Endechas
a Nossa Senhora
Virgem
soberana,
De
outros cantos dina:
Falta
a voz humana,
Cante
a voz divina.
Estrelas
e flores,
Areias
do mar
Podem-se
contar,
Não
vossos louvores.
De
tal maravilha
Não
me maravilho,
Pois
sois mãe e filha
De
Deus, vosso Filho.
Sois
templo divino
Do
Espírito Santo:
Quem
é Só e Trino
A
vós só quis tanto.
Sois
cedro em Líbano,
Em
Cádis sois palma,
Remédio
do dano,
Vida
da nossa alma.
Sois
jardim cheiroso,
Plátano
em ribeira;
Em
campo formoso,
Formosa
oliveira.
Sois
esquadrão forte,
Torre
em alto erguida,
Escudo
da morte,
Doçura
da vida.
Entre
espinhos rosa,
Lírio
junto de água;
Toda
sois formosa,
Em
vós não há mágoa.
Fostes
escolhida
Por
nossa desculpa,
Sem
culpa nascida,
Remédio
da culpa.
Quanto
Eva perdeu
Por
vós se cobrou,
Quem
de vós nasceu
Tal
vos fabricou.
O
Verbo nascido
Deu-vos
por Mãe sua,
O
Sol por vestido,
Por
chapins a Lua.
Deu-vos
a Trindade
Coroa
de estrelas;
Mas
a claridade,
Vós
lha dais a elas.
Sois
fonte suave,
Alívio
de tristes;
Sois
do Céu a chave,
Vós
o Céu abristes!
Quanto
o Sol rodeia,
Quanto
o Mar abraça,
Tudo
encheis de graça,
Sois
de graça cheia.
diogo bernardes (1532-1605)
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