Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 19, 25-42
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Evangelho: Jo 19, 25-42
25
Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria,
mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o
discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois
disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo
recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado,
para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede».29 Havia ali um vaso cheio de
vinagre. Então, os soldados, ensopando no vinagre uma esponja e atando-a a uma
cana de hissopo, chegaram-Lha à boca. 30 Jesus, tendo tomado o vinagre, disse:
«Tudo está consumado!». Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Os
judeus, visto que era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na
cruz no sábado, porque aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a
Pilatos que lhes fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois,
os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia
sido crucificado. 33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto,
não Lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com
uma lança e imediatamente saiu sangue e água. 35 Quem foi testemunha deste
facto o atesta, e o seu testemunho é digno de fé e ele sabe que diz a verdade,
para que também vós acrediteis. 36 Porque estas coisas sucederam para que se
cumprisse a Escritura: “Não Lhe quebrarão osso algum”. 37 E também diz outro
passo da Escritura: “Hão-de olhar para Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois
disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo
dos judeus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos
permitiu-o. Foi, pois, e tomou o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha
ido anteriormente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de
quase cem libras de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O
em lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. 41
Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um sepulcro
novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser o dia da Preparação
dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.
CARTA ENCÍCLICA
DIVINIS REDEMPTORIS
DE SUA SANTIDADE
PAPA PIO XI
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS, PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS E DEMAIS ORDINÁRIOS
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
DIVINIS REDEMPTORIS
DE SUA SANTIDADE
PAPA PIO XI
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS, PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS E DEMAIS ORDINÁRIOS
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE O COMUNISMO ATEU
…/4
III - LUMINOSA
DOUTRINA DA IGREJA, OPOSTA AO COMUNISMO
PREMUNIR-SE
CONTRA AS CILADAS DO COMUNISMO
57. Sobre este ponto insistimos na
Nossa Alocução, de 12 de Maio do ano passado, mas julgamos necessário,
Veneráveis Irmãos, chamar de novo sobre ele, de modo particular, a vossa
atenção. Ao princípio, o comunismo mostrou-se tal qual era em toda a sua
perversidade, mas bem depressa se capacitou de que desse modo afastava de si os
povos, e por isso mudou de táctica e procura atrair as multidões com vários
enganos, ocultando os seus desígnios sob a máscara de ideais, em si bons e
atraentes. Assim, vendo o desejo geral de paz, os chefes do comunismo fingem
ser os mais zelosos fautores e propagandistas do movimento a favor da paz
mundial, mas ao mesmo tempo excitam a uma luta de classes que faz correr rios
de sangue, e, sentindo que não têm garantias internas de paz, recorrem a
armamentos ilimitados. Assim, sob vários nomes que nem por sombras aludem ao
comunismo, fundam associações e periódicos que servem depois unicamente para
fazerem penetrar as suas ideias em meios, que doutra forma lhe não seriam
facilmente acessíveis, procuram até com perfídia infiltrar-se em associações
católicas e religiosas. Assim, em outras partes, sem renunciarem um ponto a
seus perversos princípios, convidam os católicos a colaborar com eles no campo
chamado humanitário e caritativo, propondo às vezes, até coisas completamente
conformes ao espírito cristão e à doutrina da Igreja. Em outras partes levam a
hipocrisia até fazer crer que o comunismo, em países de maior fé e de maior
cultura, tomará outro aspecto mais brando, não impedirá o culto religioso e
respeitará a liberdade das consciências. Há até quem, reportando-se a certas
alterações recentemente introduzidas na legislação soviética, deduz que o
comunismo está em vésperas de abandonar o seu programa de luta contra Deus.
58. Procurai, Veneráveis Irmãos, que
os fiéis não se deixem enganar! O comunismo é intrinsecamente perverso e não se
pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele, da parte de quem quer que
deseje salvar a civilização cristã. E, se alguns, induzidos em erro,
cooperassem para a vitória do comunismo no seu país, seriam os primeiros a cair
como vítimas do seu erro, e quanto mais se distinguem pela antiguidade e
grandeza da sua civilização cristã as regiões aonde o comunismo consegue
penetrar, tanto mais devastador lá se manifesta o ódio dos “sem-Deus”.
