doença que o deixou exausto durante muitos anos.
De
certa forma, poderíamos dizer que não se lhe poupou nada. S. Josemaria teve
sempre a capacidade de entender o sofrimento e a dor alheios devido à sua
própria experiência pessoal e não simplesmente por conhecimento teórico.
Enfrentou o sofrimento com fé e valentia, e com uma grande paciência humana e
sobrenatural.
p. binetti, 2012.09.07
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.