Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mc 7, 1 -23
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Evangelho: Mc 7, 1 -23
1
Reuniram-se à volta de Jesus os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém;
2 e notaram que alguns dos Seus discípulos comiam o pão com as mãos
impuras, isto é, por lavar; 3 ora os fariseus e todos os judeus
aferrados à tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente; 4
e, quando vêm da praça pública, não comem sem se purificar; e praticam muitas
outras observâncias tradicionais, como lavar os copos, os jarros, os vasos de
metal, e os leitos. 5 Os fariseus e os escribas interrogaram-n'O:
«Porque não se conformam os Teus discípulos com a tradição dos antigos, mas
comem o pão sem lavar as mãos?». 6 Ele respondeu-lhes: «Com razão
profetizou Isaías de vós, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com
os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. 7 É vão o culto que
Me prestam, ensinando doutrinas que são preceitos humanos”. 8 Pondo
de lado o mandamento de Deus, observais cuidadosamente a tradição dos homens». 9
Disse-lhes mais: «Vós bem fazeis por destruir o mandamento de Deus, para manter
a vossa tradição. 10 Porque Moisés disse: “Honra teu pai e tua mãe.
E todo o que amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte”. 11
Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe, é “qorban”, oferta a
Deus, qualquer coisa minha que te possa ser útil, 12 já não lhe
deixais fazer nada a favor do pai ou da mãe, 13 anulando assim a
palavra de Deus por uma tradição que tendes transmitido de uns aos outros. E
fazeis muitas coisas semelhantes a estas». 14 Convocando novamente o
povo, dizia-lhes: «Ouvi-Me todos e entendei: 15 não há coisas fora
do homem que, entrando nele, o possam manchar; mas as que saem do homem, essas
são as que tornam o homem impuro. 16 Se alguém tem ouvidos para
ouvir, oiça». 17 Tendo entrado em casa, deixada a multidão, os Seus
discípulos interrogaram-n'O sobre esta parábola. 18 Ele
respondeu-lhes: «Também vós sois ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de
fora entra no homem não o pode contaminar, 19 porque não entra no
seu coração, mas vai ter ao ventre e lança-se num lugar escuso?». Com isto
declarava puros todos os alimentos. 20 E acrescentava: «O que sai do
homem, isso é que mancha o homem. 21 Porque do interior, do coração
do homem, é que procedem os maus pensamentos, os furtos, as fornicações, os
homicídios, 22 os adultérios, as avarezas, as perversidades, as
fraudes, as libertinagens, a inveja, a maledicência, a soberba, a insensatez. 23
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem».
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
…/5
CAPÍTULO IV
OS LEIGOS
O Apostolado dos leigos
33. Unidos no Povo de Deus,
e constituídos no corpo único de Cristo sob uma só cabeça, os leigos, sejam
quais forem, todos são chamados a concorrer como membros vivos, com todas as
forças que receberam da bondade do Criador e por graça do Redentor, para o
crescimento da Igreja e sua contínua santificação.
O apostolado dos leigos é
participação na própria missão salvadora da Igreja, e para ele todos são
destinados pelo Senhor, por meio do Baptismo e da Confirmação. E os
sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam aquele amor
para com Deus e para com os homens, que é a alma de todo o apostolado.
Mas os leigos são especialmente
chamados a tornarem a Igreja presente e activa naqueles locais e circunstâncias
em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra
[1]. Deste modo, todo e
qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo
testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida
concedida por Cristo» (Ef. 4,7).
Além deste apostolado, que
diz respeito a todos os fiéis, os leigos podem ainda ser chamados, por diversos
modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da Hierarquia [2], à semelhança daqueles
homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito
no Senhor (cfr. Fil. 4,3; Rom. 16,3 ss.). Têm ainda a capacidade de
ser chamados pela Hierarquia a exercer certos cargos eclesiásticos, com
finalidade espiritual.
Incumbe, portanto, a todos
os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação
atinja cada vez mais os homens de todos os tempos e lugares. Esteja-lhes, pois,
amplamente aberto o caminho, a fim de que, segundo as próprias forças e as
necessidades dos tempos, também eles participem com ardor na acção salvadora da
Igreja.