ORACÇÃO E
PENITÊNCIA
59. Mas, “se o Senhor não guarda
a caridade, em vão vigiam aqueles que a guardam” (Sl126, 1).
Por isso, como último e poderosíssimo remédio vos recomendamos, Veneráveis
Irmãos, que nas vossas dioceses promovais e intensifiqueis, do modo mais
eficaz, o espírito de oração unido à penitência cristã. Quando os Apóstolos
perguntaram ao Salvador por que é que não tinham podido libertar do espírito
maligno a um endemoninhado, respondeu o Senhor: “Demónios desta raça não se
expulsam senão com a oração e com o jejum” (Mt 17, 20).
Também o mal que hoje atormenta a humanidade não poderá ser vencido senão com
uma santa cruzada universal de oração e penitência: e recomendamos
singularmente às Ordens contemplativas, masculinas e femininas, que redobrem as
suas súplicas e sacrifícios, para impetrarem do céu para a Igreja um válido
socorro nas lutas presentes, com a poderosa intercessão da Virgem Imaculada, a
qual, assim como um dia esmagou a cabeça da antiga serpente, assim também é
hoje e sempre segura defesa e invencível “Auxílio dos Cristãos”.
OS SACERDOTES
60. Para a obra mundial de salvação
que temos vindo traçando, e para a aplicação dos remédios que ficam brevemente
apontados, ministros e obreiros evangélicos designados pelo divino Rei Jesus
Cristo são em primeira linha os sacerdotes. A eles, por vocação especial, sob a
guia dos sagrados Pastores e em união de filial obediência com o Vigário de
Cristo na terra, foi confiada a missão de conservar aceso no mundo o facho da
fé e de infundir nos fiéis aquela sobrenatural confiança com que a Igreja, em
nome de Cristo, tem combatido e vencido tantas outras batalhas: “Esta é a
vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1 Jo 5, 4).
61. De modo particular recordamos
aos sacerdotes a exortAcção de Nosso Predecessor, Leão XIII, tantas vezes
repetida, de ir ao operário, exortação que Nós fazemos Nossa e completamos: “Ide
ao operário, especialmente ao operário pobre, e em geral, ide aos pobres”,
seguindo nisto os ensinamentos de Jesus Cristo e da sua Igreja. Os pobres, efectivamente
são os que se acham mais expostos às ciladas dos agitadores, que exploram a sua
mísera condição, para lhes atear no peito a inveja contra os ricos e excitá-los
a tomarem pela força o que lhes parece que a fortuna lhes negou injustamente,
e, se o Sacerdote não vai aos operários, aos pobres, para os prevenir ou
desenganar dos preconceitos e das falsas teorias, chegarão a ser fácil presa
dos apóstolos do comunismo.
62. Não podemos negar que muito se
tem feito já neste sentido, especialmente depois das Encíclicas Rerum Novarum e Quadragesimo anno, e com paterna complacência saudamos o industrioso
zelo pastoral de tantos bispos e sacerdotes, que vão excogitando e ensaiando,
embora com a devida prudência e cautela, novos métodos de apostolado que melhor
correspondam às exigências modernas. Mas tudo isto é ainda muito pouco para as
presentes necessidades. Assim como, quando a pátria está em perigo, tudo quanto
não é estrictamente necessário ou não é directamente ordenado à urgente necessidade
da defesa comum, passa a segunda linha, assim também em nosso caso, qualquer
outra obra, por mais bela e boa que seja, deve ceder o passo à vital
necessidade de salvar as próprias bases da fé e da civilização cristã. E assim,
nas paróquias os sacerdotes, dando embora materialmente o que é necessário à
cura ordinária dos fiéis, reservem o mais e o melhor das suas forças e da sua actividade
à reconquista das massas trabalhadoras para Cristo e para a Igreja e a fazer
penetrar o espírito cristão nos meios que lhe são mais refractários. Nas massas
populares, encontrarão uma correspondência e uma abundância de frutos
inesperada, que os compensará do duro trabalho do primeiro arroteamento, como
temos visto e vemos em Roma e em muitas outras metrópoles, onde, à sombra das
novas igrejas, que vão surgindo nos bairros periféricos, se vão organizando
fervorosas comunidades paroquiais e se operam verdadeiros milagres de conversão
entre populações que eram hostis à religião, só porque a não conheciam.
