Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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1 «Não se perturbe o vosso
coração. Acreditais em Deus, acreditai também em Mim. 2 Na casa de Meu Pai há
muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar um lugar
para vós. 3 Depois que Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei
novamente e tomar-vos-ei comigo, para que, onde estou, estejais vós também. 4 E
vós conheceis o caminho para ir onde Eu vou». 5 Tomé disse-Lhe: «Senhor, nós
não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?». 6 Jesus disse-lhe:
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim. 7 Se
Me conhecesseis, também certamente conheceríeis Meu Pai; mas desde agora O
conheceis e já O vistes». 8 Filipe disse-Lhe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso
nos basta». 9 Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não
Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu também o Pai. Como dizes, pois:
Mostra-nos o Pai? 10 Não acreditais que Eu estou no Pai e que o Pai está em
Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo. O Pai, que está em
Mim, Esse é que faz as obras.11 Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em
Mim. 12 Crede-o ao menos por causa das mesmas obras. «Em verdade, em verdade
vos digo, que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço. Fará
outras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai. 13 Tudo o que pedirdes em Meu
nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se Me pedirdes
alguma coisa em Meu nome, Eu a farei. 15 «Se Me amais, observareis os Meus mandamentos; 16 e Eu rogarei ao
Pai e Ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco, 17
o Espírito de verdade, a Quem o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O
conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós. 18 «Não
vos deixarei órfãos; voltarei a vós. 19 Ainda um pouco, e depois já o mundo não
Me verá. Mas ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia conhecereis
que estou em Meu Pai e vós em Mim e Eu em vós. 21 Aquele que aceita os Meus
mandamentos e os guarda, esse é que Me ama; e aquele que Me ama, será amado por
Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele». 22 Judas, não o Iscariotes,
disse-Lhe: «Senhor, qual é a causa por que Te hás-de manifestar a nós e não ao
mundo?». 23 Jesus respondeu-lhe: «Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra e
Meu Pai o amará, e Nós viremos a ele, e faremos nele a Nossa morada. 24 Quem
não Me ama não observa as Minhas palavras. E a palavra que ouvistes não é
Minha, mas do Pai que Me enviou. 25 «Disse-vos estas coisas, estando convosco. 26
Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, vos ensinará
todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos disse. 27 «Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz; não
vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe o vosso coração, nem se assuste. 28
Ouvistes que Eu vos disse: Vou e voltarei a vós. Se vós Me amásseis, certamente
vos alegraríeis de Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. 29 Eu
vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis. 30
Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo. Ele não pode
nada contra Mim, 31 mas é preciso que o mundo conheça que amo o Pai e que faço
como Ele Me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.
EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
VERBUM DOMINI
DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AO EPISCOPADO, AO CLERO
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
A PALAVRA DE DEUS
NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA
VERBUM DOMINI
DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AO EPISCOPADO, AO CLERO
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
A PALAVRA DE DEUS
NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA
I PARTE
VERBUM DEI
…/8
Palavra de Deus e Cerimonial das Bênçãos
63. No uso do Cerimonial das Bênçãos, preste-se atenção também ao espaço previsto para a proclamação, a escuta e a explicação da Palavra de Deus, através de breves advertências. Com efeito, o gesto da bênção, nos casos previstos pela Igreja e quando pedido pelos fiéis, não deve aparecer isolado em si mesmo, mas relacionado, no grau que lhe é próprio, com a vida litúrgica do Povo de Deus. Neste sentido, a bênção, como verdadeiro sinal sagrado, «adquire sentido e eficácia da proclamação da Palavra de Deus».
[1] Por isso, é
importante aproveitar também estas circunstâncias para suscitar nos fiéis fome
e sede de toda a palavra que sai da boca de Deus (cf. Mt 4,
4).