A consagração do mundo pelo apostolado dos leigos
34. O supremo e eterno
sacerdote Cristo Jesus, querendo também por meio dos leigos continuar o Seu
testemunho e serviço, vivifica-o pelo Seu Espírito e sem cessar os incita a
toda a obra boa e perfeita. E assim, àqueles que Intimamente associou à própria
vida e missão, concedeu também participação no seu múnus sacerdotal, a fim de
que exerçam um culto espiritual, para glória de Deus e salvação dos homens. Por
esta razão, os leigos, enquanto consagrados a Cristo e ungidos no Espírito
Santo, têm uma vocação admirável e são instruídos para que os frutos do
Espírito se multipliquem neles cada vez mais abundantemente. Pois todos os seus
trabalhos, orações e empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o
trabalho de cada dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no
Espírito, e as próprias incomodidades da vida, suportadas com paciência, se
tornam em outros tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus
Cristo (cfr. 1 Ped. 2,5); estes sacrifícios que são piedosamente
oferecidos ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor, na celebração
da Eucaristia. E deste modo, os leigos, agindo em toda a parte santamente, como
adoradores, consagram a Deus o próprio mundo.
O testemunho de vida pelo apostolado dos leigos
35. Cristo, o grande
profeta, que pelo testemunho da vida e a força da palavra proclamou o reino do
Pai, realiza a sua missão profética, até à total revelação da glória, não só
por meio da Hierarquia, que em Seu nome e com a Sua autoridade ensina, mas também
por meio dos leigos; para isso os constituiu testemunhas, e lhes concedeu o
sentido da fé e o dom da palavra (cfr. Act. 2, 17-18; Apoc. 19,10) a
fim de que a força do Evangelho resplandeça na vida quotidiana, familiar e
social. Os leigos mostrar-se-ão filhos da promessa se, firmes na fé e na
esperança, aproveitarem bem o tempo presente (cfr. Ef. 5,16; Col. 4,5) e
com paciência esperarem a glória futura (cfr. Rom. 8,25). Mas não
devem esconder esta esperança no seu íntimo, antes, pela contínua conversão e
pela luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos do
mal» (Ef. 6,12), manifestem-na também nas estruturas da vida
secular.
Do mesmo modo que os
sacramentos da nova lei, que alimentam a vida e o apostolado dos fiéis,
prefiguram um novo céu e uma nova terra (cfr. Apoc. 21,1), assim os
leigos tornam-se valorosos arautos da fé naquelas realidades que esperamos (cfr.
Hebr. 11,1), se juntarem sem hesitação, a uma vida de fé, a profissão da
mesma fé. Este modo de evangelizar, proclamando a mensagem de Cristo com o
testemunho da vida e com a palavra, adquire um certo carácter específico e uma
particular eficácia por se realizar nas condições ordinárias da vida no mundo.
Nesta obra, desempenha
grande papel, aquele estado de vida que é santificado por um sacramento
próprio: a vida matrimonial e familiar. Aí se encontra um exercício e uma
admirável escola de apostolado dos leigos, se a religião penetrar toda a vida e
a transformar cada vez mais. Aí encontram os esposos a sua vocação própria, de
serem um para o outro e para os filhos, as testemunhas da fé e do amor de
Cristo. A família cristã proclama em alta voz as virtudes presentes do reino de
Deus e a esperança na vida bem-aventurada. E deste modo, pelo exemplo e pelo
testemunho, argui o mundo do pecado e ilumina aqueles que buscam a verdade.
Por isso, ainda mesmo quando
ocupados com os cuidados temporais, podem e devem os leigos exercer valiosa
acção para a evangelização do mundo. E se há alguns que, na medida do possível,
suprem nas funções religiosas os ministros sagrados que faltam ou estão
impedidos em tempo de perseguição, a todos, porém, incumbe a obrigação de
cooperar para a dilatação e crescimento do Reino de Cristo no mundo.
Dediquem-se, por isso, os leigos com diligência a conseguir um conhecimento
mais profundo da verdade revelada, e peçam insistentemente a Deus o dom da
sabedoria.
