05/12/2012

A experiência da dor 3


A interacção mútua entre a dor e o amor

O sofrimento é um cruzamento de caminhos, um lugar de passagem; nunca é a estação términos. Assim, a oração converte-se num momento importante onde o sofrimento encontra o seu sentido e, com a graça de Deus, se converte em alegria [i].

O efeito de catarse da oração torna-se realidade porque, cada vez que o homem reza, experimenta a misericórdia de Deus e partilha as suas preocupações e problemas, recebendo ao mesmo tempo um sinal quase intangível do Seu Amor: «Meu Deus, ensina-me a amar! Meu Deus, ensina-me a orar!» [ii].

A relação entre a dor e o amor é muito forte. Quem ama e se «forjou no fogo da dor», encontra o gozo [iii]. «O Amor é também a fonte mais plena da resposta à pergunta sobre o sentido do sofrimento» [iv]). S. Josemaria costumava dizer: «Quero-te feliz na terra. Não o serás, se não perdes esse medo à dor. Porque, enquanto ‘caminhamos’, a felicidade está precisamente na dor» [v]. Esta é uma afirmação tão taxativa que marca o caminho para a felicidade, para o fim último do homem.

No entanto, há momentos neste percurso em que a experiência da dor forja a vida de um homem. Não se trata já de uma questão de aceitação ou recusa da dor, mas de aprender a considerar o sofrimento como parte da nossa própria existência e como parte do plano de Deus para cada um de nós.

«O sofrimento é também um apelo a manifestar a grandeza moral do homem, a sua maturidade espiritual» [vi]. Felizmente, com a sua liberdade e a sua racionalidade o homem pode enfrentar com êxito os acontecimentos dolorosos.

Para o poder fazer, deve atingir um nível mais elevado de maturidade pessoal, meta que não se consegue de maneira passiva e tão pouco pode considerar-se como definitivamente atingida. É necessário reunir todos os recursos espirituais e adotar uma atitude apropriada. Como afirma Viktor Frankl, a capacidade para sofrer faz parte da própria educação; é uma fase importante do crescimento interior e também de auto-organização [vii].

p. binetti, 2012.09.07



[i] Cfr. Salvifici doloris, 18.
[ii] Forja, 66.
[iii] Cfr. Forja, 816.
[iv] Cfr. Salvifici doloris, 13.
[v] Caminho, 217.
[vi] Cfr. Salvifici doloris, 14.
[vii] Cfr. V. FRANKL, Homo Patiens, Brezzo di Bodero 1979, p. 98.

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