Sugestões e propostas concretas para a animação litúrgica
64. Depois de ter lembrado alguns elementos fundamentais da relação entre Liturgia e Palavra de Deus, quero agora assumir e valorizar algumas propostas e sugestões que os Padres sinodais recomendaram para favorecer, no Povo de Deus, uma crescente familiaridade com a Palavra de Deus no âmbito das acções litúrgicas ou de algum modo relacionadas com elas.
a) Celebrações da Palavra de Deus
65. Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra: [2] são ocasiões privilegiadas de encontro com o Senhor. Por isso, tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica. Estas celebrações assumem particular relevância como preparação para a Eucaristia dominical, de modo que os fiéis tenham possibilidade de penetrar melhor na riqueza do Leccionário para meditar e rezar a Sagrada Escritura, sobretudo nos tempos litúrgicos fortes do Advento e Natal, da Quaresma e Páscoa. Entretanto a celebração da Palavra de Deus é vivamente recomendada nas comunidades onde não é possível, por causa da escassez de sacerdotes, celebrar o Sacrifício Eucarístico nos dias festivos de preceito. Tendo em conta as indicações já expressas na Exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis sobre as assembleias dominicais à espera de sacerdote, [3] recomendo que sejam redigidos pelas competentes autoridades directórios rituais, valorizando a experiência das Igrejas Particulares. Assim, em tais situações, hão-de favorecer-se celebrações da Palavra que alimentem a fé dos fiéis, mas evitando que as mesmas sejam confundidas com celebrações eucarísticas; «devem antes tornar-se ocasiões privilegiadas de oração a Deus para que mande sacerdotes santos segundo o seu Coração». [4]
Além disso, os Padres sinodais convidaram a celebrar a
Palavra de Deus também por ocasião de peregrinações, festas particulares,
missões populares, retiros espirituais e dias especiais de penitência,
reparação e perdão. No que se refere às diversas formas de piedade popular,
embora não sejam actos litúrgicos nem se devam confundir com as celebrações
litúrgicas, todavia é bom que se inspirem nelas e sobretudo que dêm espaço
adequado à proclamação e escuta da Palavra de Deus; de facto, «a piedade popular
encontrará nas palavras da Bíblia uma fonte inesgotável de inspiração, modelos
insuperáveis de oração e fecundas propostas de diversos temas». [5]
b) A Palavra e o silêncio
66. Várias intervenções dos Padres sinodais insistiram sobre o valor do silêncio para a recepção da Palavra de Deus na vida dos fiéis. [6] De facto, a palavra pode ser pronunciada e ouvida apenas no silêncio, exterior e interior. O nosso tempo não favorece o recolhimento e, às vezes, fica-se com a impressão de ter medo de se separar, por um só momento, dos instrumentos de comunicação de massa. Por isso, hoje é necessário educar o Povo de Deus para o valor do silêncio. Redescobrir a centralidade da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística ensina-nos que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio [7] e só nele é que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu em Maria, mulher indivisivelmente da Palavra e do silêncio. As nossas liturgias devem facilitar esta escuta autêntica: Verbo crescente, verba deficiunt. [8]
Que este valor brilhe particularmente na Liturgia da
Palavra, que «deve ser celebrada de modo a favorecer a meditação». [9] O
silêncio, quando previsto, deve ser considerado «como parte da celebração». [10] Por isso,
exorto os Pastores a estimularem os momentos de recolhimento, nos quais, com a
ajuda do Espírito Santo, a Palavra de Deus é acolhida no coração.
