A
interacção mútua entre a dor e o amor
O sofrimento é um cruzamento de caminhos, um lugar de passagem; nunca é a estação términos. Assim, a oração converte-se num momento importante onde o sofrimento encontra o seu sentido e, com a graça de Deus, se converte em alegria [i].
O
efeito de catarse da oração torna-se realidade porque, cada vez que o homem
reza, experimenta a misericórdia de Deus e partilha as suas preocupações e
problemas, recebendo ao mesmo tempo um sinal quase intangível do Seu Amor: «Meu
Deus, ensina-me a amar! Meu Deus, ensina-me a orar!» [ii].
A
relação entre a dor e o amor é muito forte. Quem ama e se «forjou no fogo da
dor», encontra o gozo [iii].
«O Amor é também a fonte mais plena da resposta à pergunta sobre o sentido do
sofrimento» [iv]).
S. Josemaria costumava dizer: «Quero-te feliz na terra. Não o serás, se não
perdes esse medo à dor. Porque, enquanto ‘caminhamos’, a felicidade está
precisamente na dor» [v].
Esta é uma afirmação tão taxativa que marca o caminho para a felicidade, para o
fim último do homem.
No
entanto, há momentos neste percurso em que a experiência da dor forja a vida de
um homem. Não se trata já de uma questão de aceitação ou recusa da dor, mas de
aprender a considerar o sofrimento como parte da nossa própria existência e
como parte do plano de Deus para cada um de nós.
«O
sofrimento é também um apelo a manifestar a grandeza moral do homem, a sua
maturidade espiritual» [vi].
Felizmente, com a sua liberdade e a sua racionalidade o homem pode enfrentar
com êxito os acontecimentos dolorosos.
Para
o poder fazer, deve atingir um nível mais elevado de maturidade pessoal, meta
que não se consegue de maneira passiva e tão pouco pode considerar-se como
definitivamente atingida. É necessário reunir todos os recursos espirituais e
adotar uma atitude apropriada. Como afirma Viktor Frankl, a capacidade para
sofrer faz parte da própria educação; é uma fase importante do crescimento
interior e também de auto-organização [vii].
p. binetti, 2012.09.07
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