Sem
dúvida que a esperança é um estado de alma, não um simples movimento interior
de expectativa. E o que é - aquilo que eu chamo - um estado de alma? Trata-se
de uma disposição permanente e duradoura que se vive independentemente dos acontecimentos
exteriores. Por outras palavras, o que acontece é observado criticamente tal como
é e não o que, eventualmente possa parecer que é.
Por
isso a esperança não assenta nem na concretização de algo que se deseja ou
espera, nem no alheamento dessa realidade. A esperança leva a encarar os acontecimentos
como fases num caminho para um fim desejado. Também por isso, talvez, se
costuma dizer que a esperança é a última a morrer. Esperar é viver com perspectiva
de futuro com os olhos postos no presente não ignorando ou tentando escamotear
o que possa pensar-se que vai contra essa disposição. Quem possui a virtude da
esperança tem muito mais possibilidades de ser feliz que aquele que a não
tenha. Porquê? Porque o homem tende inevitavelmente para Deus que lhe incutiu
uma ânsia de eternidade que é, como se compreende, a última felicidade. Por
isso a virtude da esperança é autêntico alimento já que se pode viver, perfeitamente,
dela e, ao contrário, a sua ausência retira todo o sentido à vida.
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