A santificação das estruturas humanas pelo apostolado dos
leigos
36. Tendo-se feito obediente
até à morte e tendo sido, por este motivo, exaltado pelo Pai (cfr. Fil. 2,
8-9), entrou Cristo na glória do Seu reino. Todas as coisas Lhe estão
sujeitas, até que Ele se submeta, e a todas as criaturas, ao Pai, para que Deus
seja tudo em todos (cfr. 1 Cor. 15, 27-28). Comunicou este poder aos
discípulos, para que também eles sejam constituídos em régia liberdade e, com a
abnegação de si mesmos e a santidade da vida, vençam em si próprios o reino do
pecado (cfr. Rom. 6,12); mais ainda, para que, servindo a Cristo
também nos outros, conduzam os seus irmãos, com humildade e paciência, àquele
Rei, a quem servir é reinar. Pois o Senhor deseja dilatar também por meio dos
leigos o Seu reino, reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça,
reino de justiça, de amor e de paz [3], no qual a própria criação
será liberta da servidão da corrupção, alcançando a liberdade da glória dos
filhos de Deus (cfr. Rom. 8,21). Grande é a promessa, grande o
mandamento que é dado aos discípulos: «tudo é vosso; vós sois de Cristo; e
Cristo é de Deus» (1 Cor. 3,23).
Por consequência, devem os
fiéis conhecer a natureza íntima e o valor de todas as criaturas, e a sua
ordenação para a glória de Deus, ajudando-se uns aos outros, mesmo através das
actividades propriamente temporais, a levar uma vida mais santa, para que assim
o mundo seja penetrado do espírito de Cristo e, na justiça, na caridade e na
paz, atinja mais eficazmente o seu fim. Na realização plena deste dever, os
leigos ocupam o lugar mais importante. Por conseguinte, com a sua competência
nas matérias profanas, e a sua actuação interiormente elevada pela graça de
Cristo, contribuam eficazmente para que os bens criados sejam valorizados pelo
trabalho humano, pela técnica e pela cultura para utilidade de todos os homens,
sejam melhor distribuídos entre eles e contribuam a seu modo para o progresso
de todos na liberdade humana e cristã, em harmonia com o destino que lhes deu o
Criador e segundo a iluminação do Verbo. Deste modo, por meio dos membros da
Igreja, Cristo iluminará cada vez mais a humanidade inteira com a Sua luz salvadora.
Além disso, também pela
união das próprias forças, devem os leigos sanear as estruturas e condições do
mundo, se elas porventura propendem a levar ao pecado, de tal modo que todas se
conformem às normas da justiça e antes ajudem ao exercício das virtudes do que
o estorvem. Agindo assim, informarão de valor moral a cultura e as obras
humanas. E, por este modo, o campo, isto é, o mundo ficará mais preparado para
a semente da palavra divina e abrir-se-ão à Igreja mais amplamente as portas
para introduzir no mundo a mensagem da paz.
Devido à própria economia da
salvação, devem os fiéis aprender a distinguir cuidadosamente entre os direitos
e deveres que lhes competem como membros da Igreja e os que lhes dizem respeito
enquanto fazem parte da sociedade humana. Procurem harmonizar entre si uns e
outros, lembrando-se que se devem guiar em todas as coisas temporais pela
consciência cristã, já que nenhuma actividade humana, nem mesmo em assuntos
temporais, se pode subtrair ao domínio de Deus. É muito necessário em nossos
dias que esta distinção e harmonia se manifestem claramente nas atitudes dos
fiéis, que a missão da Igreja possa corresponder mais plenamente às condições
particulares do mundo actual. Assim como se deve reconhecer que a cidade
terrena se consagra a justo título aos assuntos temporais e se rege por
princípios próprios, assim com razão se deve rejeitar a nefasta doutrina que
pretende construir a sociedade sem ter para nada em conta a religião, atacando
e destruindo a liberdade religiosa dos cidadãos [4].