c) Proclamação solene da Palavra de Deus
67. Outra sugestão feita pelo Sínodo foi a de solenizar, sobretudo em ocorrências litúrgicas relevantes, a proclamação da Palavra, especialmente do Evangelho, utilizando o Evangeliário, conduzido processionalmente durante os ritos iniciais e depois levado ao ambão pelo diácono ou por um sacerdote para a proclamação. Deste modo ajuda-se o Povo de Deus a reconhecer que «a leitura do Evangelho constitui o ápice da própria liturgia da Palavra». [11] Seguindo as indicações contidas no Ordenamento das Leituras da Missa, é bom valorizar a proclamação da Palavra de Deus com o canto, particularmente o Evangelho, de modo especial em determinadas solenidades. A saudação, o anúncio inicial: «Evangelho de Nosso Senhor…» e a exclamação final «Palavra da salvação», seria bom proferi-los em canto para evidenciar a importância do que é lido. [12]
d) A Palavra de Deus no templo cristão
68. Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitectónicas. «Na construção das igrejas, os Bispos, valendo-se da devida ajuda, procurem que sejam locais adequados à proclamação da Palavra, à meditação e à celebração eucarística. Os espaços sagrados, mesmo fora da acção litúrgica, revistam-se de eloquência, apresentando o mistério cristão relacionado com a Palavra de Deus». [13]
Uma atenção especial seja dada ao ambão,
enquanto lugar litúrgico donde é proclamada a Palavra de Deus. Deve estar
colocado em lugar bem visível, para onde se dirija espontaneamente a atenção
dos fiéis durante a liturgia da Palavra. É bom que seja fixo, esculturalmente
em harmonia estética com o altar, de modo a representar mesmo
visivelmente o sentido teológico da dupla mesa da Palavra e da
Eucaristia. A partir do ambão, são proclamadas as leituras, o salmo
responsorial e o Precónio pascal; de lá podem ser feitas também a homilia e a
leitura da oração dos fiéis. [14]
Além disso, os Padres sinodais sugerem que, nas
igrejas, haja um local de honra onde se possa colocar a Sagrada Escritura
mesmo fora da celebração. [15] Realmente
é bom que o livro onde está contida a Palavra de Deus tenha dentro do templo
cristão um lugar visível e de honra, mas sem tirar a centralidade que compete
ao Sacrário que contém o Santíssimo Sacramento. [16]
e) Exclusividade dos textos bíblicos na liturgia
69. O Sínodo reafirmou vivamente também aquilo que, aliás, já está estabelecido pela norma litúrgica da Igreja, [17] isto é, que as leituras tiradas da Sagrada Escritura nunca sejam substituídas por outros textos, por mais significativos que estes possam parecer do ponto de vista pastoral ou espiritual: «Nenhum texto de espiritualidade ou de literatura pode atingir o valor e a riqueza contida na Sagrada Escritura que é Palavra de Deus». [18] Trata-se de uma disposição antiga da Igreja que se deve manter. [19] Face a alguns abusos, já o Papa João Paulo II lembrara a importância de nunca se substituir a Sagrada Escritura por outras leituras. [20] Recorde-se que também o Salmo Responsorial é Palavra de Deus, pela qual respondemos à voz do Senhor e por isso não deve ser substituído por outros textos; entretanto é muito oportuno poder proclamá-lo de forma cantada.
f) Canto litúrgico
biblicamente inspirado
70. No âmbito da valorização da Palavra de Deus
durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos
previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica
capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo
entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos
que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso
particularmente na importância do canto gregoriano. [21]
g) Particular atenção aos cegos e aos surdos
71. Neste contexto, queria também recordar que o Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar activamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos. Na medida possível, encorajo as comunidades cristãs a providenciarem instrumentos adequados para ir ao encontro da dificuldade que padecem estes irmãos e irmãs, para que lhes seja possível também estabelecer um contacto vivo com a Palavra do Senhor. [22]
A palavra de Deus na vida eclesial
Encontrar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura
Encontrar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura
72. Se é verdade que a liturgia constitui o lugar
privilegiado para a proclamação, escuta e celebração da Palavra de Deus, é
igualmente verdade que este encontro deve ser preparado nos corações dos fiéis
e sobretudo por eles aprofundado e assimilado. De facto, a vida cristã
caracteriza-se essencialmente pelo encontro com Jesus Cristo que nos chama a
segui-Lo. Por isso, o Sínodo dos Bispos afirmou várias vezes a importância da