63. Mas o meio mais eficaz de
apostolado entre as multidões dos pobres e dos humildes é o exemplo do
sacerdote, o exemplo de todas as virtudes sacerdotais quais as descrevemos em
Nossa Encíclica Ad Catholici Sacerdotii (20 de Dezembro
de 1935: A.A.S., vol. XXVIII (1936), págs. 5-53), no presente caso, porém, de modo especial, é
necessário um luminoso exemplo de vida humilde, pobre, desinteressada, cópia
fiel do Divino Mestre que podia proclamar com divina franqueza: “As raposas
têm os seus covis e as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem
onde reclinar a cabeça” (Mt 8, 20). Um sacerdote
verdadeira e evangelicamente pobre e desinteressado faz milagres de bem no meio
do povo, como um São Vicente de Paulo, um Cura d’Ars, um Cottolengo, um Dom
Bosco e tantos outros, ao passo que um sacerdote avaro e interesseiro, como
recordamos na citada Encíclica, ainda quando se não precipite, como judas, no
abismo da traição, será pelo menos um oco “bronze a ressoar” e um inútil
“címbalo a retinir” (1 Cor 13, 1), e muitas
vezes antes obstáculo que instrumento de graça no meio do povo. E, se o
sacerdote secular ou regular, por dever de ofício, tem que administrar bens
temporais, lembre-se que não somente terá obrigação de observar
escrupulosamente tudo quanto prescrevem a caridade e a justiça, senão que, de
modo particularmente, deve mostrar-se verdadeiro pai dos pobres.
A ACÇÃO
CATÓLICA
64. Depois do clero dirigimos o
Nosso paternal convite aos nossos queridíssimos filhos leigos, que militam nas
fileiras da Acção Católica, que nos é tão cara e que, como já declaramos em
outra ocasião (13 de maio de 1936, A.A.S., vol. XXIX (1937), págs.
139-144), é um “auxílio particularmente providencial”, para a obra da
Igreja nestas circunstâncias tão difíceis. De facto, a Acção Católica é também
apostolado social, enquanto tende a difundir o Reinado de Jesus Cristo não só
nos indivíduos mas também na família e na sociedade. Por isso deve, antes de
tudo, atender a formar com especial cuidado os seus membros e a prepará-los,
para as santas batalhas do Senhor. A este trabalho formativo, mais que nunca
urgente e necessário, que deve preceder a acção directa e efectiva servirão
certamente os círculos de estudos, as semanas sociais, os cursos orgânicos de
conferências e todas as demais iniciativas aptas para dar a conhecer a solução
dos problemas sociais em sentido cristão.
65. Soldados da Acção Católica tão
bem preparados e adestrados serão os primeiros e imediatos apóstolos dos seus
companheiros de trabalho e tornar-se-ão os preciosos auxiliares do Sacerdote,
para levarem a luz da verdade e aliviarem as graves misérias materiais e
espirituais, em inumeráveis zonas refractárias à Acção do ministro de Deus, ou
por inveterados preconceitos contra o clero ou por deplorável apatia religiosa.
Cooperar-se-á desse modo, sob a direcção de Sacerdotes particularmente
experimentados, naquela assistência religiosa às classes trabalhadoras, que
temos tanto a peito, por ser o meio mais apto para preservar aqueles Nossos
amados filhos da cilada comunista.
66. Além deste apostolado
individual, muitas vezes oculto, mas sobremaneira útil e eficaz, é função da Acção
Católica disseminar amplamente, por meio da propaganda oral e escrita, os
princípios fundamentais que hão-de servir para a construção de uma ordem social
cristã, como se depreendem dos documentos pontifícios.
ORGANIZAÇÕES
AUXILIARES
67. Em torno da Acção Católica
cerram fileiras as organizações que Nós saudamos já como auxiliares da mesma.