Relações dos leigos com a Hierarquia
37. Como todos os fiéis,
também os leigos têm o direito de receber com abundância, dos sagrados
pastores, os bens espirituais da Igreja, principalmente os auxílios da palavra
de Deus e dos sacramentos [5]; e com aquela liberdade e
confiança que convém a filhos de Deus e a irmãos em Cristo, manifestem-lhes as
suas necessidades e aspirações. Segundo o grau de ciência, competência e
autoridade que possuam, têm o direito, e por vezes mesmo o dever, de expor o
seu parecer sobre os assuntos que dizem respeito ao bem da Igreja [6]. Se o caso o pedir,
utilizem os órgãos para isso instituídos na Igreja, e procedam sempre em
verdade, fortaleza e prudência, com reverência e amor para com aqueles que, em
razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo.
Como todos os cristãos,
devem os leigos abraçar prontamente, com obediência cristã, todas as coisas que
os sagrados pastores, representantes de Cristo, determinarem na sua qualidade
de mestres e guias na Igreja, a exemplo de Cristo, o qual com a Sua obediência,
levada até à morte, abriu para todos o feliz caminho da liberdade dos filhos de
Deus. Nem deixem de encomendar ao Senhor nas suas orações os seus prelados, já
que eles olham pelas nossas almas, como devendo dar contas delas, a fim de que
o façam com alegria e não gemendo (cfr. Hebr. 13,17).
Por seu lado, os sagrados
pastores devem reconhecer e fomentar a dignidade e responsabilidade dos leigos
na Igreja; recorram espontaneamente ao seu conselho prudente, entreguem-lhes
confiadamente cargos em serviço da Igreja e dêem-lhes margem e liberdade de
acção, animando-os até a tomarem a iniciativa de empreendimentos. Considerem
atentamente e com amor paterno, em Cristo, as iniciativas, pedidos e desejos
propostos pelos leigos [7]. E reconheçam a justa
liberdade que a todos compete na cidade terrestre.
Muitos bens se devem esperar
destas relações confiantes entre leigos e pastores: é que assim se fortalece
nos leigos o sentido da própria responsabilidade, fomenta-se o seu empenho é
mais facilmente se associam nas suas energias à obra dos pastores. Estes, por
sua vez, ajudados pela experiência dos leigos, tanto nas coisas espirituais
como nas temporais, mais facilmente julgarão com acerto, a fim de que a Igreja
inteira, com a energia de todos os seus membros, cumpra mais eficazmente a sua
missão para a vida do mundo.
Conclusões: os leigos vivificadores do mundo
38. Cada leigo deve ser,
perante o mundo, uma testemunha da ressurreição e da vida do Senhor Jesus e um
sinal do Deus vivo. Todos em conjunto, e cada um por sua parte, devem alimentar
o mundo com frutos espirituais (cfr. Gál. 5,22) e nele difundir
aquele espírito que anima os pobres, mansos e pacíficos, que o Senhor no
Evangelho proclamou bem-aventurados (cfr. Mt 5, 3-9). Numa palavra,
«sejam os cristãos no mundo aquilo que a alma é no corpo» [8].
CAPÍTULO V
A VOCAÇÃO DE TODOS À SANTIDADE NA IGREJA
Proémio: chamamento universal à santidade
39. A nossa fé crê que a
Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é indefectívelmente santa. Com
efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o Espírito ao único Santo» [9], amou a Igreja como esposa,
entregou-Se por ela, para a santificar (cfr. Ef. 5, 25-26) e uniu-a
a Si como Seu corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para glória de.
Deus. Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam
pastoreados, são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: «esta é a
vontade de Deus, a vossa santificação» (1 Tess. 4,3; cfr. Ef. 1,4).
Esta santidade da Igreja incessantemente se manifesta, e deve manifestar-se,
nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas
maneiras em cada um daqueles que, no seu estado de vida, tendem à perfeição da
caridade, com edificação do próximo; aparece dum modo especial na prática dos
conselhos chamados evangélicos. A prática destes conselhos, abraçada sob a
moção do Espírito Santo por muitos cristãos, quer privadamente quer nas
condições ou estados aprovados pela Igreja, leva e deve levar ao mundo um
admirável testemunho e exemplo desta santidade.
Jesus, mestre e modelo
40. Jesus, mestre e modelo
divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e
consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição:
«sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5,48) [10]. A todos enviou o Espírito
Santo, que os move interiormente a amarem a Deus com todo o coração, com toda a
alma, com todo o espírito e com todas as forças (cfr. Mc 12,30) e a
amarem-se uns aos outros como Cristo os amou (cfr. Jo 13,34; 15,12).
Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não
por merecimento próprio mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo
Baptismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e,
por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio
divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam. O
Apóstolo admoesta-os a que vivam como convém a santos» (Ef. 5,3), todos
eleitos e amados de Deus, se revistam de entranhas de misericórdia,
benignidade, humildade, mansidão e paciência» (Col. 3,12) e alcancem
os frutos do Espírito para a santificação (cfr. Gál. 5,22; Rom. 6,22).
E porque todos cometemos faltas em muitas ocasiões (Tg. 3,2),
precisamos constantemente. da misericórdia de Deus e todos os dias devemos
orar: «perdoai-nos as nossas ofensas» (Mt 6,12) [11]. É, pois, claro a todos,
que os cristãos de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida
cristã e à perfeição da caridade [12]. Na própria sociedade
terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano. Para alcançar esta
perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que as dá
Cristo, a fim de que, seguindo as Suas pisadas e conformados à Sua imagem,
obedecendo em tudo à vontade de Deus, se consagrem com toda a alma à glória do
Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade
do Povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a
vida de tantos santos.
A santidade nos diversos estados
41. Nos vários géneros e
ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que
são conduzidos pelo Espírito de Deus e, obedientes à voz do Pai, adorando em
espírito e verdade a Deus Pai, seguem a Cristo pobre, humilde, e levando a
cruz, a fim de merecerem ser participantes da Sua glória. Cada um, segundo os
próprios dons e funções, deve progredir sem desfalecimentos pelo caminho da fé
viva, que estimula a esperança e que actua pela caridade.
Em primeiro lugar, os
pastores do rebanho de Cristo, à semelhança do sumo e eterno sacerdote, pastor
e bispo das nossas almas, desempenhem o próprio ministério santamente e com
alegria, com humildade e fortaleza; assim cumprido, também para eles o seu
ministério será um sublime meio de santificação. Escolhidos para a plenitude do
sacerdócio, receberam a graça sacramental para que, orando, sacrificando e
pregando, com toda a espécie de cuidados e serviços episcopais, realizem a
tarefa perfeita da caridade pastoral [13], sem hesitarem em oferecer
a vida pelas ovelhas e, feitos modelos do rebanho (cfr. 1 Ped. 5,3),
suscitem na Igreja, também com o seu exemplo, uma santidade cada vez maior.
Os presbíteros, à semelhança
da ordem dos Bispos, de que são a coroa espiritual [14], já que participam das suas
funções por graça de Cristo, eterno e único mediador, cresçam no amor de Deus e
do próximo com o exercício do seu dever quotidiano; guardem o vínculo da
unidade sacerdotal, abundem em toda a espécie de bens espirituais e dêem a
todos vivo testemunho de Deus [15], tornando-se émulos
daqueles sacerdotes que no decorrer dos séculos, em serviço muitas vezes
humilde e escondido, nos deixaram magnífico exemplo de santidade. O seu louvor
persevera na Igreja. Orando e oferecendo o sacrifício pelo próprio rebanho e
por todo o Povo de Deus, conforme é seu ofício, conscientes do que fazem e imitando
as realidades com que lidam [16], longe de serem impedidos
pelos cuidados, perigos e tribulações do apostolado, devem antes por eles
elevar-se a uma santidade mais alta, alimentando e afervorando a sua acção com
a abundância da contemplação, para alegria de toda a Igreja de Deus. Todos os
presbíteros, e especialmente aqueles que por título particular da sua ordenação
são chamados sacerdotes diocesanos, lembrem-se de quanto ajudam para a sua
santificação a união fiel e a cooperação generosa com o próprio Bispo.
Na missão de graça do
sumo-sacerdote, participam também de modo peculiar os ministros de ordem
inferior, e sobretudo os diáconos; servindo nos mistérios de Cristo e da Igreja
[17], devem conservar-se puros
de todo o vício, agradar a Deus, atender a toda a espécie de boas obras diante
dos homens (cfr. 1 Tim. 3, 8-10. 12-13). Os clérigos que, chamados
pelo Senhor e separados a fim de ter parte com Ele, se preparam sob a
vigilância dos pastores para desempenhar os ofícios de ministros, procurem
conformar o coração e o espírito com tão magnífica eleição, sendo assíduos na
oração e fervorosos no amor, ocupando o pensamento com tudo o que é verdadeiro,
justo e de boa reputação, fazendo tudo para glória é honra de Deus. Destes se
aproximam aqueles leigos, que, escolhidos por Deus, são chamados pelos Bispos
para se consagrarem totalmente às actividades apostólicas e com muito fruto
trabalham no campo do Senhor [18].