pastoral nas comunidades cristãs como âmbito apropriado onde percorrer um
itinerário pessoal e comunitário relativo à Palavra de Deus, de modo que esta
esteja verdadeiramente no fundamento da vida espiritual. Juntamente com os
Padres sinodais, expresso o vivo desejo de que floresça «uma nova estação de
maior amor pela Sagrada Escritura da parte de todos os membros do Povo de Deus,
de modo que, a partir da sua leitura orante e fiel no tempo, se aprofunde a
ligação com a própria pessoa de Jesus». [23]
Na história da Igreja, não faltam recomendações dos
Santos sobre a necessidade de conhecer a Escritura para crescer no amor de
Cristo. Trata-se de um dado particularmente evidente nos Padres da Igreja. São
Jerónimo, grande «enamorado» da Palavra de Deus, interrogava-se: «Como seria
possível viver sem o conhecimento das Escrituras, se é por elas que se aprende
a conhecer o próprio Cristo, que é a vida dos crentes?». [24] Estava
bem ciente de que a Bíblia é o instrumento «pelo qual diariamente Deus fala aos
crentes». [25] Eis os
conselhos que ele dava a Leta, uma matrona romana, para a educação da filha:
«Assegura-te de que ela estude diariamente alguma passagem da Escritura. (…) À
oração faça seguir a leitura, e à leitura a oração. (…) Que em vez das jóias e
dos vestidos de seda, ame os Livros divinos». [26] Permanece
válido para nós aquilo que São Jerónimo escrevia ao sacerdote Nepociano: «Lê
com muita frequência as Escrituras divinas; mais ainda, que as tuas mãos nunca
abandonem o Livro sagrado. Aprende nele o que deves ensinar». [27] Seguindo
o exemplo deste grande Santo que dedicou a sua vida ao estudo da Bíblia, tendo
dado à Igreja a tradução latina chamada Vulgata, e de todos os
Santos que colocaram no centro da sua vida espiritual o encontro com Cristo,
renovemos o nosso compromisso de aprofundar a Palavra que Deus deu à Igreja;
poderemos assim tender para aquela «medida alta da vida cristã ordinária», [28] desejada
pelo Papa João Paulo II no início do terceiro milénio cristão, que se alimenta
constantemente na escuta da Palavra de Deus.
73. A animação bíblica da pastoral
Nesta linha, o Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que «se incremente a “pastoral bíblica”, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como animação bíblica da pastoral inteira». [29] Não se trata simplesmente de acrescentar qualquer encontro na paróquia ou na diocese, mas de verificar que, nas actividades habituais das comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos movimentos, se tenha realmente a peito o encontro pessoal com Cristo que Se comunica a nós na sua Palavra. Dado que «a ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo», [30] então podemos esperar que a animação bíblica de toda a pastoral ordinária e extraordinária levará a um maior conhecimento da Pessoa de Cristo, Revelador do Pai e plenitude da Revelação divina.
Por isso exorto os pastores e os fiéis a terem em
conta a importância desta animação: será o modo melhor também de enfrentar
alguns problemas pastorais referidos durante a assembleia sinodal, ligados por
exemplo à proliferação de seitas, que difundem uma leitura
deformada e instrumentalizada da Sagrada Escritura. Quando não se formam os
fiéis num conhecimento da Bíblia conforme à fé da Igreja no sulco da sua
Tradição viva, deixa-se efectivamente um vazio pastoral, onde realidades como
as seitas podem encontrar fácil terreno para lançar raízes. Por isso é
necessário prover também a uma preparação adequada dos sacerdotes e dos leigos,
para poderem instruir o Povo de Deus na genuína abordagem das Escrituras.
Além disso, como foi sublinhado durante os trabalhos
sinodais, é bom que, na actividade pastoral, se favoreça também a difusão
de pequenas comunidades, «formadas por famílias ou radicadas nas
paróquias ou ainda ligadas aos diversos movimentos eclesiais e novas
comunidades», [31] nas quais
se promova a formação, a oração e o conhecimento da Bíblia segundo a fé da
Igreja.
Dimensão bíblica da catequese
74. Um momento importante da animação pastoral da Igreja, onde se pode sapientemente descobrir a centralidade da Palavra de Deus, é a catequese, que, nas suas diversas formas e fases, sempre deve acompanhar o Povo de Deus. O encontro dos discípulos de Emaús com Jesus, descrito pelo evangelista Lucas (cf. L c 24, 13-35), representa em certo sentido o modelo de uma catequese em cujo centro está a «explicação das Escrituras», que somente Cristo é capaz de dar (cf. L c 24, 27-28), mostrando o seu cumprimento em Si mesmo. [32] Assim, renasce a esperança, mais forte do que qualquer revés, que faz daqueles discípulos testemunhas convictas e credíveis do Ressuscitado.
