Art. 8 ― Se todas as potências da alma permanecem nela, quando separada do corpo.
(IV Sent., dist. XLIV; q. 3, a. 3, qª 1, 2: dist. I, q.
1, a. 1; II Cont. Gent., cap. LXXXI: De Virtut., q. 5, a. 4, ad 13; Qu. De
Anina, a. 19; Quodl. X, q. 4, a. 2).
O
oitavo discute-se assim. ― Parece que todas as potências da alma nela
permanecem, quando separada do corpo.
1.
― Pois, como foi dito, a alma separa-se do corpo, levando consigo o sentido e a
imaginação, a razão e o intelecto e a inteligência, o concupiscível e o
irascível.
2.
Demais. ― As potências são as propriedades naturais da alma. Mas a propriedade
é sempre inerente ao ser ao qual pertence e deste nunca se separa. Logo, as
potências da alma permanecem nela, mesmo depois da morte.
3.
Demais. ― As potências da alma, mesmo as sensitivas, não se debilitam com a
debilitação do corpo; porque, como já se disse, se um velho recebesse os olhos
de um moço veria, por certo, como este. Ora, a debilidade é via para a
corrupção. Logo, as potências não se corrompem com a corrupção do corpo, mas
permanecem na alma separada.
4.
Demais. ― A memória é uma potência da alma sensitiva, como o Filósofo o prova.
Ora, a memória permanece na alma separada; pois, na Escritura (Lc 16, 25)
diz-se ao conviva rico, com a alma no inferno: Lembra-te que recebeste os teus
bens em tua vida. Logo, a memória permanece na alma separada e, por consequência,
as outras potências da parte sensitiva também nela permanecem.
5.
Demais. ― A alegria e a tristeza permanecem ao concupiscível, potência da parte
sensitiva. Ora, é manifesto, as almas separadas contristam-se e alegram-se com
os prémios ou penas que têm. Logo, a virtude concupiscível permanece na alma
separada.
6.
Demais. ― Agostinho diz, que, assim como a alma vê certas coisas, por visão
imaginária, quando o corpo jaz sem sentidos, não ainda completamente morto;
assim também quando estiver completamente separada do corpo pela morte. Ora, a
imaginação é uma potência da parte sensitiva. Logo, as potências dessa parte
permanecem na alma separada e, por consequência, todas as outras potências.
Mas,
em contrário, foi dito: O homem compõe-se só de duas substâncias: a alma e a
sua razão, e a carne com os seus sentidos. Logo, destruída a carne, as
potências sensitivas não permanecem.
Como já ficou dito (a. 5, 6, 7), todas as potências se comparam
com a alma, em separado, como com o princípio. Mas, certas potências comparam-se
com a alma, em separado, como com o sujeito, e são o intelecto e a vontade; e é
necessário que tais potências permaneçam na alma, depois de destruído o corpo.
Outras porém, estão no conjunto, como no sujeito próprio; assim, todas as das
partes sensitiva e nutritiva. Ora, destruído o sujeito, o acidente não pode
permanecer; donde, corrupto o conjunto, tais potências não permanecem na alma,
actualmente, mas só virtualmente, como no princípio ou na raiz. ― E, por isso,
é falsa a opinião de alguns, que tais potências permanecem na alma, mesmo
depois de corrupto o corpo. E muito mais falsamente dizem; que também os actos
dessas potências permanecem na alma separada, o que ainda é mais falso, por não
haver nenhum acto delas que se não exerça por órgão corpóreo.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. ― A obra citada nenhuma autoridade tem e, por
isso, tudo o que nela se acha deve-se desprezar, com a mesma facilidade com que
foi escrito. Pode-se, todavia, dizer que a alma arrasta consigo as potências
referidas, não actual, mas virtualmente.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― As potências, de que dizemos não permanecerem em acto na alma
separada, não são propriedades só da alma, mas do conjunto.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Diz-se que tais potências não se debilitam, com a debilitação do
corpo, porque a alma, princípio virtual delas, permanece imutável.
RESPOSTA
À QUARTA. ― Essa lembrança deve entender-se do modo pelo qual Agostinho admite
a memória no espírito, e não enquanto a considera parte da alma sensitiva.
RESPOSTA
À QUINTA. ― Há alegria e tristeza na alma separada, não segundo o apetite
sensitivo, mas segundo o intelectivo; como também se dá com os anjos.
RESPOSTA
À SEXTA. ― Agostinho, nesse passo, exprime-se inquirindo e não afirmando. E,
por isso, retrata certas coisas aí ditas.
Nota: Revisão da tradução para português por ama
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