Com paternal afecto exortamos também estas organizações tão prestimosas a
consagrarem-se à grande missão de que tratamos, que actualmente supera a todas
as outras pela sua vital importância.
ORGANIZAÇÕES DE
CLASSE
68. Pensamos também nas organizações
de classe: de operários, de agricultores, de engenheiros, de médicos, de
patrões, de homens de estudo e outras semelhantes, homens e mulheres, que vivem
nas mesmas condições culturais e quase naturalmente se reuniram em agrupamentos homogéneos São precisamente estes grupos e estas organizações que estão
destinadas a introduzir na sociedade aquela ordem, que tínhamos na mente na
Nossa Encíclica Quadragesimo anno, e a difundir assim o reconhecimento da realeza de
Cristo nos diversos campos da cultura e do trabalho.
69. E se, pela transformação das
condições da vida económica e social, o Estado julgou dever intervir até ao
ponto de assistir e regular directamente tais instituições com particulares
disposições legislativas, salvo o respeito devido à liberdade e às iniciativas
particulares, também não pode nessas circunstâncias a Acção Católica manter-se
estranha à realidade, antes deve com prudência prestar a sua contribuição de
pensamento, com o estudo dos novos problemas à luz da doutrina católica, e da actividade,
com a participAcção leal e voluntária dos seus membros nas novas formas e
instituições, levando-lhes o espírito cristão, que é sempre princípio de ordem
e de mútua e fraterna colaboração.
APELO AOS
OPERÁRIOS CATÓLICOS
70. Quiséramos dirigir aos Nossos
queridos operários católicos jovens e adultos, uma palavra particularmente
paterna, os quais, talvez em prémio da sua fidelidade por vezes heróica nestes
tempos tão difíceis, receberam missão muito nobre e árdua. Sob a direcção dos
seus Bispos e Sacerdotes, é a eles que cumpre reconduzir à Igreja e a Deus
aquelas imensas multidões de irmãos seus de trabalho, os quais, exacerbados por
não haverem sido compreendidos nem tratados com a dignidade a que tinham
direito, se afastaram de Deus. Demonstrem os operários católicos com seu
exemplo, com suas palavras, a esses seus irmãos transviados que a Igreja é Mãe
cheia de ternura para todos os que trabalham e sofrem, e que jamais faltou nem
faltará a seu sagrado dever materno de defender seus filhos. Se esta missão,
que eles devem cumprir nas minas, nas fábricas, nos estaleiros, onde quer que
se trabalha, reclama por vezes grandes sacrifícios, lembrem-se que o Salvador
do mundo deu não só exemplo do trabalho, senão também o do sacrifício.
NECESSIDADE DE
CONCÓRDIA ENTRE OS CATÓLICOS
71. Assim pois, a todos os Nossos
filhos, de todas as classes sociais, de todas as nações, de todos os grupos
religiosos e leigos da Igreja, quiséramos dirigir um novo e mais urgente apelo
à concórdia. Muitas vezes Nosso coração paterno se tem afligido com as
divisões, fúteis muitas vezes em suas causas, mas sempre trágicas em suas consequências,
que põem em luta os filhos duma mesma Mãe, a Igreja. Assim se vê que os agentes
da desordem, que não são tão numerosos, aproveitando-se destas discórdias, lhes
exasperam o azedume, e acabam por lançar os mesmos católicos uns contra os
outros. Depois dos acontecimentos destes últimos meses, deveria parecer
supérfluo o Nosso aviso. Repetimo-lo, porém, uma vez mais para aqueles que o
não compreenderam, ou talvez não o querem compreender. Os que trabalham por
aumentar as dissensões entre católicos, tomam sobre si uma tremenda
responsabilidade diante de Deus e da Igreja.