No Directório Geral da Catequese, encontramos
válidas indicações para animar biblicamente a catequese e, para elas, de bom
grado remeto. [33] Neste
momento, desejo principalmente sublinhar que a catequese «tem de ser impregnada
e embebida de pensamento, espírito e atitudes bíblicas e evangélicas, mediante
um contacto assíduo com os próprios textos sagrados; e recordar que a catequese
será tanto mais rica e eficaz quanto mais ler os textos com a inteligência e o
coração da Igreja» [34] e quanto
mais se inspirar na reflexão e na vida bimilenária da mesma Igreja. Por isso,
deve-se encorajar o conhecimento das figuras, acontecimentos e expressões
fundamentais do texto sagrado; com tal finalidade, pode ser útil a memorização inteligente
de algumas passagens bíblicas particularmente expressivas dos mistérios
cristãos. A actividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na
fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas,
como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome (cf. Mt 18,
20). A catequese deve comunicar com vitalidade a história da salvação e
os conteúdos da fé da Igreja, para que cada fiel reconheça que a sua vida
pessoal pertence também àquela história.
Nesta perspectiva, é importante sublinhar a relação
entre a Sagrada Escritura e o Catecismo da Igreja Católica, como
afirma o Directório Geral da Catequese: «A Sagrada Escritura, como
“Palavra de Deus escrita sob a inspiração do Espírito Santo”, e o Catecismo da
Igreja Católica, enquanto importante expressão actual da Tradição viva da
Igreja e norma segura para o ensino da fé, são chamados a fecundar a catequese na
Igreja contemporânea, cada um segundo o seu próprio modo e a sua autoridade
específica». [35]
Formação bíblica dos cristãos
75. Para se alcançar o objectivo desejado pelo Sínodo de conferir maior carácter bíblico a toda a pastoral da Igreja, é necessário que exista uma adequada formação dos cristãos e, em particular, dos catequistas. A este propósito, é preciso prestar atenção ao apostolado bíblico, método muito válido para se atingir tal finalidade, como demonstra a experiência eclesial. Além disso, os Padres sinodais recomendaram que se estabeleçam, possivelmente através da valorização de estruturas académicas já existentes, centros de formação para leigos e missionários, nos quais se aprenda a compreender, viver e anunciar a Palavra de Deus e, onde houver necessidade, constituam-se Institutos especializados em estudos bíblicos a fim de dotarem os exegetas de uma sólida compreensão teológica e uma adequada sensibilidade para os ambientes da sua missão. [36]
Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
[2] Cf. Propositio 18; Conc. Ecum. Vat.
II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 35.
[3] Cf. Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum
caritatis (22 de Fevereiro de 2007), 75: AAS 99
(2007), 162-163.
[5] Congr. para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos, Directório sobre Piedade Popular e Liturgia. Princípios e
Orientações (17 de Dezembro de 2001), 87: Ench. Vat. 20,
n. 2461.
[7] Cf. Santo Inácio de Antioquia, Ad Ephesios,
XV, 2: Patres Apostolici (ed. F. X. Funk, Tubingae 1901), I,
224.
[10] Ibid.,
45; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum
Concilium, 30.
[16] Cf. Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum
caritatis (22 de Fevereiro de 2007), 69: AAS 99
(2007), 157.
[20] Cf. João Paulo II, Carta ap. Vicesimus quintus
annus (4 de Dezembro de 1988), 13: AAS 81 (1989),
910; Congr. para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Instr. sobre
alguns aspectos que se devem observar e evitar em relação à Santíssima
Eucaristia Redemptionis sacramentum (25 de Março de 2004),
62: Ench. Vat. 22, n. 2248.
[21] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada
Liturgia Sacrosanctum Concilium, 116;Ordenamento Geral do Missal
Romano, 41.
[28] João Paulo II, Carta ap. Novo millennio
ineunte (6 de Janeiro de 2001), 31: AAS 93 (2001),
287-288.
[33] Cf. Congr. para o Clero, Directório Geral da
Catequese (15 de Agosto de 1997), 94-96:Ench. Vat. 16, n.
875-878; João Paulo II, Exort. ap. Catechesi tradendae (16 de
Outubro de 1979), 27: AAS 71 (1979), 1298-1299.
[34] Congr. para o Clero, Directório Geral da Catequese (15
de Agosto de 1997), 127: Ench. Vat. 16, n. 935; cf. João Paulo
II, Exort. ap. Catechesi tradendae (16 de Outubro de 1979),
27:AAS 71 (1979), 1299.
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