Os esposos e pais cristãos
devem, seguindo o seu caminho peculiar, amparar-se mutuamente na graça, com
amor fiel, durante a vida inteira, e imbuir com a doutrina cristã e as virtudes
evangélicas a prole que amorosamente receberam de Deus. Dão assim a todos
exemplo de amor incansável e generoso, edificam a comunidade fraterna e são
testemunhas e cooperadores da fecundidade da Igreja, nossa mãe, em sinal e
participação daquele amor, com que Cristo amou a Sua esposa e Se entregou por
ela [19]. Exemplo semelhante é dado,
mas de outro modo, pelas pessoas viúvas ou celibatárias, que muito podem
concorrer para a santidade e acção da Igreja. Aqueles que se ocupam em
trabalhos muitas vezes duros, devem, através das tarefas humanas,
aperfeiçoar-se a si mesmos, ajudar os seus concidadãos, fazer progredir a
sociedade e toda a criação; e, ainda, imitando com operosa caridade a Cristo,
cujas mãos se exercitaram em trabalhos de operário e, em união com o Pai,
continuamente actua para a salvação de todos; alegres na esperança, levando os
fardos uns dos outros, subam com o próprio trabalho quotidiano a uma santidade
mais alta, também ela apostólica.
Todos quantos se vêem
oprimidos pela pobreza, pela fraqueza, pela doença ou tribulações várias, e os
que sofrem perseguição por amor da justiça, saibam que estão unidos, de modo
especial, a Cristo nos seus sofrimentos pela salvação do mundo; o Senhor, no
Evangelho, proclamou-os bem-aventurados e «o Deus... de toda a graça, que nos
chamou à Sua eterna glória em Cristo Jesus, depois de sofrerem um pouco, os
há-de restabelecer, confirmar e consolidar» (1 Ped. 5,10).
Todos os fiéis se
santificarão cada dia mais nas condições, tarefas e circunstâncias da própria
vida e através de todas elas, se receberem tudo com fé da mão do Pai celeste e
cooperarem com a divina vontade, manifestando a todos, na própria actividade
temporal, a caridade com que Deus amou o mundo.
Nota: Correcção da tradução portuguesa
por ama.
[1] 112. Cfr. Pio XI, Encícl. Quadragesimo
anno, 15 maio 1931: AAS 23 (1931) p. 221 s. Pio XII, Aloc. De quelle
consolation, 14 out. 1951: AAS 43 (1951) p. 790 s.
[2]
Cfr. Pio XII, Aloc. Six ans se sont écoulés, 5
out. 1957: AAS 49 (1957) p. 927.
[3]
Cfr. Missale romanum, Prefácio da festa de Cristo
Rei.
[4]
Cfr. Leão XIII, Carta Encícl. Immortale Dei, 1
nov. 1855: ASS 18 (1885), p. 166 ss. Idem, Encícl. Sapientia christianae, 10
jan. 1890: ASS 22 (1889-90) p. 397 ss. Pio XII, Aloc. Alla vostra filiale, 23
março 1958: AAS 50 (1958) p. 220: «la légittima sana laicità dello Stato».
[5]
Cfr. Cod. Iur. Can. can. 682.
[6]
Cfr. Pio XII, Aloc. De quelle consolation, I. c.,
p. 789: «Dans les batailles décisives, c'est parfois du front que partent les
plus heureuses iniciativas...» Idem, Aloc. L'Importance de Ia presse
catholique, 17 fev. 1950: AAS 42 (1950) p. 256.
[7]
Cfr. 1 Tess. 5,19 e 1 Io. 4,1.
[8]
Epist. ad Diognetum, 6: ed. Funk I, p. 400. Cfr.