APELO A TODOS
OS QUE CRÊEM EM DEUS
72. Mas a esta luta, empenhada pelo
poder das trevas contra própria ideia da Divindade, é-Nos grato esperar que,
além de todos aqueles que se gloriam do nome de Cristo, se oponham também
denodadamente todos quantos crêm em Deus e o adoram, que são ainda a imensa
maioria da humanidade. Renovamos, por isso, o apelo que já, há cinco anos,
lançamos em Nossa Encíclica Caritate Christi, para que também eles leal
e cordialmente concorram de sua parte “para afastar da humanidade o grande
perigo que a todos ameaça”. Porquanto, - como então dizíamos -, se “a
crença em Deus é o fundamento inabalável de toda a ordem social e de toda a
responsabilidade na terra, todos os que não querem a anarquia e o terror devem
trabalhar energicamente para que os inimigos da religião não alcancem o fim que
tão abertamente proclamam” (Encíclica Caritate Christi, 3 de maio de 1932:
A.A.S., vol. XXIX (1932), pág. 184).
DEVERES DO
ESTADO CRISTÃO
Ajudar a Igreja
73. Temos exposto, Veneráveis
Irmãos, a função positiva, de ordem, a um tempo, doutrinal e prática, que a Igreja
assume em virtude da mesma missão, que Jesus Cristo lhe confiou, de edificar a
sociedade cristã e, em nossos tempos, de combater e desbaratar os esforços do
comunismo, e fizemos apelo a todas e a cada uma das classes da sociedade. Para
esta mesma empresa espiritual da Igreja deve também concorrer positivamente o
Estado cristão, ajudando em seu empenho a Igreja com os meios que lhes são
próprios, os quais, embora externos, também dizem respeito, em primeiro lugar,
ao bem das almas.
74. Por isso os Estados porão todo o
cuidado em impedir que a propaganda ateia que destrói todos os fundamentos da
ordem, faça estragos em seus territórios, porque não poderá haver autoridade na
terra, se não se reconhece a autoridade da Majestade divina, nem será firme o
juramento, que não se faça em nome do Deus vivo. Repetimos o que tantas vezes e
com tanta insistência temos dito, nomeadamente na Nossa Encíclica Caritate
Christi: “Como pode sustentar-se um contrato qualquer, e que valor
pode ter um tratado, onde falte toda a garantia de consciência? E como pode
falar-se de garantia de consciência, onde falte toda a fé em Deus, todo o temor
de Deus? Destruída esta base, desmorona-se com ela toda a lei moral, e não
haverá já remédio nenhum que possa impedir a gradual, mas inevitável ruína dos
povos, da família, do Estado, da própria civilização humana” (Encíclica Caritate Christi, 3 de maio de 1932:
A.A.S., vol. XXIV (1932), pág. 190).
Providências do
bem comum
75. Além disso, deve o Estado pôr
todo o cuidado em criar aquelas condições materiais de vida, sem as quais não
pode subsistir uma sociedade ordenada, e em procurar trabalho especialmente aos
pais de família e à juventude. Para esse fim induzam-se as classes ricas a que,
pela urgente necessidade do bem comum, tomem sobre si aqueles encargos, sem os
quais a sociedade humana não pode salvar-se, nem elas próprias poderiam
encontrar salvação Mas as providências, que o Estado toma para esse fim,
devem ser tais que atinjam efectivamente os que de facto têm nas mãos os maiores
capitais e continuamente os vão aumentando com grave prejuízo dos outros.
Prudente e
sóbria administração
76. O próprio Estado, lembrando-se
de suas responsabilidades diante de Deus e da sociedade, sirva de exemplo a
todos os demais com uma prudente e sóbria administração Hoje mais que nunca a
gravíssima crise mundial exige que aqueles que dispõem de fundos enormes, fruto
do trabalho e do suor de milhões de cidadãos, tenham sempre diante dos olhos
unicamente o bem comum e procurem promovê-lo o mais possível. Os funcionários
do Estado e todos os empregados cumpram também, por dever de consciência os
seus deveres com fidelidade e desinteresse, seguindo os luminosos exemplos
antigos e recentes de homens insignes, que num trabalho sem descanso
sacrificaram toda a sua vida pelo bem da pátria. E no comércio dos povos entre
si, procure-se solicitamente remover aqueles obstáculos artificiais da vida
económica, que brotam do sentimento da desconfiança e do ódio, recordando que
todos os povos da terra formam uma única família de Deus.
Deixar
liberdade à Igreja
77. Mas, ao mesmo tempo, deve o
Estado deixar à Igreja plena liberdade de cumprir a sua missão divina e
espiritual, para contribuir assim poderosamente para salvar os povos da
terrível tormenta da hora presente. Por toda a parte se faz hoje um angustioso
apelo às forças morais e espirituais, e com toda a razão, porque o mal que se
deve combater é antes de tudo, considerado em sua primeira origem, um mal de
natureza espiritual, e desta fonte é que brotam, por uma lógica diabólica,
todas as monstruosidades do comunismo. Ora, entre as forças morais e
religiosas, sobressai incontestavelmente a Igreja Católica, e por isso o mesmo
bem da humanidade exige que não se ponham obstáculos à sua actividade.
78. Proceder de outro modo e
pretender ao mesmo tempo alcançar o fim com meios puramente económicos e
políticos, é ficar à mercê de um erro perigoso. E quando se exclui a religião
da escola, da educação da vida pública, e se expõem ao ludíbrio os
representantes do Cristianismo e seus sagrados ritos, não se promove porventura
aquele materialismo, donde germina o comunismo? Nem a força, ainda a mais bem
organizada, nem os ideais terrenos, por mais grandiosos e nobres que sejam,
podem dominar um movimento, que tem suas raízes precisamente na demasiada
estima dos bens da terra.
79. Confiamos que aqueles que
dirigem os destinos das nações, por pouco que sintam o perigo extremo que
ameaça hoje os povos, compreenderão cada vez melhor o supremo dever de não
impedir à Igreja o cumprimento da sua missão, tanto mais que, ao cumpri-la,
enquanto procura a felicidade eterna do homem trabalha também inseparavelmente
pela verdadeira felicidade temporal.
APELO PATERNO
AOS TRANSVIADOS
80. Mas não podemos pôr termo a esta
Carta Encíclica, sem dirigir uma palavra àqueles mesmos filhos Nossos que estão
já contagiados ou tocados do mal comunista. Exortamo-los vivamente a que ouçam
a voz do Pai que os ama, e rogamos ao Senhor que os ilumine, para que deixem o
caminho que os despenha a todos numa imensa e catastrófica ruína, e reconheçam
também eles que o único Salvador é Jesus Cristo Senhor Nosso: “porque não há
sob o céu nenhum outro nome dado aos homens, pelo qual possamos esperar ser
salvos” (At 4, 12).
SÃO JOSÉ,
MODELO E PATRONO
81. E, para apressar a “Paz de
Cristo no Reino de Cristo” (Encíclica Ubi Arcano, 23 de Dezembro de 1922: A.A.S., vol. XIV (1922), pág. 619), por todos tão desejada, pomos a grande Acção
da Igreja Católica contra o comunismo ateu mundial sob a égide do poderoso
Protector da Igreja, São José. Ele pertence à classe operária e experimentou o
peso da pobreza, em si e na Sagrada Família, de que era chefe vigilante e afectuoso,
a ele foi confiado o Deus Menino, quando Herodes mandou contra ele os seus
sicários. Com uma vida de fidelíssimo cumprimento do dever quotidiano, deixou um
exemplo de vida a todos os que têm de ganhar o pão com o trabalho de suas mãos
e mereceu ser chamado o Justo, exemplo vivo daquela justiça cristã, que deve
reinar na vida social.
82. Com os olhos no alto, a nossa fé
vê os novos céus e a nova terra, de que fala o
Nosso primeiro Antecessor, São Pedro (2 Pdr 3, 13,
cf. Is 66, 22, Apc 21, 1). Enquanto as
promessas dos falsos profetas da terra se desvanecem em sangue e lágrimas,
brilha com celeste beleza a grande profecia apocalíptica do Redentor do mundo:
“Eis que Eu renovo todas as coisas” (Apc21, 5).
Não Nos resta, Veneráveis Irmãos,
senão elevar as mãos paternas e fazer descer sobre Vós, sobre o vosso Clero e
povo, sobre toda a grande Família Católica, a Bênção Apostólica.
Dada em Roma, junto de São Pedro, na festa de São José, Padroeiro da Igreja
Universal, no dia 19 de Março de 1937, ano XVI do Nosso Pontificado.
PIO XI PP.
Nota: Revisão da tradução portuguesa
por ama.
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