S. João Crisóstomo, In Matth. Hom. 46 (47),2: PG 58, 478, acerca do fermento na
massa.
[9]
Missale Romanum, Gloria in excelsis. Cfr. Lc.
1,35; Mc, 1,24; Lc. 4,34; Io. 6,69 (ho hagios tou Theou); Act. 3,14; 4,27 e 30;
Hebr. 7,26; 1 Io. 2,20: Apoc. 3,7.
[10]
Cfr. Orígenes, Comm Rom. 7, 7: PG 14, 1122 B. Ps.
- Macário, De Oratione, 11: PG 34, 861
AB. S. Tomás, Summa Theol. II-II q. 184, a. 3.
[11]
Cfr. S. Agostinho, Retract. II, 18: PL 32, 637 s.
Pio XII, Encícl. Mystici Corporis, 29 jun. 1943: AAS 35 (1943) p. 225.
[12] 123. Cfr. Pio XI, Encícl. Rerum
omnium, 26 jan. 1923: AAS 15 (1923) p. 50 e pp. 59-60. Encicl. Casti Connubii,
31 dez. 1930: AAS 22 (1930) p. 548. Pio XII, Const. Apost. Provida Mater, 2
fev. 1947: AAS 39 (1947) p. 117. Aloc. Annus sacer, 8 dez. 1950: AAS 43 (1951)
pp. 27-28. Aloc. Nel darvi, 1 jul. 1956: AAS 48 (1956) p. 574 s.
131. Cfr. S. Agostinho, Enchir. 121,
32: PL 40, 288. S. Tomás, Summa Theol. II-II, q. 184, a. 1. Pio XII, Exort.
Apost. Menti nostrae, 23 set. 1950: AAS 42 (1950) p. 660.
132. Acerca dos conselhos em geral,
cfr. Orígenes, Comm. Rom. X, 14: PG 14, 1275 B. S. Agostinho De S. Virginitate,
15, 15: PL 40, 403. S. Tomás, Summa Theol. I-II, q. 100, a. 2 C. (no fim);
I-II, q. 44, a. 4, ad 3.
133. Acerca da superioridade da
sagrada virgindade, cfr. Tertuliano, Exhort. Cast. 10: PL 2, 925 C. S.
Cipriano, Hab. Virg. 3 e 22: PL 4, 433 B e 461 A s. S. Atanásio, De Virg.: PG
28, 252, ss. S. João Crisóstomo, De Virg.: PG 48, 533 ss.
134. Sobre a pobreza espiritual, cfr. Mt
5,3 e 19-21; Mc 10,21; Lc. 18,22; sobre a obediência, aduz o exemplo de Cristo Jo
4,34 e 6,38; Fil. 2, 8-10; Hebr. 10, 5-7. Os Padres e fundadores de Ordens
abundam em referências.
135. Acerca da prática efectiva dos
conselhos, que não se impõe a todos, cfr. S. João Crisóstomo, In Matth. Hom. 7,
7: PG 57, 81 s. S. Ambrósio, De Viduis, 4, 23: PL 16, 241 s.
[13] Cfr. S. Tomás, Summa Theol. II-II, q. 184, a. 5 e 6. De
perf. vitae spir. c. 18; Orígenes, In Is. Hom. 6, 1: PG 13, 239.
[14] Cfr. S. Inácio M., Magn. 13, 1: ed. Funk, I, p. 241.
[15] Cfr. S. Pio X, Exort. Haerent animo, 4 ago. 1908: ASS
41 (1908) p. 560 s. Cod. Iur. Can., can. 124. Pio XI, Encicl. Ad catholici
sacerdotii, 20 dez. 1935: AAS 28 (1936) p. 22 s.
[16] Cfr. Pontificale romanum, De
Ordinatione presbyterorum, na exortação inicial.
[17] Cfr. S. Inácio M., Trall. 2, 3: ed. Funk, p. 244.
[18] Cfr. Pio XII, Aloc. Sous Ia maternelle protection, 9
dez. 1957: AAS 50 (1958) p. 36.
[19] Pio XI, Encicl. Casti Connubii, 31 dez. 1930: AAS 22
(1930) p. 548 s. S. João Crisóstomo, In Ephes. Hom. 20, 2: PG 62, 136 ss.
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